quarta-feira, 27 de junho de 2018

Poema "Inverno, Verão ou Não?" (soneto)


1º PRÉMIO


MENÇÃO HONROSA - TEMA: INVERNO (Poetas Indaiatuba, Brasil)

Inverno, Verão ou Não?

Solstícios de Junho, o que afinal nos dão?
Nesse Inverno ameno desabrocham camélias,
Em Portugal, num agreste e quente Verão,
A salgueirinha regala-nos com doces vigílias.

Parece contradição. Mas então o que será?
Vejo complementaridade. E nesta realidade
De Universo imperfeito que tudo nos dá,
Sinto-o mais que perfeito, apesar da idade.

Terão assim sentido os heróis da navegação,
Que corajosamente atravessaram o oceano
Pelo caminho da morte, sem perder a ambição,

Atracaram no Outono sem o Verão ter passado,
Tão pouco a Primavera sentiram em sonho insano.
Entraram no Inverno a beberem o Verão deste lado.

JA18C




segunda-feira, 25 de junho de 2018

Poema "Minha Modesta Casa" (soneto)

Desafio de Poesia lançado por Verônica Noblat (Poetas de Indaiatuba)

Minha Modesta Casa

Veste-se de branco de Verão a Verão.
Exposta noite e dia ao Sol e ao vento
À chuva e ao calor… parece um coração.
Nela sinto os doces sonhos que alimento.

O verde envolvente salpicado de cores
Traz-me a calma que preciso neste inferno
De mundo moderno. Afago os olhos nas flores,
Agravo as minhas dores com o frio do Inverno.

Aqui cresço a felicidade de viver, dia após dia.
Nela me dou intensamente aos sentimentos.
A poesia flui intimamente nesta harmonia.

Olho o monte íngreme e seco. Logo me delicio
No frondoso jardim do palácio, diverso e fresco.
Olho o milho nos campos. Vejo o sorrir do casario.

JA18C






sábado, 23 de junho de 2018

Poema: "Encantos e Santos de Junho"



Junho – Mês do Verão e das Festas dos Santos Populares

Encantos e Santos de Junho

As pessoas saem às ruas como bandos de pardais,
Dando boas-vindas ao Verão e aos Santos populares,
Alegria contagiante que se espalha por milhares…
Lares, ruas, praças e jardins abrem portas aos arraiais.

O que diria Santo António sobre os casamentos
Que se fazem sob sua égide? Mas alguém ousaria
Pensar que mais feliz seria se casasse noutro dia?
Nas suas mãos entregam o amor e seus assentos.

Porventura S. João terá desse amor melhor confirmação,
Grande noite de folia, salpicada de alegria até nascer o Sol,
Ah… que bom seria se o tempo andasse como o caracol…
Fogueiras e sardinhas, danças e balões passariam do Verão.

Este jovial encanto de junho para muitos ainda é segredo,
Não investem no bem da sua alma e no gosto pela folia,
Perdendo a tradição ao fecharem o coração à alegria.  
Mas podem ainda tomar-lhe gosto nas festas de S. Pedro.

JA18C



terça-feira, 19 de junho de 2018

Poema "O teu poema"

O teu poema

Aqui me revelo nestas linhas que te escrevo,
Num livro desejado mas amarelado pelo tempo.
Tempo que passa e que consigo vai levando
Jardins, luares verões, primaveras e sonhos...
Do tempo que passa e que não voltaremos a ter.
Ficam os invernos, as sombras, as angústias, o frio...

Este hediondo mundo calado de tanto barulho
E cuja escuridão das noites salta literalmente para os dias.
Não fora uma vista de esperança por esta janela,
Este sonho com jeito de sorriso de criança ingénuo,
Ou a irreverência do jovem na descoberta do mundo,
Que alcança todo o meu corpo, levando-me até ti.

E assim não resta mais do que um corpo paralisado
Que sobrevive ao passar do tempo, lentamente...
Como a chama da vela, se pode apagar de repente,
Não havendo sentimento que a sustente,
Ou um abraço que o alimente,
Ou um poema triste de amor.

