terça-feira, 25 de abril de 2023

Poema "ABRIL, PRIMAVERA…"


(49 anos depois da revolução, continuemos a revolucionar e a festejar)


ABRIL, PRIMAVERA…

Era abril, Primavera;
Campos de cravos vermelhos,
Inocentes, sem saberem a hora.
Sorrisos sofridos, olhos de dor,
O sangue frio e sem amor
Pelas correntes que os exploravam.

Era abril, vinte e três;
Montanhas de esperança verde.
Sede de liberdade, e que sede,
No corpo de quem só sofria
E que a própria sombra temia …

Era a fome, o profundo cansaço
De quem trabalhava a terra,
Dos operários da têxtil ao aço,
Dos hospitais, minas, na guerra.

Era abril, vinte e quatro;
Os tanques viraram-se para Lisboa;
Abriram-se asas a quem queria
Voar em liberdade. Como seria?
Mas uma gaivota lá lhes dizia:
"Asas de vento. E voa, voa..."

Era abril, vinte e cinco;
O povo povoou ruas e alamedas,
Gritou sem medo, seguiu em frente,
Entoando, unidos, a uma só voz:
"Grândola, Terra da fraternidade!…
Liberdade, liberdade!”

Agora, já não sou quem era,
Caminhei vida fora, pudera…
Voltar p’ra trás é uma quimera.
A terra continuará uma esfera,
E em Abril será sempre Primavera…

- 25 de Abril, Sempre!!!


José António de Carvalho, 24-abril-2023
Foto Pinterest





Este poema foi publicado na revista escolar "Agora" da Escola Secundária Jaime Moniz (Funchal), Ano XIV, Número: 28; dedicada aos 50 anos da Revolução de Abril de 1974.

O meu poema na Pág. 28

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Poema "SEM A GRAÇA DOS TEUS VERSOS"


SEM A GRAÇA DOS TEUS VERSOS


Os teus serão eternos
com a eternidade da poesia!…

Graciosas perdizes no meio
do oiro das searas,
celeiros emproados
de trigo rico na fome
das águas cristalinas;

E são bálsamo no ar
da maresia vinda
Tejo acima,
a inundar
a alma discreta
de quem se desvenda,
desenrola e revela,
num ror poemas feitos
a olhar pelas janelas
do amor inflamado,
vermelho e apurado,
nos tumultos do coração
do Poeta Enamorado
a morrer de Paixão…

José António de Carvalho, 17-abril-2023
(Data da notícia do falecimento do poeta Joaquim Pessoa)






segunda-feira, 10 de abril de 2023

Poema "IMPERATIVO"


IMPERATIVO

Sei da tua forma.
Oh… Babel sem fim…

Teus cantos e encantos,
olhos de ribeiro manso
que em rio se transforma
e no mar desagua…

Ah… luz maga da lua,
como és tudo p’ra mim.
O começo de tudo
que faz a alma pura
e o que resta p'ró fim.

José António de Carvalho, 10-abril-2023
Foto "Pinterest"