REVELO-ME ATRAVÉS DE SIMPLES VERSOS (Reservados os direitos de autor)
quinta-feira, 31 de outubro de 2024
Poema "HERÓIS DESPIDOS"
HERÓIS DESPIDOS
Na corda secava a roupa
Desse tempo de memórias
Que o forte sol aqueceu.
Eram divinas histórias
Que o mesmo enfraqueceu.
Triunfos inesperados
Desses heróis consagrados
Repletos de admiração
Que hoje já não são lembrados;
São heróis só de coração.
Agora, apenas os vãos
Dessa corda já despida.
E se a memória é pouca,
Esquecida está a roupa,
Remendada está a vida.
José António de Carvalho, 31-outubro-2024
segunda-feira, 28 de outubro de 2024
Poema "AINDA…"
AINDA…
Me lembro dos tempos agudos,
dos ventos agrestes, sisudos,
nos ombros dos homens cansados.
Também dos tempos de quimeras,
sons de flautas e violinos
vibrantes de sonhos sonhados.
Dos tempos de aventura e mel,
do lume e força da palavra
gravada em ouro com cinzel.
Recordo do que ainda me lembro,
tudo o resto de pouco importa,
se o tempo anda e com ele aprendo:
que a vida é só um setembro
com frio rosto de janeiro
cansado, a bater-me à porta.
José António de Carvalho, 28-outubro-2024
sábado, 12 de outubro de 2024
Poema "TALVEZ POSSAS POR AMOR…"
TALVEZ POSSAS POR AMOR…
Talvez possas por amor…
Pegar na caneta
e fazer dela a eleita.
Fazer baixar armas
entre mares e desertos,
montanhas e savanas,
nos lugares mais discretos.
Terás que fazer viva paz
na vida que levas.
Viver na tranquilidade
afugentando as trevas.
As trevas da vida
são o cadafalso maior,
E a maior causa de morte
é a falta de amor.
José António de Carvalho, 12-outubro-2024
segunda-feira, 7 de outubro de 2024
Poema "MORTE"
MORTE
Sinto o tempo a bater perto.
O Inverno chegará num pestanejar.
É grave, a vida despida.
Gravíssimo, a vida faminta.
Arrepiante, a vida em fuga.
Degradante, a vida doente.
Nefasta, a vida sem sorte.
É crime, a vida sem vida.
E quem assim se sustenta,
Fecha os olhos e consente,
Ou se dela se alimenta:
terça-feira, 24 de setembro de 2024
Poema "CAIS DO SILÊNCIO"
CAIS DO SILÊNCIO
Fico a chorar o verão
Que foi pelo labirinto
Sem saber a direção
Que tomar. Mas eu pressinto
Que ele vá na que prevejo:
Essa que chama o desejo.
Do verão fica a saudade
Que mais parece ilusão,
E do corpo frio que arde
Só se salva o coração,
P’la artéria que o alimenta
E que a esperança sustenta.
Mas o dia foge cedo
P’ra descer a noite fria,
Cais de silêncio do medo
Duma memória vazia.
E para o vazio encher
Novo dia há de nascer.
José António de Carvalho, 23-setembro-2024
terça-feira, 3 de setembro de 2024
Poema - SETEMBRO
SETEMBRO
É mais um setembro calmo.
Sempre setembro maduro.
Que no ano é nono palmo,
A três palmos de um futuro.
Quem assim o tempo mede,
Mede-o pondo-lhe a mão
Movendo-o em toque leve,
E as folhas caem no chão.
É setembro, sopra a brisa
Que desprende o pensamento
Enquanto a alma se ameniza
Da angústia que vem no vento.
É setembro, tudo dito;
Vem com ele a nostalgia
A desdobrar o conflito
Entre mim e a noite fria.
José António de Carvalho, 02-setembro-2024
quarta-feira, 28 de agosto de 2024
Poema "O MENINO"
quarta-feira, 7 de agosto de 2024
TEXTO "FÉRIAS DE SONHO OU DOS SONHOS?"
FÉRIAS DE SONHO OU DOS SONHOS?
