terça-feira, 7 de julho de 2020

Poema "MÃOS CANSADAS"

Poema lido no programa de sábado, 17-julho-2020, "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica. 


MÃOS CANSADAS


E estas minhas mãos que eram fortes…
Tão fortes, que se perdiam em ti
Em longos momentos de descoberta,
Tinham garras de fera e leveza de pena,
E quando se perdiam tudo encontravam.

Hoje são mãos dizimadas pelo tempo,
Gastas pelo calor da fricção das atitudes.
São mãos que já não pintam futuros,
Parecem dois cometas a arder ao vento
Em voos mortos pela aridez das latitudes.

E tê-las assim, é como não as ter.
E quem não as tem, não tem nada...
Despede-se inerte o brilho do olhar 
Como quem foge à doçura das palavras,
Dilui-se a beleza das paisagens,
Seca o ribeiro, o rio e depois o mar.

A escuridão avança sobre a terra
Cobrindo-a de ódios e de guerra,
Matando todos os sonhos de amor.

Estas mãos… estas mãos esquecidas,
Esqueceram-se do que é segurar.

José António de Carvalho, 07-julho-2020
Quadro de Madalena Macedo
Foto de Jorge Ferreira





8 comentários:

  1. Afastemos a melancolia dos nossos pensamentos, dando lugar à alegria e à esperança da vida. As mãos afagam com carinho e ternura, lindos gestos que aconchegam o coração!

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  2. Respostas
    1. Muito obrigado pelo comentário, amiga Rosaly Fleury!
      Posso pedir-lhe para seguir o meu blogue?
      Muito obrigado!

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  3. As minhas desculpas.... Obrigada POETA!

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