segunda-feira, 27 de maio de 2019

Poema "PALAVRAS QUE NÃO DIGO"


PALAVRAS QUE NÃO DIGO

São inúteis as palavras que não digo
e as outras palavras ainda mais
submersas nas águas paradas dos arrozais.

Inconsequentes…
se não falas comigo!

Deixa-me voar contigo
em voos quedos de receios e medos
e circulares, como fazem os pardais.

Inconsequentes…
se amam cada vez mais!

E a nossa história escreve-se na areia
e cada grão é uma palavra de amor
que se deixa arrastar pela maré cheia.

Inconsequentes…
se não mitigam a dor!

E o mar furioso lança-as na praia
e leva-as novamente noutro enrolar
não se sabendo se vão voltar…

Inconsequentes…
nem eu sei se te volto a abraçar!

José António de Carvalho, 27-maio-2019
Foto de Conceição Silva



quinta-feira, 23 de maio de 2019

Poema "Baloiçar no Sonho" (soneto)

Soneto a concurso no Grupo "Mel Poesias" , IV Concurso de Poesia "Imagem que Inspira"
A concurso também no Grupo Poético CILA - Confraria Internacional de Literatura e Artes, I Evento "Imagem que Inspira"

Baloiçar no Sonho

Os seios esculpidos na montanha
Belos olhos azuis da cor do mar
O calor que no teu corpo se emaranha
Tão ardente que te faz desenganar.

E danças nua ó ritmo das ondas
Em compromisso eterno com as águas…
Não digas! Não preciso que respondas!
Se é no mar que enganas tantas mágoas.

Presa de ti na grade da varanda
Desferes um olhar na areia branca
No esvoaçar das folhas em debanda

Que se vão despegando desse choupo
E todas as lembranças que te arranca
No baloiçar de quem baloiça pouco.


José António de Carvalho, 23-maio-2019
Imagem "Mel Poesias"






segunda-feira, 20 de maio de 2019

Poema "Quatro Letrinhas Apenas" (soneto)


Quatro Letrinhas Apenas

Que fazem as maiores alegrias
Costuram corações com tanta vida
São sorrisos abertos, fantasias
Primavera no seu encanto vestida.

O sol acorda cedo, e bem desperto
Beija em meiguice as flores orvalhadas
Que o recebem assim de peito aberto
Fuzilando as geladas madrugadas.

E são abadas de mimos e carinhos
Que dedicam à Mãe e à natureza
Pedindo-lhe que guie nos caminhos.

Dádivas de esperança e de certeza
Capazes de mover velas de moinhos
Com os ventos de Maio... Que beleza!

José António de Carvalho, 20-maio-2019
Foto de Conceição Silva



terça-feira, 14 de maio de 2019

Poema "Se fosse Poeta"


Se fosse Poeta

Ai, se eu fosse um poeta!
Numa letra pegaria
lançá-la-ia na sarjeta
e bela flor nasceria.

Tão bela como um amor
tão perfeito e perfumado
e todo Homem em redor
ficaria enfeitiçado.

Que beleza tão singela
que o coração ludibria
e quando a pões à janela
toda a noite se faz dia…

E o dia corre prá noite
procura a lua gigante
pode ser que aí pernoite
nos braços da eterna amante.

E cada letra era um beijo
com a frescura do mar
no mais intenso desejo
de novamente rimar.

José António de Carvalho, 13-maio-2019
Foto de Conceição Silva



sábado, 11 de maio de 2019

Poema "Disparates Disparatados"


Disparates Disparatados

Hoje tudo parece vazio
O bolso do casaco não tem ninguém
Está vazio. Vazio de tudo.

Não tenho com quem falar
Falaria contigo se estivesses aqui, mas não estás
Foste passear
Talvez no vazio dum bolso.

Desligo a televisão que já incomodava
E fico a vê-la… tão escura
Agora parece ter vida real
Ligada, é um ror de disparates
Como este de escrever disparates.

Estes disparates são um tudo nada iguais aos outros
disparates que sempre li e que também escrevi.

Como o disparate de representar viver
ou viver a representar.

Não passam de disparates…
Como o de escrever disparates.

Vou dormir
Porque sonhar não é nenhum disparate.

José António de Carvalho, 11 de maio de 2019



quinta-feira, 9 de maio de 2019

Poema "Deusa dos Mares" (soneto)

Pintura de Lídia Moura


Deusa dos Mares

Numa dança eterna entre ondas e espuma
Do vermelho despida em madrugada
Movimentos sensuais na fresca bruma
Corpo cálido, de mar perfumada.

Anfitrite! O desejo sobre as águas
Estende-te... que o sol vai-te levar
Espalhando perfume pelas mágoas
Daqueles que vão pra não mais voltar.

