quinta-feira, 25 de julho de 2024

Poema "ILUSÕES DE VERÃO"


ILUSÕES DE VERÃO

Colo o pensamento no oceano
para serenar o espírito que ferve
pela vaga de lume que sai do sol,
e lançada sobre a terra
tudo arde.

Oh, misterioso e longínquo mar,
que assim te vejo intermitente:
tão perto de mim, tão longe,
tão dentro, e tão ausente…

Trago-te selvagem, ó desordeiro,
dentro da vida agreste, e avanças
com a espuma amarela do sal
a queimar o brilho dos olhos
das crianças.

Mais fresca é a brisa dos versos
que paira no ar presa ao dilema.
Assim breve, e verdadeiramente
minúscula é a esperança
que se respira no fim do poema.

Veloz e silencioso cavalo alado
que empurra a vida, que a enferma,
deixando para trás laivos de glória
evaporados na ilusão de falsa vitória.

José António de Carvalho, 25-julho-2024´
Pintura a óleo de Mariana Homem de Mello




domingo, 7 de julho de 2024

Poema "MAR DA VIDA"


MAR DA VIDA


Neste dourado do dia
onde a alma lá se aconchega
a esta paisagem sombria
noutro dia que ao fim chega.

O sol morno só aquece
onde o calor ainda existe,
se o não tem mais arrefece
nem com ajuda resiste.

Ah, que se sente a frescura
do nosso tempo a passar
na água, e nele a brancura
da espuma que veste o mar.

José António de Carvalho, 07-julho-2024
Foto "Pinterest"