quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Poema "O MENINO"

Este poema irá integrar a Antologia da Chiado Editora "ENTRE O SONO E O SONHO XVI"


O MENINO

Um menino pequenino
nos seus olhos de criança,
sonhava para o caminho
longas retas de esperança.

Olhava pelo postigo
Para ver a luz do dia,
Sempre fechado no abrigo
À medida que crescia.

O tempo lá foi passando,
O menino foi crescendo,
Nem podia acreditar
Nesse mundo que ia vendo.

Eram cidades inteiras
Em ruínas e desertas,
Alguns trapos de bandeiras.
Um horror de descobertas...

Fumos negros e os odores
A sangue já ressequido,
São agora mais duas cores
Que passam a andar consigo.

E perguntou para si:

Como seria aquele Homem
Que tudo aquilo fazia,
Poderia ser igual
Ao homem que em si crescia?...

José António de Carvalho, 28-agosto-2024
Vermoim, Vila Nova de Famalicão

Foto "Pinterest"





quarta-feira, 7 de agosto de 2024

TEXTO "FÉRIAS DE SONHO OU DOS SONHOS?"


FÉRIAS DE SONHO OU DOS SONHOS?

Com as férias quase a terminarem, são sempre poucos dias e pouco de quase tudo. Quase sem sair fisicamente de casa, apenas foram férias da rotina da hora de levantar e deitar. Coisas que, mesmo assim, não alterei muito. Grande parte do dia passo-o no meu silêncio quase ensurdecedor. Espero que os vizinhos não se aborreçam pela poluição sonora que lhes causo.

O dinheiro para as férias, por algumas vicissitudes muito frequentes na vida das pessoas, deu lugar a outras prioridades, até a outras oportunidades. Não me posso queixar à luz do que sou.

O dinheiro acaba por assumir-se como o centro de tudo: "A razão das razões". O que me parece altamente negativo para a vida e para a humanidade. Sim, a humanidade no seu todo. Porque todos sofrem com a lei desta visão, que é venerada e idolatrada para muito benefício de apenas alguns, mas que, depois, se estende numa longa rampa a descer até àquele que se encontra quase na base. Porém, mesmo assim, este acha-se inatingível, inalcançável, pelo que se encontra na base, e pisa-lhe na cabeça, esquecendo que tem tantos e tantos a pisarem a sua própria cabeça. Que dores de cabeça...    

As férias já são muito boas se tivermos leveza no pensamento, alegria no coração e o brilho na menina dos olhos pelo movimento do pequeno comboio dos sonhos, que devagarinho lá segue e avança, voando e navegando livremente de paraíso em paraíso, mergulhando-nos em bem-estar e satisfação.

Boas férias! E… sobretudo, Sonhe!!! Sonhe por si e por aquele que não sabe, não pode ou não o deixam sonhar. 

José António de Carvalho, 07-agosto-2024
Praia do Alemão - Portimão (Site: Viagens / Sapo)





terça-feira, 6 de agosto de 2024

Poema "FLORES DA VIDA"


FLORES DA VIDA

Minhas ideias imprecisas
Vindas no vento do além
Galgaram altas barreiras
E transformaram desertos
Em imagens verdadeiras.

Não. Nada digo a ninguém…
Que havia umas feiticeiras
Que saíam dos coretos
Para matarem os sonhos
A quem passasse por perto.

Só nas horas derradeiras
Hei de falar-vos, por certo,
Do sonho que uma vez tive
E que em mim resiste e vive,
De ver flores no deserto.

José António de Carvalho, 06-agosto-2024
Foto do quadro de António Miranda (Papoilas), em Exposição no "ESPAÇO CULTURA", Galeria de Exposições Temporárias, Barcelos. 

quinta-feira, 25 de julho de 2024

Poema "ILUSÕES DE VERÃO"


ILUSÕES DE VERÃO

Colo o pensamento no oceano
para serenar o espírito que ferve
pela vaga de lume que sai do sol,
e lançada sobre a terra
tudo arde.

