quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Poema " DOMINGO"

Este poema foi lido, no dia 11-setembro-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica,

20 anos depois dos atentados às torres de Manhattan - Nova York.



DOMINGO


Pego no resto deste domingo modesto
E coloco-o sentado num pequeno sonho
Em que penso e suponho, que deste lado
É tudo medonho; e no outro, tudo parado.

Não me resta mais do que a modéstia
Que é um jeito de morte com esperança
E de esperança tem somente uma réstia
Que não é mais do que simples lembrança.

E lembro sempre o que não me esquece
A desventura dorida ou um arrepio;
E sempre que escrevo sonho e me apetece
Mergulhar no vendaval de um calafrio.

José António de Carvalho, 08-setembro-2021
Foto da minha autoria



quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Poema "NÃO AVARIES O SOL"

Escrevi este poema enquanto aguardava ser atendido "via telefone", através do número 16209 da MEO, para participar um corte no serviço de televisão que dura desde o dia 31-08-2021, e mantém-se à data desta publicação.
Apenas disponho de internet e telefone.

Recordo que a MEO é uma marca de um serviço da Altice.

Hoje, dia 02-09-2021, de manhã cedo liguei novamente o 16209, para reportar a falta do serviço MEO. Depois de 50 minutos de espera para ser atendido pelo telefone (e tanta gente sem ganhar a vida), no final de se testar novamente os equipamentos, a operadora, através da sua funcionária do atendimento por telefone, decidiu que o router estaria avariado pela trovoada ocorrida 2 dias antes, e solicitou novo router, e disse-me que o deveria procurar na loja do Aüchan Famalicão (a 8 km da minha casa).

Hora e meia depois estava na loja referida que me foi indicada, mais um largo tempo de espera. A menina que me atendeu confirmou todos os dados, e disse-me "que havia uma avaria provocada pela trovoada, e que já não havia router para entrega". Como é óbvio, fiquei muito aborrecido com a situação. Expus todas as minhas razões mas sem sucesso. Acabei por regressar com o mesmo router.

Chegado a casa, fiz todas as ligações do router, liguei a TV, e o meu grande espanto, ao fim de 10, 15 minutos de espera, a TV começou a funcionar. Claro está que fiquei aliviado por ter novamente o serviço, e triste por outro lado, porque não deve ter sido coincidência. O router novo não me foi entregue porque sabiam que não era esse o problema, e que estavam quase a decorrer 48 horas sem o serviço (tempo em que começa a ser descontado a falta do serviço na fatura mensal).

Tudo isto não terá sido coincidência. O serviço voltou, mas até há meia-noite já falhou mais uma série de vezes.
Isto é que é um ótimo serviço. E, depois diz-se: "O cliente tem sempre razão". E eu digo: "O cliente é ludibriado e enganado" para lhe ser "extorquido" o dinheiro.

Dia 03-setembro-2021, continua a saga dos cortes no serviço de TV.

Será que isto termina assim? Sinceramente, acho que não!


NÃO AVARIES O SOL



Disposto que hoje estava
para amar intensamente,
parece que tudo foge da mão.
A tecnologia tudo contrariou,
sem qualquer sinal de televisão
e o telefone também falhou…

Restou a internet apenas
para poder ler uns poemas;
mas a rapidez cá se impõe
não vá a internet tecê-las,
ou pior, e ficar à luz das velas,
se a eletricidade se indispõe.

Já ligo há uma hora prás avarias,
que com as suas birras e manias,
bem me deixam os nervos em fole,
mas viverei das minhas alegrias
no encanto de outro Pôr do Sol.

José António de Carvalho, 01-setembro-2021
Fotografia da minha autoria








sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Poema "A NOSSA ACRÓPOLE"

Poema da minha participação na Coletânea “Évora Poesia – Coletânea” - Agosto/2021

A NOSSA ACRÓPOLE


Sonho-te em bravos verões
Com aura celestial
Abrindo em par os portões.
Dos sinos dos carrilhões
Soam hinos a Portugal.

