POEMA SEM TÍTULO
Não sei ver mais longe ou além do que isto,
se a cada dia o que faço, conquisto.
Se mais não quiserem, já não insisto.
Porque sou pouco mais do que um miúdo,
e um quase velho que já tudo viveu,
e nunca e nada de nada percebeu.
Se me disserem que não é verdade
negarei com o maior à-vontade
com cara de quem a vergonha perdeu.
Resta-me p'ró resto da caminhada
a esperança, e sonhar mesmo com nada;
já esta, coitada, quase morreu.
José António de Carvalho, 21-setembro-2023