sábado, 31 de agosto de 2019

Poema "NÃO VISTO FATO PRÁ POESIA"

VÍDEO DA DECLAMAÇÃO DO POEMA PELA AMIGA ROSÁRIO SERRADO DE FREITAS.



NÃO VISTO FATO PRÁ POESIA

Não posso vestir o fato pra te dizer ó poesia
Se ele me ata os braços, como posso eu abraçar-te?…
E as calças que me prendem o andar na tua direção.

Depois, depois… a gravata, asfixia-me a respiração
Se a voz tem de sair livre como grito de andorinha
Que vive e explora o presente e o futuro adivinha.

A camisa, mesmo tendo a frescura de um rio
Contrai-me o sorriso e o palpitar do coração
Se estou no meio das tempestades da tua imensidão.

As peúgas… pobres peúgas. São quem segura as palavras simples
Que deslizam por mim como a água pelas montanhas
Por entre fragas profundas cortadas nas suas entranhas.

De facto, não posso usar o fato pra te dizer ó poesia
Porque és livre, tão livre como a branca luz do dia
Como asas de pássaro a cruzarem os céus de alegria.

José António de Carvalho, 30-agosto-2019
Foto Google



domingo, 25 de agosto de 2019

Poema "SE TE TELEFONASSE"

Para a poeta amiga Cláudia Lundgren (Brasil).
Poema lido, no dia 22-agosto-2020 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica. 


SE TE TELEFONASSE

Perguntar-te-ia se estás bem…
Se o sol nasceu radiante
e se ainda se mantém.

Se ouves os pássaros
a fugirem da condenação à morte
e são tantos os interesses
que lhes ditam essa sorte.

Se te telefonasse…
Enviaria uma força mágica
que acabasse com esse inferno,
essa realidade tão trágica.

Perguntar-te-ia,
Se alguma coisa poderá mudar
nas mentes dos poderosos,
ou se continuaremos a andar
pelos caminhos mais ruinosos.

Se te telefonasse…
Dir-te-ia que estou triste,
que receio tanto pelo futuro,
já que o Homem tanto insiste
em erguer à sua volta um muro.

E que cada muro que a vida tem
é preciso derrubá-lo,
e se não tem
não é preciso edificá-lo. 

Espero que fiques bem!

O telefone?!…
É melhor comprá-lo!!!!

José António de Carvalho, 25-agosto-2019
Foto Conceição Silva

sábado, 24 de agosto de 2019

Poema "TUM, TUM, TUM..." (soneto)


TUM, TUM, TUM...

Será gente que bate assim à porta?
Que bater?!... Quem se faz anunciar?
Não é bom, este entrar do lado da horta
E co'a porta fechada, assim entrar

Entrada surda... E lá se vai deitar.
Baque frio, a espalhar só falsidade
Para não ter com quem se defrontar
Macabra, a aproveitar a ingenuidade.

E ela por mais que seja aguardada
Mas de tão indesejada aparição
Bem podia cair em um vulcão

Para se lhe barrar bem à entrada.
E a morte tornar-se-ia cinza e fogo
Acabando com este bruto jogo.

José António de Carvalho, 24-agosto-2019
Foto Conceição Silva


sábado, 17 de agosto de 2019

Poema "Festa na minha terra"


Poema lido, no dia 15-agosto-2020 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica. 


Festa na minha terra

Acordas estonteantemente bela
até receias não estares bem acordada
se tens dia no dia, e dia na própria madrugada.

As luzes são milhentas e a flores ornamentada
assim te apresentas, prá grande gala preparada…
Ó minha terra, tens tudo sem quereres nada!

E quem lembra os anos em que não há festa
nem te vestes de princesa, nem é dia na madrugada
nem agosto é agosto… e toda a gente protesta.

E com os filhos da terra e os que de fora vêm
a emoldurarem as ruas na passagem da procissão
e são famílias inteiras, uns crentes e outros não.

E nesta multiplicidade de sentires e de paixões
Lá se vai o agosto e as férias, mas ficam as orações
nas gentes desta terra, e um orgulho nos corações.

