terça-feira, 19 de junho de 2018

Poema "O teu poema"

O teu poema

Aqui me revelo nestas linhas que te escrevo,
Num livro desejado mas amarelado pelo tempo.
Tempo que passa e que consigo vai levando
Jardins, luares verões, primaveras e sonhos...
Do tempo que passa e que não voltaremos a ter.
Ficam os invernos, as sombras, as angústias, o frio...

Este hediondo mundo calado de tanto barulho
E cuja escuridão das noites salta literalmente para os dias.
Não fora uma vista de esperança por esta janela,
Este sonho com jeito de sorriso de criança ingénuo,
Ou a irreverência do jovem na descoberta do mundo,
Que alcança todo o meu corpo, levando-me até ti.

E assim não resta mais do que um corpo paralisado
Que sobrevive ao passar do tempo, lentamente...
Como a chama da vela, se pode apagar de repente,
Não havendo sentimento que a sustente,
Ou um abraço que o alimente,
Ou um poema triste de amor.

JA18C



quarta-feira, 13 de junho de 2018

Poema "Amor" (soneto)


Participação no Concurso "Menção Honrosa" - Poetas de Indaiatuba (Pg. FB)

O poeta imortalizou-o definindo-o assim:


 “…é um fogo que arde sem se ver…”.
(Luís Vaz de Camões)

Eu digo que…


Amor

É fogo que arde em nós e que se vê,
É ferida que na ausência dói e sente,
É estado d’alma que nos acrescente,
Dor que procuramos e queremos ter.

É envolver o nosso corpo por inteiro,
Na ânsia de nos querermos entregar,
É um parar para continuarmos a andar,
O jardim da vida alimentá-lo primeiro.

É nos deixarmos ir na força da corrente,
Fixar os olhos saciados no mar adormecido,
Sentirmos por dentro o sangue fervente.

É permitirmos chegar sem termos partido,
Olhar para trás e ver que seguir em frente,
É tornar terreno árido em jardim florido…

JA18C




segunda-feira, 11 de junho de 2018

Poema "Voando por aí…" (soneto)



Voando por aí…

Acordo cedo e de pensamento leve,
Um impulso para o belo diz-me:
Senta-te, transcende-te e escreve.
Eu escrevo. O espírito conduz-me…

Como gaivota que plana aleatoriamente
Sobre águas calmas, e doçura espalha:
Formas e alma, dispostas suavemente,
Imagens tuas que meu coração espelha.

No regresso a mim sinto este aperto
De que a viagem por ti é mar sem fim,
Regresso d’ ave que se solta não é certo.

Passará o voo da tua vida por aqui?
E este teu regresso será para mim?
Ave solta pode apenas querer voar por aí...

JA18C



domingo, 10 de junho de 2018

Poema "Soneto a Camões no seu dia – 10 junho" (soneto)


Soneto a Camões no seu dia – 10 junho

Camões, ó grande Camões!
Quase quinhentos anos depois
Alguns lá vão ganhando tostões
E os poemas são aos milhões.

O computador substituiu a pena.
Até a inspiração a Pessoa fugiu,
A alma mantém-se coisa pequena,
Procuram-na cá… Ninguém a viu,

A fama, algo esquiva, bem se poupa.
Os encontros no céu estão marcados
Doutros Camões vestido na tua roupa.

Soneto pobre para teu glorioso dia.
Esforço-me para acabar este terceto
Sem a tua métrica, melodia e magia...



JA18C





quinta-feira, 7 de junho de 2018

Poema "Natureza da minha vida" (soneto)


Natureza da minha vida

Por mais que rebusque nas palavras
Que rareiam ao almejar escrever-te,
Pela beleza aclamar-te e cantar-te,
Reprovar-te pelas ações macabras.

Essa tua aura de Deusa imprevisível
Espalhada por mares, rios e montes,
Lagos, planícies, planetas e horizontes,
Fazem de ti aliada vital, bela e temível.

E o mal que te faço? Mereço que apontes:
Esgoto-te recursos, agrido-te toda a beleza,
Altero-te o âmago celular. E não consentes.

