sábado, 31 de março de 2018

Poema: "Sombras do frio" (soneto)


Sombras do frio

E os dias arrastam-se apressadamente
Como quem sobe aquela íngreme montanha,
Esgota-se a luz, a noite cai de repente,
A minha alma sofre de tristeza tamanha.

Chove lá fora, mas molha dentro de mim,
Fria água que cai e até a que se aquece.
Janeiro... Não podia deixar de ser assim,
Tamanha a tristeza que a minha alma padece.

Exaurido, carrego em mim este mundo,
As minhas pernas cansadas teimam dobrar-se,
A cair, antes entrar num sono profundo.

Há sempre uma luz na minha batalha interior,
Há sempre o amanhã que pode ser menos mau,
Agarro-me às palavras que me dão o amor.

JA18C




sexta-feira, 30 de março de 2018

Poema "SABEMOS"




SABEMOS


Que o Sol brilha e aquece
O sentimento que há em mim,
Tão belo que enternece
A bela flor do meu jardim.

Que a Lua tem boas fases
Simétricas se põem a duas,
São o bem que me trazes
As minhas carícias são tuas.

Que a Terra sempre estremece
Na busca do seu débil equilíbrio,
O coração bate forte e aquece
Aumenta o sentir e a líbido.

Que o vento sopra sofregamente
Como tempestade em alto-mar,
Teu corpo ávido e exposto, consente
Todo o amor que te quero dar...

JA17C



Poema: "RECORDAR O SONHO"


RECORDAR O SONHO


Segui as marcas leves dos teus passos
Desses caminhos percorridos há anos,
Carregando a fome dos teus abraços
E os poemas que nunca declamamos.

Lembras-te da chuvinha fresca e leve,
Que nos embrulhou de amor na praia?
É marca no coração que se manteve,
Quero-a em poema para que nunca saia.


Recordo o teu doce, meigo e intenso olhar,
Que estremecia, sucumbindo à nossa chama,
E o teu corpo ondulava como as ondas do mar
Numa dança harmoniosa que ao amor clama.


Essa memória consentida é ainda chama ardente
Porque a poesia é eterna, jamais adoece e morre,
E nós sonhadores das palavras ditas e quem as sente
O poema vivo habita-nos, mas a palavra, essa, não ocorre.


JA18C



quinta-feira, 29 de março de 2018

Poema: "OUTONO SENTIDO"


OUTONO SENTIDO


Voam suavemente no vento
As flores da outra estação,
O sol continua reluzente
Mais triste que no Verão.

Pela manhã abro a alma
Para a alegria me beijar,
A tarde traz-me a calma
E a noite faz-me sonhar.

Sabes... sonho contigo!
E com o mar azul e ameno,
Este sonho bem antigo
Que guardo de pequeno.

JA14C




Link do poema musicado pelo amigo José Branquinho.

Poema "AMAR NO SILÊNCIO"

Participei com este poema no XLIV Evento Literário do Grupo Arte & Literatura Recanto da Poesia, a convite de Terezinha Costa.


AMAR NO SILÊNCIO


No meio do silêncio
Ouço o teu respirar
Como o fervilhar
Das águas no rio,
A palma da tua mão
No meu peito a deslizar
Assomando-me d’um calor
Que causa arrepio.


E os teus beijos leves
Adensam o nosso momento
Como a brisa calma
Embala a orquídea numa dança,
Os teus olhos fecham-se
Numa viagem por dentro
Agarrada a este sentimento
Movido a forte esperança.


São flores que te dou,
Sentimentos que partilho,
És o caminho por onde vou.
Eu, o Sol que te aquece.
Mesmo não sendo, sou...
O sonho que à noite te adormece.

JA17C
José António de Carvalho, 29-março-2017
(in, SENTE, LOGO VIVES E SONHAS)





quarta-feira, 28 de março de 2018

Poema: "Não digo"



Não digo

Que há dias que se vestem de negro
Ou que os sonhos se perdem no vento,
Que o espírito fica num desassossego
E que a vida para por momentos.

Que a luz radiante se apagou
Ou que o mar perdeu o seu encanto,
Que a doçura do teu olhar cessou
E que a tua carícia é pranto.

Simplesmente:
Não digo, nada!…

JA14C


Poema: "Viver a Páscoa"


Viver a Páscoa

Semana da paixão
Sacrifícios e reflexão,
Por que não do amor?
Sim! O nosso!…
Há dois mil anos
O do Senhor.