José António de Carvalho, 17- agosto-2019
Foto de Rosário Pinho




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quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Poema "Os dedos"


Os dedos

São setas desferidas ao sol
Pétalas furtadas às violetas
Em finas agulhas desassombradas
Hirtas e firmes põem um fim às tretas.

Centopeias nas teclas do piano
Notas soltas que saltitam pelo ar
Ao desenhar os dias do ano
Nas contas de “tirar” e somar.

São linhas finas de fortes desejos
Estendidas pela aridez da pele
E lábios desabados aos beijos
Astrolábios sábios em mar de mel.

Os dedos tocam notas musicais
O canto da natureza e do mar
O assobiar do vento e dos pardais
Ordenam belas canções de embalar.

Os dedos são verdadeiros, leais
E cúmplices uns e outros entre si
Pequenos, grandes, são fundamentais
Pra escrever um poema para ti.

José António de Carvalho, 15-agosto-2019

Foto de Conceição Silva



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terça-feira, 13 de agosto de 2019

Poema "METADES DO TODO"


METADES DO TODO


Lá se veste de poeta
figurão meio idiota
a olhar para parte incerta
e ar obtuso. Não se importa.

O seu ver enviesado
um quinhão da sua herança
à dor não fora poupado
nem mesmo quando criança.

De idiota é metade
a outra tem maior vigor
é mordaz e tem saudade
tem energia, tem cor.

Tem um querer controverso
tem pétalas, tem magia
palavras nuas e o verso
do que viveu nesse dia.

José António de Carvalho, 13-agosto-2019
Foto de Conceição Silva







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sábado, 10 de agosto de 2019

Poema "MÊS DE AGOSTO NA DEVESA" (acróstico)

Poema lido, no dia 15-agosto-2020 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica. 


MÊS DE AGOSTO NA DEVESA – Acróstico

Lembras-te do agosto em que corrias
Indo pelo Parque da Devesa fora
Nunca paravas e sorrias
Davas vida à natureza que lá mora
O que ainda fazes todos os dias.

Mas algum tempo já passou
Êxito teu quando me confundias
Se os caminhos que fazes agora

Duma forma bem apurada
Entras pela natureza apaixonada.

Aguarda por mim bela e sorridente
Gosto de te ver correr e sorrir
Ou que alguém te cumprimente
Saldas as contas num instante.
Todos os dias vais ao parque
O que te dá “corpo são em sã mente”!!!

José António de Carvalho, 10-agosto-2019
Foto da Página FB "Parque da Devesa"



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terça-feira, 6 de agosto de 2019

Poema: "O Caminho do soneto ao contrário" (soneto)


Poema lido no programa "As Nossas Raízes", de hoje, de 01-agosto-2020, da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.

Nota: Ouso um pouco da vida neste soneto ao contrário.


O CAMINHO DO SONETO AO CONTRÁRIO 

Resumo no terceto este fadário
Do soneto, tão grande o desafio
Partir do fim, poema ao contrário.

É como ver as coisas invertidas
É caminhar na vida e ficar novo
Assim elas são muito mais sentidas…

Subir da foz do rio pra nascente
D' águas misturadas pra pureza
Realizando um sonho incoerente
Contrário à lei da natureza.

Em surpresa, no lume da chegada
Quando sobes a praia de repente
Ó deusa que me marcas com pegada…
Vem devagar, vem calma e docemente!

José António de Carvalho, 06-agosto-2019
Foto de Conceição Silva








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quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Poema "São flores"


São flores

Aceita as flores atadas com palavras
colhidas dos jardins cultivados em mim

Trata-as bem. Dá-lhes todo o alimento
Também as palavras são sustento

São tulipas e rosas e cravos vermelhos
entre elas espreitam amores-perfeitos

Contempla-as e rouba-lhes o perfume
que te inebria e em ti deflagra o lume

Põe o vestido azul-céu em seda fina
Que sempre usas se te vestes de menina

E dança com as flores no braçado
nas cores e perfumes e músicas
e sensações que temos sonhado

Neste poema que ao ouvido te segredo…

José António de Carvalho, 01-agosto-2019
Foto de Conceição Silva


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