Receio que nunca mais possamos olhar calmamente o céu e nele
contarmos estrelas, deixarmo-nos beijar pelo sol ou de sentirmos a chuva humedecer-nos
o rosto, de enfrentarmos o vento a sacudir-nos a roupa batendo-a na nossa pele,
porque temos de andar atentos ao que se passa no chão e à nossa volta, esquecendo
que grandes perigos também nos podem chegar pelo ar, independentemente da altitude e
latitude.
REVELO-ME ATRAVÉS DE SIMPLES VERSOS (Reservados os direitos de autor)
quarta-feira, 18 de outubro de 2023
PENSAMENTO
quarta-feira, 27 de setembro de 2023
Poema "NA PROCURA DO POEMA"
Querendo aparentar o que não é essência.
E, dia-a-dia, sofremos na ambivalência
de ser o que não somos em consciência."
Talvez não sejas música,
talvez não sejas água;
talvez… nem sejas alimento.
Ou talvez sejas a luz
a acordar o esquecimento.
Talvez sejas mais que ilusão
de um cálice de paixão.
Mas és sístole do coração
a levar alimento onde
o poema se esconde
numa pétala de flor,
a florescer no esplendor
do mais singelo no amor.
José António de Carvalho, 27-setembro-2023
quinta-feira, 21 de setembro de 2023
Poema "POEMA SEM TÍTULO"
POEMA SEM TÍTULO
Não sei ver mais longe ou além do que isto,
se a cada dia o que faço, conquisto.
Se mais não quiserem, já não insisto.
Porque sou pouco mais do que um miúdo,
e um quase velho que já tudo viveu,
e nunca e nada de nada percebeu.
Se me disserem que não é verdade
negarei com o maior à-vontade
com cara de quem a vergonha perdeu.
Resta-me p'ró resto da caminhada
a esperança, e sonhar mesmo com nada;
já esta, coitada, quase morreu.
José António de Carvalho, 21-setembro-2023
segunda-feira, 11 de setembro de 2023
Poema "O DIA NÃO ACABA"
O DIA NÃO ACABA
Ah, quando as noites são claras, eternas
melodias lisas, águas serenas,
folhagens tenras, raízes maternas;
que em todas as horas amanheças.
Ah, felino faminto que estremeças
ao ver a presa só e indefesa, apenas
e antes de a devorares enlouqueças
respirando primaveras de verbenas.
Posto o sol, estaremos cansados,
os corpos húmidos, ainda ancorados,
bafejarão calor e sentirão novo frio
em outro calor roubado a um arrepio.
José António de Carvalho, 11-setembro-2023
terça-feira, 29 de agosto de 2023
Poema "RAIO DE SOL"
"A amizade é o conforto da presença mesmo na ausência. O amor é amizade sem lugar para distâncias."
José António de Carvalho, 29-Agosto-2023
RAIO DE SOL
Tenho a minha alma a voar
por lugares magníficos,
entre estrelas e planetas
com um Sol maior a cantar
em nome de todos os profetas
que vieram anunciar, que:
“Errar é humano…”
Mas implicará prometeres
corrigir-te sem reservas
dos erros que trazes na alma
bem antes de os cometeres.
José António de Carvalho, 29-agosto-2023
Foto de Conceição Silva
sábado, 12 de agosto de 2023
Poema "SEMPRE QUE VIERES"
SEMPRE QUE VIERES
Vem devagar
nos teus passos largos,
flor de todos os cuidados,
guarida de rara subtileza
do luar despido e doirado,
momento sempre esperado.
Vem de surpresa
salpicando frescura p’rá vida
que em si teimosamente queima
na busca de alma parecida.
Vem docemente no luar
deste agosto quente
no teu corpo de colina fina.
Vem devagar, vem menina,
que anseio ardentemente
que o momento dure sempre…
Vem, vem…
para que se faça rima
a ouvir assobiar o vento,
sem deixar que se esgote o tempo,
que quero sonhar ainda…
José António de Carvalho, 10-agosto-2023
sábado, 29 de julho de 2023
Poema "A PAGA EM VIDA"
Sei que um dia partirei
p'ra qualquer outro lugar
ou para lugar nenhum.
Não sei que imagens terei
E ninguém pode afirmar
que haja mais lugar algum.
Será um partir para ir
sem volta, sem retrocesso,
sempre a correr, a fugir…
Qualquer dúvida que exista
abrirá um tal processo
que não há quem lhe resista.
Que seja antes de partir,
como não há mais regresso,
a paga a quem se sentir
um ofendido confesso.
José António de Carvalho, 29-julho-2023
Pintura de Madalena Macedo (Parque da Devesa)
quarta-feira, 26 de julho de 2023
Poema " NA TUA VOZ…" (A Carlos Lacerda)
NA TUA VOZ…
(poema a Carlos Lacerda)
Oh, Carlos, Carlos!...
O que queres que te diga
na hora da tua partida?...
Que se perdeu poesia?
Que se perdeu um amigo?
