quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Poema "Amores e beija-flores" (soneto)


Amores e Beija-flores

Livres, leves, borbulham multicolores
Como os amantes em suaves leitos,
Num amor fecundo sem preconceitos,
No raiar do sol das manhãs bebem flores.

Desejo cair nos teus braços minha flor,
Procurar em ti o alimento que preciso,
Parar deste voo desorientado e indeciso,
Na busca incansável deste grande amor.

E o seu voo parado parece contemplar
A nudez do teu corpo, beleza nunca vista.
Ansioso, timidamente possuir-te, provar

Esse doce néctar que a minha boca sente,
E razão para que a minha razão persista.
Colibri, Beija-flor, voa pra trás e prá frente.

JA18C




sábado, 25 de agosto de 2018

Poema "CHORO COMPLETAMENTE" (soneto)


CHORO COMPLETAMENTE


Não há sorriso no teu rosto denso
Nem olhos flamejantes de alegria
O vento insiste roubar-te a magia
Que a vida tem. E como nela penso…

Oh! Que cratera se abre neste peito,
A incerteza corta mais que cutelo.
Abro aspas no coração e acautelo
O fustigar desta dor que não aceito.

Não fiques assim! Tão tristes só as mós
Pedra fria que aquece a esmagar o grão
E tu, e eu, e todos que te amam, nós…

Somos força de dez, de um batalhão
Os fortes soldados nunca ficam sós,
Lutando arduamente e fiques são!

JA18C







quarta-feira, 22 de agosto de 2018

Poema " Liberdade de Ser" (soneto)

Prémios
1º Lugar "Grupo Poetas de Indaiatuba e do Mundo" - Tema "Violência Doméstica"
4º Lugar Academia de Letras Camac Leon - Menção Honrosa - Tema livre


Liberdade de Ser

Não deseja nem vê liberdade
O pássaro que não assume
Voar além a barreira do lume
Que em si deflagra e arde.

Se a andorinha migra sozinha
A solidão ata-lhe a esperança,
O medo assola-a na mudança
Prá primavera que se adivinha.

Sonhos que morrem à crueza
Das palavras e da vida dura.
Perdem-se sorrisos e a pureza,

Sobrepondo-se-lhes a amargura
Da chuva e do vento, que o tempo
E por mais tempo, não se atura.

JA18C






terça-feira, 21 de agosto de 2018

Poema "Alimento" (soneto)

Alimento

Se às flores do nosso jardim
Não lhes damos alimento,
O poema torna-se lamento,
Sobrevive o amor assim?

Se as flores do teu jardim
São as mais belas da natureza,
Não as deixes perderem beleza,
Responde ao amor: Sim.

Se as flores do meu jardim
São belas e saudáveis,
Nem sempre foram assim…

Falo-lhes palavras afáveis
Mesmo que seja em latim,
Sabem-no que são amáveis.

JA18C
Foto: Parque Keukenhof, Tulipas, Holanda




quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Poema "Por Que Giras ao Sol?" (soneto)



Por que Giras ao Sol?

De sorriso aberto despertas para a vida,
Esplendorosa beleza que expões à luz.
Sereno e altivo, o sol é quem te conduz
Até que a tua semente fique amadurecida.

És sorte para uns, sucesso para outros,
Princesa que ao sol chorou o namorado
E que das lágrimas se alimentou. Parado,
À noite, anseias a vinda do sol aos poucos.

E o sorriso que vejo nesse rosto amarelo,
Que enche os campos e almas das gentes
Que óleo e alimento farão das tuas sementes.

E sonho com o amor a florir como tu, girassol,
Abrindo-se em grito de cor e suave harmonia,
Tão belo quanto tu, te abres à luz de cada dia.
 
JA18C



Foto "jdebordphoto.com"


quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Poema "Poesia" (soneto)


SARAU DE ANIVERSÁRIO

Poesia

Acorda as estrelas, remenda os dias,
Aperta os laços de todos os abraços,
Preenche de beijos todos os espaços
Criados a branco por falsas alegrias.

Águas calmas de imenso mar azul,
Moldura dourada do sol no ocaso,
Vinho espirituoso colhido ao acaso
Da vinha errante gerada em paul.

Grito calado da revolta de um povo
Que engana a fome com nico de pão,
Sendo a míngua a sua máxima ilusão.

Poesia, que me trazes à vida de novo,
Iluminas o caminho em que me movo
Pr’além das portas rangentes do coração.

