quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Poema "Recortes da Vida"


Recortes da Vida

Pequenos pedaços desenham traços
Na linha do horizonte aqui tão perto,
A verdade é diversa e o futuro incerto,
Os vãos da vida fazem-nos escassos.

Sorrisos que se abrem em espaço aberto
Ligados a fina linha atada em nós lassos,
Mísera linha, representa todos os passos
Que damos na caminhada neste deserto.

Como gostaria d’oferecer sonhos, é certo,
Em caixas de veludo coloridas e com laços,
Que me trazem a memória dos compassos

De músicas que dançamos em desacerto
No andamento, mas de coração desperto…
E lá nos embrenhamos no calor dos abraços.

JA18C





https://joseanricarvalho.blogspot.com/

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Poema "Ventos Gélidos" (soneto)


Ventos Gélidos

Sopram ventos frios que regelam os ossos,
Paralisam ideias e os corpos ficam inertes,
D’onde virão estes fétidos ventos e pestes
Que sufocam, arrasam e abatem os nossos.

Amigo… por que razão se perdeu a tua razão?
Mas alguma razão haveria e ninguém a via?
Só mentes abomináveis e perversas as teria,
Tal frieza a da máquina sem lugar a um coração.

E agora os teus rebentos de árvore frondosa?
O que os fez merecerem tão dramático tormento?
Cuja marca ficará para lá da marca do tempo,

Mergulhada em ácido que corroeu a vida ditosa,
Ao ser humano para quem virou monstruosa
Em ferida aberta e sangrenta pelo desalento.

JA18C



https://joseanricarvalho.blogspot.com/

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Poema "Assim Te Sonho" (soneto)


Assim Te Sonho

Apetece-me escrever, apetece-me sonhar,
Sonhar com quê? Pode ser com a praia.
E andar na areia sem parar, até que caia,
Pegar nas fraquezas, dar-lhe asas e voar.

Isso é que é sonhar. É não conseguir andar
E mergulhar. Abraçar o mar, sorver maresia,
Transformar a agruras da vida em alegria,
Entrar numa onda, nela ir… e Novo voltar.

Voltar em mim, como se chegasse do fim
Para um novo caminho fazer, para trilhar...
Num andar retilíneo em direção a ti, Amar...

Amar sem cor, sem cheiro, amar-te em mim,
Tão intenso e selvagem como a flor do alecrim.
É esta beleza da flor que em poesia te quero dar!

JA18C



https://joseanricarvalho.blogspot.com/

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Poema "O Sol do Outono" (soneto)


O Sol do Outono

O sol revela-se meio envergonhado
Não tarda que uma cortina tape o céu,
A angústia de já sentir o frio e o breu
De noites mais frias do que no passado.

Má roda da vida que nos deixa ao léu
Ridículas vaidades a que nos prestamos,
Não indo além do fútil e meros enganos
Cometidos e outros encobertos pelo véu.

Ensina-nos, mostra-nos os bons caminhos.
Outono, o sempre repetido após o verão
Num olhar perdido que enche o coração.

Regressa sonho e devolve-nos a ilusão,
De que somos eternamente os meninos
Seduzidos por leves folhas secas e mimos.

JA18C

Foto: Google "carvalhos do Gerês"







https://joseanricarvalho.blogspot.com/



















segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Apresentação da X Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea "Entre o Sono e o Sonho"

https://joseanricarvalho.blogspot.com/

A minha participação na X Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea
"Entre o Sono e o Sonho"

Da Chiado Editora
Coimbra, 21 de outubro de 2018
Com o Antólogo Dr. Gonçalo Martins, Presidente da Chiado Grupo Editorial 










sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Poema "Bom Dia Poeta!" (soneto)

Poema que participará no concurso de poesia do Grupo AVL 


Bom Dia Poeta!

