sexta-feira, 31 de julho de 2020

Poema "AMOR SEM NEXO, ESCRITA SEM SEXO"


AMOR SEM NEXO, ESCRITA SEM SEXO


Talvez um dia...
Talvez um dia... te diga
Talvez um dia... te diga o quanto
Talvez um dia... te diga o quanto te amo
Talvez um dia... te diga o quanto te amo e te quero
Talvez um dia... te diga o quanto te amo e te quero ao pé de mim
Talvez um dia... te diga o quanto te amo e te quero ao pé de mim ou até em mim
Talvez um dia... te diga o quanto te amo e te quero ao pé de mim, ou até em mim, por fora e por dentro.
Talvez um dia... te diga o quanto te amo e te quero ao pé de mim, ou até em mim. Talvez um dia...
Talvez um dia... te diga o quanto te amo e te quero ao pé de mim. Talvez um dia...
Talvez um dia... te diga o quanto te amo e te quero. Talvez um dia...
Talvez um dia... te diga o quanto te amo. Talvez um dia...
Talvez um dia... te diga. Talvez um dia...
Talvez um dia...Talvez um dia...
Talvez...

José António de Carvalho, 31-julho-2020
Pintura de Hermínia veríssimo






quinta-feira, 30 de julho de 2020

Poema "É MAIS AGOSTO"


É MAIS AGOSTO

Deixa que o sol te beije, que está a chegar o mês de agosto.
E é tão triste nunca ter beijado agosto em qualquer altura.

Deixa que a vida se faça pela própria vontade da vida,
e não precipites as águas alvoroçadas a descerem a serra.

Não forces a árvore a dar-te a sombra quando a queres,
deixa que a Terra se desloque no seu jeito e a coloque
na posição certa para fruíres da melhor sombra da árvore.

Constrói os teus sonhos sobre os meus,
como as árvores que crescem sobre as altas montanhas.
E como vivem felizes a tocarem os céus.

José António de Carvalho, 20-julho-2020
Foto de Conceição Silva


 


 


domingo, 26 de julho de 2020

Poema "OS AVÓS"

Poema feito para o Dia Mundial dos Avós, 26-julho-2020


OS AVÓS


São esses seres carinhosos, risonhos,
De cabelos de neve, até sem eles,
E colo fofo, a contarem os sonhos... 
As lindas histórias que eram as deles.

Não tive! Não conheci os meus avós!
Lá partiram sem saberem de mim.
Raio de nó que trazemos em nós,
Mas sem lamento. A vida é assim…

Se não conheci os avós carinhosos,
E não fluo no rio de ter netos,
E os filhos, a quem somos dadivosos,
Só eles restam pra colher afetos.

José António de Carvalho, 22-julho-2020
Pintura de Madalena Macedo


quinta-feira, 23 de julho de 2020

Poema "O LIVRO DO TEMPO"

Poema de participação no programa "Livro Aberto" da Rádio Voz de Alenquer, emissão de sexta-feira, 07-agosto-2020, da autoria da amiga Ana Coelho, rubrica "Criatividade Sem Limites"

Poema lido hoje, sábado, dia 17-julho-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria e apresentação de Manuel Sanches e Suzy Mónica.

Participei com este poema no Evento Literário Semanal da LUPA - Academia Contemporânea de Letras - ACL, no 79º Evento semanal de poesia, subordinado  ao tema "IDEIA E LEITURA", a convite de Vania Clares. 


O LIVRO DO TEMPO

Foge-me no saber de quem é sábio,
Perdida a herança de quem é menino,
Ou num mágico livro, um alfarrábio,
Onde se engana o ler que é destino.

Corro os dias a meditar as águas,
Que são vida a galgar por entre pedras,
Quantas gerações afogaram mágoas
Nas imagens do tempo das minervas.

Nem tudo que nele está é o certo,
Mas o livro… é sempre Livro Aberto.

José António de Carvalho, 23-julho-2020
Foto do livro "Sente, Logo Vives e Sonhas"






quinta-feira, 16 de julho de 2020

Poema "ORGULHOSO DE PRECONCEITO"

Poema de participação no programa "Livro Aberto" da Rádio Voz de Alenquer, emissão de sexta-feira, 17-julho-2020, da autoria da amiga Ana Coelho, rubrica "Criatividade Sem Limites".

Também foi lido, no dia 18-julho-2020 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica. 


ORGULHOSO DE PRECONCEITO

Quem tanto se valoriza a si próprio, 
Padece de gravíssimo defeito,
Se no orgulho se mergulha no ópio,
Estimado, é forte preconceito.

Se se é transparente como água,
Pode ser pior, mostrar-se ruim,
E trazer-nos tanta, mas tanta mágoa,
Que não se poderá viver assim.