JA18C



quarta-feira, 13 de junho de 2018

Poema "Amor" (soneto)


Participação no Concurso "Menção Honrosa" - Poetas de Indaiatuba (Pg. FB)

O poeta imortalizou-o definindo-o assim:


 “…é um fogo que arde sem se ver…”.
(Luís Vaz de Camões)

Eu digo que…


Amor

É fogo que arde em nós e que se vê,
É ferida que na ausência dói e sente,
É estado d’alma que nos acrescente,
Dor que procuramos e queremos ter.

É envolver o nosso corpo por inteiro,
Na ânsia de nos querermos entregar,
É um parar para continuarmos a andar,
O jardim da vida alimentá-lo primeiro.

É nos deixarmos ir na força da corrente,
Fixar os olhos saciados no mar adormecido,
Sentirmos por dentro o sangue fervente.

É permitirmos chegar sem termos partido,
Olhar para trás e ver que seguir em frente,
É tornar terreno árido em jardim florido…

JA18C




segunda-feira, 11 de junho de 2018

Poema "Voando por aí…" (soneto)



Voando por aí…

Acordo cedo e de pensamento leve,
Um impulso para o belo diz-me:
Senta-te, transcende-te e escreve.
Eu escrevo. O espírito conduz-me…

Como gaivota que plana aleatoriamente
Sobre águas calmas, e doçura espalha:
Formas e alma, dispostas suavemente,
Imagens tuas que meu coração espelha.

No regresso a mim sinto este aperto
De que a viagem por ti é mar sem fim,
Regresso d’ ave que se solta não é certo.

Passará o voo da tua vida por aqui?
E este teu regresso será para mim?
Ave solta pode apenas querer voar por aí...

JA18C



domingo, 10 de junho de 2018

Poema "Soneto a Camões no seu dia – 10 junho" (soneto)


Soneto a Camões no seu dia – 10 junho

Camões, ó grande Camões!
Quase quinhentos anos depois
Alguns lá vão ganhando tostões
E os poemas são aos milhões.

O computador substituiu a pena.
Até a inspiração a Pessoa fugiu,
A alma mantém-se coisa pequena,
Procuram-na cá… Ninguém a viu,

A fama, algo esquiva, bem se poupa.
Os encontros no céu estão marcados
Doutros Camões vestido na tua roupa.

Soneto pobre para teu glorioso dia.
Esforço-me para acabar este terceto
Sem a tua métrica, melodia e magia...



JA18C





quinta-feira, 7 de junho de 2018

Poema "Natureza da minha vida" (soneto)


Natureza da minha vida

Por mais que rebusque nas palavras
Que rareiam ao almejar escrever-te,
Pela beleza aclamar-te e cantar-te,
Reprovar-te pelas ações macabras.

Essa tua aura de Deusa imprevisível
Espalhada por mares, rios e montes,
Lagos, planícies, planetas e horizontes,
Fazem de ti aliada vital, bela e temível.

E o mal que te faço? Mereço que apontes:
Esgoto-te recursos, agrido-te toda a beleza,
Altero-te o âmago celular. E não consentes.

E se procedo ambiguamente, sem a firmeza
Que mereces, revoltas-te e deixas-me doente,
Não mereço de outra forma: Mãe natureza!!!

JA18C




quarta-feira, 6 de junho de 2018

Poema "Mar salgado, doce amar" (soneto)




Mar Salgado, Doce Amar

Gosto das manifestações do mar
As ondas tudo levam, tudo trazem
Ora enrolam e abraçam, ora expelem
Como os humanos no jeito de amar.

Mar, se és salgado és também doce
Na doçura do teu rosto salgado
Dás tudo e tudo levas pró teu lado
É tão factual como em ti o sol pôr-se.

Azul imenso das águas marinhas
Refletem a alma, incandescente sol,
Tanto agitas este coração mole.

Por que perguntas… Por que não adivinhas?
Que o mar e o coração têm duas linhas
Dar e receber, voltar e ir… como o Sol.