Património mundial,
História por ter nascido
Bem antes de Portugal,
E de forma bem plural
Nele tanto ter crescido.

Tão grande é a nobreza,
Um vulto da nossa história,
Tal é a sua riqueza
Onde passou a realeza,
E nós cantámo-la em glória.

José António de Carvalho


Entre no e-book aqui:



segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Poema "TEMPO EM PALAVRAS"


TEMPO EM PALAVRAS


Encosta o crepúsculo do dia
onde nascem as tempestades
que caem sedosas da lua doirada,
e segura o vento com os teus dedos.
Fere os astros com a alegria da chuva
por deteres a cassiopeia nas tuas mãos.

Os flocos de neve derretem-se nas águas
que escorrem pelos corpos orvalhados,
e imaginam infindáveis destinos na atmosfera
onde as nuvens brancas correm pelo chão
na imobilidade veloz dos corpos abraçados
prestes a esvaírem-se de chuvas quentes.

José António de Carvalho, 22-agosto-2021
Foto de Conceição Silva




quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Poema "FELICIDADE"

LUPA - Academia Contemporânea de Letras - ACL
75º Evento Literário Virtual
A convite de Vania Clares
Tema: Felicidade e Destino



FELICIDADE


Veste-te de brava roseira,
De andorinha leve e franzina,
De espiga colhida e ceifeira,
E de seara pequenina.

Vestes a noite com o dia,
O dourado do sol que vai…
Roubas aos astros a harmonia,
O brilho que da estrela sai.

Irrompes do rio e do mar,
Do lugar mais exuberante,
Como quem vem a velejar
Na pele duma onda gigante.

Que encanto para a minha vida
Que se levanta dos escombros,
E entre a folhagem esquecida
Repousa leve nos meus ombros.

José António de Carvalho, 18-agosto-2021
Pintura de António Miranda - Grupo de Artistas Arte Celano





sábado, 14 de agosto de 2021

Poema "DIAS QUE NÃO VOLTAM"


Participei com este poema no programa Livro Aberto da RVA, de Ana Coelho, emissões de 13-agosto-2021.

Poema lido hoje, sábado, dia 14-agosto-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria e apresentação de Manuel Sanches e Suzy Mónica.

Este poema incorpora 15 palavras de um poema de Pedro Tamen, e é dedicado às festas da Nossa Senhora do Rosário, Vermoim, que nestas duas últimas edições cumpriram com as restrições devido à pandemia Covid-19.


DIAS QUE NÃO VOLTAM

Os sons vinham de todas as partes.
A andorinha desenhava círculos no céu,
E parecia que o mundo cantava…

As crianças não mediam gargalhadas,
Enquanto os velhos riam das próprias sombras,
A alegria pulava no rosto destas gentes,
Crescia a razão para que a vida é feita…
Era o único dia de vida perfeita,
Era o dia da festa da nossa terra.

Hoje, mais conscientes, mesmo assim,
Somos os algozes de nós mesmos…
A vida e o planeta definham aos dias
Definindo-nos cada vez mais reduzidos.

O estudante de teologia carrega o missal;
Os homens seguem na frente do pálio,
E consigo, lá vão arrastando o tempo…
Na procissão do tempo que nunca se repete,
Em que desatam, um a um, os nós de vida lassa
Levando o pó do fermento que descompromete
Aquele tempo que anda e sempre passa.

José António de Carvalho, 09-agosto-2021
Foto do Andor da N.ª Senhora do Rosário, Igreja Paroquial de Vermoim, VNF






segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Poema " NINHO DE AFETOS"

Participei com este poema no programa Livro Aberto da RVA, de Ana Coelho, emissões de 30-julho e 06-agosto-2021.

Poema lido hoje, sábado, dia 07-agosto-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria e apresentação de Manuel Sanches e Suzy Mónica.

Participei com este poema no 74º Evento semanal cultural da Academia Contemporânea de Letras - LUPA, que decorreu de 09 a 14 de agosto 2021.