Mas se temos sempre várias escolhas,
Há de lá caber mais outro lugar,
Como a árvore, que tem tantas folhas,
Sem elas, também poderá ficar.

Isto para lhes dizer muito bem:
- O orgulho deve ter medida certa;
- E o preconceito, para quem o tem,
Lanço-lhe um sinal vermelho de alerta:
Olhe que isso não faz bem a ninguém!


José António de Carvalho, 16-julho-2020
Foto de Conceição Silva




quinta-feira, 9 de julho de 2020

Poema "FALAR DE AMOR"

Poema lido no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica. 

Participei com este poema no XLV Evento Poético do Grupo Arte & Literatura Recanto da Poesia, a convite de  Rosangela Bruno Schmidt Concado.


FALAR DE AMOR


Quando te falo de amor,
Nos meus lábios sabes ler,
Nos olhos ver o fulgor
Desta vida a entardecer.

Quando nos sobem as almas
É como se ali estivessem
Nestas minhas próprias palmas
Duas rosas que florescem.

Dizes que não é amor
Quando afogamos num beijo
Um inflamado desejo... 

Se a montanha é menor
que tudo em nosso redor... 

Se os dedos tocam o mar!…

José António de Carvalho, 09-julho-2020
Quadro de Hermí
nia Veríssimo – Óleo sobre tela








Poema "ALIENADOS "

Poema lido no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica. 


ALIENADOS


No teu corpo descoberto de outono
Vagueia esse mar de sal e de sono
Com feroz tranquilidade traiçoeira,
Cinges olhares de morte e cegueira.

As lajes do chão sentiram o cheiro,
E dum despudor de olhar sobranceiro
Com que abres e divides o troféu,
Num querer ambíguo que nem é teu.

E nem sequer te levantas do vento
Nem da tristeza do rir no lamento,
Nem da frieza que no corpo trazes
E da pérfida figura que fazes!

José António de Carvalho, 09-julho-2020
Pintura de David Lopes (Grupo Arte Celano)


terça-feira, 7 de julho de 2020

Poema "MÃOS CANSADAS"

Poema lido no programa de sábado, 17-julho-2020, "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica. 


MÃOS CANSADAS


E estas minhas mãos que eram fortes…
Tão fortes, que se perdiam em ti
Em longos momentos de descoberta,
Tinham garras de fera e leveza de pena,
E quando se perdiam tudo encontravam.

Hoje são mãos dizimadas pelo tempo,
Gastas pelo calor da fricção das atitudes.
São mãos que já não pintam futuros,
Parecem dois cometas a arder ao vento
Em voos mortos pela aridez das latitudes.

E tê-las assim, é como não as ter.
E quem não as tem, não tem nada...
Despede-se inerte o brilho do olhar 
Como quem foge à doçura das palavras,
Dilui-se a beleza das paisagens,
Seca o ribeiro, o rio e depois o mar.

A escuridão avança sobre a terra
Cobrindo-a de ódios e de guerra,
Matando todos os sonhos de amor.

Estas mãos… estas mãos esquecidas,
Esqueceram-se do que é segurar.

José António de Carvalho, 07-julho-2020
Quadro de Madalena Macedo
Foto de Jorge Ferreira





quinta-feira, 2 de julho de 2020

Poema "O MAR DAS LÁGRIMAS"

Poema de participação no programa "Livro Aberto" da Rádio Voz de Alenquer, emissão de sexta-feira, 03-julho-2020, da autoria da amiga Ana Coelho, rubrica "Criatividade Sem Limites"

Participei com este poema na Coletânea "ALMA DE MAR" da Chiado Editora, agosto-2021. 



O MAR DAS LÁGRIMAS


Duas lágrimas caem dos olhos, uma e depois outra.
Assim… breves no espaço, mas com resistência de rocha intemporal,
Com um mar de distância na sua génese,
E apesar de tão longínquas lá se uniram pela lembrança…

São como imagens de rios e rios, a juntarem-se
Numa transgressão permanente de regras das linhas e dos leitos.
Corpos empertigados, de poros fechados e mãos cerradas aos afetos
Descem pelas correntes desesperadas de céus sem futuro.

Pedras e mais pedras arrastadas brutalmente pelas águas,
Caindo na lama da alma, uma a uma, pedra sobre pedra,
Rebentando todas as linhas, todos os laços,
Matando risos, comendo esperanças, mutilando sonhos.

Uma descomunal guerrilha suicida de vã conquista.
O sangue derramado mancha as águas de todos os mares,
Tornando-as quase impenetráveis à frágil luz da razão,
Desenhando corpos lapidados e amarrados sem qualquer horizonte.

José António de Carvalho, 02-julho-2020
Relógio com pintura de António Miranda