terça-feira, 31 de julho de 2018

Poema "Pele" (soneto)


Pele

Busco-me e encontro-me na minha pele,
Dentro dela escondo-me e mostro-me,
Desenvolvo-me, deito-me e acordo-me…
Na minha pele inspiro-me, toque de mel.

Sinto suave labirinto da minha na tua pele,
Sensações, emoções… Em arrepios me pões.
Pele cortada e arrancada… à dor. Contradições.
O maior órgão humano, tudo atrai, tudo repele.

Pele enrugada ou molhada, o suor que expele.
Pele acumulada, grossa, calejada pelo trabalho,
Branca ou bronzeada, sedosa, busca agasalho.

A minha pele implora, a tua explora. Une corações.
A minha pele naufraga na tua, nada, vive e morre,
Doce expressão d’amor: Inflama-o, liberta-o, escorre.

JA18C





segunda-feira, 30 de julho de 2018

Poema "Despromovido… E sem título" (soneto)


Despromovido… E Sem Título

Os títulos consomem a poesia,
Tiram-lhe brilho, ternura e talento.
Dão-lhe visão ou conhecimento?
Talvez! Mas castram-lhe a fantasia.

Poema sem título é natural, sublime,
Como faminto que anseia pelo prato
Ou o jacinto que brilha no meio do mato,
Esta força que no amor bem se exprime.

Neste poema conseguirei ver-te feliz?
Assim? O amor expresso e sem rosto?
Esse mar espelhante do luar de agosto?

Oh, sim! Minha doce fruta de Verão,
De tão doce pode fazer-me tanto mal
Aos olhos, ao coração e pressão arterial…

JA18C



sábado, 28 de julho de 2018

Poema "Melancólico fado" (soneto)

Melancólico Fado

Cansado e envergonhado tão só comigo,
Ando p´rá aqui vago no meu pensamento,
Como folha seca que se vai na linha do vento
Cortante e frio, que teima levar-me consigo.

A poesia melancólica gera este fado triste,
Os meus olhos cansados em rosto ausente,
Fora do trilho que me levaria à tua frente,
Ainda bem…  Porque assim nunca mos viste!

Ó guitarra portuguesa que gritas às unhas
De quem te estica as cordas. Agora sentiste
Dor mais aguda que notas da cítara ou cistre,

Arrancando-te grito mais forte do que supunhas,
Nada comparada à dor que neste coração persiste,
Com ela calo esse teu brado, e nada mais existe…

JA18C







quinta-feira, 26 de julho de 2018

O meu livro de poesia "Sente, Logo Vives e Sonhas"

Meus caros amigos,
Numa das piores fases da minha vida realizo um sonho de toda a vida!
Habituem-se a esta imagem e agucem a curiosidade pelo que vem a seguir...
Voltarei em breve a dar notícias.
Vermoim, 26-07-2018


segunda-feira, 23 de julho de 2018

Poema "SAUDADE" (soneto)

MENÇÃO HONROSA - Tema: SAUDADE - 1º Prémio, 30-07-2018

Este poema foi lido, no dia 10-outubro-2020 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.

Poema novamente lido, no dia 31-outubro-2020 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica, após revisão e introduzidas alterações.

Participei com este poema no concurso virtual da "ALIPE - Academia Literária Internacional de Poetas e Escritores", subordinado ao tema "Dia da Saudade", realizado a 30 de janeiro de 2021.



SAUDADE


Só dos que partiram sinto saudade,
Foram-se sem regresso, sem querer,
Que tudo fizeram para viver...
Tudo o resto não é mais que vontade.

E... Saudade do tempo de pequeno?
Não quero ser de novo uma criança.
Quero ter esta idade e ter esp'rança
Que hoje e amanhã o sol será ameno.

Saudade de sentir o calafrio?
Mais do ideal que sobe pela idade,
Na poesia inteira e sem vaidade.

Saudade?...  Pelo meu pai que partiu.
Dos que foram, se a vida o exigiu.
E cresce dia a dia… que saudade!!!


JA18C (Reformulado em 05-outubro-2020,
José António de Carvalho)










domingo, 22 de julho de 2018

Poema "Poesia Leve?"

