terça-feira, 16 de abril de 2024

Poema "MÚSICA É LIBERDADE"


MÚSICA É LIBERDADE

Abre Abril
o que se mantém fechado.

Talvez um violino junto ao rio
no fervor das cordas vibrantes
lance as notas da liberdade
nos versos que hoje cantamos
e que não se cantavam antes.

É assim que se abre esse Abril
farol de épica transformação
que do silêncio fez palavras
quando cantadas a razão e lei
que rege a razão e o coração…

E será sempre Abril
independentemente da condição
sempre que se cante nova canção!

José António de Carvalho, 16-abril-2024
Imagem "Pinterest"



Vídeo 

https://youtube.com/watch?v=XB3qoXgdA10&si=a-HFgdCV2MM2zUTQ

domingo, 7 de abril de 2024

Poema "SAUDADE" (Soneto, adaptado)


Poema "SAUDADE" (soneto)

Só dos que partiram sinto saudade,
Foram-se sem regresso, sem querer,
Que tudo fizeram para viver...
Tudo o resto não é mais que vontade.

E... Saudade do tempo de pequeno?
Não quero ser de novo uma criança.
Quero ter esta idade e ter esp'rança
Que hoje e amanhã o sol será ameno.

Saudade de sentir o calafrio?
Mais do ideal que sobe pela idade,
Na poesia inteira e sem vaidade.

Saudade?...  Pelo meu pai que partiu;
Pelo meu irmão, que assim o seguiu.
E cresce dia a dia… que saudade!!!

José António de Carvalho, 07-abril-2024 (poema atualizado, 05-outubro-2020)
Foto de António Miranda - Arte Celano, Grupo de Artistas







quinta-feira, 4 de abril de 2024

Poema - "SEDUÇÕES DE ABRIL"


SEDUÇÕES DE ABRIL

Abril, abril que seduzes as aves,
Os verdes campos, as sementeiras;
Cravaste luz nos olhos cegos com traves
De uma vida faminta em ovelhas ordeiras.

Sopra a brisa leve deste abril no rosto,
Perfume de cravos, rosas, rosmaninho.
Agora já não é tarde para a flor do linho
Adornar cinquenta anos, e tanto gosto…

E logo que morreu o reino das trevas
Em que pensar era pecado e heresia,
Fica-nos na boca o sabor da democracia
E todos os sonhos que nas asas levas.

José António de Carvalho, 04-abril-2024
Foto "Pinterest"




segunda-feira, 1 de abril de 2024

Poema "NÃO É MENTIRA"


NÃO É MENTIRA

No meu coração trago a minha terra.
As minhas veias são ruas e ruelas
rodeadas de verde e bem iluminadas,
que não acabam nas casas de portas fechadas,
mas apenas onde se deixa de ver
a razão do coração pintada a fantasia
no rosto da minha terra a rir de alegria…

José António de Carvalho, 01-abril-2024
Foto da minha autoria.





domingo, 31 de março de 2024

Poema “PAZCOA”


“PAZCOA”


Estendam-se todos ramos e flores
para que a entrada seja gloriosa.
Rendam-se as armas, extingam-se ódios.
Purifiquem-se todos os autores
da selvajaria mais escabrosa
que nos persegue dos tempos primórdios,
anulando e calando os defensores
de urgente dia de Paz gloriosa.

José António de Carvalho, 31-março-2024
Foto Pinterest




terça-feira, 19 de março de 2024

DIA DO PAI – 2024


MEU PAI...

Que melhor memória, que maior amor te poderia manifestar, do que ter a tua presença em mim.

Nestes dias em que a natureza explode de alegria em saudação à chegada da Primavera, olho à minha volta para te oferecer a maravilha que os meus olhos vislumbram e toda a ternura que reveste o meu coração ao recordar-te.

Que as lágrimas que agora enchem os meus olhos, sejam capazes de tornarem límpidas e de alimentarem as memórias, e o amor que guardo de ti, e também do Nel, que agora tens por companhia, e que faz com que as saudades por ambos sejam do tamanho do mundo.

