Este foi o texto da minha participação no 4º desafio 2022_ Criatividade sem Limites do Livro Aberto. No qual tive que incluir as palavras: "Aldeias, pastoril, manhãs, vida, tintas, amoroso, misterioso, murmúrios, brancas, sibilantes, cântico", do poema "As Aldeias" de António Gomes Leal (Sec. XIX/XX). Quando escrevi o texto apenas conhecia as 11 palavras do desafio lançado pela Ana Coelho, no seu programa "Livro Aberto", edição 4 de 2022, da Rádio Voz de Alenquer.
A ALDEIA E O FUTURO
A subtração da vida nas ALDEIAS
acelera o fim a cada dia que passa.
As MANHÃS BRANCAS, agora, só nos
cânticos das pessoas quando acordam aos poucos, os poucos moradores da aldeia, com
os sons SIBILANTES da VIDA PASTORIL na sua subida aos montes. Já não se
distingue o tom do CÂNTICO AMOROSO do odioso. Tudo isso é imprevisível, nublado,
até MISTERIOSO.
Há MURMÚRIOS e lamentos por
todos os lados, pela idade da pessoa mais jovem do lugar, que conta já 64 anos.
E é ele quem se encarrega de bem cedo levar os rebanhos para as pastagens.
Sobe aos montes o quase
reformado, e ficam na aldeia os reformados. E todos, os cinco moradores, estão-se
nas TINTAS para o terem filhos: -não querem mais filhos-. Importa agora os
filhos das ovelhas e das cabras que lhes vão garantindo a vida. Todavia,
pensando melhor, quem precisa de uma reforma é a “aldeia” do país.
José António de Carvalho,
03-março-2022