segunda-feira, 17 de abril de 2023

Poema "SEM A GRAÇA DOS TEUS VERSOS"


SEM A GRAÇA DOS TEUS VERSOS


Os teus serão eternos
com a eternidade da poesia!…

Graciosas perdizes no meio
do oiro das searas,
celeiros emproados
de trigo rico na fome
das águas cristalinas;

E são bálsamo no ar
da maresia vinda
Tejo acima,
a inundar
a alma discreta
de quem se desvenda,
desenrola e revela,
num ror poemas feitos
a olhar pelas janelas
do amor inflamado,
vermelho e apurado,
nos tumultos do coração
do Poeta Enamorado
a morrer de Paixão…

José António de Carvalho, 17-abril-2023
(Data da notícia do falecimento do poeta Joaquim Pessoa)






segunda-feira, 10 de abril de 2023

Poema "IMPERATIVO"


IMPERATIVO

Sei da tua forma.
Oh… Babel sem fim…

Teus cantos e encantos,
olhos de ribeiro manso
que em rio se transforma
e no mar desagua…

Ah… luz maga da lua,
como és tudo p’ra mim.
O começo de tudo
que faz a alma pura
e o que resta p'ró fim.

José António de Carvalho, 10-abril-2023
Foto "Pinterest"





sábado, 4 de março de 2023

Poema "O BEIJO"


O BEIJO

Ponho-te um beijo na face
na vontade de o deslizar
até teus lábios doces:
sabem a astros, sabem a mar.

Numa descida breve,
em menos de segundos,
fez-se ninho nos teus lábios
e altar dos meus mundos.

Levanto ferro ao barco
deixando-o nas águas a vogar
que assim me leva a ti…
se é em ti que nasce o mar.

E nesse parado movimento
vai crescendo no pico do monte
o mais puro sentimento,
minha estrela no horizonte.

José António de Carvalho, 03-março-2023
Foto "Pinterest"





sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Poema "CANTO AOS TEUS OLHOS"


CANTO AOS TEUS OLHOS

Nos teus olhos,
Perco-me e encontro-me,
revisito-me por dentro,
revolvo-me na cama,
entro no teu mundo,
sou cometa em chama.

Nos teus olhos,
penetro as nuvens
que se vão dissipando,
entro no céu
que me dás,
e que sinto,
de vez em quando…

José António de Carvalho, 24-fevereiro-2023
Desenho "Pinterest"




terça-feira, 14 de fevereiro de 2023

Poema "REVELAÇÃO MAIOR"


Poema para o dia de São Valentim - 14-02-2023



REVELAÇÃO MAIOR


Na aproximação ao teu corpo
sinto o calor da estrada,
longa e sossegada,
sob um sol abrasador.

Nas bermas os lírios
erguendo os olhos ao sol,
extasiados e em delírios,
da seiva a subir o caule.

Qualquer flor quererá
abrir-se ante o calor
que a aproximação trará
a um coração pleno de amor.

Grito-te agora calado
p’las despensas dos dedos
ágeis, voando pelo teclado
ao revelar meus segredos.

José António de Carvalho, 09-fevereiro-2023
Foto "Pinterest"



terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Poema " DESTINO"


DESTINO

Tens nos olhos o fogo
para ateares ao destino
que chora desde novo.

De repente
insinuas ao vento
a largada do navio
infeliz de casco podre
que é um barco pobre…

É pobre na madeira
é pobre na vela
quando não tiveres força
olharás o sol à janela.

José António de Carvalho, 07-fevereiro-2023
Foto de Conceição Silva








sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

Poema "POR QUE PARTISTE?"


POR QUE PARTISTE?

Se tivesses dito a hora em que partias,
tinhas-me sentado ao sol do meio-dia
e dado o calor de quentes dias.

Se tivesses dito a hora em que ias
pelo meio dos prados dos campos,
com aromas de frutos silvestres
a sossegar-me o peito de prantos.

Se eu soubesse a hora em que voavas,
queria ser ave, águia-real, a irradiar calor, 
e segurar nas minhas fortes garras
a lava quente dum vulcão de amor.

José António de Carvalho, 03-fevereiro-2023
Foto Pinterest



terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Poema "JÁ ME DISSESTE"


JÁ ME DISSESTE

Já me disseste
que seguias o sol
no meio da estrada,
que a sombra
é sempre a sombra
de tudo e de nada.