Prometo-te que continuarei a tratar do carvalho que juntos plantámos. Está lindo… e dá boa sombra.

José António de Carvalho, 19-março-2024



domingo, 25 de fevereiro de 2024

Poema "SEDE"

SEDE

Há na chegada
a tua chegada, 
bem cedo
e tão perto, 
sem pressa,
antes que escureça. 

Antes que a noite
seja noite
e aconteça
o que o corpo pede. 

E que a noite
se estenda à vida, 
antes que a vida
fuja no horizonte
antes do tempo.
De um tempo finito
que ninguém mede, 
e infinito pareça...

E assim passa 
e nunca disfarço 
a sede da alma. 

Serei sempre sequioso. 
Que a minha sede
seja a tua sede, 
e não esmoreça, 
ainda que a lua, 
a maga da rua, 
desapareça.

E lá virá o sol
para novo dia,
e que o amor
com alegria
floresça...

José António de Carvalho, 23-fevereiro-2024
Foto de Conceição Silva



quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Poema "LUZ"


LUZ

Nunca desisti.
Segurei tantos estilhaços,
também muitos sonhos
entre os meus braços.

Bebi a luz aos poucos
vislumbrada lá do fundo
deste mundo de loucos
ou doutros doutro mundo.

Jurei a mim mesmo
que o caminho continuaria
e que o sonho perseguiria
como rio que não para…

chegar a calma enseada
e no seio da alquimia
alcançar a madrugada
nesse leito de poesia…

José António de Carvalho, 15-fevereiro-2024
Imagem Pinterest



terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Poema "MOMENTOS DE SORTE"



MOMENTOS DE SORTE

Sou um afortunado
quando em mim se geram
sentimentos sublimes.

Quando irrompo na melodia
sem esconjurar o silêncio
onde moro na persistência.

Quando abraço a luz
que foge de entre as abas
num surdo suspiro de lábios 
a abafar sonhos quentes.

Quando da ternura me enleio
abrindo relíquias coloridas
das simples palavras de permeio
arrancadas ao cerne, e tão sentidas.

José António de Carvalho, 13-fevereiro-2024




segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

CARTA DE AMOR


Ah meu amor,


A música que me vibra nas veias tempera o sangue tomado pelo amor que se soergueu bem alto dentro de mim, sulca-me a alma às profundezas do mar e lança-me no tempo da leveza, como o pássaro que se aventura na liberdade do voo ao abandonar o calor do ninho para sentir o prazer de sorver todo o perfume da primavera.


Como é bom. Como é bom… voltar a estremecer inseguro pela aproximação da força crescente do magnetismo que me aspira o espírito, sentir o cheiro da terra quente acabada de ser lavrada em pleno abril, abrir os olhos e lavá-los nas lágrimas de felicidade de um sorriso depois de te beijar.


José António de Carvalho, 04-fevereiro-2024
Foto Pinterest



sábado, 20 de janeiro de 2024

Poema "CABE NUM DIA"


CABE NUM DIA 

Cabe num dia,
cabe na mão,
os olhos da madrugada
que o sonho pedia.
O sol das manhãs
em dias de verão,
bem alto a sorrir
no pulsar do coração.

Os lábios da tarde
abrem-se sorrindo
num rio sem destino
lentamente a descer
como plumas de aves
num arco-íris lindo;
não se vendo mais nada
que não seja o entardecer.

A noite em doce rosto
rouba ao crepúsculo
o néctar da alucinação
num calor de agosto,
de lava a queimar
que a noite não refresca,
querendo fugir
mas deixando-se ver,
deixando-se amar
com a lua a beber
contornos de luz
para voltar a viver,
e adormecer…

José António de Carvalho, 19-janeiro-2024
Foto de Antônio Miranda 



segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Poema "A SEGUNDA FUGA"


A  SEGUNDA FUGA

Às vezes fujo por entre densos arvoredos,
outras por entre casas cavernosas vazias.
E enquanto fujo vou escapando a medos,
no acesso a horas ainda mais tardias.
Depois, lá encontro... e logo me defronto:
com a terra, com o mar, com as estrelas;
palavras que em dicionários não encontro
e que antes pensava serem as mais belas.

