FRIO DE VERÃO
Há um frio velado em cada canto da casa,
nos olhos nublados pelo tempo e pela glória.
Um frio cortante nas gavetas da memória,
vencedor traiçoeiro no mais duro golpe de asa.
Um frio dilacerante nas águas do rio,
alojado no coração num caudal disforme.
Um frio nos olhos que tudo gasta e consome,
planícies, montes... e a magia da sua história.
Um frio que se apossa do corpo e que o extravasa,
matando o sentido da vida segura em fio.
Um fio de voz no frio da tarde sem brio
e nos tropeções das palavras mudas da casa.
José António de Carvalho, 27-agosto-2020
Quadro de Maria Brito
Poeta de poemas profundos e de mágoas sentidas. Bem-Haja! Abraço
ResponderEliminarMuito obrigado pela leitura e comentário, amiga Ana Costa Silva! Um abraço.
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