quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Poema "No Natal" (soneto)


No Natal

Choro o não ter e que antes tinha,
Sorrio ter agora o que nunca tive,
Alegro-me da fé que sempre vive,
Apesar de pequena, não definha.

Viajantes da vida desinteressados
Há-os por todos os lados. Até aqui
E além… Outros a quem a vida sorri,
E que têm abraços e sonhos alados

Que rápido se tornam fardos pesados.
E é neste revolver das águas do mar
Que agitam e remexem o nosso pensar,

De sentimentos natalícios só refrescados,
No ano esquecidos e agora lembrados,
E duvido que o Menino não o queira mudar.

JA18C



quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Poema "Doce Natal" (soneto)


Poema feito para coletânea em ebook de poemas e postais de Natal.

Doce Natal

Hum, canela que te cheiro,
O dezembro põe-me assim,
No Natal quero um pudim
Que adoce o ano inteiro.

Já enfeitei o meu pinheirinho
Com muitas luzes e estrelas,
Aguardo as mensagens belas
Para por no berço do menino.

Gravemos em poema de Natal
O que de melhor há em nós,
E no Natal não ficaremos sós.

Mas este mundo vai tão mal
Vivendo subjugado ao material
Já me contento ao bolo de arroz.

JA18C










sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Poema "Não Te Esqueço" (soneto)

Não Te Esqueço
Não me peças para te negar
Porque não o consigo fazer,
Sou-te grato e devo-o dizer, 
Não discorro razão pró ignorar...

Se só te dou versos singelos,
É porque os mais desejados,
Que são tão bem elaborados,
A meus olhos são menos belos.
E no oceano da poesia
Dás-me luz, vida e alegria,
Que nestas linhas são novelos,
Desenrolados em desvelos
Como o são as farpas da vida,
Que do coração fazem guarida.
JA18C
Foto: Zé-Tó Carvalho -2018




sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Poema "Sonho Com Nada" (soneto)


Respondendo a um desafio lançado pela amiga Manuela Ramos.



Sonho Com Nada 

Hoje tive um daqueles sonhos
Tão mágico quanto de estranho,
Não desses que estais pensando,
Porque desses me envergonho.

Sonhei com um pequeno menino
Que sonhava pra alimentar a vida,
Da fartura se abstém e lhe é devida
Num filme na sola do seu vil destino.

E o menino tão feliz no pouco ter,
Partilhou com outro pequeno amigo,
Numa foto que o mundo vai correr,

Sem que se acabe com este antigo
Flagelo da humanidade: Sem comer,
Sem instrução, sem roupa, sem abrigo.

JA18C




segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Soneto "Sol de Outono" (soneto)


Sol de Outono

Quero que este belo dia de outono
No inverno frio e escuro prevaleça,
E que teu amor por mim permaneça
No despontar das flores do seu sono.

Quero espraiar este meu sonho em ti,
Num olhar do sol longínquo e quente,
Que o mar reflete num sentir ardente,
Da flor que plantei e o seu perfume sorvi.

E no final do dia que a calma me envolva
E a água límpida num reflexo te devolva,
Num rio de sentimentos como nunca senti.

E que teus olhos vejam o que apenas eu vi,
Que a razão e o alimento para a nossa vida
Seja semente germinada e esperança florida.

JA18C


Foto: JA18C (Árvore em pleno outono 2018 - Parque da Devesa)






sábado, 10 de novembro de 2018

Poema "Se Soubesses" (soneto)

Se Soubesses

Ai se soubesses de onde venho
E o sentimento que trago em mim,
É como o mundo a chegar ao fim
Pela falta do sorriso que não tenho.

Ai se me dissesses pra ir contigo
Andar de mão dada à beira do rio,
Esse desejo acabaria com este frio
Nos puros beijos dados ao postigo.

Ai se me quisesses assim como sou
E baixinho mo dissesses ao ouvido
As palavras vestiriam novo sentido.

Porque pelo caminho por onde vou,
Cerejeiras majestosas já florescem
Julgando que os amores esquecem.

JA18C



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segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Poema "Intermitências da Dor" (soneto)


Intermitências da Dor

Como é bom ter-te em mim,
Que me afagas todas as mágoas
E me levas nas tuas doces águas
Calmas e silenciosas, rio sem fim.

Não me posso perder em cuidados,
Porque à pressa tenho que escrever.
Da vida tenho sempre o que dizer,
Porque vivemos sempre abraçados.

Sol ardente que nos espreita temerato,
Serves-me o amor em dourado prato
Que liberta a dor em gritos abafados.

E na súplica dos teus meigos brados
Deixo o coração seguir o meu olfato
No néctar do teu corpo deste retrato.

JA18C



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Poema "Ladrilhos" (soneto)


Ladrilhos

Bendita és em mim e para mim,
Que me avolumaste em boa hora,
Não sei o que seria, não fosse assim,
Se cá estaria ou se teria ido embora.

Para onde iria não faço a pálida ideia,
Amargo sabor a fel deixou este travo,
Nem a esquisita palavra onomatopeia
Traduz esse roncar do feroz leopardo.

Nem dor d’alma rasgada pelas garras
Do animal mais bruto que jamais vi,
Que se pavoneia altivo e sem amarras

Em luxuosos e opacos palcos do poder
E marés cheias de intrigas e vaidades,
Onde as pessoas não podem querer.

JA18C



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domingo, 4 de novembro de 2018

Poema "Palavra"


MENÇÃO HONROSA – Tema: "Palavra"



PALAVRA

Não tenho palavra!
Voltei atrás nela, torneei-a, rodopiei-a, castrei-a, calei-a, matei-a…
Olhei, pensei e verifiquei que não posso viver sem ela.
Palavra que não!…
Mas não tenho palavras para lhe dizer. Não tenho nada.
Escuto-as, ouço-as, digiro-as, e, nada… Fico com fome.
Cortem-me a palavra e deem-lhe a palavra a ela.
Imploro que me deixem falar para me calar.
Só escrever não chega. Preciso fazer-me ouvir.
Vou enviar e-mail, telefonar, gravar, escrever, fazer um avião de papel.
Mas não quero dizer nada.
Faltam-me as palavras.
Palavra de honra, Poesia!

JA18C


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