NINHO DE AFETOS

Como desejo ver o sol entre a folhagem,
Rasgar o rio na foz p’rá outra margem,
Encantar o pardal que canta no jardim,
Sentir o teu peito no meu, abraçar assim…

Ter um amigo, um irmão, é uma açucena
A acenar à vida um amor p'rá vida eterna.

Quero o amor, a amizade, sempre de mãos dadas:
Nas casas, nos campos, nas ruas, nas estradas;
A cantar na praia desse mar que há em mim
Razão da vida p’ra ter-te até ao fim.

José António de Carvalho, 02-agosto-2021





quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Poema "ANTES DE MIM"

Poema lido hoje, sábado, dia 07-agosto-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria e apresentação de Manuel Sanches e Suzy Mónica.



ANTES DE MIM


Olho a bússola de frente,
Peço-lhe que me oriente
Neste plano inclinado,

Que me diga onde beber
Onde nasce a minha fonte,

Para que possa crescer
Onde crescem as asas
P’ra voar no horizonte.

Assim voo e cresço
Ando de estrela em estrela
E no sossego permaneço.

José António de Carvalho, 04-agosto-2021
Pintura de Ícaro - Wikimedia


(...)
Após a morte do Minotauro, Dédalo ficou preso, juntamente a seu filho, no labirinto. Então construíram asas artificiais a partir da cera do mel de abelhas e penas de pássaros de diversos tamanhos, moldando-as com as mãos para ficarem como asas de verdade. Dessa forma, conseguiram fugir do labirinto. Antes, porém, alertou ao filho que não voasse muito perto do Sol, para que não se lhe derretesse a cera das asas, e nem muito perto do mar, pois este poderia deixá-las mais pesadas. No entanto, Ícaro não ouviu os conselhos do pai e, tomado pelo desejo de voar próximo ao Sol, acabou por se "despenhar", caindo no mar Egeu. Afogou-se, por fim, na área que hoje leva o seu nome, o Mar Icariano perto de Icária, uma ilha a sudoeste de Samos. (...) (Fonte: Wikipedia)








domingo, 1 de agosto de 2021

Poema "ASAS"

Participei com este poema no programa Livro Aberto da RVA, de Ana Coelho, emissões de 16-junho e  e 23-julho-2021.

Poema lido hoje, sábado, dia 31-julho-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria e apresentação de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


ASAS


Desse teu gesto de querubim
Despontaram sombras de sorriso,
E que ainda hoje me recordo assim
O que antes parecia impreciso.

E quando as bocas emudeceram
Os breves momentos que calámos
Na doçura de um beijo nasceram
Coloridas asas que sonhámos…

Brotaram chicotes no momento,
Apogeu do instante em que morremos
P'ra subir da terra com alento,

Num pregão surdo a romper o vento,
Com todo o amor nos oferecemos
No que de mais intenso vivemos
Desse voo de outrora, só nosso…

José António de Carvalho, 15-julho-2021




 

 

segunda-feira, 26 de julho de 2021

Poema "MAR DE ABRAÇOS"


MAR DE ABRAÇOS

 

Quando me lembro do teu abraço

que me apertou contra o teu peito,

vendo o mar a cair de cansaço

naquele frenético jeito.

 

E as ondas bailaram o corpo,

delirantes desse momento.

Fechei os olhos, caí absorto,

e tu leste-me o pensamento.


José António de Carvalho, 26-julho-2021




sexta-feira, 16 de julho de 2021

Poema "A VOZ DA ALMA"

Participei com este poema no programa Livro Aberto da RVA, de Ana Coelho, emissões de -junho e 02 e 09-julho-2021.

Poema lido hoje, sábado, dia 17-julho-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria e apresentação de Manuel Sanches e Suzy Mónica.



A VOZ DA ALMA



Há uma voz que tanto chama
baixinho, e que murmura, aonde
a vida em mim sempre reclama
e que no íntimo responde:
- Dura é a mão que empunha a arma
e aos olhos da morte a esconde.