E as flores… as flores e a vida.
As flores que lembram sempre a minha terra;
essa terra cheia de vida que me vai engolir.
E aí é que se dá a guerrilha dentro de mim,
que mais cedo do que tarde será uma guerra.
Oh… essa guerra a que ninguém pode fugir,
que passará a certeza de um esfumado dilema:
se viver é pior ou melhor do que o que está para vir.
E não é hora, nunca é a hora para o fim do poema.

José António de Carvalho, 11-janeiro-2024
Foto de Conceição Silva

Link do vídeo da declamação do poema pelo ilustre poeta/declamador António Ferreira 

https://www.facebook.com/100005942883932/videos/751160303543728/

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Poema "PRIMAVERA SONHADA"


PRIMAVERA SONHADA

Sonho com a primavera
neste janeiro decadente
e com esse sol ausente.
Alma triste em corpo frio
enrolado enquanto espera,
morrendo a cada arrepio.

Eles não sabem que o sonho
com que sonha toda a gente
é um sonho diferente
da água a descer o rio.
Assim eu sigo tristonho
e ela desliza em delírio.

Eles não sabem que sonho
com poesia cantada
em versos à minha amada
nos dias de primavera.
Talvez nem ela, suponho,
sonhe sonhos que eu tivera.

José António de Carvalho, 10-janeiro-2024
Foto de António Miranda


sexta-feira, 29 de dezembro de 2023

Poema "NATAL E ANO NOVO"


NATAL E ANO NOVO


Tentei escrever algo poético sobre o Natal e Ano Novo, e não consegui.
Não consegui elevar-me nos sentimentos bons e adornados a florinhas;
nem mergulhar nas brisas frescas do mar;
no doce calor de um lar,
de uma família,
ou de uma singela cama com perfume primaveril
coberta de papelinhos com pedidos e desejos
para o Natal e ano de 2024.

Sinto, isso sim,
as grades frias do mundo que nos aprisiona o corpo,
e esta sociedade que nos venda os olhos
tornando-nos mais cegos do que morcegos expostos à luz do dia.

Sabemos lá o que é a luz se só vemos flashes direcionados ao sol do meio-dia.
Ontem acreditaria no amor
se não observasse agora que o ódio é menos malévolo
do que a indiferença carregada pela neutralidade.

Tenciono odiar os neutros,
e os estados de neutralidade,
e o politicamente correto.

José António de Carvalho, 28-dezembro-2023
Foto "Pinterest"



quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Poema "MÃOS NATAL"


MÃOS NATAL


Se as tuas mãos ajudam
são sempre mãos limpas;
ainda que estejam sujas
é reconfortante senti-las.

Estender a mão e ajudar
é pegar no grão e semear.

José António de Carvalho, 21-dezembro-2023
Foto "Pinterest"



sábado, 16 de dezembro de 2023

Poema "NATAL, QUE LINDO, SE…"


NATAL, QUE LINDO, SE…

Ah, que sonho lindo
esse natal de menino,
cujas prendas eram sonho.
E a luz era pouca
para ver os ponteiros
unirem-se à meia-noite.
Ai, que alegria louca…
O menino lá deixara
cair no gasto sapatinho
três rebuçados “catraio”
e um chocolate pequenino.
Mas a noite não acabava aí…
havia ainda a camisola,
que depois de remendada
ficara outra vez nova.

Em nada era o Natal de hoje,
dum mundo em que tudo foge…
de loja em loja,
de carro em carro,
de telefone em telefone,
de consola e televisão,
computador ou outra diversão
que põe o Homem fechado.
Também as macro diversões
com gente aos repelões
e outra acantonada
vencida pelas ilusões,
que abafam sons de aviões,
de mísseis e canhões,
em matança desculpada.
E as mais incríveis poluições
nesta Terra tão maltratada.
Esta… a traição das traições.

