sexta-feira, 24 de abril de 2020

Poema "AQUI NESTE CANTO"


AQUI NESTE CANTO

Há voos livres das aves estampados no longínquo céu azul.
Há ideais inflamados pelo fogo do querer.
Há borboletas a serpentear o ar no seu voo irregular.
Há as cores vivas que os teus olhos querem ver
E campos abertos comprometidos com o mar.  

Há sol, e depois chuva… e novamente o sol a abrir-se,
Árvores vestidas de folhas tenras de um verde intenso.
Há azevéns e trevos que se falam em surdina,
Estevas e papoilas que não querem despedir-se.
Esperanças que fervilham no peito num sentir imenso.

Há sorrisos mortos em cada rosto denso.
Há listas de nomes de gente gravados a fogo,
Há todas as alegorias nas lágrimas de um povo,
Um mundo de gente que não resiste a este jogo
E que vai sobrevivendo a aprender a nascer de novo.

Sou livre de sentir e pensar,
Embora nem sempre o consiga devido às tempestades:
“Em abril, águas mil.”
A sabedoria popular diz todas as verdades…

José António de Carvalho, 24-abril-2020
Foto da "internet"



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