JA18C




segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Poema "A minha vida" (soneto)

MENÇÃO HONROSA - Tema: ALMA
(Grupo Poetas de Indaiatuba)


A Minha Vida

Cerne e auréola… Razão de vida,
De mistérios, opções. Uma adição,
Por cada alma, vela acesa na mão,
Oh, José Saramago, isso é que intriga.

Não ensejo contar todas as almas.
São tantas… do amor à dor, poesia,
Nobres e pobres. Negócios… poderia
Haver sucesso sem o segredo? Almas…

Tristes, dilaceradas, bondosas, alegres.
Diz-me rosa vermelha, alma do jardim:
Pode um amor sobreviver sem um sim?

Não! Preciso dele, porque somos breves.
O teu sorriso aberto e afável me deves.
Escrevo com a alma que existe em mim.

JA18C




domingo, 5 de agosto de 2018

Poema "Se o amor" (soneto)


Se o Amor

Não fosse como este sábado escaldante,
Preferia-o um domingo temperado,
Talvez um sábado noite orvalhado,
Numa aura de bem-estar refrescante.

Se se revelasse só em palavras de ternura
Ou na doçura dos teus beijos sinceros,
No desabrochar das flores dos canteiros
E na gaivota que ao alto-mar se aventura.

Se não o visse nas estrelas do firmamento
Brilhantes sobre as águas paradas do rio.
Almejaria eu outro querer… Se só acalento:

Senti-lo florir na força de cada inverno frio,
No emergir do mar a razão deste sentimento,
Amor que a qualquer estação dou e anuncio.

JA18C




sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Poema "Vaga de calor" (soneto)

Vaga de Calor

Está aí uma agressiva vaga de calor,
Anunciadas as cautelas: muita água
Para os velhos, que assim a mágoa
Também acalmam pela falta de amor.

A Proteção Civil pôs os pés no chão,
Vigilância e muitos alertas p’ra todos,
Proibido o churrasco - motivo: os fogos.   
Para que não se repita o passado verão.

Como descobriu o caminho p’ra Europa?
Veio d’ África, cheia de poeiras. Má aragem.
Começaram as canseiras, Fez-se listagem

Dos trabalhos, das pessoas, e se há sopa
Mais que suficiente p’ra toda esta tropa.
Devastação, morte. Política e estiagem…

JA18C




quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Poema "Não sou nada!"


Não sou nada!

Por muito estranho que possa parecer
Não tenho o ensejo de ser alguém.
Quero nesta humilde condição viver
Sem precisar de pedir a ninguém,
O alguém que não quero, nem devo ser!

JA18C





terça-feira, 31 de julho de 2018

Poema "Pele" (soneto)


Pele

Busco-me e encontro-me na minha pele,
Dentro dela escondo-me e mostro-me,
Desenvolvo-me, deito-me e acordo-me…
Na minha pele inspiro-me, toque de mel.

Sinto suave labirinto da minha na tua pele,
Sensações, emoções… Em arrepios me pões.
Pele cortada e arrancada… à dor. Contradições.
O maior órgão humano, tudo atrai, tudo repele.

Pele enrugada ou molhada, o suor que expele.
Pele acumulada, grossa, calejada pelo trabalho,
Branca ou bronzeada, sedosa, busca agasalho.

A minha pele implora, a tua explora. Une corações.
A minha pele naufraga na tua, nada, vive e morre,
Doce expressão d’amor: Inflama-o, liberta-o, escorre.

JA18C





segunda-feira, 30 de julho de 2018

Poema "Despromovido… E sem título" (soneto)


Despromovido… E Sem Título

Os títulos consomem a poesia,
Tiram-lhe brilho, ternura e talento.
Dão-lhe visão ou conhecimento?
Talvez! Mas castram-lhe a fantasia.

Poema sem título é natural, sublime,
Como faminto que anseia pelo prato
Ou o jacinto que brilha no meio do mato,
Esta força que no amor bem se exprime.

Neste poema conseguirei ver-te feliz?
Assim? O amor expresso e sem rosto?
Esse mar espelhante do luar de agosto?

Oh, sim! Minha doce fruta de Verão,
De tão doce pode fazer-me tanto mal
Aos olhos, ao coração e pressão arterial…

JA18C



sábado, 28 de julho de 2018

Poema "Melancólico fado" (soneto)

Melancólico Fado

Cansado e envergonhado tão só comigo,
Ando p´rá aqui vago no meu pensamento,
Como folha seca que se vai na linha do vento
Cortante e frio, que teima levar-me consigo.

