REVELO-ME ATRAVÉS DE SIMPLES VERSOS (Reservados os direitos de autor)
sábado, 20 de janeiro de 2024
Poema "CABE NUM DIA"
segunda-feira, 15 de janeiro de 2024
Poema "A SEGUNDA FUGA"
A SEGUNDA FUGA
Às vezes fujo por entre densos arvoredos,
outras por entre casas cavernosas vazias.
E enquanto fujo vou escapando a medos,
no acesso a horas ainda mais tardias.
Depois, lá encontro... e logo me defronto:
com a terra, com o mar, com as estrelas;
palavras que em dicionários não encontro
e que antes pensava serem as mais belas.
E as flores… as flores e a vida.
As flores que lembram sempre a minha terra;
essa terra cheia de vida que me vai engolir.
E aí é que se dá a guerrilha dentro de mim,
que mais cedo do que tarde será uma guerra.
Oh… essa guerra a que ninguém pode fugir,
que passará a certeza de um esfumado dilema:
se viver é pior ou melhor do que o que está para vir.
E não é hora, nunca é a hora para o fim do poema.
José António de Carvalho, 11-janeiro-2024
quarta-feira, 10 de janeiro de 2024
Poema "PRIMAVERA SONHADA"
PRIMAVERA SONHADA
Sonho com a primavera
neste janeiro decadente
e com esse sol ausente.
Alma triste em corpo frio
enrolado enquanto espera,
morrendo a cada arrepio.
Eles não sabem que o sonho
com que sonha toda a gente
é um sonho diferente
da água a descer o rio.
Assim eu sigo tristonho
e ela desliza em delírio.
Eles não sabem que sonho
com poesia cantada
em versos à minha amada
nos dias de primavera.
sonhe sonhos que eu tivera.
José António de Carvalho, 10-janeiro-2024
sexta-feira, 29 de dezembro de 2023
Poema "NATAL E ANO NOVO"
NATAL E ANO NOVO
Tentei escrever algo poético sobre o Natal e Ano Novo, e não consegui.
Não consegui elevar-me nos sentimentos bons e adornados com florinhas;
nem mergulhar nas brisas frescas do mar;
no doce calor de um lar,
de uma família,
ou de uma singela cama com perfume primaveril
coberta de papelinhos com pedidos e desejos
para o Natal e ano de 2024.
Sinto, isso sim,
as grades frias do mundo que nos aprisiona o corpo,
e esta sociedade que nos venda os olhos
tornando-nos mais cegos do que morcegos expostos à luz do dia.
Sabemos lá o que é a luz se só vemos flashes direcionados ao sol do meio-dia.
Ontem acreditaria no amor
se não observasse agora que o ódio é menos malévolo
do que a indiferença carregada pela neutralidade.
Tenciono odiar os neutros,
e os estados de neutralidade,
e o politicamente correto.
José António de Carvalho, 28-dezembro-2023
quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
Poema "MÃOS NATAL"
MÃOS NATAL
Se as tuas mãos ajudam
são sempre mãos limpas;
ainda que estejam sujas
é reconfortante senti-las.
Estender a mão e ajudar
é pegar no grão e semear.
sábado, 16 de dezembro de 2023
Poema "NATAL, QUE LINDO, SE…"
NATAL, QUE LINDO, SE…
Ah, que sonho lindo
esse natal de menino,
cujas prendas eram sonho.
E a luz era pouca
para ver os ponteiros
unirem-se à meia-noite.
Ai, que alegria louca…
O menino lá deixara
cair no gasto sapatinho
três rebuçados “catraio”
e um chocolate pequenino.
havia ainda a camisola,
que depois de remendada
ficara outra vez nova.
Em nada era o Natal de hoje,
dum mundo em que tudo foge…
de loja em loja,
de carro em carro,
de telefone em telefone,
de consola e televisão,
computador ou outra diversão
que põe o Homem fechado.
Também as macro diversões
com gente aos repelões
e outra acantonada
vencida pelas ilusões,
que abafam sons de aviões,
de mísseis e canhões,
em matança desculpada.
E as mais incríveis poluições
nesta Terra tão maltratada.
Esta… a traição das traições.
Depois…
Mensagens quase virgens
de desumanos aldrabões,
cujas palavras dão vertigens
e asfixiam pulmões
de desalinhados, não seguidores,
indo-se-lhes a vida em horrores.
