REVELO-ME ATRAVÉS DE SIMPLES VERSOS (Reservados os direitos de autor)
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025
TEXTO "NÃO SE MATE A SAUDADE"
terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
Poema "PRENDER O SONHO"
Sonhei-te a pele
poro a poro,
linha a linha,
o verso e seu inverso.
Sonhei-te os lábios,
os beijos suaves,
o sorriso interior
num poema maior.
E sonhei-te os olhos,
os cabelos a voarem,
e as mãos tão suaves
a desenharem claves
no começo da partitura.
Escondi o calor do corpo
num arrepio de ternura
ao vislumbrar a claridade
do dia na noite escura.
E desci, desci…
na indómita vontade
de manter este sonho
bem colado a mim,
e longe da realidade.
José António de Carvalho, 10-fevereiro-2025
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025
Poema "A MARIA TERESA HORTA"
A MARIA TERESA HORTA (N: 20-05-1937; M: 04-02-2025)
Os teus poemas
são cheias de rio
no calor dos verões.
São espadas em punho
erguidas à intensa luz
do sol do mês de junho.
São a pele do corpo
o sangue, a carne
a voracidade das palavras.
São espelhos da mente
de uma alma condizente
na encruzilhada das estradas.
São os vetores da ligação
do prazer e do coração
de quem não é cobarde,
fenómenos de paixão
domingo, 2 de fevereiro de 2025
Poema "AQUI E AGORA" (Soneto)
AQUI E AGORA
Corre como quem foge a ventos frios
Que a vida é em ti que se demora.
Eu sempre rezo para que chegue a hora
De abarcar em meus braços os teus rios.
Se te atrasas, minha alma triste chora
Tantos soluços surdos e arrepios,
Querendo o fim dos dias tão sombrios
E ver a luz dos versos vida fora.
Por que razão andar por outra linha
Que nos leve por onde ela definha?
Se a vida nos ensina a ir pelo agora...
Vou chamar-te bem alto e sem rodeios.
Tu, quem me satisfaz simples anseios:
Vem Primavera, vem! Sou quem te implora.
José António de Carvalho, 02-fevereiro-2025
terça-feira, 28 de janeiro de 2025
Poema "FLORES DO PENSAMENTO"
FLORES DO PENSAMENTO
As lindas flores que trazes no olhar
Neste tímido final de janeiro
São fruta madura desse pomar,
Que amadureceu ainda antes de florir
Como os cravos livres que hão de abrir
Em abril, e perfumar o ano inteiro.
E não sabemos cantar a outra flor
Que não seja a liberdade e o amor.
José António de Carvalho, 27-janeiro-2025
sábado, 25 de janeiro de 2025
Poema "LUZ TRÉMULA"
LUZ TRÉMULA
Ao som das trombetas
E no meio dos silêncios
Vivo num mundo vasto,
Repleto de gente
A avançar para além.
Promessas de horizonte
Na auréola da retina.
E sempre a luz trémula
Presa ao pavio
A queimar os pés no fio.
Fica o ruído da porta
Que quase se fecha
E uma pequena fresta
Por onde o ar entra.
É essa pequena brecha
Que ainda permite ver
O tremeluzir da chama
Que teima em alumiar
O caminho a fazer.
José António de Carvalho, 26-janeiro-2025
quinta-feira, 2 de janeiro de 2025
Poema "PRIMEIRA E ÚNICA VEZ"
PRIMEIRA E ÚNICA VEZ
Foram mais doze lançados ó tempo,
E vergados nesse ondular do vento
Que andaram juntando a perder de si.
Mas estes doze que agora queremos
Sejam luz no desenrolar da roca,
Da falsa roca que na vida temos.
E se a uns pode levar, nos deixe aqui,
Sem lugar a enganos ou qualquer troca
E não choremos pelo andar da roca.
Porque, se só vivemos uma vez,
Se ela sempre desfaz tudo o que fez…
Viver: Aqui e Agora; seja pra sempre
A nossa primeira e a única vez.
José António de Carvalho, 02-janeiro-2025
sábado, 28 de dezembro de 2024
Poema "PROCURA"
PROCURA
Procuro-te nos barcos
De velas içadas ao vento,
Nas proas levantadas
A rasgarem mares
De dores e desalento.
Nos travos de alegria
Bebidos dum sonho
Pintados a branco.
Mas depois aponho
Que são apenas fantasia.
Procuro-te assim
Sem rumo, sem norte,
A poucas páginas do fim…
Páginas gastas, amareladas,
Que dizem tudo de mim
E também da minha sorte.