E se procedo ambiguamente, sem a firmeza
Que mereces, revoltas-te e deixas-me doente,
Não mereço de outra forma: Mãe natureza!!!

JA18C




quarta-feira, 6 de junho de 2018

Poema "Mar salgado, doce amar" (soneto)




Mar Salgado, Doce Amar

Gosto das manifestações do mar
As ondas tudo levam, tudo trazem
Ora enrolam e abraçam, ora expelem
Como os humanos no jeito de amar.

Mar, se és salgado és também doce
Na doçura do teu rosto salgado
Dás tudo e tudo levas pró teu lado
É tão factual como em ti o sol pôr-se.

Azul imenso das águas marinhas
Refletem a alma, incandescente sol,
Tanto agitas este coração mole.

Por que perguntas… Por que não adivinhas?
Que o mar e o coração têm duas linhas
Dar e receber, voltar e ir… como o Sol.

JA18C




terça-feira, 5 de junho de 2018

Poema "Meu Portugal"

Meu Portugal

Amo deveras este meu país!
Na pureza das águas cristalinas dos riachos
Deslizantes por fendas e escarpados das montanhas,
Na liberdade das aves, no seu voo suave e aberto,
O brilho do Sol que nasce e que além se afoga no mar.
Sonho as cores vivas das flores que nascem nos soutos.
País ao qual me dou, que nada me fala e tudo me diz.

Sou um fã deste Portugal!
Deliro com os seus grandiosos e mais belos feitos,
Com as suas vitórias. Carrego em mim as suas glórias
Passadas e presentes, longínquas ou futuras…
São a história do teu povo habituado a sofrer.
Obrigam-te a trocá-lo por interesses alarves e incógnitos,
Ou ambições opacas e desviantes, de loucos…
Todavia, vamos erguer Portugal aos poucos.

Sou um orgulhoso de ti!
Do teu mar e das praias largas ou estreitas de areia dourada,
Dos planaltos serranos, dos queijos e da flor das amendoeiras,
Das ilhas nascidas no oceano, beleza tenra, filhas da natureza.
E quem desce do Norte, cai em boa sorte nas superfícies planas,
Passando dos planaltos regados pelo Tejo às planícies alentejanas.
Almas calmas deste povo diverso e unido, velho e novo, que canta
E clama o país que ama. Queremo-lo vivo!
JA18C


segunda-feira, 4 de junho de 2018

PRÉMIO DE POESIA - "Grupo Poetas de Indaiatuba"


Sonhos & Pensamentos - José António de Carvalho
Publicado por José António Carvalho1 h
Este foi o meu agradecimento ao "Grupo Poetas de Indaiatuba" pela distinção atribuida.

"Tive um enorme gosto em participar neste concurso, a primeira participação, sou novato, e constituiu um orgulho e satisfação para mim, este reconhecimento dado pelos leitores, até porque a diferença cultural portuguesa e brasileira é sempre notada, mas devemos somar as diferenças e não subtrair. A eles, o meu agradecimento.
Um agradecimento especialíssimo aos mentores laboriosos do concurso, que só engrandecem a poesia em cada um de nós, e a todos poetas que contribuíram com o seu melhor.
Viva a POESIA!!!!"


Poema "Mais do que um sonho" (soneto)


Mais do que um sonho

O teu sorriso tem este sublime ensejo
De me fazer feliz e dar-me novo mundo,
Sorriso de sonho real em sono profundo,
Doçura contida nos lábios por um beijo.

Revolvo-me em mil memórias tuas felizes,
Deste acordar febril na penumbra de num dia
Pela janela entreaberta ver-te, beleza fugidia…
Agarrado a este sonho, só porque não dizes:

Que és a flor do meu jardim, minha alegria,
Eu, o teu espaço, o ar, a seiva, as tuas raízes,
Sendo tu a mais bela ninguém te confundiria.

A única flor à minha janela, que bem me ficaria
Dizer a toda a gente do amor que não me dizes,
Olhando-nos tão felizes do acordar em novo dia.