Oh, misterioso e longínquo mar,
que assim te vejo intermitente:
tão perto de mim, tão longe,
tão dentro, e tão ausente…

Trago-te selvagem, ó desordeiro,
dentro da vida agreste, e avanças
com a espuma amarela do sal
a queimar o brilho dos olhos
das crianças.

Mais fresca é a brisa dos versos
que paira no ar presa ao dilema.
Assim breve, e verdadeiramente
minúscula é a esperança
que se respira no fim do poema.

Veloz e silencioso cavalo alado
que empurra a vida, que a enferma,
deixando para trás laivos de glória
evaporados na ilusão de falsa vitória.

José António de Carvalho, 25-julho-2024´
Pintura a óleo de Mariana Homem de Mello




domingo, 7 de julho de 2024

Poema "MAR DA VIDA"


MAR DA VIDA


Neste dourado do dia
onde a alma lá se aconchega
a esta paisagem sombria
noutro dia que ao fim chega.

O sol morno só aquece
onde o calor ainda existe,
se o não tem mais arrefece
nem com ajuda resiste.

Ah, que se sente a frescura
do nosso tempo a passar
na água, e nele a brancura
da espuma que veste o mar.

José António de Carvalho, 07-julho-2024
Foto "Pinterest"



domingo, 30 de junho de 2024

75.000 Visualizações - Sorteio do livro "SENTE, LOGO VIVES E SONHAS" - O premiado foi: ...



75.000 Visualizações - Sorteio do livro "SENTE, LOGO VIVES E SONHAS" 

A sorte, por aproximação nas dezenas, foi para Mauro Hilário.
Muitos Parabéns!

Agradeço que me forneça o endereço por msg privada para envio do livro.
Muito obrigado!
Um grande abraço a todos.



quinta-feira, 6 de junho de 2024

Poema "VIVER AGORA"


VIVER AGORA

Olhar à volta, ver o mundo
e não ver nada é a mesma coisa.

Tudo corre, tudo passa
sem nos ver e sem ser visto.

E o que se vê é algo já visto
há muito tempo, que agora é cisco.

Vem a curva a trair a visão
e a visão turva é outra traição.

Natureza singela diz-nos o caminho
p’ra vida ser bela, mesmo que pouquinho.

Teça-se neste dia, a cada momento,
um nico de fantasia e gotinhas de alento.

José António de Carvalho, 06-junho-2024
Foto do relógio de sol - Quinta da Presa, Turismo Rural







quinta-feira, 23 de maio de 2024

Poema "FOGO"


FOGO

Olho os teus olhos
toco-lhes o brilho
e roubo-lhes o mel

E o sol dança
e aquece a lança
que espera Deidade

Pelos dedos semeia
o fogo nas veias
na busca da eternidade

num grito que se solta
do corpo incendiado
enquanto tudo morre à volta

José António de Carvalho, 23-maio-2024
Quadro de Ana Maria Fernandes







sábado, 11 de maio de 2024

Poema "ASAS REAIS"


ASAS REAIS

Asas lindas do pensamento
que andais agora tão cansadas…
nem sei qual a real razão
que as obriga a um voo tão lento.
Certo é que não é do vento
e nem das marés apressadas.

Agora já não travo lutas
que afundem o meu coração
nessa nebulosa do abismo.
E voar será sempre mais
um momento de elevação,
faúlha de tímido sonho
entre sopros de realismo.

José António de Carvalho, 11-maio-2024
Foto "Pinterest"






sábado, 4 de maio de 2024

Poema "DIGO-TE…"

Poema dedicado à minha mãe, feito para a Antologia "Minha Mãe" da Chiado Editora, invocando as Mães pelo seu dia. (08 de Maio)


DIGO-TE…

Encheste o cálice da vida
e eu nasci dentro do tempo,
lançado à ira de um frio janeiro.