José António de Carvalho, 28-dezembro-2024
sábado, 21 de dezembro de 2024
Poema "SOL DE NATAL"
SOL DE NATAL
Vem Sol, Nasce!
Nasce Luz Natural!
Fio de seda,
Branda, branca,
Alva, de alvura
Vem e desce-nos
Preenche-nos
Na Tua Luz Natural
De Amor
De Natal!
Feliz Natal a Todos!
José António de Carvalho, 21-dezembro-2024
segunda-feira, 25 de novembro de 2024
Poema "RUMORES DA POESIA"
RUMORES DA POESIA
Onde guardas a palavra que me disseste, e que me fez descobrir a doçura de fruta que as palavras podem ter?
Que silêncio secreto é este,
que se abafa nas folhas de um livro guardado que nos faz voar quando o abrimos?
Diz-me com que jeito te pegue
nas mãos, para procurar as palavras que bailam na tona das águas calmas do mar?
E quando alcanço o pensamento das
árvores em rumor deste íngreme monte, onde é que repousas os silêncios dos
versos dos teus poemas?
Oh… deixa-me ficar a
contemplar o sol através da folhagem do pensamento, saciando-me a beber todas as
gotas de poesia que vão caindo.
Deixa-me ficar assim… Tão
perto do que é distante.
domingo, 24 de novembro de 2024
Texto "NATAL NO RIO" - Antologia de Natal da Chiado Editora
Texto que integra a Antologia de Natal - 2024, Chiado Editora.
NATAL NO RIO
Corre no rio da vida um mar de histórias reais verdadeiramente surreais, mais surreais do que a própria real racionalidade suporia, parecendo a mais pura ficção aquecida, horrivelmente testada e subtilmente não explicada.
Ora, a ficção da realidade é
um útil opiáceo para o Homem, fazendo-o acreditar, andar, transformar-se,
crescer e reproduzir-se. Crescer como um rio, que surge das singelas gotas de
água lacrimejadas pelo ventre da terra e que se vão juntando até formarem um
fino fio de água, dando as mãos a outras tantas gotinhas, e outras, e outros
tantos mais fios de água, até formarem um caudal generoso designado por rio.
Malogradas, muitas delas não sabem porque estendem a mão ou porque dão a mão.
Apenas o fazem porque as outras também o fazem.
Como se sabe, o rio corre
sempre aumentando o seu caudal através das afluências que chama a si, e por si
vai deslizando de forma incorrigível até outro rio ou até ao mar. E no mar,
tudo o que é lançado dilui-se na sua grandiosidade e perigosidade.
Nós, neste mar turbulento e
turvo de ódio, ganância e guerra, não podemos nunca perder de vista o horizonte da
nascente do rio, a nascente da água pura da vida inocente e frágil, da vista
imaculada e sonhadora do menino que olha com angústia e tristeza para este rio,
que no seu curso vai perdendo pureza e vai-se transformando numa mixórdia de
águas impróprias.
Somos águas em movimento de um
rio tendencialmente em degeneração de virtudes. Não deixemos morrer a criança
que ainda pode viver em nós. Alimentemo-la todos os dias.
Olhando para a corrente do rio
que somos, que aprendamos a conviver melhor com as nossas próprias margens e
limites, com os nossos peixes, com as nossas plantas, com a biodiversidade que
nos circunda, e com a nossa própria essência. Só assim o menino terá um brilhozinho
de esperança nos seus olhitos.
Feliz Natal todos os dias!
Vermoim, Vila Nova de Famalicão
terça-feira, 19 de novembro de 2024
Poema "CARTA AOS AMIGOS"
CARTA AOS AMIGOS
Amigos,
Sei que aos vossos olhos
posso parecer um pouco louco.
Sim. Apenas um pouco,
daquilo que é a loucura total
do mundo em que vivemos.
Uma normal loucura mundial.
Razões para dizer isto
todos temos, todos têm.
No entanto,
são sinais que vão e vêm
por esse mundo infernal fora,
que perde o futuro no agora.
O pior disso tudo
é que não consigo ficar mudo…
E se isto pode parecer pranto,
sabendo que não sou santo,
peço-vos com a maior mesura
que, antes de selarem a minha,
saibam o que é a verdadeira loucura.
José António de Carvalho, 19-novembro-2024
sábado, 9 de novembro de 2024
Poema "SEGURO PELO POEMA" - Inspirado no Poema de Joaquim Pessoa
SEGURO PELO POEMA
Quando abro os olhos no meio da escuridão, eu vejo luz no poema.
