quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

Conto de Natal "Onde é El dourado”


Este conto de Natal baseia-se em factos verídicos, mas com nomes de personagens e locais fictícios.

Onde é "El dourado”

Um jovem casal oriundo do Rio Grande do Sul cumpriu a sua licenciatura em Portugal. Foram cinco anos espetaculares de estudo, convívio e criação de laços com a cultura portuguesa e europeia. Porque nas férias, nem sempre iam ao Brasil, aproveitaram para conhecerem não só Portugal como outros países da Europa.

Finalizado o curso regressaram à sua terra e começaram a sua vida profissional. Ele na área financeira duma empresa, ela foi trabalhar na Prefeitura da cidade de Eldorado do Sul, que dista cerca de catorze quilómetros de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul. E foi nesta cidade de Eldorado que o jovem casal comprou uma pequena vivenda familiar. Embora relativamente longe do lago Guaíba, tinham uma vista deslumbrante sobre a cidade e sobre o lago, onde o nascer do Sol espelhava nas águas calmas e abria enormes feixes luminosos por entre prédios e ruas.

Todavia, a economia brasileira complicara-se nos últimos anos.  A jovem, de nome Erica, perdeu o seu trabalho em 2016. E, passado pouco mais de um ano, o Gilberto, o marido, ficou também sem trabalho. Esta situação complicou-lhes a vida de tal modo que tiveram de vender a vivenda. Saldaram a dívida ao banco, e pouco dinheiro lhes restou para tentarem uma nova vida em Portugal.

Esta aventura levara-os à cidade de Guimarães, onde nasceu Portugal, e onde começaram a trabalhar, ajudados por um casal amigo que se aventurou em terras lusas dois anos antes. O jovem casal contactou antigos colegas de faculdade, dizendo-lhes que estavam novamente em Portugal. Claro que todos ficaram satisfeitos por eles regressarem, mas não discerniram as verdadeiras razões para o acontecido.

Existiram alguns encontros entre os colegas, no entanto, só um dos amigos vislumbrou que as coisas não estariam animadoras, longe disso, a Erica estava sem trabalho e o Gilberto trabalhava clandestinamente numa pastelaria.

Até que o Pedro (o amigo português) perguntou-lhes:

- “Gilbes”, vocês não estão muito animados, pois não? Está tudo bem com vocês?

- Tudo bem “Peter”! Passa-se… é que temos de conseguir o “visto” português para podermos trabalhar e termos assistência social, e não corrermos o risco de repatriação. A situação está complicada!

O Pedro para os animar convidara-os para jantar na casa dos seus pais. Mas que precisaria de falar primeiro com eles. O Pedro falou com os pais, tendo ficado combinado ser na noite Natal. O Gilberto e a Erica ficaram contentes porque iriam passar o Natal sozinhos. Mas faltavam ainda quatro semanas para o dia.

Chegados ao dia de Natal, estavam todos sentados à mesa, o Gilberto e a Erica já eram conhecidos e amigos dos pais do Pedro desde os tempos de faculdade.

O Gibes levantou-se e disse:

- Tenho uma novidade!

Todos ficaram expectantes e reagiram: - Força! Venha essa novidade!

- Consegui o visto para viver em Portugal, fazer contrato de trabalho e usufruir de direitos. 
Aqui também é o meu país!

Todos ficaram felizes pela notícia. E o Gilberto dirigiu-se à avó do Pedro que também estava no jantar de Natal.

- Vó, estamos tão felizes!...

Todos exclamaram a sua admiração: - Vóóóóó????

- Não tem mal esse engano, Gilberto! (exclamou a mãe do Pedro)

- Se ela é a avó, nós somos a vossa família portuguesa! Acrescentou.

E assim ficaram transformados laços de amigos e conhecidos em laços de família, com abraços, beijos e um brinde à saúde, no que foi um…

FELIZ NATAL.

José António de Carvalho
Vila Nova de Famalicão


6 comentários:

  1. Um belo conto com um sinal feliz!
    Fruto do dar as mãos a quem realmente precisa. Parabéns.

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  2. Olá Mestre das Letras. Gostei de ler seu conto de Natal.
    Agradeço seu convite para participar deste sorteio de seu livro. Forte Abraço. 🥰👍

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  3. Muito obrigado, poetisa e escritora amiga Efigênia Coutinho Mallemont! Um abraço.

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  4. Lindo Conto! A delicadeza das palavras a viajar no mundo dos sonhos!beijo amigo.

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