Os teus cabelos de oiro vão nas vagas
Em ardiloso jogo com o mar
Brados, gritos em horas bem amargas.

Ó miragem de puro sonho e mel
Quantas ilhas abraças no caminho
Se tens destino em ponta de pincel.

José António de Carvalho, 09 de maio de 2019
Pintura de Lídia Moura






quinta-feira, 2 de maio de 2019

Poema "As Minhas Vidas"

Este poema foi feito para a Inês (Filha da minha afilhada Sónia Carvalho) ler na entrega dos prémios 2018 no âmbito das OLE (Oficina de Leituras Encenadas), em jeito de agradecimento à Prof. Helena Guimarães e Escola Padre Benjamim Salgado.



As Minhas Vidas

No palco da vida já me vesti de quase tudo
Fui ave perdida. Sou Mar… Também quero ser sol e luz
Se o sonho me conduz.

Fui velho avarento, carregado de moedas
Curvando-me sobre mim
Numa ambição sem fim.

Já fui o bobo, alegrando os outros
Representei, cantei, sorri, saltei e caí…
Levantei-me… e agradeci.

Inventei-me como médica e dos pacientes cuidei
No auto da Barca da Alimentação ao cachorro dei imagem
E correu o pano no ranger da engrenagem.

E sorrio ao futuro num agradecimento puro
E ao passado pelo que me tem dado
À Prof. Helena Guimarães pelo que tem ensinado,

À Escola pelo que me tem proporcionado:
O crescer a aprender pra saber viver.
A Direção quero enaltecer.

Os Pais, a família e os amigos são os melhores viveiros
Leitores, escritores, atores e companheiros verdadeiros
E pra eles digo-lhes no fim pra que sejam os primeiros…

OLE




quarta-feira, 24 de abril de 2019

Poema "No Dia do Livro" (soneto)

No Dia do Livro

Tanta música e cores são devidos
Tantas flores e bandos de pardais
nas suas melodias divinais
A vibrar nos martelos dos ouvidos.

Poesias e acordes naturais
Maravilhas saídas dos poetas
E se for dos amores que despertas
Nos corações que tão mais instigais?

Ai, folhas e mais folhas, vendaval
Escrita fina em traços de menina
E olhos de prosa ou verso natural

Seduzem a sensível alma fina
Na inspiração do pobre elo mortal
Ver-te livro em beleza feminina.

José António de Carvalho, 23-abril-2019







segunda-feira, 22 de abril de 2019

Poema " Diz-me Liberdade" (soneto)

Este poema foi integrado na Antologia de Poesia "LIBERDADE", da Chiado Editora.


Diz-me Liberdade

Diz-me, diz-lhes agora como te chamas
Diz-me a tua cor, eu nada sei de ti
Diz apenas se me queres e se me amas
Se eu de ti já tanto me preenchi.

Bela e etérea donzela, d' alma cheia
Constantemente vilipendiada
Tão disputada que o mundo incendeia
Esquecida na orla da madrugada.

Quem quis ser trespassado pela bala?
Ou sucumbir ao fio de um punhal?
Fenecer num abrigo ou numa vala?

Vês desigualdades? O bem e o mal?
Vês a miséria e os abusos de poder?
Liberdade como?... Será normal?

José António de Carvalho, 01-03-2019
Foto: JA19C




sábado, 20 de abril de 2019

Poema "Páscoa"


AVL
Sarau de Páscoa
A convite da poetisa Vânia Maria


Páscoa

Inesperado…
Vindo ao aquém
do além,
Pra quem acredita.

Surpreendente…
Surgido em luz
ressurgido nos conduz
revivescido em amor,
Pra nosso bem.

Voltar…
À vida renovada, florescida
Primavera da Vida
Nossa fonte vivificada,
Pra nossa Esperança.

Páscoa…
Como quem diz:
Aqui tens o meu abraço,
Podes sempre ser Feliz!

José António de Carvalho, 20-04-2019
Foto: JA18C



sexta-feira, 19 de abril de 2019

Poema "PÁSCOA EM NÓS" (soneto)


PÁSCOA EM NÓS

Que as palavras façam eco no tempo
Atos fiéis, visões alvas, lavadas
Bandeiras de princípios e sustento
Que nas tábuas da lei foram lavradas.

Estava escrito e assim aconteceu
E floresceu esperança no universo
Fez-se luz e jamais escureceu
Neste fazer caminho controverso.

Se persiste negrume e escuridão
É ao querer do Homem que se deve
Por isso é capaz na decisão.

A Páscoa é de quem se desafia
Abrir o coração de compaixão
E na fé e esperança se confia.