Seguirei o meu caminho,
depois de te ter encontrado
continuando sozinho
sem sentir o teu calor
caminhando desanimado
por não ter o teu amor!

José António de Carvalho, 24-janeiro-2023
Foto de Conceição Silva



sábado, 14 de janeiro de 2023

Poema "CAFÉ COM SENTIDO"


CAFÉ COM SENTIDO


Durante o café
o nosso olhar bebia
o aroma das palavras…
E cada barreira que caía
quanto bem nos fazia…

Sentenciava o coração,
agora regido pelos astros,
que a Lua bailaria
se fundíssemos em abraços
a nossa aproximação.

Um… apenas, um…
e o fechar de todos os caminhos
a que houvesse mais algum.

E em plena rua
a minha alma ficou nua
ao sentir que desistias.
Acenei-te com a mão
e afundei-me no chão
no momento em que partias…

José António de Carvalho, 14-janeiro-2022
Foto de um pacotinho de açúcar para café









sábado, 7 de janeiro de 2023

Poema " AO PÉ DE TI…"


AO PÉ DE TI…



Ao pé de ti, bem sei,
que o sangue ferve,
que a alma se alonga,
e o desejo transborda.

Ao pé de ti, bem sei,
que o sorriso se atreve,
que o destino se escreve
sem perceber a lei;

Que o calor é arrepio
com o sangue num corrupio
para saltar do coração…

Que dos olhos faíscam estrelas.
Não se veem, mas lê-se nelas
o caminho a seguir.

E as estrelas e o coração
são para serem seguidos,
e se houver outra razão
mais vale morrer, mas saber,
do que fingir não perceber,
quanto o amor que nos dão.

José António de Carvalho, 07-janeiro-2023
Desenho "Pinterest"


sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Poema "SINTO-TE ASSIM…"


SINTO-TE ASSIM…

Deixa-me amar a brisa calma,
os prados verdes e as flores do trevo,
numa frescura que me suavize a alma.

E se nas noites paradas te procuro,
com meus dedos lisos te escrevo
em gélidos medos que não seguro
e que só em pensar não me atrevo.

Ah… As minhas paisagens são lisas,
e se as vou delineando em pensamentos
nas minhas veias quentes deslisas
em raros e deliciosos momentos.

José António de Carvalho, 30-dezembro-2022
Foto: "www.estudioraposa.com" (Manoel Barros)





segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Poema "A RAZÃO"


A RAZÃO

Abre-se o céu a nascente
com o sol a clarear o dia,
é aurora resplandecente:
nasceu Deus, Filho de Maria.

Baixem as armas por Ele,
baixem-nas pelo Homem,
que este é pele da Sua Pele
e tantas vidas consomem.

Façam caminhos no deserto,
façam-se ao mar calmo,
façam apenas o que é certo,
meçam atitudes a palmo.

Deem conforto ao pobre,
abracem o desafortunado,
fazê-lo é tão, tão nobre,
e o Natal será festejado.

José António de Carvalho, 11-dezembro-2022
Foto: /pixabay.com/pt












domingo, 4 de dezembro de 2022

Poema - "É NATAL"


É NATAL


É Natal...
Soam as campainhas, os sinos
e sinetas, num ror de sons.
E que lindos estão os filhinhos,
que no Natal todos são bons.

Estoiram foguetes pelo ar
e brilham as luzes nas casas,
esquece-se as dores dos dias,
para a alegria ganhar asas
e fazê-los voar… pequeninos!…

É Natal…
Porque estes pobres meninos
querem ter o belo presente
com que tanto tinham sonhado,
e que o Pai Natal lhes trará
vindo da casa ali ao lado.

Mas coitados dos pequeninos
mal sabem que Jesus nasceu,
tão pouco por que é Natal,
dizendo: Jesus já morreu?!

E o Natal dá-lhes quase tudo
se os pais cobertos de bondade
comprarem no supermercado
o naco da felicidade.

Mas esquecido esse momento;
o que é único argumento,
sem outro para ser festejado:
será Natal em todo o mundo
se Jesus for renascimento…

E por cada Homem confirmado.

José António de Carvalho, 10-dezembro-2022
Quadro "Pinterest"



















O QUE É PARA TI O NATAL?