Poesia Leve?

Não sei se capaz serei
De escrever algo leve,
E com a poesia alegre
Um sorriso conseguirei?

Porque aos teus olhos
O meu peso nunca pesa,
Até careca embeleza
Ou com saia de folhos.

Será sempre piada bisonha,
De escorregar na descida,
Engasgar com comida
Ou o corar de vergonha…

Sentar fora do banco,
Enganar nas palavras,
Tropeçar nas escadas,
Ou cair do tamanco.

Se ainda não sorriste
Pode ser que o faças
Ao recordar desgraças
Que em mim viste…

Por isso fico triste!!!

JA18C



sexta-feira, 20 de julho de 2018

Poema "Árvore da vida" (soneto)


Árvore da Vida

Sou como a árvore que ali cresceu,
Que a ninguém disse que queria estar
Meio escondida naquele triste lugar,
Venceu a escuridão e não morreu.

Sou como a árvore que ali resiste,
Água e nutrientes nunca abundaram,
As raízes teimosamente os procuraram.
Tem bom aspeto, mas parece triste…

Não sou como a árvore que ali viste,
Porque ela não sente o que eu sinto,
Ela não fala, às vezes eu até minto…

Não sou como a árvore que ali mora,
Que está mais forte do que outrora.
Contudo, ela vai morrer sem o saber.

JA18C




quinta-feira, 19 de julho de 2018

Poema "Da minha janela para Vermoim" (soneto)


Da minha janela para Vermoim

Acompanhas-me p’ra todo o lado,
Vives comigo, fazes parte de mim…
Não faria sentido se não fosse assim,
O meu deslumbramento é declarado.

Respiro-te a peito aberto pelas manhãs,
Da janela, vejo a beleza do teu manto,
Bebo cada gota do teu sublime encanto,
Toda a natureza que desejo, ma dás.

Recebes tão pouco e tanto me fazes.
Idolatrada e aclamada por cada filho
Como a mulher bonita que ouve elogio.

Sonho-te bela. Serão sonhos audazes?
Vermoim!... Tens longa e vasta história,
Esta gente simples, aqui, dá-te memória!…

JA18C








quarta-feira, 18 de julho de 2018

Poema "O tempo que passa" (soneto)



O tempo que passa

Sou do tempo, de todo o tempo.
Não vejo além deste momento,
Sonhos novos e velhos acalento
Desse tempo, de todo o tempo.

Dou graças a quem me dá o tempo
Porque sem tempo o que eu seria?
Por mais que tivesse, mais quereria
Desse tempo… e de todo o tempo.

Feliz do que não se veste a tempo,
Porque não se despe da sua condição,
Que há de juntar à alegria do momento

Em que se perde a noção do tempo,
Que nunca teve, nem tem na sua mão.
Vivo e sinto que a esperança aumento…

JA18C



(*) Sinais do tempo, marcas do tempo.


domingo, 15 de julho de 2018

Poema "Sinto-te com todos os sentidos" (soneto)



Sinto-te Com Todos os Sentidos

Ouço-te no deslizar das águas límpidas
No sinuoso caminho pelas fragas rochosas,
E no suave bulir das vegetações frondosas
Que nos acalmam ardentes emoções vividas.

Vejo-te a silhueta brilhante dourada pelo sol,
No oceano se esconde. Que imagem bela!...
Exalas o perfume de rosa vermelha e singela,
Quando te pões à janela como um girassol.

Tens a doçura natural dos frutos silvestres,
Suculentos e deliciosos, acabados de colher,
Indescritíveis os sabores de que te revestes.

O coração conduz-me inevitavelmente a ti,
No sentido do céu, pelas tuas mãos, mulher.
Na cumplicidade enlaço tudo o que descrevi.

JA18C






quarta-feira, 11 de julho de 2018

Poema "Por ti me revelo Poesia" (soneto)


Por Ti Me Revelo Poesia

Revelo esta paixão diante dos teus olhos
Como frágil flor que se abre à luz do sol,
Desajeitado, ingénuo até, coração mole,
Somo páginas e páginas de poemas análogos.