José António de Carvalho, 19 de abril 2019 (reformulado)
Original, JA18C



domingo, 14 de abril de 2019

Poema "Síntese do Beijo" (soneto)


Síntese do Beijo

Na saudação mais sã e respeitosa
Na flor mais terna, bela e delicada
Na pétala mais frágil e gostosa
No calor de uma paixão erotizada.

Bela expressão se for livre e sincera
Anima o coração que tanto sente
Em ósculo que a lua ao sol dera
Rubros lábios de riso são e luzente.

E depois do primeiro, outro aglomera
É um vendaval, uma luz fulgente
Uma simples visão ou mera quimera…

Os deleitosos lábios que os consente
Em tão esperada e meiga primavera
Nesse gostoso beijo húmido e quente.

José António de Carvalho, 14-abril de 2019



terça-feira, 9 de abril de 2019

Poema "Rosto da Liberdade" (soneto)


Rosto da Liberdade

Trazes no teu rosto alvo o sol de abril
Nos lábios, o fino pólen das flores
Sorridentes, cobiçam os amores
Que por ti lutam de forma febril.

És a perfeita das imperfeições
Tão rebelde como o vento, morena
Pálida, de olhar largo e serena
Tão pequena e de grandes dimensões.

E nos carreiros desta crua vida
Hão de querer o que acham por bem ter
E que assim te abafam, ó perdida!…

Em algo que lhes pareça ser poder
E mesmo não sendo há de ser mantida
Essa vontade mesmo sem o ser.

José António de Carvalho, 09-abril-2019
Foto: Conceição Silva




sábado, 6 de abril de 2019

Poema "Antes Amar" (Tautograma)

Tautograma a concurso no Grupo "Flor de Lotus" do FB



Antes amar

Andas assim ausente,
ávida…
Amavelmente adiantas-te, afugentas-te
ao amor.

A árvore afaga a alma,
Ameniza a angústia,
Afasta a ansiedade.

Aceita apenas amar…
ama apaixonadamente,
acredita!

Acontece…
Aconteça AMOR!!!!

José António de Carvalho, 06-04-2019
Foto: Conceição Silva



sexta-feira, 5 de abril de 2019

Poema "Palavras abafadas no âmago das palavras"



Palavras abafadas no âmago das palavras


Raios de sol
aprisionados no negrume das nuvens, que teimosamente se demoram para os deixar passar.

Olhares indiscretos
que desassossegam os nervos do mais pacífico dos oceanos.

Feridas ocultas
sob a pele de seda fina de cada sorriso mordido pela acutilância da dor.

Sorrisos perturbados
por violentas vagas em alto-mar que engolem qualquer ego impreciso.

Olhos doces
resistentes à angústia e à dor, permeados pela doçura do calor do amor.

Lábios húmidos
pelas lágrimas que distinguem o rosto de quem sente e o prazer que nunca desmentem.

Pele arrepiada
na luz refletida pela lâmina cortante e pelo toque de veludo que a engana no mesmo instante.

Fumo cinzento
dissipado do óleo efervescente misturado com o vermelho do  sangue respingado no acidente.

Livro proibido
da nudez da verdade em choque frontal e brutal com a ardileza da letra da lei e de quem a dita.

Coração fechado
na cerca do abismo subserviente à imposição prepotente e insensatez fatal de monstros e fantasmas vestidos de adamastor.

Andorinha venturosa
No despontar da vida eleva em cada voo penetrante o significado e a forma de cada verso, na força pungente de cada paixão esplendorosa.

José António de Carvalho, 05-abril-2019
Foto: Conceição Silva








quinta-feira, 4 de abril de 2019

Poema "Eventualmente não sei"


Eventualmente não sei

Queixas-te do frio de hoje, de abril?
Mas sorriste do calor de março
E tantas vezes foste à praia em fevereiro
E esses passeios ao sol de janeiro?!

Não sei muito bem por que razão escrevo isto
Talvez não me lembre com exatidão
Porque a memória já não é o que era…
Se isto é inverno
Verão, outono
Ou Primavera.

José António de Carvalho, 04-04.2019
Foto: JA19C




terça-feira, 2 de abril de 2019

Poema "A lambreta do Capeta"



A lambreta do Capeta


O Óscar Capeta
Juntou uns trocos
Comprou uma lambreta
E largou os socos.

Como era bela…
A lambreta branca
Com uma faixa amarela.
Dá à chave e arranca.

E o Capeta
Orgulhoso dela ter
Forma de cometa
E em sonhos correr.

Linda como o sol
A sua lambreta
Cromada no farol
O resto é treta.

Sente-se livre
Vai para onde quer
Pra onde nunca esteve
Num sonho qualquer.

E o Capeta
Vá pra onde for
Nunca larga a lambreta
Nem no dia do trabalhador.


José António de Carvalho, 02-04-20019
Foto: Google "Lambreta pintura"