VÍDEO DA DECLAMAÇÃO DO POEMA PELA AMIGA ROSÁRIO SERRADO DE FREITAS.
NÃO VISTO FATO PRÁ POESIA
Não posso vestir o fato pra te dizer ó poesia
Se ele me ata os braços, como posso eu abraçar-te?…
E as calças que me prendem o andar na tua direção.
Depois, depois… a gravata, asfixia-me a respiração
Se a voz tem de sair livre como grito de andorinha
Que vive e explora o presente e o futuro adivinha.
A camisa, mesmo tendo a frescura de um rio
Contrai-me o sorriso e o palpitar do coração
Se estou no meio das tempestades da tua imensidão.
As peúgas… pobres peúgas. São quem segura as palavras simples
Que deslizam por mim como a água pelas montanhas
Por entre fragas profundas cortadas nas suas entranhas.
De facto, não posso usar o fato pra te dizer ó poesia
Porque és livre, tão livre como a branca luz do dia
Como asas de pássaro a cruzarem os céus de alegria.
José António de Carvalho, 30-agosto-2019
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