É uma voz que me aconselha
que voe para longe de mim:
- Deixa pra trás a vida velha
que te deixou prostrado assim.
E minha dor que bem a espelha
em forte grito de clarim.

Escrevo nesta tarde calma
o final de um longo processo
em que um recomeço se espalma,
se na vida há novo regresso
enquanto mantivermos a alma
e a vida não tiver um preço…

José António de Carvalho, 01-julho-2021




sábado, 10 de julho de 2021

Poema "O AMOR NÃO MORRE"

SARAU AUTOR DO MÊS: Mário Quintana
TEMA: É tão bom morrer de amor e continuar vivendo
CONVITE: Terezinha Costa

O AMOR NÃO MORRE

Quantas vezes eu já morri de amor… Contas que nunca fiz, se me perdi nessas vezes em que morri, e na dor de outras tantas vezes que renasci.
Sempre que se ama veste-se a razão,a maior que temos para viver, um plantar de flores no coração p'ra num abraço t'as oferecer.
Depois fico despido sem saber se mais flores terei para te dar, outras logo começam a crescer mais lindas, acabadas de gerar…
Ó minha amada, minha flor eleita, quantas vezes a ti já me prendi, nos mil momentos em que foi perfeita a vida que contigo construí.
José António de Carvalho, 10-julho-2021
Pintura de Hermínia Veríssimo – ARTE CELANO, Grupo de Artistas








quarta-feira, 7 de julho de 2021

Poema "O MEU PAÍS"


Poema lido sábado, dia 10-julho-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria e apresentação de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


O MEU PAÍS

Deixem-me escrever um poema genuíno
no corpo deitado deste país;
onde sou rio e mar,
serra e planície secreta,
outeiro firme,
socalco agreste,
íngreme ladeira,
o pico da montanha,
a ilha e a filha,
o vulcão e a lagoa.
Por isso a vida é boa.

Sou carvalho, pinheiro,
tília e amieiro, a azinheira…
a seara, o prado, o milho,
a oliveira, o pessegueiro,
as giestas, as macieiras,
as vinhas e as encostas.
As colheitas que se perdem,
as gentes maldispostas…

Sou o verde do chão seco
a olhar o sol que se agiganta.
A vida que nasce,
a que anda,
a que foge,
a que corre,
a que morre...

Não sei se é mudança
ou se a chuva dança
ou vento da temperança,
o rosto da criança
que nele se deita
e dele se levanta, 
e que nele avança
e se deleita... 

José António de Carvalho, 07-julho-2021
Foto: “Google Earth”



sexta-feira, 2 de julho de 2021

Resultado do 3º SORTEIO: 1 livro "Sente, Logo Vives e Sonhas" (as regras e lista de candidatos)


 SORTEIO
1 livro "Sente, Logo Vives e Sonhas"

Lista de nomes e números atribuídos aos seguidores deste blog, que ficará a aguardar pela extração das estrelas do euromilhões de amanhã (SORTEIO: 053/2021 - SEXTA-FEIRA, DATA DO SORTEIO - 02/07/2021)

Os números extraídos das estrelas - SORTEIO: 053/2021 - DATA DO SORTEIO - 02/07/2021, SEXTA-FEIRA (Hoje):
                    
7 e 10

Parabéns à vencedora!!!!

Efigênia Coutinho ( Mallemont )






O livro 



Importa RELEMBRAR: se quiser fazer parte da lista a submeter ao sorteio é necessário que passe a seguir o blog até às 18 horas de amanhã (02-07-2021).

    NOTA
    Como não temos aqui nesta lista todas as conjugação possíveis das estrelas a extrair do sorteio, será atribuído o prémio do livro a quem ficar mais próximo das estrelas sorteadas. 