A poesia melancólica gera este fado triste,
Os meus olhos cansados em rosto ausente,
Fora do trilho que me levaria à tua frente,
Ainda bem…  Porque assim nunca mos viste!

Ó guitarra portuguesa que gritas às unhas
De quem te estica as cordas. Agora sentiste
Dor mais aguda que notas da cítara ou cistre,

Arrancando-te grito mais forte do que supunhas,
Nada comparada à dor que neste coração persiste,
Com ela calo esse teu brado, e nada mais existe…

JA18C







quinta-feira, 26 de julho de 2018

O meu livro de poesia "Sente, Logo Vives e Sonhas"

Meus caros amigos,
Numa das piores fases da minha vida realizo um sonho de toda a vida!
Habituem-se a esta imagem e agucem a curiosidade pelo que vem a seguir...
Voltarei em breve a dar notícias.
Vermoim, 26-07-2018


segunda-feira, 23 de julho de 2018

Poema "SAUDADE" (soneto)

MENÇÃO HONROSA - Tema: SAUDADE - 1º Prémio, 30-07-2018

Este poema foi lido, no dia 10-outubro-2020 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.

Poema novamente lido, no dia 31-outubro-2020 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica, após revisão e introduzidas alterações.

Participei com este poema no concurso virtual da "ALIPE - Academia Literária Internacional de Poetas e Escritores", subordinado ao tema "Dia da Saudade", realizado a 30 de janeiro de 2021.



SAUDADE


Só dos que partiram sinto saudade,
Foram-se sem regresso, sem querer,
Que tudo fizeram para viver...
Tudo o resto não é mais que vontade.

E... Saudade do tempo de pequeno?
Não quero ser de novo uma criança.
Quero ter esta idade e ter esp'rança
Que hoje e amanhã o sol será ameno.

Saudade de sentir o calafrio?
Mais do ideal que sobe pela idade,
Na poesia inteira e sem vaidade.

Saudade?...  Pelo meu pai que partiu.
Dos que foram, se a vida o exigiu.
E cresce dia a dia… que saudade!!!


JA18C (Reformulado em 05-outubro-2020,
José António de Carvalho)










domingo, 22 de julho de 2018

Poema "Poesia Leve?"

Poesia Leve?

Não sei se capaz serei
De escrever algo leve,
E com a poesia alegre
Um sorriso conseguirei?

Porque aos teus olhos
O meu peso nunca pesa,
Até careca embeleza
Ou com saia de folhos.

Será sempre piada bisonha,
De escorregar na descida,
Engasgar com comida
Ou o corar de vergonha…

Sentar fora do banco,
Enganar nas palavras,
Tropeçar nas escadas,
Ou cair do tamanco.

Se ainda não sorriste
Pode ser que o faças
Ao recordar desgraças
Que em mim viste…

Por isso fico triste!!!

JA18C



sexta-feira, 20 de julho de 2018

Poema "Árvore da vida" (soneto)


Árvore da Vida

Sou como a árvore que ali cresceu,
Que a ninguém disse que queria estar
Meio escondida naquele triste lugar,
Venceu a escuridão e não morreu.

Sou como a árvore que ali resiste,
Água e nutrientes nunca abundaram,
As raízes teimosamente os procuraram.
Tem bom aspeto, mas parece triste…

Não sou como a árvore que ali viste,
Porque ela não sente o que eu sinto,
Ela não fala, às vezes eu até minto…

Não sou como a árvore que ali mora,
Que está mais forte do que outrora.
Contudo, ela vai morrer sem o saber.

JA18C




quinta-feira, 19 de julho de 2018

Poema "Da minha janela para Vermoim" (soneto)


Da minha janela para Vermoim

Acompanhas-me p’ra todo o lado,
Vives comigo, fazes parte de mim…
Não faria sentido se não fosse assim,
O meu deslumbramento é declarado.

Respiro-te a peito aberto pelas manhãs,
Da janela, vejo a beleza do teu manto,
Bebo cada gota do teu sublime encanto,
Toda a natureza que desejo, ma dás.

Recebes tão pouco e tanto me fazes.
Idolatrada e aclamada por cada filho
Como a mulher bonita que ouve elogio.

Sonho-te bela. Serão sonhos audazes?
Vermoim!... Tens longa e vasta história,
Esta gente simples, aqui, dá-te memória!…

JA18C