Depois…
Mensagens quase virgens
de desumanos aldrabões,
cujas palavras dão vertigens
e asfixiam pulmões
de desalinhados, não seguidores,
indo-se-lhes a vida em horrores.
 
E eu pergunto a todos os presentes:
Será isto Natal, meus senhores,
encobrir maldades e seus autores
que espalham morte a inocentes?

José António de Carvalho, 15-dezembro-2023
Fotos da Sessão de Conto e Poesia - Fundação Real Colégio de Landim



segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Poema "PARABÉNS, QUERIDA MÃE!" - 09-12-2023

92 Anos 

PARABÉNS, QUERIDA MÃE!

Cada ano que passa
é passo no trilho feito,
é graça que grassa
desse teu jeito.

Devagar, avanças a idade
nas brisas que a vida dá.
Fica o que se aprende,
se é, e se estende
a alguém, aqui e acolá.

Soerguida do fio da dor
e de alegria contraída
das mutilações ao coração.

Mas subsistes com esperança
no amor aos que tens;
ainda são os teus bens,
e que te rendem amor,
carinho e dedicação.

José António de Carvalho, 09-dezembro-2023



segunda-feira, 27 de novembro de 2023

Poema "AMA-ME"


AMA-ME

Ama-me por dentro,
que por fora é ilusório.
É campo que seca,
rio que resseca,
rio que morre
antes de chegar ao mar.

Ama-me neste cinzento,
que mistura o negro passado
com o branco do momento.

Ama-me assim:
com azuis sobressaltos
e verdes esquecimentos…
Mas sempre a sonhar
com pinheiros altos
e flores de jasmim,
com veleiros a navegar
nas vagas do alto-mar…

Sendo este o espaço
de chegares até mim
no tempo de um abraço;

e ficarmos assim,
marcando compasso,
para o dia não ter fim.

José António de Carvalho, 27-novembro-2023
Foto de António Miranda (Arte Celano - Grupo de Artistas)







sábado, 18 de novembro de 2023

TEXTO "MUITO"

MUITO

Muito quero adormecer as ideias que entorpecem o meu caudaloso sentir, e que me remexem as palavras e as folhas de outono, que são memórias amareladas e cinzentas, cobertas de bolores nascidos com os orvalhos. São folhas prestes a desfazerem-se da sua estrutura e do seu contorno na chegada do inverno, numa passagem daquilo que fora viva vida. As cores doces e a beleza dos efeitos por si só não bastam.

Enfim!...

Não será pedir muito a mim mesmo, que mais não seja do que sentir apenas o que quero e de, em algumas coisas, fazer apenas o que me dá prazer fazer. E matar literalmente os versos coxos de sentimento. Nem que para isso tenha que arrancar as folhas mortas e desfeitas do livro inexistente, que se abre das sombras do efeito e defeito do meu peito.

Já quase ressurgi em novo livro como os cogumelos a refletirem o luar nas noites claras de outono. Mas depois penso: como há tantos cogumelos iguais nesta altura, e são tão poucos aqueles que são saudáveis.

Não me falem mais de belos outonos!...

José António de Carvalho, 17-novembro-2023
Foto do Parque dos Loureiros - Vermoim







sexta-feira, 10 de novembro de 2023

Poema "NA TERRA DA GUERRA E DO METAL"


NA TERRA DA GUERRA E DO METAL


Sou desta terra que vive de olhos postos no além, 
e vivo na avenida que segue sem se saber o fim.

Esta terra que fica na Terra onde há guerra
que mata inocentes e soldados também.

Disparo revolta à volta das letras que grito, 
bombas e balas de paz na terra de ninguém,

Mesmo não tendo importância para quem
só lê letras dos metais de quem é rico.

E… quem puder, por contrição, que mude;
eu, pelo mesmo motivo, por aqui me fico.

José António de Carvalho, 10-novembro-2023
Foto do trabalho de Antônio Miranda (Grupo de Artistas - Arte Celano)