A pálida melancolia vagueia neste corpo inerte,
Férteis encantamentos, reais ilusões de poetas,
Reduz verdes pradarias a áridas paisagens desertas
E outra beleza lhes dá, na poesia tudo se converte.

A ilha perdida que chora ao ouvir o teu poema,
As minhas incompreensões da vida ou contradições,
São abrigo de sentimentos da tua natureza amena.

Nos desencontros de encontros vou voando por aí
Passando na vereda do desejo, entre vales e cores,
Enrolada no sofá inflamas-me a ser ou não ser para ti.


JA18C















https://www.facebook.com/JAdeCarvalho.JAC/videos/1012238705618838/













sábado, 7 de julho de 2018

Poema "Desencontros de encontros" (soneto)


Desencontros de Encontros

Foste embora mesmo sem teres ido,
Partiste de mim sem teres partido,
Por este ardente amor que não te dei
Fugiste de mim, pr’a onde, não sei.

Agora desespero porque não te tenho
Até a água reflete o teu rosto meigo
Quando a minha cara soturna lavo.
Partiste só. Fiquei só, e teu escravo.

Escravo acorrentado dentro de mim.
Servo de ti. Conseguirei eu viver assim?
Num tempo co’amor viva desencontrado,

Ou num julho que na praia tenha nevado,
E que d’um manto branco se tenha vestido?
Esta dor no coração bem a tenho merecido!

JA18C













quarta-feira, 4 de julho de 2018

Poema "Quadrado amoroso" (soneto)

Poema a Concurso na Página dos "Poetas de Indaiatuba" FB
Menção Honrosa - Tema: Lua

Quadrado Amoroso

Parece que tens o teu caminho traçado,
Fechada nessa tua aura de paixões doentias
Pelo Sol lá no alto, resplandecente e calado,
Tornando-te ridícula durante todos os dias.

Se me brindasses com um avo do teu olhar,
Não irias de quarto em quarto como louca!
Dar-te-ia todo o meu amor à luz de cada luar,
Renovado a cada mês, que esse olhar apouca…

E a Terra? Vives-lhe amarrada nesse jeito d’amar,
Dando-lhe luz branda em noites de céu limpo,
Cheia e mágica, nesse amor cego, pronta a dar.

Neste quadrado amoroso que não quero estar,
Tempestades poeirentas nos teus seios vazios.
Apenas tens sonhos. Esvaída de água no teu mar.

JA18C
(foto do autor)










segunda-feira, 2 de julho de 2018

Poema "AS MINHAS INCOMPREENSÕES DA VIDA"



AS MINHAS INCOMPREENSÕES DA VIDA

Sofrer por um Amor
É tal a sorte na vida,
Que só no desamor
Se sabe da dor sentida.

Terá este barco destino?
Tão breve o seu rumo,
Quão tanto queres o limbo
E tão pouco a mim, presumo!

E os sonhos guardados?
Serão imagens vividas?
Quadros jamais pintados
Em telas vazias, perdidas…

Cada pincelada na vida
E nota musical mal tocada,
Descolora a paisagem colorida,
Tom de orquestra desafinada.

Ó vida, vida… E tu?
Se andas meio perdida
Neste coração te pões a nu,
Deveras incompreendida.

JA18C
Foto do Parque a Devesa em 2018








quarta-feira, 27 de junho de 2018

Poema "Inverno, Verão ou Não?" (soneto)


1º PRÉMIO


MENÇÃO HONROSA - TEMA: INVERNO (Poetas Indaiatuba, Brasil)

Inverno, Verão ou Não?

Solstícios de Junho, o que afinal nos dão?
Nesse Inverno ameno desabrocham camélias,
Em Portugal, num agreste e quente Verão,
A salgueirinha regala-nos com doces vigílias.

Parece contradição. Mas então o que será?
Vejo complementaridade. E nesta realidade
De Universo imperfeito que tudo nos dá,
Sinto-o mais que perfeito, apesar da idade.

Terão assim sentido os heróis da navegação,
Que corajosamente atravessaram o oceano
Pelo caminho da morte, sem perder a ambição,

Atracaram no Outono sem o Verão ter passado,
Tão pouco a Primavera sentiram em sonho insano.
Entraram no Inverno a beberem o Verão deste lado.

