sábado, 26 de novembro de 2022

Poema "O QUE ÉS PARA MIM"


O QUE ÉS PARA MIM

Não te faço na violência da tempestade,
Nem na suavidade da brisa marinha,
Nem na profundidade da Terra em fogo
Ou no calor do ouro líquido.

Não te faço na força da união de todas as forças,
Nem na mais leve das ultra levezas,
Ou na mais vibrante suavidade dos sons,
Ou na mais geométrica das geometrias.

Simplesmente não te faço assim,
Porque só te faço como sei fazer:
Na forma que te tenho dentro de mim.

E para mim isso é tudo:
Noite e dia, Vida...
Afago, felicidade e amor;
Muro, morte, explosão e dor.
E talvez não sejas nunca poesia.


José António de Carvalho, 26-novembro-2022
Foto: www.gettyimages.pt





terça-feira, 22 de novembro de 2022

Poema "SINA DO HOMEM"



SINA DO HOMEM

Preferes-me só,
a ruminar as palavras,
a acordar tempestades
que dobrem as árvores.

E se dobram árvores
como não emudecem homens?
Que ficam empedernidos e mudos,
num frio de ferro no gelo seco,
e mudez de estátua coberta de musgo.

É quase meia-noite - fim e começo de dia.
A esperança renasce já no primeiro segundo
da corrida para o fim de tudo.

Caminho de olhos postos em novo dia…

José António de Carvalho, 22-novembro-2022
Foto dreamstime.com - foto-de-stock





domingo, 13 de novembro de 2022

Poema "ORLA DO SORRISO"


ORLA DO SORRISO


Nos teus lábios é que nasce o sol,
Onde sossega o suspiro da ânsia,
Onde fogem os barcos no vento
E se enrolam as velas do naufrágio.

Neles tudo é quente e frágil,
Como pétalas de rosas no vento.

Neles perfuro a terra húmida,
Seguro o calor com os dedos
Onde irrompem tempestades
Que derrubam os meus fortes. 

Deixo-me ir pelo caminho do sol,
Onde o sossego é mais que ilusão
Com línguas de fogo a tocarem céus
Num alucinante ritmo do coração.

José António de Carvalho, 13-novembro-2022
Pintura de Madalena Macedo



domingo, 6 de novembro de 2022

Poema "DELÍRIOS"


DELÍRIOS

Era um desejo sufocante
de ser botão e depois flor.

Era a graça dos teus olhos
de onde grassava tanto brilho
como quem vê a luz dum filho
trazido ao dia d’ entre os folhos
da paz lírica de um grande amor,
que de tão grande se tornou gigante.

Isto é um rio lindo de corrente alucinante…

José António de Carvalho, 06-movembro-2022
Pintura de Monteiro da Silva, "a distância do olhar"