Deste-me a mão e eu andei,
e até aprendi a fugir de ti.
Mas… logo, logo, regressava.

Colavas-me os teus olhos,
e sob o teu olhar eu crescia
sem que tu o percebesses.

Revoltava-me comigo e ia,
pensando que tinha crescido
em tudo, e também contigo.

Mas as raízes eram fortes,
agarradas à terra e às tuas mãos
que me continuaram a alimentar.

Por isso, ontem como hoje,
vendo que a vida nos foge,
és tão importante para mim.

Não para me amparares
ou orientares no caminho,
mas para sentir que estás comigo.

Quero que me envolvas no teu olhar
e nunca me sentirei sozinho.
É só assim que há primaveras
e o teu Dia, Mãe…

José António de Carvalho, 18-março-2024
Foto com a minha mãe no meu aniversário durante o jantar - Restaurante D. Henrique (Joane) 




sábado, 20 de abril de 2024

Poema "RAÍZES DOS CRAVOS"


RAÍZES DOS CRAVOS


O tempo nunca esmagou
esse desejo indomável
de correr pelas searas
entre papoilas vermelhas
que a memória guardou.

Ergueram-se rubros cravos
que nasceram para sempre
enraizados na história,
no íntimo e na memória,
desse abril ainda presente.

E nasceu para viver
também no que agora nasce,
porque aquele que morreu
esse abril nunca esqueceu.

Lutou para que ficassem,
entre nós e prós vindouros,
novas sementes e frutos
de singelos cravos rubros
naturais da cor do sangue
dum sonho que não se extingue.

José António de Carvalho, 12-março-2024
Foto "Pinterest"




terça-feira, 16 de abril de 2024

Poema "MÚSICA É LIBERDADE"


MÚSICA É LIBERDADE

Abre Abril
o que se mantém fechado.

Talvez um violino junto ao rio
no fervor das cordas vibrantes
lance as notas da liberdade
nos versos que hoje cantamos
e que não se cantavam antes.

É assim que se abre esse Abril
farol de épica transformação
que do silêncio fez palavras
quando cantadas a razão e lei
que rege a razão e o coração…

E será sempre Abril
independentemente da condição
sempre que se cante nova canção!

José António de Carvalho, 16-abril-2024
Imagem "Pinterest"



Vídeo 

https://youtube.com/watch?v=XB3qoXgdA10&si=a-HFgdCV2MM2zUTQ

domingo, 7 de abril de 2024

Poema "SAUDADE" (Soneto, adaptado)


Poema "SAUDADE" (soneto)

Só dos que partiram sinto saudade,
Foram-se sem regresso, sem querer,
Que tudo fizeram para viver...
Tudo o resto não é mais que vontade.

E... Saudade do tempo de pequeno?
Não quero ser de novo uma criança.
Quero ter esta idade e ter esp'rança
Que hoje e amanhã o sol será ameno.

Saudade de sentir o calafrio?
Mais do ideal que sobe pela idade,
Na poesia inteira e sem vaidade.

Saudade?...  Pelo meu pai que partiu;
Pelo meu irmão, que assim o seguiu.
E cresce dia a dia… que saudade!!!

José António de Carvalho, 07-abril-2024 (poema atualizado, 05-outubro-2020)
Foto de António Miranda - Arte Celano, Grupo de Artistas







quinta-feira, 4 de abril de 2024

Poema - "SEDUÇÕES DE ABRIL"


SEDUÇÕES DE ABRIL

Abril, abril que seduzes as aves,
Os verdes campos, as sementeiras;
Cravaste luz nos olhos cegos com traves
De uma vida faminta em ovelhas ordeiras.

Sopra a brisa leve deste abril no rosto,
Perfume de cravos, rosas, rosmaninho.
Agora já não é tarde para a flor do linho
Adornar cinquenta anos, e tanto gosto…

E logo que morreu o reino das trevas
Em que pensar era pecado, heresia,
Fica-nos na boca o sabor da democracia
E todos os sonhos que nas asas levas.