A minha esperança cresce na ladeira
E desliza nas águas do ribeiro puro,
Em versos e cânticos, num murmuro
Surdo, de métrica torpe e sorrateira.

Penetra no rio e mescla-se nas águas
Distintas, mais ricas, mas menos puras.
Não te submetas a tamanhas agruras.
Salva-te! Despe-te das exíguas mágoas

E volta para o teu lugar no vulgar ribeiro,
Em liberdade mata a sede ao salgueiro
E a toda a vegetação que aí cresce feliz.

E esta é a esperança do poeta que diz:
Não sejas mais poeta e menos Homem!
Vive feliz… porque as tristezas consomem!

JA18C

Foto: Lançamento do livro de poesia "Sente, Logo Vives e Sonhas"





https://joseanricarvalho.blogspot.com/

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Poema "O Dia da Minha Poesia" (soneto)


No dia da apresentação do meu livro "Sente, Logo Vives e Sonhas"


O Dia da Minha Poesia

Duas noites tão mal dormidas
Invadido por assaz ansiedade,
Ó Deus! De mim tende piedade,
Curai-me destas míseras feridas!

Finjo-me poeta e venho do nada,
Sou como poesia que do nada vem
E o perfume e beleza que contém
São flores e são mar a si agarrada.  

Quanto tempo que eu bem lhe dedico
Que me põe os olhos doridos e cansados,
De todos os poemas escritos e rasgados

E d’outros que, por bem, com eles fico
Em cofre de sonho de veludo rico,
No aconchego deste livro guardados.

JA18C




domingo, 7 de outubro de 2018

Poema "O Natal é..." (Natal de 2013)

Encontrei este poema feito para o Natal de 2013

O NATAL É...
Relógio dourado do tempo parado,
Suave nevoeiro de doce algodão,
Barco sereno em bom porto ancorado...
NATAL... É COMPREENSÃO!
Subir o monte e inventar felicidade,
Perder-me no mar e aportar numa ilha,
Ver num olhar a cumplicidade...
NATAL... É PARTILHA!!!
Um beijo franco que se soltou,
Um olhar amigo que alimento nos traz,
Uma mão que outra encontrou...
NATAL... É PAZ!
O Sol que dá lugar às estrelas,
O frio que se converte em calor,
O sarar de todas as mazelas...
NATAL... É AMOR!
JA13C



sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Poema "Espelho" (soneto)


Espelho

Olho-me no espelho e vejo tão pouco,
Que não sei se é problema só da vista.
Talvez! Mas receio que o mal persista
E esta angústia quase me deixa louco.

E se ao acordar já vejo mal, ao deitar…
Ao deitar, ainda é pior. Só pelo receio
De se meter a noite escura pelo meio
E no dia seguinte nem sequer acordar.

Oh… Por que razão me faço eu sofrer,
Com dor de burro que tenho ao correr
Se todos os burros correm para sonhar…

Não digas nada espelho, não me digas,
Como és tão dado a mentiras e intrigas
Que enjoam neste baloiçar em alto-mar.

JA18C




terça-feira, 2 de outubro de 2018

Poema "Não me Digas Quem Sou" (soneto)


Não me Digas Quem Sou

Não me adivinhes pela expressão do semblante.
O meu rosto fecha-se e segura o pensamento
E ao sangue que a ele aflui em cada momento.
Guardo os sorrisos da minha alegria ofegante.

Não me tenhas pelo olhar impreciso e perdido,
Porque a poesia transporta-me por esse mundo…
É um chamamento ao sentimento mais profundo
Que lentamente ao jardim da vida me tem trazido.

Olha e vê-me no todo, nas virtudes e nos defeitos,
De ti apenas as virtudes canto e sem preconceitos,
Mesmo que algumas só resultem deste meu cerzido.

Aceita-me como sou, e se te revês no meu sentido,
Deixa a Primavera chegar para bebermos os efeitos
Do florir das acácias que nos levará todos os pleitos.

JA18C