quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Poema "As recusas"

As recusas

Abomino palavras opacas
de rosto tapado, que enganam
agridem e devastam.

Abomino palavras sujas
de pele encrostada e enquistada
repletas de lodo e sujidade.

Enojam-me as palavras vãs
que abrem os risos insípidos
das caixas de saneamento,

E as que saem pelo nariz
Incolores e impercetíveis
pelo seu requintado disfarce.

Ainda as palavras doentes
enfermas de lepra e vícios
das quais a carne se desprende.

Valem-me os raios brilhantes
e a frescura das tuas
palavras simples
sinceras
calorosas
e que me atam!…

José António de Carvalho, 31-outubro-2019
Foto de Conceição Silva


terça-feira, 22 de outubro de 2019

Poema "Bom dia!!!"

Bom dia!!!

Quando pintas o teu céu
com essa cor mimosa,
Ainda ficas mais formosa
nesse sorriso de alegria.
Mas se ele fosse meu,
Pintaríamos os nossos dias
com beijos e fantasias,
Que seria como viver no céu.

José António de Carvalho, 21-outubro-2019
Foto de Conceição Silva



domingo, 20 de outubro de 2019

Poema "A FRIA MAGIA DO OUTONO"

A FRIA MAGIA DO OUTONO

Verga-se o sol aos ponteiros do relógio
que se atrasam na maior melancolia.
Sentem-se os passos largos da noite,
arrefece o ânimo, encolhe-se o dia...

As árvores choram os frutos colhidos,
despedem-se, ora, de folhas e de sonhos
de noites quentes e sonos mal dormidos.
Bebo o sol das manhãs em dias encolhidos.

Espalha-se uma tristeza sombria no céu.
É outono... o vento zune, chega o frio.
A lareira move-se, agiganta-se ante o breu.
O vento lança odores a castanhas e água-pé.

A fé mantém-nos na esperança do dezembro,
dias revoltados, a quererem novamente crescer,
saltar o "Natal em passinho de pardal", e fervendo
com a festa da chegada do março para florescer.

José António de Carvalho, 20 de outubro-2019
Pintura de Monteiro da Silva - Grupo Arte Celano




terça-feira, 15 de outubro de 2019

Poema "ESCUTA O CORAÇÃO"


ESCUTA O CORAÇÃO


Que seja músculo forte e almofada.

Que seja pele e poro
caminho e destino
vale e pico do monte.

Seja ribeiro calmo e fresco
folhagem verde e buliçosa
flor desabrochada, luzidia
estrela cintilante e teimosa.

Seja barco, leme e rumo.

Seja vela içada
e que seja prumo.

Como ele nos guia
ao que os olhos não veem…
e que brandamente se resiste.

E depois desiste
e... assim se entrega.

José António de Carvalho, 15-outubro-2019
Foto de Conceição Silva



sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Poema "REDEFINIÇÕES"


REDEFINIÇÕES
  
Deixa que o vento coloque as folhas no lugar certo
onde farão a almofada macia que te acalme o sono.

Deixa que o sol te entre pela janela todas manhãs
e te beije o rosto em carícias de primaveras.

E voltarás a ser água fresca para a minha sede
e mar calmo para o turbilhão da minha paixão.

E rende-te ao perfume das flores que se abrem
em todas as manhãs para te doarem sorrisos.

E redesenha os pontos cardeais de onde sol nos vê
e de tão deslumbrado nasça em qualquer ocaso
matando todas as marcas da rosa dos ventos.

Que os olhos brilhem os reflexos da cor do céu
e vejam as nuvens passarem suavemente,
sobrepondo-se uma e outra, e outra, e outra…
em movimentos leves de beleza e de êxtase.

José António de Carvalho, 11-outubro-2019
Foto de Conceição Silva



quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Poema "POR FAVOR"

Poema lido no sábado, dia 25-maio-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


POR FAVOR


Ouve-me neste momento
que me sinto perdido
entre as brechas da vida
e um luar entristecido
no frio do esquecimento.

Deita-te na margem do rio
a ver o céu azul de seda
em ti debruçado a beijar-te
doce e imensa vereda
que nunca sente o frio.

Oh, como quero abraçar-te
para me tirar deste sono
e ser novamente estio
matando este outono
que me impede de sonhar-te.

José António de Carvalho, 09-outubro-2019
Foto de Conceição Silva