sábado, 26 de junho de 2021

Poema "ENTENDIMENTO"

Participei com este poema no programa Livro Aberto da RVA, de Ana Coelho, emissões de 18-junho e 25-junho-2021, homenageando o poeta Pedro António Correia Garção (1724-1772).

Participei também com este poema na 71ª edição do 


ENTENDIMENTO


Ah, luz que me foges assim
num prateado envelhecido,
rosto de aurora enrubescido,
presença do meu sol no fim.

Ah, rochedo velho do tempo,
as flores do prado fugiram,
a roupa da morte vestiram…
suspiros roubados ó vento.

Julgando eu que luz concediam
entre os meus sonhos e palavras,
mas eram já horas escravas
por ver que os meus dias fugiam.

José António de Carvalho, 16-junho-2021
Certificado da RVA - Programa Livro Aberto






sexta-feira, 18 de junho de 2021

Poema "ASTROS"

Poema lido por Raúl Tomé (Baltasar Sete-Sóis), rádio Popular FM, no seu programa de domingo, 20-06-2021.

Poema lido no sábado, 19-junho-2021, no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


ASTROS


Ainda sinto como poucos
onde se espraiam correntes,
onde se perdem os lábios,
onde se afagam os dentes.

Ainda sinto como loucos
fogo vivo, tempos quentes,
magnete dos astrolábios
que levaram às nascentes.

Faço meus ouvidos moucos
àqueles sons estridentes
guardados nos alfarrábios
de palavras contundentes.

Ainda ouço gemidos roucos
vestígios de sóis ardentes,
ânsia de saber dos sábios,
olhos de estrelas cadentes.

José António de Carvalho, 18-junho-2021
Foto 
Google - Cometa Halley





domingo, 13 de junho de 2021

Poema "OLHAR À JANELA"

Poema lido hoje (23-junho-2021) no programa "Hora Mágica" da Rádio MUM, de Merlin Magiko.


OLHAR À JANELA


Sei lá por onde andavas
Até ao tropeço do momento
Que nos cruzou…

Trocámos tempo,
Trocámos luz do sol,
Trocámos pensamento,
Trocámos brisas e vento.

Olhei-me ao espelho
E não vi nada.
Fixei-me mais
E vi-te no fundo dos meus olhos.

Falei-me do mar,
Do pequeno grão de areia,
Da minúcia das palavras,
Da irrelevância dos gestos,
Da profundidade das insignificâncias.

E se tudo floresce
É porque é natural.

Cresce ainda
E permanece assim
Em mim!


José António de Carvalho, 12-junho-2021
Foto de Conceição Silva







sábado, 12 de junho de 2021

Poema "SORRISO DE CRIANÇA"

Participei com este poema no programa Livro Aberto da RVA, de Ana Coelho, emissões de 04-junho e 11-junho-2021, dedicadas à Criança pelo seu Dia Mundial.

Poema lido no sábado, 19-junho-2021, no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


SORRISO DE CRIANÇA


Sorri, sorri, ó criança,
nessa brancura de rosa,
com o teu sorriso avança
que a vida é preciosa.

Vê tu criança, e vê bem,
o que no mundo se passa,
o que demais alguns têm
pra outros é só desgraça.

Aprende petiz, aprende,
Aprende a crescer feliz,
Se a alegria se arrepende
Inda foge e não te diz.

Ama criança, ama tanto,
amar nunca é demais,
nunca remetas a um canto
aqueles que são teus pais.

Estende esse teu olhar doce
bem para além do horizonte,
vê o outro como se fosse
nascido da mesma fonte…

José António de Carvalho, 04-junho-2021



quinta-feira, 10 de junho de 2021

Carta de "AMOR A PORTUGAL"

Esta carta integrou a Coletânea de cartas de Amor da Chiado Books, janeiro-2019


Meu Amor

Bem sei que as cartas caíram em desuso, mesmo assim não resisto a escrever-ta, porque não é uma simples carta, é uma carta de Amor.

Quero que a leias com todo o vagar e de coração aberto. Se for possível procura um lugar verde natural, belo e recatado, para que esta carta se torne muito especial e relevante para o nosso sentir.

Talvez a devas ler junto às margens dum rio, numa paisagem natural e florida.

Pode ser mesmo junto ao Tejo, onde passe pelo meio de searas doiradas e quando o sol espelhe nas águas e ilumine o teu rosto doce, ou que a tua alma de flor passe serenamente num pequeno barco à vela, longe de nós e perto da outra margem, mas que nos aproxime cada mais, e mais.

Ou na margem do Douro, onde se consiga ver a tua adorável silhueta projetada nas folhas douradas das videiras plantadas nas encostas das montanhas e com o rio a serpentear-se no vale, e o teu perfume dê aroma às uvas rosadas para nosso deleite, que se transformarão em vinho que nos há de inebriar e tornar os nossos corpos etéreos, tornando-os sublimes, quentes e amantes.

Também poderá ser junto ao Vouga e Ria de Aveiro, onde a água salgada entra no corpo da terra por tanto a querer, formando-se enormes espelhos d’água que realçarão a tua beleza, ou pelas suas ramificações em ribeiras e regatos, como se quisessem abraçar tudo. Tal como o nosso amor, que tudo quer envolver à nossa volta e colocar-nos ao centro, unidos e abraçados, debaixo de sol ameno.

Ah, como gostaria que a lesses em Viana do Castelo, no jardim junto ao Lima, em dia que não esteja frio nem se faça sentir vento forte. Ou ainda, se preferires subir o monte de Santa Luzia, poderás lê-la bem lá no cimo junto ao mosteiro, irás deslumbrar-te com a cidade e com a foz. Adivinharemos o sol a afundar no mar e subir pelo rio. E como é sublime e lenta a penetração das águas do rio no mar, misturando-se como as nuvens de vários tons, fazendo lembrar o despir das tuas roupas que encobrem tanta beleza simples e natural.

Minha querida, se a preferires ler em Caminha, bem junto ao rio Minho, em Cerveira ou Monção, ficarei igualmente feliz. Tu serás cada uma das ilhas que dormem no interior do seu leito e eu serei as águas frescas e vivas à sua volta.

Não posso ir mais longe, se te entusiasma a ideia de a leres junto ao Guadiana, pode ser em Alqueva, onde o amor não vê fronteiras, e beijamo-nos nos segredos da pérola de Olivença e abraçamo-nos na tão querida e bela planície alentejana.

Ou ainda lê-la junto ao Sado, mas toma cuidado, porque este rio corre de sul para norte, tem as belezas do teu corpo no seu estuário e do teu rosto na península de Tróia.

Assim termino, enviando-te um beijo de carinho e amor.

Amo-te minha Pátria! Amo-te Portugal!

José António de Carvalho



segunda-feira, 7 de junho de 2021

Poema "RAIZ DA ESPERANÇA"

Participei com este poema no 67º Evento Literário Virtual da LUPA, que decorreu entre 21 e 27-junho-2021.


RAIZ DA ESPERANÇA

Doa-te livre nas mãos do vento
em todos os passos que vais dando
para não teres um contravento
forte, como o que te vai soprando.

Ó melodia de vida intensa
que feridas fundas vais curando
como seara de trigo imensa
que ciosamente vai ondulando.

E nasce nos teus olhos o dia
em longas manhãs de primavera
nos raios em que o sol irradia
despojos dos sonhos que tivera.

Longínquo céu que fazes voar
uma andorinha no mar perdida
de quem ama sem querer amar,
a esperança, como flor da vida.

José António de Carvalho, 06-junho-2021
Quadro de António Miranda – Arte Celano, Grupo de Artistas