terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Poema "Quando a Primavera Chegar" (soneto)


Quando a Primavera Chegar

Vejo no regresso das andorinhas
Pronúncio de viagem de quimera
Incauto, pensava que também vinhas
Nesse bando que te faz primavera.

Belas flores no coração mantinhas
Do passado que foi, mas assevera
O sentimento que deveras tinhas
Qu’ inda hoje o nosso coração acelera.

Oh, quando acendes brasas nas noitinhas
Neste corpo que o calor bem tolera
E o aperto no peito, nem adivinhas...

Parece que em si o luar retivera
Com o brilho das estrelas juntinhas
Cantando a chegada da Primavera.

JA19C
Foto: Conceição Silva





quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Poema "Não Tenhas Pressa"

Participei com este poema no Evento Literário do Grupo Mel Poesias
III Evento imagem que inspira 
Grupo Mel Poesias


Não Tenhas Pressa

Não desesperes para que as nuvens vão
porque outras mais escuras virão
E o sol se te quiser visitar
as nuvens cinzentas se dissiparão.

Não tenhas pressa de abraçar outro dia
se as horas de hoje carregam toda a magia
Nesse conforto constrói abrigos.  

Não tenhas pressa em visitar falsos amigos
os de ontem e de hoje, os novos e os antigos
como as nuvens, vêm e também vão.

Não tenhas pressa de novo amanhecer
deixa-te ficar, neste sono e neste sonho
E deslumbra-te com o entardecer.

Não te apresses no sentir e no amar
Porque amar é estar presente
Hoje… Sempre!

JA19C

Foto: (Autor desconhecido)




quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Poema "LUA CHEIA"



LUA CHEIA

Lua grande, vela gigante
de brilho intrigante
a entrar pela janela.

Segue princesa
nessa tua natureza
de mulher fascinante.

Indescritível magia
nesta noite clara e fria
dum fevereiro provocante.

Lua cheia de fevereiro
que me conduzes na espera
da chegada da primavera.

Lua grande e luminosa
tornas a noite mais airosa
e segredos desvendas.

É na noite e na luz
que o amor fecundo
incendeia o mundo.

JA19C - José António de Carvalho, 20-fevereiro-2019
Foto: JA19C




terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Poema "Cidade da Sombra"

Participei com este poema no Evento Literário do Grupo Mel Poesias
III Evento imagem que inspira 
Grupo Mel Poesias

Cidade da Sombra

São ruas, ruelas e labirintos
cães zelosos com os donos em trelas
E transeuntes apressados e absintos.
São catedrais, igrejas e capelas
Nas suas sombras os leais famintos.

Matriz que dá chancela à cidade
Quando passa altiva jovem senhora
É jovem sem sequer saber a idade
Artesã da imagem e sedutora
Inspiração do pintor da maldade.

Artistas, vendedores espalhados
Aguardam a hora da sua bicada
Astutos pregões tão bem afinados
Entram no ouvido da gente cansada
Que tudo vê e nunca compra nada.

Magro cachorrinho com ar aflito
Flete as pernas traseiras e evacua
Mas será que alguma vez lhe foi dito
Que é muito feio cagar na rua?
Pior seria explodir, coitadito...

Logo atrás um canídeo corpulento
Cujo dono vai consigo arrastado
Para e cheira o ainda quente excremento
Que pelo pequeno fora deixado
Também faz o seu de grande talento.

E assim sem ter qualquer propriedade
Tão só o que os meus olhos apuram
Não falei só desta velha cidade
Também outras que aqui não figuram
Mas que partilham desta enfermidade.

JA19C



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Poema " AO ACORDAR"

Vídeo da declamação do poema - por Maria do Rosário Serrado de Freitas
Um abraço de amizade e gratidão.



Também participei com este "poema" no XIV Grupo Arte & Literatura Recanto da Poesia, realizado a 07-outubro-2020, Tema: "Primavera" (O amor colhe flores), a convite de Nilma Soares.

Participação com este poema no XV EVENTO ENCONTRO PÔR DO SOL, a convite de Nilma Soares.
Tema: "Sonho um despertar ao seu lado"



AO ACORDAR

Como gostaria…
Que acordasses e me visses ao teu lado,
que puxasses o lençol para esconder os lábios cansados de tantos beijos
e que o lençol branco se soltasse e se vissem os pés com os dedos inquietos por não saberem os caminhos que percorreram.

Como gostaria…
Que os corpos se sentissem revigorados por se terem perdido numa floresta densa, depois de percorridos mil carreiros estreitos e sinuosos,
que as montanhas que subimos e os vales que descemos para chegar aos frescos ribeiros de águas cristalinas, tivessem sido como o chegar ao céu.