A Páscoa é nossa…
É olhar para dentro
E à nossa volta.
A Páscoa é:
Luz para todos…
Pão
Trabalho
Solidariedade
Justiça
Verdade
Amor e amizade.

É olhar as estrelas
E ver que nos dizem
As coisas mais belas,
Guardá-las na alma.
Fazer dos olhos
As janelas,
E do coração
A morada delas.

JA18C



terça-feira, 27 de março de 2018

Poema "NATUREZA"


NATUREZA

E tu, minha poesia?
Minha graciosa flor,
Monumento achado,
Nascente viva de Amor.

Que buscas os equilíbrios
Em incríveis manifestações,
Arrancando choros e delírios
A doutos e sabichões.

Nós, acomodados em casulos
Desconsideramos os teus avisos,
Errantes, persistimos nos abusos
Por ganância ou falta de siso.

JA18C



segunda-feira, 26 de março de 2018

Poema "Terra das Terras... Minha Terra!"



TERRA DAS TERRAS...

Minha Terra!

Neste vale me deito
Para intensas noites de sonho,
Onde tudo é perfeito
Com o defeito de ser sonho...

Ouvem-se as pessoas
Na sua pálida melancolia,
Gritos e choros delas entoas,
No Sol, gravas-lhe as alegrias.

Neste vale me desperto e levanto,
Em belos dias azuis de Primavera,
Quantas vezes eu lhe canto
A canção que ele me ensinara.

Deste vale não fugirei,
Porque seria fugir de mim.
Com estas gentes partilharei
Esta simples e forte paixão:

Vermoim!!!

JA13C
José António de Carvalho, 2013 (in, "Sente, Logo Vives e Sonhas", 2018)




Poema "SOU DE NADA"

SOU DE NADA 

Para escrever preciso estar feliz.
Se estou triste, choro. Faz-me bem.
Só escrevo o que o coração me diz,
Mesmo sem o dizer a ninguém.

Pois ninguém me vai acreditar,
Porque o que o coração me diz:
É para eu ser Feliz
E para isso preciso de AMAR.

Amar sem reticências,
Vírgulas e pontos finais,
Na escrita as evidências,
D'um amor de vendavais.

Vivo-o enquanto puder,
Porque esse amor não volta mais...


JA13C



Poema "DIA DA MULHER" 2014

DIA DA MULHER

Este é mais teu do que outros,
Um dia de sol radiante.
Se todos teus forem, ainda são poucos,
Tão poucos nesta vida inebriante.

No rosto, a lágrima fresca deslizante,
Arrebatada por sentimento díspar, confuso.
Alma gémea. Beijo terno. Amante...
Quadro de beleza em raio difuso.

Tens leveza no caminhar,
E uma doce ternura no ver,
És suavemente intensa no amar:
Mulher! Isto és tu!

Podes ser?

José António de Carvalho, 08-março-2014 (08-03-14)
Foto da minha autoria




domingo, 25 de março de 2018

Poema "Vida de papel"



Vida de papel

O seu percurso inicia
Pequeno barco de papel
Que bom que seria
Se o rio fosse mel.

Desliza suavemente
De proa levantada
Fora da corrente
Barquinho do nada.

Ai... A curva do leito
Embateu a embarcação
Que dor no peito
Será do coração?

Duas folhas flutuam
Em direção ao barquinho
Que ajuda que darão
Com um empurrãozinho.

E lá segue viagem
Não se sabe até onde
De uma a outra margem
Mil perigos este rio esconde.

JA18C


quinta-feira, 22 de março de 2018

Poema "A POESIA"


A POESIA


É como o vento,
Ora, apenas brisa
Leve, suave e macia,
Ora forte vendaval
Que assusta e arrepia.

É toda sentimento,
Tanto nos dá bem-estar
Conforto e alegria,
Como magoa, mói
Dá constrangimento.

Depende como te vejo
Da imagem que construí,
Da sede d'um beijo
Das tempestades que vivi
Ou da força d'um desejo.

JA18C





terça-feira, 20 de março de 2018

Poema "ABRAÇO-TE"


ABRAÇO-TE


Hoje sinto-me vago
Parado no alto mar
Pois saudades trago
De poder abraçar.