JA18C




segunda-feira, 25 de junho de 2018

Poema "Minha Modesta Casa" (soneto)

Desafio de Poesia lançado por Verônica Noblat (Poetas de Indaiatuba)

Minha Modesta Casa

Veste-se de branco de Verão a Verão.
Exposta noite e dia ao Sol e ao vento
À chuva e ao calor… parece um coração.
Nela sinto os doces sonhos que alimento.

O verde envolvente salpicado de cores
Traz-me a calma que preciso neste inferno
De mundo moderno. Afago os olhos nas flores,
Agravo as minhas dores com o frio do Inverno.

Aqui cresço a felicidade de viver, dia após dia.
Nela me dou intensamente aos sentimentos.
A poesia flui intimamente nesta harmonia.

Olho o monte íngreme e seco. Logo me delicio
No frondoso jardim do palácio, diverso e fresco.
Olho o milho nos campos. Vejo o sorrir do casario.

JA18C






sábado, 23 de junho de 2018

Poema: "Encantos e Santos de Junho"



Junho – Mês do Verão e das Festas dos Santos Populares

Encantos e Santos de Junho

As pessoas saem às ruas como bandos de pardais,
Dando boas-vindas ao Verão e aos Santos populares,
Alegria contagiante que se espalha por milhares…
Lares, ruas, praças e jardins abrem portas aos arraiais.

O que diria Santo António sobre os casamentos
Que se fazem sob sua égide? Mas alguém ousaria
Pensar que mais feliz seria se casasse noutro dia?
Nas suas mãos entregam o amor e seus assentos.

Porventura S. João terá desse amor melhor confirmação,
Grande noite de folia, salpicada de alegria até nascer o Sol,
Ah… que bom seria se o tempo andasse como o caracol…
Fogueiras e sardinhas, danças e balões passariam do Verão.

Este jovial encanto de junho para muitos ainda é segredo,
Não investem no bem da sua alma e no gosto pela folia,
Perdendo a tradição ao fecharem o coração à alegria.  
Mas podem ainda tomar-lhe gosto nas festas de S. Pedro.

JA18C



terça-feira, 19 de junho de 2018

Poema "O teu poema"

O teu poema

Aqui me revelo nestas linhas que te escrevo,
Num livro desejado mas amarelado pelo tempo.
Tempo que passa e que consigo vai levando
Jardins, luares verões, primaveras e sonhos...
Do tempo que passa e que não voltaremos a ter.
Ficam os invernos, as sombras, as angústias, o frio...

Este hediondo mundo calado de tanto barulho
E cuja escuridão das noites salta literalmente para os dias.
Não fora uma vista de esperança por esta janela,
Este sonho com jeito de sorriso de criança ingénuo,
Ou a irreverência do jovem na descoberta do mundo,
Que alcança todo o meu corpo, levando-me até ti.

E assim não resta mais do que um corpo paralisado
Que sobrevive ao passar do tempo, lentamente...
Como a chama da vela, se pode apagar de repente,
Não havendo sentimento que a sustente,
Ou um abraço que o alimente,
Ou um poema triste de amor.

JA18C



quarta-feira, 13 de junho de 2018

Poema "Amor" (soneto)


Participação no Concurso "Menção Honrosa" - Poetas de Indaiatuba (Pg. FB)

O poeta imortalizou-o definindo-o assim:


 “…é um fogo que arde sem se ver…”.
(Luís Vaz de Camões)

Eu digo que…


Amor

É fogo que arde em nós e que se vê,
É ferida que na ausência dói e sente,
É estado d’alma que nos acrescente,
Dor que procuramos e queremos ter.

É envolver o nosso corpo por inteiro,
Na ânsia de nos querermos entregar,
É um parar para continuarmos a andar,
O jardim da vida alimentá-lo primeiro.

É nos deixarmos ir na força da corrente,
Fixar os olhos saciados no mar adormecido,
Sentirmos por dentro o sangue fervente.

É permitirmos chegar sem termos partido,
Olhar para trás e ver que seguir em frente,
É tornar terreno árido em jardim florido…

JA18C