JA18C



sexta-feira, 1 de junho de 2018

Poema "Porquê"


Sonhos & Pensamentos - José António de Carvalho· 
(Para o aniversário de nascimento do meu pai - 03-06)


Porquê…

Sentimos o vazio da falta
Apenas quando não temos,
Choramos amarguradamente
A perda, porque perdemos.
E não nos avolumamos se temos,
Enchemos de alegria e voamos
Para os braços, enquanto podemos,
E dizemos o quanto te amamos?!

Fica esta perene e seca angústia,
Dor surda de mágoa pela ausência.
O horizonte negro, cheio de vazio,
E o teu lugar único sem presença…
Fica a saudade do olhar que protege,
Do sorriso agradecido na tristeza,
Que nos enche e engrandece,
Preenche e enche-nos de amor.

Tenho a certeza de que hoje
Continuarias a ser ombro seguro,
Que me secarias estas lágrimas
Que alagam os meus olhos tristes,
Que derramam e brotam de mim.
Que apagarias a dor que aperta o peito,
Deste nó cego que jamais se desatará.
Amor que só a morte o resolverá!...

JA18C



quarta-feira, 30 de maio de 2018

Poema "O CAMIONISTA"

CONCURSO - MENÇÃO HONROSA (Poetas de Indaiatuba, FB)


O CAMIONISTA


Ser solitário pela estrada fora,
Carrega no seu fardo todo o mundo.
Seus sonhos perderam o tempo, e agora
Não vê para além da curva ao fundo.


Esse solitário d'olhos despertos,
Vê a nudez do calendário e a tua
Beleza, e vai por caminhos incertos,
Perdendo-se em sonhos, de rua em rua.

Regressa morto, tanta a solidão...
Pró calor dos teus braços e dos beijos.
Não anda em contramão, ou trava o coração.
Mil cavalos velozes de desejos.


José António de Carvalho, 30-maio-2018 (Revisto em 13-maio-2020)
Foto da Internet (O camião)



segunda-feira, 28 de maio de 2018

Poema "NA VEREDA DO DESEJO" (soneto)



Este soneto foi lido por Raúl Tomé (Baltasar Sete-Sóis) no programa "Amantes da Poesia" da Rádio Nova de Vila Franca de Xira.


NA VEREDA DO DESEJO

Na escuridão não me digas quem és
Deixa-me conhecer-te, adivinhar-te…
Colorir tanto a vida, desnudar-te
E tu vestida apenas do que és.

Sim! Deixa-me tão só agradecer-te
O quão importante tu és para mim
Um delicioso afago sem fim
No meu corpo sedento por ter-te.

Não reduzo a importância da palavra
Ou recuso a chegada do sentimento
Se abro a minha alma em cada madrugada.

E tu… sol que ilumina os meus olhos
Cegas mais que a escuridão na noite
No calor escaldante de sonhos velhos.

JAC18C - José António de Carvalho, 28-maio-2018
Foto "Pinterest"








domingo, 27 de maio de 2018

Poema "Entre vales"



Entre vales



Faz-se entre vales por tudo e por nada…
Famalicão entre vales deita-se e acorda
Pujante, serena, aqui e além agitada.
Minha Terra!... Em ti a poesia transborda.

A filosofia de vida do teu laborioso povo
Eleva a tua magistral aura em toda a região,
Para enfrentares desafios neste mundo novo
Baseada em novos saberes na roda da evolução.

Nas encruzilhadas dos teus longos caminhos
Cimentaste firme folha da tua bela história,
Nos teus museus e jardins segues os trilhos
De vida, saber, arte e amor… Isso é memória.

JA18C

Poema "HOJE É DOMINGO"


HOJE É DOMINGO

Acordei cedo. O dia está cinzento
não se presta a passeios nem gargalhadas.
As costas doridas por dormir sentado,
na cama vazia contigo a meu lado;
tão vazia de mim, porque não sou assim.

Gosto de domingos com luz e vida cheia,
que pareçam paisagens e jardins…
de canteiros húmidos, verdes e floridos,
onde as flores sorriam e o amor vagueie. 

