VOO DOS VERSOS
Só saberei que os meus versos são livres,
Mais livres que o pássaro quando voa,
Numa infinita fome de voar,
Nos mais incríveis voos levantar.
Não quero ter um voo inconsistente
Que se dobra a pequena ventania,
Que se perca em labirintos da mente
Ou nos patíbulos da hipocrisia.
Sonho esse voo reto, independente,
No sentido da vida, sempre em frente,
E não se encolha na monotonia
Que mata, esmaga o peito, que asfixia.
E ao chegar a manhã separada
Como transitório entre Sol e Lua,
É momentâneo o ponto da alvorada
Com a noite a extinguir-se clara e nua.
Mas quando a poesia sai à rua,
Tem o sentir do partir na chegada
Que nas tristes lágrimas se acentua
A vontade de da rua voltar.
José António de Carvalho, 22-outubro-2020
Pintura Arte Celano Grupo de Artistas
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