Fico triste comigo…
Grande dizedor
e ilustre poeta.
Pena de na tua voz
nunca ter tido um poema meu.
Não senhor… Nunca ouvi!
Mas sem ti…
a poesia fica bem mais pobre!
Fica o mar e o apreço…
que em dor e versos teço,
tendo a poesia como laço
num enorme e poético abraço…
Até sempre voz de poetas!
José António de Carvalho, 26-julho-2023
quando à Poesia empresto a voz
mesmo a declama-la com calma
me entrego todo a vós !"
Carlos Lacerda - poesia)
terça-feira, 25 de julho de 2023
REFLEXÃO "A minha reflexão para hoje"
Poema "NO GUME DAS PALAVRAS"
NO GUME DAS PALAVRAS
As palavras são uma corrente,
eterna caminhante, e deslizante.
Elas são mágicas,
são sol, são água, são sal.
São tudo de bem
e são todo o mal.
Sejam condescendentes quando as uso
embrulhadas e imprudentes,
pela imprudência que em mim mora;
pelo que sou hoje
ou pelo que fui,
pelo que quero ser
ou deixei de ser,
pelo que deveria ter sido,
ou somente,
pelo que deveria ser agora.
Perdoem-me as faltas em palavras
e as palavras em falta.
Estas lacunas brutais também me definem.
Às palavras repreendo-as,
aprendo-as, mas esqueço-as
quando de mim fogem assustadas.
Ah… e as palavras douradas que se perdem
nos recônditos esconderijos do meu jeito,
são redondas. Sempre assim redondas…
São elas que me alimentam e definem…
São elas que me rasgam por dentro
quando se evadem do meu peito.
Talvez, talvez…
a razão para que tantas vezes
fique apenas por meias-palavras…
José António de Carvalho, 24-julho-2023
sábado, 22 de julho de 2023
Poema " ENQUANTO ISSO…"
ENQUANTO ISSO…
É julho. O sol grita bem alto.
O calor lança-me exausto
na opacidade das coisas;
das coisas triviais do mundo
onde busco algum brilho
entre o sofrimento dos versos.
Depois vêm as aves que gritam,
os cães que gemem pelo calor,
os homens que praguejam e riem....
mal sabem onde estão,
o que fazem,
nem para onde vão;
Só quero ficar calado
a ouvir o choro do mundo
segunda-feira, 17 de julho de 2023
Poema "CANÇÃO A VERMOIM"
CANÇÃO A VERMOIM
Nos dias em que o sol nasce
Vestes linda primavera,
Tão mais verde, tão mais bela...
Sonho que entra p'la janela.
Lá ó longe tens o mar
No delírio das visões
Da tua gente a cantar
A mais bela das canções.
O anil verde do teu manto
Vem do vivo verde mar,
Em gritos de mar sereno
Na voz do povo a cantar.
O azul da tua bandeira
Tem a cor do coração;
Luz vermelha no pincel
Pintando linhas de amor:
Um amor de perdição.
Teu povo bebe a esperança
Canta orgulhoso de si.
No sorriso da criança
Cresce o sonho que afiança
Quanto gostamos de ti.
José António de Carvalho, 17-julho-2023
(Foto da Junta de Freguesia)
quinta-feira, 29 de junho de 2023
Reflexão "PONTOS DE VISTA"
PONTOS DE VISTA
Ama o que podes dar e agradece o que tens.
E respeita sempre no teu caminho.
Lembra-te de que no princípio eras nada,
e que no fim nada serás. Tudo o resto é um
balão a encher-se de ar até ao seu limite;
de que apenas ficarão memórias… que,
que dependerão sempre dos olhos que as veem.
Por isso: sê tu mesmo, e… melhora sempre!
José António de Carvalho, 29-junho-2023
quarta-feira, 21 de junho de 2023
Poema "ESTAÇÕES"
ESTAÇÕES
Ah… que bebo a tua alma na chegada
da brisa que envolve os teus cabelos.
Nos teus olhos dou meu perdão à madrugada
que me promete os sonhos mais belos.
Nos teus lábios dilata-se a história do amor…
de cais em cais até encontrar porto seguro.
A viagem estelar fica presa nos labirintos
dos sussurros abafados nos teus ouvidos.
Não há morte que se atreva a não matar o desejo
de fazer nascer o dia em longos ápices da noite.
segunda-feira, 19 de junho de 2023
Poema "INEVITABILIDADES"
INEVITABILIDADES
Hoje construo menos do que antes,
idealizo mais e mais perfeito.
Os meus olhos só veem flagrantes.
Ver mal até deixa de ser defeito.
Voltado para a minúcia das coisas,
só quero ver o que apenas sinto,
e só sinto o que mais me conforta.
Tudo o resto, de pouco me importa.
Fecho os olhos e vejo a natureza,
que vai definhando, e quase morta,
mesmo assim se veste da maior beleza:
naquelas flores que me batem à porta,
que abro sempre, e sempre mais feliz,
deitando ao vento cinzenta tristeza.
