quinta-feira, 2 de julho de 2020

Poema "O MAR DAS LÁGRIMAS"

Poema de participação no programa "Livro Aberto" da Rádio Voz de Alenquer, emissão de sexta-feira, 03-julho-2020, da autoria da amiga Ana Coelho, rubrica "Criatividade Sem Limites"

Participei com este poema na Coletânea "ALMA DE MAR" da Chiado Editora, agosto-2021. 



O MAR DAS LÁGRIMAS


Duas lágrimas caem dos olhos, uma e depois outra.
Assim… breves no espaço, mas com resistência de rocha intemporal,
Com um mar de distância na sua génese,
E apesar de tão longínquas lá se uniram pela lembrança…

São como imagens de rios e rios, a juntarem-se
Numa transgressão permanente de regras das linhas e dos leitos.
Corpos empertigados, de poros fechados e mãos cerradas aos afetos
Descem pelas correntes desesperadas de céus sem futuro.

Pedras e mais pedras arrastadas brutalmente pelas águas,
Caindo na lama da alma, uma a uma, pedra sobre pedra,
Rebentando todas as linhas, todos os laços,
Matando risos, comendo esperanças, mutilando sonhos.

Uma descomunal guerrilha suicida de vã conquista.
O sangue derramado mancha as águas de todos os mares,
Tornando-as quase impenetráveis à frágil luz da razão,
Desenhando corpos lapidados e amarrados sem qualquer horizonte.

José António de Carvalho, 02-julho-2020
Relógio com pintura de António Miranda





2 comentários:

  1. As ilhas estão rodeadas de mares e oceanos! Apesar da insularidade, avistam-se lá no longínquo lindas e verdejantes, rodeadas poe vezes pela fúria do mar. Bebem o sol, e mostram floridas granjas. Bebem aa luz radiosa, onde buscam clorofila.

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