Como gostaria…
Que os teus olhos se abrissem como janelas para o sol entrar
e que o teu rosto saciado procurasse nele as respostas para tal felicidade.

Como gostaria…
Que te sentasses na beira da cama e vestisses uma túnica de nada
e te voltasses para mim e te revelasses convencida de que estavas vestida…
vestida de fino cetim: de ti e de mim,
dum amor assim…
de nós!

José António de Carvalho, 15-fevereiro-2019 (Revisto em 05-agosto-2020)
Pintura a óleo - Site de Venda de quadros - LightINthebox.com

Pintura a óleo
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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

Poema "ODE AO AMOR" (soneto)

Dia de S. Valentim - Dia dos namorados, 14-fevereiro-2019

Participei com este poema no XLII Encontro de Poesia, realizado a 26-maio-2021, pelo Grupo "Arte & Literatura Recanto da Poesia", a convite de Nilma Soares.


ODE AO AMOR


São mares de esmeralda flamejantes,
Ondulação macia e compassada,
Outeiros esculpidos na enseada,
Corpos ardentes, ávidos, amantes...

Irradias no olhar cor e doçura.
Teus lentos lábios perdem-se nos nadas
De todas as palavras abafadas
encontrando ecos débeis de loucura.

Os dedos tocam música erudita
Compondo na pele letras de amor,
Florescendo a balada nunca escrita.

Ó venturosa e amada poesia
Que atormentas pessoas e espevitas
Como sol que nos entra, e faz-se dia.

JA19C
José António de Carvalho (reformulado 27-maio-2021)



Foto: Pintura a óleo Abstrata Moderna da Arte Da Lona


terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Poema "DIA DE SOL"


DIA DE SOL

Mas que lindo dia sol
Que sorri aos olhos teus
Tem brancura de lençol
Ainda cega mais os meus.

Lá se estica até à terra
Estende-se a todo mar
Encima-se na alta serra
Que bem se deixa abraçar.

Vestido de tal alvura
Faz desabrochar as flores
Seja qual for a textura
Nas mais variadas cores.

As longas horas voam
Segredando com mesura:
Se os dias bem se escoam
Bebe da noite a ternura!


JA19C - José António de Carvalho, 12-fevereiro-2019
Foto: “gugaalves.net”




domingo, 10 de fevereiro de 2019

Poema "TRAGO EM MIM" (soneto)


TRAGO EM MIM

Tenho em mim um sentir que é assim:
Um misto de saudade da partida
com calor da chegada de seguida,
Como a flor que desponta no jardim.

Tenho alegria neste rosto triste
P'los enganos que a vida sempre traz,
brutais batalhas entre a guerra e a paz.
Ando no mundo, até do que não existe.

No peito morde-me esta ânsia antiga,
Fazer versos com pétalas de flores
Enquanto o vento canta uma cantiga.

Inda sonho com noites estreladas
E com os seus efémeros amores
Na nudez das areias bronzeadas.

José António de Carvalho,10-fevereiro-2019 (revisto a 24-maio-2020)
Foto: JA18C






segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Poema "Diz-me Quem És" (soneto)

Diz-me Quem És
Sei lá, poesia, se me chamas…
Se me vejo em montanhas de dúvidas
E se quem te ama tu vês e não amas,
Vivo em busca de palavras lúcidas.
Se nasces em laivos de loucura
No temível auge das desgraças
Tão bela e cheia de formosura
Em desatino o destino traças.
Sei lá, se és a mulher madura
Ou jovem na frescura da vida
Se a mesma amada n’ amargura
Na tempestade nunca vivida
Ou nos traços da devassidão,
Anseio de mulher incompreendida.

JA19C

Foto: Agostinho Filipe, 2019




sábado, 2 de fevereiro de 2019

Poema "Hoje é Sábado" (soneto)


Hoje é Sábado

E já lá se foram tantos e tantos,
Quantos não sei, nunca os contei.
Talvez mais que todos os santos,
Mas menos do que os que sonhei.

Ah, sol temerato deste sábado,
Que não aquece sequer o vento
Mas reflete quem à janela, virado
Num olhar corajoso para dentro.

É como o sincero riso de criança
Transbordante de tanta esperança
A que em si há e em mais nada,

Quero ser como a criança obstinada
Em colocar o sol no lugar da lua
Encher de luz a vida, a minha e a tua…

JA19C

Foto: JA16C (Igreja de Santa Maria Madalena, Falperra, Braga)