     

    sábado, 26 de junho de 2021

    Poema "ENTENDIMENTO"

    Participei com este poema no programa Livro Aberto da RVA, de Ana Coelho, emissões de 18-junho e 25-junho-2021, homenageando o poeta Pedro António Correia Garção (1724-1772).

    Participei também com este poema na 71ª edição do 


    ENTENDIMENTO


    Ah, luz que me foges assim
    num prateado envelhecido,
    rosto de aurora enrubescido,
    presença do meu sol no fim.

    Ah, rochedo velho do tempo,
    as flores do prado fugiram,
    a roupa da morte vestiram…
    suspiros roubados ó vento.

    Julgando eu que luz concediam
    entre os meus sonhos e palavras,
    mas eram já horas escravas
    por ver que os meus dias fugiam.

    José António de Carvalho, 16-junho-2021
    Certificado da RVA - Programa Livro Aberto






    sexta-feira, 18 de junho de 2021

    Poema "ASTROS"

    Poema lido por Raúl Tomé (Baltasar Sete-Sóis), rádio Popular FM, no seu programa de domingo, 20-06-2021.

    Poema lido no sábado, 19-junho-2021, no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


    ASTROS


    Ainda sinto como poucos
    onde se espraiam correntes,
    onde se perdem os lábios,
    onde se afagam os dentes.

    Ainda sinto como loucos
    fogo vivo, tempos quentes,
    magnete dos astrolábios
    que levaram às nascentes.

    Faço meus ouvidos moucos
    àqueles sons estridentes
    guardados nos alfarrábios
    de palavras contundentes.

    Ainda ouço gemidos roucos
    vestígios de sóis ardentes,
    ânsia de saber dos sábios,
    olhos de estrelas cadentes.

    José António de Carvalho, 18-junho-2021
    Foto 
    Google - Cometa Halley





    domingo, 13 de junho de 2021

    Poema "OLHAR À JANELA"

    Poema lido hoje (23-junho-2021) no programa "Hora Mágica" da Rádio MUM, de Merlin Magiko.


    OLHAR À JANELA


    Sei lá por onde andavas
    Até ao tropeço do momento
    Que nos cruzou…

    Trocámos tempo,
    Trocámos luz do sol,
    Trocámos pensamento,
    Trocámos brisas e vento.

    Olhei-me ao espelho
    E não vi nada.
    Fixei-me mais
    E vi-te no fundo dos meus olhos.

    Falei-me do mar,
    Do pequeno grão de areia,
    Da minúcia das palavras,
    Da irrelevância dos gestos,
    Da profundidade das insignificâncias.

    E se tudo floresce
    É porque é natural.

    Cresce ainda
    E permanece assim
    Em mim!


    José António de Carvalho, 12-junho-2021
    Foto de Conceição Silva







    sábado, 12 de junho de 2021

    Poema "SORRISO DE CRIANÇA"

    Participei com este poema no programa Livro Aberto da RVA, de Ana Coelho, emissões de 04-junho e 11-junho-2021, dedicadas à Criança pelo seu Dia Mundial.

    Poema lido no sábado, 19-junho-2021, no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


    SORRISO DE CRIANÇA


    Sorri, sorri, ó criança,
    nessa brancura de rosa,
    com o teu sorriso avança
    que a vida é preciosa.

    Vê tu criança, e vê bem,
    o que no mundo se passa,
    o que demais alguns têm
    pra outros é só desgraça.

    Aprende petiz, aprende,
    Aprende a crescer feliz,
    Se a alegria se arrepende
    Inda foge e não te diz.

    Ama criança, ama tanto,
    amar nunca é demais,
    nunca remetas a um canto
    aqueles que são teus pais.

    Estende esse teu olhar doce
    bem para além do horizonte,
    vê o outro como se fosse
    nascido da mesma fonte…

    José António de Carvalho, 04-junho-2021



    quinta-feira, 10 de junho de 2021

    Carta de "AMOR A PORTUGAL"

    Esta carta integrou a Coletânea de cartas de Amor da Chiado Books, janeiro-2019


    Meu Amor

    Bem sei que as cartas caíram em desuso, mesmo assim não resisto a escrever-ta, porque não é uma simples carta, é uma carta de Amor.