Um abraço da alma
Este laço imaterial
Capaz de unir o mundo
Expugnando-o do mal.

Não vejo além daquele monte
Mas trago a vontade comigo
De rasgar este horizonte
Para te abraçar, meu AMIGO. 

JA14C


Poema "Carta de amor"

Carta de amor

Minha querida...

Carrego em mim
este sentimento
Doce e amargo:
Doce por te amar,
Amargo por não te ter.
O resto…
Não quero saber.

Sou sorriso e choro.
Sou dia e noite.
Sou rio e mar,
Sol nascente e posto.

E tu és o meu Agosto
e a luz do seu luar.

Calo em mim as palavras
que nunca te disse.
Trato cuidadosamente
as flores para ti…
Que nunca te dei,
Porque nunca te vi.

E é neste sonho
Que desejo a poesia,
No calor do teu corpo
D’uma noite fria,
Amar…
Até ao outro dia.

JA18C


segunda-feira, 19 de março de 2018

Poema "O NOSSO SEGREDO"

O NOSSO SEGREDO


Sigo os teus passos leves
e apressados...
Leveza de deusa das
coisas leves...

Carregas corações
arrebatados,
Ciente de que no mundo
somos breves.

Menos breves
que os momentos de prazer...
Porque a vida...
não é feita só de amores.

Trabalho árduo
que te ajuda a esquecer,
Momentos de solidão
e as tuas dores.


São feridas abertas
no teu ser...
A esmagar...
Como um pesado rochedo,
Que num dia cinzento
Deixarás de ter.
A boa terra...
guardará este segredo.
Que os teus 
e os meus olhos 
não vão esquecer.

Porque esquecer
é morrer, e... isso é cedo.

JA18C (co-autor)




sábado, 17 de março de 2018

Poema "Mulher"


Mulher

Toda ela provém do sentimento,
Em sentimento gerada e nascida,
E no amor do seu doce momento
Eis que gera e pare uma nova vida.

É rio que corre no seu esplendor
Na longa caminhada até ao mar,
Belas flores despontam do amor
Que não tendo transforma para dar.

Na brecha da janela vislumbra a luz
Que a arranca da cama num salto,
A canseira agora é quem a conduz
E a sua astúcia coloca-a bem alto.

Esgoto-me em palavras escassas,
Tantas as virtudes em ti vertidas,
E a poesia elegante que abraças,
E as emoções fortes por ti vividas?...

JA18C

sexta-feira, 16 de março de 2018

Poema "Segredo" (soneto)


Segredo


Sigo os teus passos leves e apressados
Leveza de deusa das coisas leves
Carregas corações arrebatados
Ciente que no mundo somos breves.

Menos breves que os momentos de prazer
Porque a vida não se faz só de amor
Árduo labor que te faz esquecer
Tempos de solidão e as tuas dores.

Tantas feridas abertas no teu ser
Que esmagam como um pesado rochedo
Num dia cinzento deixarás de ter.

A terra guardará este segredo
Que os teus olhos e os meus não vão esquecer
Porque esquecer é morrer, e isso é cedo.

JA18C




quarta-feira, 14 de março de 2018

Poema "FELIZ"

Participação no XXIV Evento de Poesia "Encontro Pôr do Sol" do Grupo Arte & Literatura Recanto da Poesia, a convite da amiga das letras Nilma Soares. (16-12-2020)

In "Sente, Logo Vives e Sonhas"

FELIZ 

Por ver o Sol nascer
Andar, correr nas ruas
Somar sensações, crescer...
Colocar minhas mãos nas tuas, 

Ser criança quando quero, 
Olhar o céu e contar estrelas, 
Beber da vida o maior exagero, 
Saborear as palavras mais belas.

Realizar o velho sonho impossível
Do livro de memórias da paixão,
Declamar todo este amor indizível
Que transborda as portas do coração.

José António de Carvalho, 14-março-2018
Foto da minha autoria.


Poema "Nós"

Nós

Caímos aos pés dum abraço
Que atou os nossos corações,
Um nó cego, vivo e apertado
Resgatado às violentas emoções.

Chorei no teu ombro seguro
Abafei o meu choro em sufoco
As angústias deste mundo duro
Perpetrados por ideais de loucos.

Não desvaneceremos ao frio
Clamaremos à vida e ao amor,
E às aguas límpidas do nosso rio
E ao mágico Sol no seu esplendor.

JA18C