JA18C




terça-feira, 5 de junho de 2018

Poema "Meu Portugal"

Meu Portugal

Amo deveras este meu país!
Na pureza das águas cristalinas dos riachos
Deslizantes por fendas e escarpados das montanhas,
Na liberdade das aves, no seu voo suave e aberto,
O brilho do Sol que nasce e que além se afoga no mar.
Sonho as cores vivas das flores que nascem nos soutos.
País ao qual me dou, que nada me fala e tudo me diz.

Sou um fã deste Portugal!
Deliro com os seus grandiosos e mais belos feitos,
Com as suas vitórias. Carrego em mim as suas glórias
Passadas e presentes, longínquas ou futuras…
São a história do teu povo habituado a sofrer.
Obrigam-te a trocá-lo por interesses alarves e incógnitos,
Ou ambições opacas e desviantes, de loucos…
Todavia, vamos erguer Portugal aos poucos.

Sou um orgulhoso de ti!
Do teu mar e das praias largas ou estreitas de areia dourada,
Dos planaltos serranos, dos queijos e da flor das amendoeiras,
Das ilhas nascidas no oceano, beleza tenra, filhas da natureza.
E quem desce do Norte, cai em boa sorte nas superfícies planas,
Passando dos planaltos regados pelo Tejo às planícies alentejanas.
Almas calmas deste povo diverso e unido, velho e novo, que canta
E clama o país que ama. Queremo-lo vivo!
JA18C


segunda-feira, 4 de junho de 2018

PRÉMIO DE POESIA - "Grupo Poetas de Indaiatuba"


Sonhos & Pensamentos - José António de Carvalho
Publicado por José António Carvalho1 h
Este foi o meu agradecimento ao "Grupo Poetas de Indaiatuba" pela distinção atribuida.

"Tive um enorme gosto em participar neste concurso, a primeira participação, sou novato, e constituiu um orgulho e satisfação para mim, este reconhecimento dado pelos leitores, até porque a diferença cultural portuguesa e brasileira é sempre notada, mas devemos somar as diferenças e não subtrair. A eles, o meu agradecimento.
Um agradecimento especialíssimo aos mentores laboriosos do concurso, que só engrandecem a poesia em cada um de nós, e a todos poetas que contribuíram com o seu melhor.
Viva a POESIA!!!!"


Poema "Mais do que um sonho" (soneto)


Mais do que um sonho

O teu sorriso tem este sublime ensejo
De me fazer feliz e dar-me novo mundo,
Sorriso de sonho real em sono profundo,
Doçura contida nos lábios por um beijo.

Revolvo-me em mil memórias tuas felizes,
Deste acordar febril na penumbra de num dia
Pela janela entreaberta ver-te, beleza fugidia…
Agarrado a este sonho, só porque não dizes:

Que és a flor do meu jardim, minha alegria,
Eu, o teu espaço, o ar, a seiva, as tuas raízes,
Sendo tu a mais bela ninguém te confundiria.

A única flor à minha janela, que bem me ficaria
Dizer a toda a gente do amor que não me dizes,
Olhando-nos tão felizes do acordar em novo dia.

JA18C



sexta-feira, 1 de junho de 2018

Poema "Porquê"


Sonhos & Pensamentos - José António de Carvalho· 
(Para o aniversário de nascimento do meu pai - 03-06)


Porquê…

Sentimos o vazio da falta
Apenas quando não temos,
Choramos amarguradamente
A perda, porque perdemos.
E não nos avolumamos se temos,
Enchemos de alegria e voamos
Para os braços, enquanto podemos,
E dizemos o quanto te amamos?!

Fica esta perene e seca angústia,
Dor surda de mágoa pela ausência.
O horizonte negro, cheio de vazio,
E o teu lugar único sem presença…
Fica a saudade do olhar que protege,
Do sorriso agradecido na tristeza,
Que nos enche e engrandece,
Preenche e enche-nos de amor.

Tenho a certeza de que hoje
Continuarias a ser ombro seguro,
Que me secarias estas lágrimas
Que alagam os meus olhos tristes,
Que derramam e brotam de mim.
Que apagarias a dor que aperta o peito,
Deste nó cego que jamais se desatará.
Amor que só a morte o resolverá!...

JA18C