domingo, 23 de agosto de 2020

Poema "SE NADA RESTA"


SE NADA RESTA 


“Cai o Carmo e a Trindade…”

Estando nós no meio dela,
duma manhosa tempestade,
asfixiando-se os soluços
pela sangria dos recursos
no parapeito da janela.

Como sempre gosto de vê-la
com seus ares de Cinderela.
Mas cortou a corda ó Romeu,
que caiu como ovo no chão,
e num surdo suspiro em vão
lá fechou os olhos e morreu.

“Cai o Carmo e a Trindade”,
e tudo o resto é saudade…

José António de Carvalho, 23-agosto-2020
Quadro do Museu Arqueológico de Lisboa


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