segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Poema "O PEITO"


O PEITO

 

É onde cai a formosura

das pétalas das flores

que subtilmente

vão descendo das árvores.

 

É onde sossega o sussurro

e cala o soluço

por entre o calor do afago

dum paraíso campestre

que adormece os deuses.

 

É onde se faz voar o sonho

que alimenta todo o corpo

para crescerem asas de outro voo.

 

É onde repousa o decote

na dormência da alma,

e se ancora o espírito

na impetuosidade dos lábios

de subirem os degraus

para uma outra dimensão:


É a morada do coração!...

 

José António de Carvalho, 28-fevereiro-2022

Pintura de Monteiro da Silva - ARTE CELANO - Grupo de Artistas




sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

Poema "SERÁ PRIMAVERA?"


Poema lido hoje, sábado, 26-fevereiro-2022, na Rádio Cidade Hoje, no programa "As Nossas Raízes"  de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


SERÁ PRIMAVERA?

 

Como pode haver Primavera

com os dias a acordarem na morte,

a caírem no refúgio das lágrimas,

a deslizarem na neve sem sorte…

 

Será uma Primavera doente,

no crescer das árvores oportunistas

imersa numa vaidade indecente

sedenta de horrendas conquistas

que mata o brilho do sol nascente.

 

José António de Carvalho, 25-fevereiro-2022

Foto "Hypeness"





sábado, 19 de fevereiro de 2022

Poema "SEGREDOS DO MAR"


SEGREDOS DO MAR

 

Sei lá por que razão

me perco nesse enrolar,

nas águas buliçosas,

rudes e estonteantes do mar.

 

Incólume de culpa

do arrepio salgado,

brejeiro e arrogante

de sentimento inflamado.

 

Quadro deslumbrante

que o Sol adormece,  

devasso da noite

que a Lua enlouquece;

e à sua fúria

o mundo estremece.

 

José António de Carvalho, 19-fevereiro-2022

Foto da minha autoria






quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Poema " SE OS OLHOS FALASSEM"

Poema a concurso no GRUPO "ARTE & LITERATURA RECANTO DA POESIA",
a Convite de Rosaly Fleury, no 71° Encontro Pôr do Sol, em 02-02-2022, sob o tema: "Meus Olhos Falam de Desejo".



SE OS OLHOS FALASSEM


O que teriam para dizer?

Os sonhos de outrora,
Os que tenho agora,
Tudo o que virá p’rá frente?
Os sonhos de sempre…

A nuvem que vai,
O vento que vem,
O calor que da terra sai,
O sentir de alguém,
A música que se faz,
O mar que embrulha
A vida que se desfaz,
A vida que borbulha.

Um galgar de marés
A subir o rio deitado,
E ficar nesse convés
Contigo ao meu lado,
Arriscar-te nos olhos
Num abraço apertado,

Dizer-te a cantar,
Com os olhos a queimar,
A poesia é o nosso fado.

José António de Carvalho, 02-fevereiro-2022
Foto de "Cantos e Encantos de Portugal / O Mar dos meus Olhos"