    Quero que a leias com todo o vagar e de coração aberto. Se for possível procura um lugar verde natural, belo e recatado, para que esta carta se torne muito especial e relevante para o nosso sentir.

    Talvez a devas ler junto às margens dum rio, numa paisagem natural e florida.

    Pode ser mesmo junto ao Tejo, onde passe pelo meio de searas doiradas e quando o sol espelhe nas águas e ilumine o teu rosto doce, ou que a tua alma de flor passe serenamente num pequeno barco à vela, longe de nós e perto da outra margem, mas que nos aproxime cada mais, e mais.

    Ou na margem do Douro, onde se consiga ver a tua adorável silhueta projetada nas folhas douradas das videiras plantadas nas encostas das montanhas e com o rio a serpentear-se no vale, e o teu perfume dê aroma às uvas rosadas para nosso deleite, que se transformarão em vinho que nos há de inebriar e tornar os nossos corpos etéreos, tornando-os sublimes, quentes e amantes.

    Também poderá ser junto ao Vouga e Ria de Aveiro, onde a água salgada entra no corpo da terra por tanto a querer, formando-se enormes espelhos d’água que realçarão a tua beleza, ou pelas suas ramificações em ribeiras e regatos, como se quisessem abraçar tudo. Tal como o nosso amor, que tudo quer envolver à nossa volta e colocar-nos ao centro, unidos e abraçados, debaixo de sol ameno.

    Ah, como gostaria que a lesses em Viana do Castelo, no jardim junto ao Lima, em dia que não esteja frio nem se faça sentir vento forte. Ou ainda, se preferires subir o monte de Santa Luzia, poderás lê-la bem lá no cimo junto ao mosteiro, irás deslumbrar-te com a cidade e com a foz. Adivinharemos o sol a afundar no mar e subir pelo rio. E como é sublime e lenta a penetração das águas do rio no mar, misturando-se como as nuvens de vários tons, fazendo lembrar o despir das tuas roupas que encobrem tanta beleza simples e natural.

    Minha querida, se a preferires ler em Caminha, bem junto ao rio Minho, em Cerveira ou Monção, ficarei igualmente feliz. Tu serás cada uma das ilhas que dormem no interior do seu leito e eu serei as águas frescas e vivas à sua volta.

    Não posso ir mais longe, se te entusiasma a ideia de a leres junto ao Guadiana, pode ser em Alqueva, onde o amor não vê fronteiras, e beijamo-nos nos segredos da pérola de Olivença e abraçamo-nos na tão querida e bela planície alentejana.

    Ou ainda lê-la junto ao Sado, mas toma cuidado, porque este rio corre de sul para norte, tem as belezas do teu corpo no seu estuário e do teu rosto na península de Tróia.

    Assim termino, enviando-te um beijo de carinho e amor.

    Amo-te minha Pátria! Amo-te Portugal!

    José António de Carvalho



    segunda-feira, 7 de junho de 2021

    Poema "RAIZ DA ESPERANÇA"

    Participei com este poema no 67º Evento Literário Virtual da LUPA, que decorreu entre 21 e 27-junho-2021.


    RAIZ DA ESPERANÇA

    Doa-te livre nas mãos do vento
    em todos os passos que vais dando
    para não teres um contravento
    forte, como o que te vai soprando.

    Ó melodia de vida intensa
    que feridas fundas vais curando
    como seara de trigo imensa
    que ciosamente vai ondulando.

    E nasce nos teus olhos o dia
    em longas manhãs de primavera
    nos raios em que o sol irradia
    despojos dos sonhos que tivera.

    Longínquo céu que fazes voar
    uma andorinha no mar perdida
    de quem ama sem querer amar,
    a esperança, como flor da vida.

    José António de Carvalho, 06-junho-2021
    Quadro de António Miranda – Arte Celano, Grupo de Artistas