O QUE É PARA TI O NATAL?

Lanço aqui este desafio, e através do qual pretendo recolher ideias, sentimentos e expressões para fazer três poemas de Natal.

Neste momento da minha vida o Natal é mais espiritual e interior (renascer), o que acresce dificuldade para traduzir em poema tais sentimentos. Daí o apelo à tua ajuda.

Diz-me como sentes ou gostarias de sentir este Natal.

Expressa-o nos comentários.

Muito obrigado!

Imagem: "formacao.cancaonova.com"







 

sábado, 26 de novembro de 2022

Poema "O QUE ÉS PARA MIM"


O QUE ÉS PARA MIM

Não te faço na violência da tempestade,
Nem na suavidade da brisa marinha,
Nem na profundidade da Terra em fogo
Ou no calor do ouro líquido.

Não te faço na força da união de todas as forças,
Nem na mais leve das ultra levezas,
Ou na mais vibrante suavidade dos sons,
Ou na mais geométrica das geometrias.

Simplesmente não te faço assim,
Porque só te faço como sei fazer:
Na forma que te tenho dentro de mim.

E para mim isso é tudo:
Noite e dia, Vida...
Afago, felicidade e amor;
Muro, morte, explosão e dor.
E talvez não sejas nunca poesia.


José António de Carvalho, 26-novembro-2022
Foto: www.gettyimages.pt





terça-feira, 22 de novembro de 2022

Poema "SINA DO HOMEM"



SINA DO HOMEM

Preferes-me só,
a ruminar as palavras,
a acordar tempestades
que dobrem as árvores.

E se dobram árvores
como não emudecem homens?
Que ficam empedernidos e mudos,
num frio de ferro no gelo seco,
e mudez de estátua coberta de musgo.

É quase meia-noite - fim e começo de dia.
A esperança renasce já no primeiro segundo
da corrida para o fim de tudo.

Caminho de olhos postos em novo dia…

José António de Carvalho, 22-novembro-2022
Foto dreamstime.com - foto-de-stock





domingo, 13 de novembro de 2022

Poema "ORLA DO SORRISO"


ORLA DO SORRISO


Nos teus lábios é que nasce o sol,
Onde sossega o suspiro da ânsia,
Onde fogem os barcos no vento
E se enrolam as velas do naufrágio.

Neles tudo é quente e frágil,
Como pétalas de rosas no vento.

Neles perfuro a terra húmida,
Seguro o calor com os dedos
Onde irrompem tempestades
Que derrubam os meus fortes. 

Deixo-me ir pelo caminho do sol,
Onde o sossego é mais que ilusão
Com línguas de fogo a tocarem céus
Num alucinante ritmo do coração.

José António de Carvalho, 13-novembro-2022
Pintura de Madalena Macedo



domingo, 6 de novembro de 2022

Poema "DELÍRIOS"


DELÍRIOS

Era um desejo sufocante
de ser botão e depois flor.

Era a graça dos teus olhos
de onde grassava tanto brilho
como quem vê a luz dum filho
trazido ao dia d’ entre os folhos
da paz lírica de um grande amor,
que de tão grande se tornou gigante.

Isto é um rio lindo de corrente alucinante…

José António de Carvalho, 06-movembro-2022
Pintura de Monteiro da Silva, "a distância do olhar"





quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Poema "DE OUTONO A OUTONO"


DE OUTONO A OUTONO

O tempo não se distrai
com o tempo que passa,
nem com tudo o que atrai
e que consigo arrasta.

O tempo é implacável
não estremece nem chora,
nem ri, que deplorável,
que anda a toda a hora.

Se o pudesse parar,
seria dentro de um abraço
do tamanho do mar
com a lua a brilhar.

José António de Carvalho, 05-outubro-2022
Foto "Pinterest"




segunda-feira, 26 de setembro de 2022

Poema "CASCATA"


CASCATA

Voei descendo lentamente
entre segredos dos deuses
num céu que tão docemente
se vestiu de asas lilases.

Voei rápido e devagar,
para ver o fim tão perto;
e subi a sobrevoar
o teu rio entreaberto.

Bela flor que lá brotou
ao meio, bem no cimo
da nascente que ficou
adocicar o destino.

José António de Carvalho, 25-setembro-2022
Pintura de António Miranda