Os dias passam e continuo aprendiz
de tudo, e do que se diz e se faz;
na calma da alma fico a pensar…
Depois, lá me atrevo e escrevo,
neste meu caminho sobre o mar.
José António de Carvalho, 19-junho-2023
segunda-feira, 29 de maio de 2023
Poema "QUERIDO IRMÃO"
QUERIDO IRMÃO
Algo de indecifrável veio
nas nuvens negras do além.
Talvez um adamastor indomável
a erguer-se no meio do mar
para enegrecer este domingo,
mas também para te libertar.
“Não separe o Homem o que Deus uniu”
Qual quê?... O Homem separa!
Não!… A nós, o Homem não separa:
Sangues do mesmo sangue,
Almas da mesma Alma;
nem agora porque tu partiste
Foi tão só um ciclo que se fechou,
o nascer de nova dimensão;
um desvario dos nossos caminhos
que algum dia se reencontrarão,
e o sangue do mesmo sangue,
Viverá.
Um até breve, ou até já…
Ninguém o sabe, nunca se sabe.
nas tantas voltas que a vida dá,
cuidarei do amor por ti, meu irmão,
porque esse… jamais morrerá!
José António de Carvalho, 28-maio-2023
sexta-feira, 19 de maio de 2023
Poema "CERCO"
Escrito num início de tarde de maio, com sol e algum vento, ouvindo “Paradise” dos Coldplay, que deram concerto em Coimbra no final da semana passada.
CERCO
E por aqui me aperto
No meio deste cerco
Que em ti eu me fiz.
É o coração que mo diz.
E, tendo-te por perto,
tendo-me eu dentro,
colado ao teu peito,
sinto alto este alento
que nos mantém
para irmos muito além.
Seremos felizes…
E eternos aprendizes
nestas coisas de nos darmos.
Ainda mais quando estamos
pousados nos mesmos ramos
como nunca e ninguém…
terça-feira, 2 de maio de 2023
Poema "AETERNUS AMOR"
AETERNUS AMOR
Ah!... que saudade tenho
De ver o sol a nascer.
Dizer-te de onde venho
Para me encontrares.
Recomecemos a correr
Que chegou a primavera.
Abraçar-te se puder ser
Que o tempo é tão cruel.
E a Incerteza que nos espera
É como andar no deserto
Numa ânsia desmedida
De tornar certo o incerto,
Pedindo a maior sorte
E viver mais que o tempo,
Jovem amor em velha vida,
E torná-lo na nossa medida…
Tão puro que resista à morte.
José António de Carvalho, 02-maio-2023
Poema "SURDOS TEMPOS"
Poema meu e o quadro da pintora Hermínia Cândido que estiveram ligados ("uma imagem vale mais do que mil palavras") na Expoética, Braga-2023.
Coordenação de Fernanda Santos, Organização da CM Braga e Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva.
A todos o meu maior agradecimento.
SURDOS TEMPOS
Gritam os poetas
com a alma a sangrar,
e coração a rebentar
de ilusão sem cor;
de pensar tão somente
que o amor não é fantasia…
Gritam os poetas
para surdos ouvidos,
que se destruam armas
e calem gemidos
das guerras concretas;
que se abram os olhos
para as outras discretas.
Pare-se a destruição,
os abusos de poder!
Que se faça do planeta
centro de vida, a nação
para se fruir e respeitar,
a alma que nos faça sorrir,
nascer, prosperar, crescer…
Crescer… e crescer…
E nunca para morrer!!!
José António de Carvalho, 06-fevereiro-2023
terça-feira, 25 de abril de 2023
Poema "ABRIL, PRIMAVERA…"
(49 anos depois da revolução, continuemos a revolucionar e a festejar)
ABRIL, PRIMAVERA…
Era abril, Primavera;
Campos de cravos vermelhos,
Inocentes, sem saberem a hora.
Sorrisos sofridos, olhos de dor,
O sangue frio e sem amor
Pelas correntes que os exploravam.
Era abril, vinte e três;
Montanhas de esperança verde.
Sede de liberdade, e que sede,
No corpo de quem só sofria
E que a própria sombra temia …
Era a fome, o profundo cansaço
De quem trabalhava a terra,
Dos operários da têxtil ao aço,
Dos hospitais, minas, na guerra.
Era abril, vinte e quatro;
Os tanques viraram-se para Lisboa;
Abriram-se asas a quem queria
Voar em liberdade. Como seria?
Mas uma gaivota lá lhes dizia:
"Asas de vento. E voa, voa..."
Era abril, vinte e cinco;
O povo povoou ruas e alamedas,
Gritou sem medo, seguiu em frente,
Entoando, unidos, a uma só voz:
"Grândola, Terra da fraternidade!…
Liberdade, liberdade!”
Agora, já não sou quem era,
Caminhei vida fora, pudera…
Voltar p’ra trás é uma quimera.
A terra continuará uma esfera,
E em Abril será sempre Primavera…
- 25 de Abril, Sempre!!!
José António de Carvalho, 24-abril-2023