O teu poema
Aqui me revelo nestas linhas que te escrevo,
Num livro desejado mas amarelado pelo tempo.
Tempo que passa e que consigo vai levando
Jardins, luares verões, primaveras e sonhos...
Do tempo que passa e que não voltaremos a ter.
Ficam os invernos, as sombras, as angústias, o frio...
Este hediondo mundo calado de tanto barulho
E cuja escuridão das noites salta literalmente para os dias.
Não fora uma vista de esperança por esta janela,
Este sonho com jeito de sorriso de criança ingénuo,
Ou a irreverência do jovem na descoberta do mundo,
Que alcança todo o meu corpo, levando-me até ti.
E assim não resta mais do que um corpo paralisado
Que sobrevive ao passar do tempo, lentamente...
Como a chama da vela, se pode apagar de repente,
Não havendo sentimento que a sustente,
Ou um abraço que o alimente,
Ou um poema triste de amor.
JA18C
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