Com as férias quase a terminarem, são sempre poucos dias e
pouco de quase tudo. Quase sem sair fisicamente de casa, apenas foram férias da
rotina da hora de levantar e deitar. Coisas que, mesmo assim, não alterei
muito. Grande parte do dia passo-o no meu silêncio quase ensurdecedor. Espero
que os vizinhos não se aborreçam pela poluição sonora que lhes causo.
O dinheiro para as férias, por algumas vicissitudes muito
frequentes na vida das pessoas, deu lugar a outras prioridades, até a outras
oportunidades. Não me posso queixar à luz do que sou.
O dinheiro acaba por assumir-se como o centro de tudo:
"A razão das razões". O que me parece altamente negativo para a vida
e para a humanidade. Sim, a humanidade no seu todo. Porque todos sofrem com a lei
desta visão, que é venerada e idolatrada para muito benefício de apenas alguns,
mas que, depois, se estende numa longa rampa a descer até àquele que se
encontra quase na base. Porém, mesmo assim, este acha-se inatingível,
inalcançável, pelo que se encontra na base, e pisa-lhe na cabeça, esquecendo
que tem tantos e tantos a pisarem a sua própria cabeça. Que dores de
cabeça...
As férias já são muito boas se tivermos leveza no pensamento,
alegria no coração e o brilho na menina dos olhos pelo movimento do pequeno
comboio dos sonhos, que devagarinho lá segue e avança, voando e navegando
livremente de paraíso em paraíso, mergulhando-nos em bem-estar e satisfação.
Boas férias! E… sobretudo, Sonhe!!! Sonhe por si e por aquele
que não sabe, não pode ou não o deixam sonhar.
Praia do Alemão - Portimão (Site: Viagens / Sapo)
terça-feira, 6 de agosto de 2024
Poema "FLORES DA VIDA"
Minhas ideias imprecisas
Vindas no vento do além
Galgaram altas barreiras
E transformaram desertos
Em imagens verdadeiras.
Não. Nada digo a ninguém…
Que havia umas feiticeiras
Que saíam dos coretos
Para matarem os sonhos
A quem passasse por perto.
Só nas horas derradeiras
Hei de falar-vos, por certo,
Do sonho que uma vez tive
E que em mim resiste e vive,
José António de Carvalho, 06-agosto-2024
quinta-feira, 25 de julho de 2024
Poema "ILUSÕES DE VERÃO"
ILUSÕES DE VERÃO
Colo o pensamento no oceano
para serenar o espírito que ferve
pela vaga de lume que sai do sol,
e lançada sobre a terra
tudo arde.
Oh, misterioso e longínquo mar,
que assim te vejo intermitente:
tão perto de mim, tão longe,
tão dentro, e tão ausente…
Trago-te selvagem, ó desordeiro,
dentro da vida agreste, e avanças
com a espuma amarela do sal
a queimar o brilho dos olhos
das crianças.
Mais fresca é a brisa dos versos
que paira no ar presa ao dilema.
Assim breve, e verdadeiramente
domingo, 7 de julho de 2024
Poema "MAR DA VIDA"
MAR DA VIDA
Neste dourado do dia
onde a alma lá se aconchega
a esta paisagem sombria
noutro dia que ao fim chega.
O sol morno só aquece
onde o calor ainda existe,
se o não tem mais arrefece
nem com ajuda resiste.
Ah, que se sente a frescura
do nosso tempo a passar
na água, e nele a brancura
da espuma que veste o mar.
José António de Carvalho, 07-julho-2024
domingo, 30 de junho de 2024
75.000 Visualizações - Sorteio do livro "SENTE, LOGO VIVES E SONHAS" - O premiado foi: ...
quinta-feira, 6 de junho de 2024
Poema "VIVER AGORA"
VIVER AGORA
Olhar à volta, ver o mundo
e não ver nada é a mesma coisa.
Tudo corre, tudo passa
sem nos ver e sem ser visto.
E o que se vê é algo já visto
há muito tempo, que agora é cisco.
Vem a curva trair a visão
e a visão turva é outra traição.
Natureza singela diz-nos o caminho
p’ra vida ser bela, mesmo que pouquinho.
Teça-se neste dia, a cada momento,
um nico de fantasia e gotinhas de alento.