José António de Carvalho, 04-abril-2024
Foto "Pinterest"




segunda-feira, 1 de abril de 2024

Poema "NÃO É MENTIRA"


NÃO É MENTIRA


No meu coração trago a minha terra.
As minhas veias são ruas e ruelas
rodeadas de verde e bem iluminadas,
que não acabam nas casas de portas fechadas,
mas apenas onde se deixa de ver
a razão do coração pintada a fantasia
no rosto da minha terra a rir de alegria…

José António de Carvalho, 01-abril-2024
Foto da minha autoria.





domingo, 31 de março de 2024

Poema “PAZCOA”


“PAZCOA”


Estendam-se todos ramos e flores
para que a entrada seja gloriosa.
Rendam-se as armas, extingam-se ódios.
Purifiquem-se todos os autores
da selvajaria mais escabrosa
que nos persegue dos tempos primórdios,
anulando e calando os defensores
de urgente dia de Paz gloriosa.

José António de Carvalho, 31-março-2024
Foto Pinterest




terça-feira, 19 de março de 2024

DIA DO PAI – 2024


MEU PAI...

Que melhor memória, que maior amor te poderia manifestar, do que ter a tua presença em mim.

Nestes dias em que a natureza explode de alegria em saudação à chegada da Primavera, olho à minha volta para te oferecer a maravilha que os meus olhos vislumbram e toda a ternura que reveste o meu coração ao recordar-te.

Que as lágrimas que agora enchem os meus olhos, sejam capazes de tornarem límpidas e de alimentarem as memórias, e o amor que guardo de ti, e também do Nel, que agora tens por companhia, e que faz com que as saudades por ambos sejam do tamanho do mundo.

Prometo-te que continuarei a tratar do carvalho que juntos plantámos. Está lindo… e dá boa sombra.

José António de Carvalho, 19-março-2024



domingo, 25 de fevereiro de 2024

Poema "SEDE"

SEDE

Há na chegada
a tua chegada, 
bem cedo
e tão perto, 
sem pressa,
antes que escureça. 

Antes que a noite
seja noite
e aconteça
o que o corpo pede. 

E que a noite
se estenda à vida, 
antes que a vida
fuja no horizonte
antes do tempo.
De um tempo finito
que ninguém mede, 
e infinito pareça...

E assim passa 
e nunca disfarço 
a sede da alma. 

Serei sempre sequioso. 
Que a minha sede
seja a tua sede, 
e não esmoreça, 
ainda que a lua, 
a maga da rua, 
desapareça.

E lá virá o sol
para novo dia,
e que o amor
com alegria
floresça...

José António de Carvalho, 23-fevereiro-2024
Foto de Conceição Silva



quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

Poema "LUZ"


LUZ

Nunca desisti.
Segurei tantos estilhaços,
também muitos sonhos
entre os meus braços.

Bebi a luz aos poucos
vislumbrada lá do fundo
deste mundo de loucos
ou doutros doutro mundo.

Jurei a mim mesmo
que o caminho continuaria
e que o sonho perseguiria
como rio que não para…

chegar a calma enseada
e no seio da alquimia
alcançar a madrugada
nesse leito de poesia…

José António de Carvalho, 15-fevereiro-2024
Imagem Pinterest



terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Poema "MOMENTOS DE SORTE"



MOMENTOS DE SORTE

Sou um afortunado
quando em mim se geram
sentimentos sublimes.

Quando irrompo na melodia
sem esconjurar o silêncio
onde moro na persistência.

Quando abraço a luz
que foge de entre as abas
dum surdo suspiro de lábios 
a abafar sonhos quentes.

Quando da ternura me enleio
abrindo relíquias coloridas
das simples palavras de permeio
arrancadas do cerne, e tão sentidas.

José António de Carvalho, 13-fevereiro-2024