terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Poema "Aos donos da coisa pública"


Aos donos da coisa pública

Dou passos no sentido do fim
Dum fim que me encontrará,
Mesmo que sempre a ele fuja.

Mergulhado no meu desencontro,
O vento envaidece-se e levanta terra
Em nuvens de pó diante dos meus olhos.

O sol crava os raios nos corpos famintos.
O rio de água viva, vive na míngua
Da escassez dos quase nadas.

Velho leito cortado de estradas,
Vai-me levando deste despautério
A caminho de qualquer cemitério.

E fica cravejado um passado
Nos olhos dos sonhos e da labuta
A ordem do mais considerado,

Que não deixa, e nunca deixará de ser
Um pequeno grande filho…
Sem conduta!!!!

José António de Carvalho, 14-janeiro-2020
Foto de Conceição Silva




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