ENTRE GEMIDOS E FALAS
As palavras desordenadas
nos lábios de cereja
e o delicioso suco
da longa madrugada
que a manhã beija
onde se perde tudo
para dar significado
a tudo se ter
e mais ainda se quer
A ramagem no chão
arrancada ao consentimento
vai despindo o sentimento
com o rodopiar da mão
O candeeiro estremece
na sombra que entontece
e a tontura diz, sim
Gritas e dizes, não
forçando o mundo ao movimento
e eu não fujo de mim
vou voando no vento
Denuncias-te ao meu ouvido
num tom embriagado
pelo tempo adormecido
Sim, agora... Sim
Estendemo-nos no universo
de mão dada, lado a lado
a sonhar e a sentir, que
o prazer de cada verso
no poema fora plantado.
José António de Carvalho, 21-agosto-2025
Foto de Shian Sood, pintura "Pinterest"
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