O domingo está triste mas vai mudar…
A dor nas costas sairá, as gargalhadas voltarão;
uma música entoará sonho e ilusão
da vida vivida ao som do coração.

José António de Carvalho, 17-maio-2018



segunda-feira, 21 de maio de 2018

Poema "A INCERTEZA E O SONHO"


A INCERTEZA E O SONHO


A natureza exaspera do seu acanhamento,
As cores vivas das flores despertam o sentir,
O teu clamor acirra a chegada do momento
Episódico? Juvenil? O mundo parece explodir.

Se os rios transbordam pela sua abundância
De nascente. O que ocorre se chove mais?
Alagam-se margens, dilaceradas pela ânsia
Da procura do equilíbrio entre elas e caudais.

É neste equilíbrio oblíquo e agudo que procurarei
Ajustar o tamanho do sonho à forma do mundo,
Se o sonho nele não couber, a forma ajustá-la-ei,
O Sonho não sei. Este sentir é muito profundo.

JA18C



quarta-feira, 16 de maio de 2018

Poema "INFLAMAS-ME"


INFLAMAS-ME

Meu vulcão vivo...
Sente-te abraçada
e possuída.

Da paixão arrebatada,
Nas entranhas mimada,
Sente...

Corpo nu e ardente,
A alma cheia,
O coração quente.

Envolvo-me como uma brisa
Na tua alma proeminente,
De Amor
E dedicação.


Ardente paixão!…


José António de Carvalho,  16-maio-2018 (Revisto em 10-maio-2020)

Foto da Internet





segunda-feira, 14 de maio de 2018

Poema "Ser ou não ser"


Ser ou não ser

Não digo que poeta é fingidor,
Pessoa bem o sabe,
No amor e na dor
Não há fumo e arde.

Arde pelo bem e pelo mal…
Pelo sentir exacerbado,
Um sentir tal e qual,
Difícil de ser contado.

Como as cores do arco-íris
Ou das flores do meu jardim,
Cores para todos os sentires
Um ror de amores sem fim.

JA18C




quinta-feira, 10 de maio de 2018

Poema "Fadado ao fado"



Fadado ao fado

Nesta tarde de Sol
Sentado e calado
No mundo, e só.
Assim tenho estado.

Este é o fado
Que nunca cantei
Para aqui fui lançado
Jamais o procurei.

Não visto a saudade
Do que é passado.
Mas vivo na incredulidade
D’um futuro transformado.

E sem a tua poesia
E a doçura das palavras,
Nada mais aconteceria,
Restariam silêncios e trevas.

JA18C




terça-feira, 8 de maio de 2018

Poema "Luz que se apaga"


Luz que se apaga

Estou desanimado e triste,
Tenho esta horrível sensação
De enorme vazio no coração,
Choro. Parece que partiste.

Não sei qual o teu rumo,
Tão pouco quero saber.
A ficar só, prefiro esquecer.
É egoísmo meu. Assumo…

Esta dor mesquinha e surda
Corrói-me por dentro. Minh’ alma chora
Como criança que brinquedo implora,
Mesmo que seja birra absurda.

Desta forma não quero viver.
A minha vida pede a tua presença.
Assim é uma terrível doença
Que me levará a perecer.

JA18C



segunda-feira, 7 de maio de 2018

Poema "Abrigo de Sentimentos"

Abrigo de sentimentos

Segues de vela desfraldada
Entre ondas e vento forte
Em busca de barra amparada,
Lá, uma vez chegada,
Sorrirás da tua sorte.

Quero estar sempre contigo
Ser guia, tua bússola da vida
Teu porto seguro de abrigo
Ombro forte e leve de amigo
Em trajetória jamais percorrida.

Quando a Primavera chegar
Absorve o sentimento da vida,
Farás viagem no meu mar
Experiência jamais vivida.

Vive e saboreia cada momento,
Hoje que o amanhã tornará passado,
O teu barco zarpará para além do infinito
Enfunada a vela do amor que te tenho dado.

JA17C