Quando a solidão me lança no chão, levanto-me na força do poema.
Quando a mentira me mergulha no pântano, emerjo na limpidez do poema.
Quando a dureza da realidade me sufoca, eu grito pela boca do poema.
Quando o medo me impede de avançar, eu sinto a mão do poema.
Quando luto com a minha insegurança, sigo no leito do poema.
Quando a tristeza é tão forte como eu, deixo-me voar no sonho do poema.
Quando a dor me faz cambalear, eu bebo a cura no poema.
Quando não tenho o amor, eu abraço e beijo o poema.
Porque cada poema escrito é um caminho de luz para a vida.
José António de Carvalho, 09-novembro-2024
quinta-feira, 31 de outubro de 2024
Poema "HERÓIS DESPIDOS"
HERÓIS DESPIDOS
Na corda secava a roupa
Desse tempo de memórias
Que o forte sol aqueceu.
Eram divinas histórias
Que o mesmo enfraqueceu.
Triunfos inesperados
Desses heróis consagrados
Repletos de admiração
Que hoje já não são lembrados;
São heróis só de coração.
Agora, apenas os vãos
Dessa corda já despida.
E se a memória é pouca,
Esquecida está a roupa,
Remendada está a vida.
José António de Carvalho, 31-outubro-2024
segunda-feira, 28 de outubro de 2024
Poema "AINDA…"
AINDA…
Me lembro dos tempos agudos,
dos ventos agrestes, sisudos,
nos ombros dos homens cansados.
Também dos tempos de quimeras,
sons de flautas e violinos
vibrantes de sonhos sonhados.
Dos tempos de aventura e mel,
do lume e força da palavra
gravada em ouro com cinzel.
Recordo do que ainda me lembro,
tudo o resto de pouco importa,
se o tempo anda e com ele aprendo:
que a vida é só um setembro
com frio rosto de janeiro
cansado, a bater-me à porta.
José António de Carvalho, 28-outubro-2024
sábado, 12 de outubro de 2024
Poema "TALVEZ POSSAS POR AMOR…"
TALVEZ POSSAS POR AMOR…
Talvez possas por amor…
Pegar na caneta
e fazer dela a eleita.
Fazer baixar armas
entre mares e desertos,
montanhas e savanas,
nos lugares mais discretos.
Terás que fazer viva paz
na vida que levas.
Viver na tranquilidade
afugentando as trevas.
As trevas da vida
são o cadafalso maior,
E a maior causa de morte
é a falta de amor.
José António de Carvalho, 12-outubro-2024
segunda-feira, 7 de outubro de 2024
Poema "MORTE"
MORTE
Sinto o tempo a bater perto.
O Inverno chegará num pestanejar.
É grave, a vida despida.
Gravíssimo, a vida faminta.
Arrepiante, a vida em fuga.
Degradante, a vida doente.
Nefasta, a vida sem sorte.
É crime, a vida sem vida.
E quem assim se sustenta,
Fecha os olhos e consente,
Ou se dela se alimenta:
terça-feira, 24 de setembro de 2024
Poema "CAIS DO SILÊNCIO"
CAIS DO SILÊNCIO
Fico a chorar o verão
Que foi pelo labirinto
Sem saber a direção
Que tomar. Mas eu pressinto
Que ele vá na que prevejo:
Essa que chama o desejo.
Do verão fica a saudade
Que mais parece ilusão,
E do corpo frio que arde
Só se salva o coração,
P’la artéria que o alimenta
E que a esperança sustenta.
Mas o dia foge cedo
P’ra descer a noite fria,
Cais de silêncio do medo
Duma memória vazia.
E para o vazio encher
Novo dia há de nascer.
José António de Carvalho, 23-setembro-2024
terça-feira, 3 de setembro de 2024
Poema - SETEMBRO
SETEMBRO
É mais um setembro calmo.
Sempre setembro maduro.
Que no ano é nono palmo,
A três palmos de um futuro.
Quem assim o tempo mede,
Mede-o pondo-lhe a mão
Movendo-o em toque leve,
E as folhas caem no chão.
É setembro, sopra a brisa
Que desprende o pensamento
Enquanto a alma se ameniza
Da angústia que vem no vento.
É setembro, tudo dito;
Vem com ele a nostalgia
A desdobrar o conflito
Entre mim e a noite fria.
José António de Carvalho, 02-setembro-2024