José António de Carvalho, 06-junho-2024
quinta-feira, 23 de maio de 2024
Poema "FOGO"
Olho os teus olhos
toco-lhes o brilho
e roubo-lhes o mel
E o sol dança
e aquece a lança
que espera Deidade
Pelos dedos semeia
o fogo nas veias
na busca da eternidade
num grito que se solta
do corpo incendiado
enquanto tudo morre à volta
José António de Carvalho, 23-maio-2024
sábado, 11 de maio de 2024
Poema "ASAS REAIS"
ASAS REAIS
Asas lindas do pensamento
que andais agora tão cansadas…
nem sei qual a real razão
que as obriga a um voo tão lento.
Certo é que não é do vento
e nem das marés apressadas.
Agora já não travo lutas
que afundem o meu coração
nessa nebulosa do abismo.
E voar será sempre mais
um momento de elevação,
faúlha de tímido sonho
entre sopros de realismo.
José António de Carvalho, 11-maio-2024
sábado, 4 de maio de 2024
Poema "DIGO-TE…"
DIGO-TE…
Encheste o cálice da vida
e eu nasci dentro do tempo,
lançado à ira de um frio janeiro.
Deste-me a mão e eu andei,
e até aprendi a fugir de ti.
Mas… logo, logo, regressava.
Colavas-me os teus olhos,
e sob o teu olhar eu crescia
sem que tu o percebesses.
Revoltava-me comigo e ia,
pensando que tinha crescido
em tudo, e também contigo.
Mas as raízes eram fortes,
agarradas à terra e às tuas mãos
que me continuaram a alimentar.
Por isso, ontem como hoje,
vendo que a vida nos foge,
és tão importante para mim.
Não para me amparares
ou orientares no caminho,
mas para sentir que estás comigo.
Quero que me envolvas no teu olhar
e nunca me sentirei sozinho.
É só assim que há primaveras
e o teu Dia, Mãe…
José António de Carvalho, 18-março-2024
Foto com a minha mãe no meu aniversário durante o jantar - Restaurante D. Henrique (Joane)
sábado, 20 de abril de 2024
Poema "RAÍZES DOS CRAVOS"
RAÍZES DOS CRAVOS
O tempo nunca esmagou
esse desejo indomável
de correr pelas searas
entre papoilas vermelhas
que a memória guardou.
Ergueram-se rubros cravos
que nasceram para sempre
enraizados na história,
no íntimo e na memória,
desse abril ainda presente.
E nasceu para viver
também no que agora nasce,
porque aquele que morreu
esse abril nunca esqueceu.
Lutou para que ficassem,
entre nós e prós vindouros,
novas sementes e frutos
de singelos cravos rubros
naturais da cor do sangue
dum sonho que não se extingue.
José António de Carvalho, 12-março-2024
terça-feira, 16 de abril de 2024
Poema "MÚSICA É LIBERDADE"
Abre Abril
o que se mantém fechado.
Talvez um violino junto ao rio
no fervor das cordas vibrantes
lance as notas da liberdade
nos versos que hoje cantamos
e que não se cantavam antes.
É assim que se abre esse Abril
farol de épica transformação
que do silêncio fez palavras
quando cantadas a razão e lei
que rege a razão e o coração…
E será sempre Abril
independentemente da condição
sempre que se cante nova canção!
José António de Carvalho, 16-abril-2024
domingo, 7 de abril de 2024
Poema "SAUDADE" (Soneto, adaptado)
Poema "SAUDADE" (soneto)
quinta-feira, 4 de abril de 2024
Poema - "SEDUÇÕES DE ABRIL"
SEDUÇÕES DE ABRIL
Abril, abril que seduzes as aves,
Os verdes campos, as sementeiras;
Cravaste luz nos olhos cegos com traves
De uma vida faminta em ovelhas ordeiras.
Sopra a brisa leve deste abril no rosto,
Perfume de cravos, rosas, rosmaninho.
Agora já não é tarde para a flor do linho
Adornar cinquenta anos, e tanto gosto…
E logo que morreu o reino das trevas
Em que pensar era pecado, heresia,
Fica-nos na boca o sabor da democracia
E todos os sonhos que nas asas levas.
José António de Carvalho, 04-abril-2024