E eu pergunto a todos os presentes:
Será isto Natal, meus senhores,
encobrir maldades e seus autores
que espalham morte a inocentes?
José António de Carvalho, 15-dezembro-2023
segunda-feira, 11 de dezembro de 2023
Poema "PARABÉNS, QUERIDA MÃE!" - 09-12
PARABÉNS, QUERIDA MÃE!
Cada ano que passa
é passo no trilho feito,
é graça que grassa
desse teu jeito.
Devagar, avanças a idade
nas brisas que a vida dá.
Fica o que se aprende,
se é, e se estende
a alguém, aqui e acolá.
Soerguida do fio da dor
e de alegria contraída
das mutilações ao coração.
Mas subsistes com esperança
no amor aos que tens;
ainda são os teus bens,
e que te rendem amor,
carinho e dedicação.
José António de Carvalho, 09-dezembro-2023
segunda-feira, 27 de novembro de 2023
Poema "AMA-ME"
AMA-ME
Ama-me por dentro,
que por fora é ilusório.
É campo que seca,
rio que resseca,
rio que morre
antes de chegar ao mar.
Ama-me neste cinzento,
que mistura o negro passado
com o branco do momento.
Ama-me assim:
com azuis sobressaltos
e verdes esquecimentos…
Mas sempre a sonhar
com pinheiros altos
e flores de jasmim,
com veleiros a navegar
nas vagas do alto-mar…
Sendo este o espaço
de chegares até mim
no tempo de um abraço;
e ficarmos assim,
marcando compasso,
para o dia não ter fim.
José António de Carvalho, 27-novembro-2023
sábado, 18 de novembro de 2023
TEXTO "MUITO"
sexta-feira, 10 de novembro de 2023
Poema "NA TERRA DA GUERRA E DO METAL"
NA TERRA DA GUERRA E DO METAL
Sou desta terra que vive de olhos postos no além,
e vivo na avenida que segue sem se saber o fim.
Esta terra que fica na Terra onde há guerra
que mata inocentes e soldados também.
Disparo revolta à volta das letras que grito,
bombas e balas de paz na terra de ninguém,
Mesmo não tendo importância para quem
só lê letras dos metais de quem é rico.
E… quem puder, por contrição, que mude;
eu, pelo mesmo motivo, por aqui me fico.
José António de Carvalho, 10-novembro-2023
terça-feira, 7 de novembro de 2023
Sátira "O DIÁLOGO"
MARCELO E COSTA
O DIÁLOGO
- “Galamba” Sr. Presidente,
Que mau “Cordeiro” me terá visto
Para me meterem nisto?
- Não faço ideia! Disse Marcelo.
Há muito que te avisei
Daquele astuto mentiroso…
Agora apenas te direi
Que para mim é penoso
Ver-te, também, ir embora!
Tu ainda por aqui ficarias
Não viesse a ordem de fora!
sábado, 4 de novembro de 2023
Poema "A TRAVESSIA" (Inspirado no quadro de Monteiro da Silva)
Essa paisagem cortada ao meio pelos castanhos outonos de águas ainda mornas, que se nega a não sonhar com a vida quando o sol a visita na sua aparição pela outra margem.
Há sempre um abismo a vencer,
há sempre uma ponte para atravessar. Há sempre o outro lado para sonhar, há
sempre um tempo que nos quer acolher.
Há sempre as repetidas
primaveras que trazem a luz à escuridão dos olhos da alma, que quase adormece
em todos os invernos da terra e em todos os invernos da vida.
Mas os olhos ainda vislumbram a
ponte… Uma ponte de travessia e sonho, seja ela de luz, de água viva duma fonte,
ou simples pincelada divina nas águas inquietas, que, lá no fundo, inspiram a
arte e a poesia.
quinta-feira, 2 de novembro de 2023
PENSAMENTO
ALGO QUE PODEMOS MUDAR?
(no dia dos fiéis defuntos)
José António de Carvalho, 02-novembro-2023
quarta-feira, 1 de novembro de 2023
Poema "LEVA-ME A SAUDADE"
HOMENAGEM AO MEU PAI E AO MEU IRMÃO (01-Novembro)
LEVA-ME A SAUDADE
Pega-me na mão e leva-me para onde o sol se sinta ameno,onde as palavras mesmo que surdas sejam ricas;
onde se cultivem os campos com almas despidas,
e se sinta que deixaste o ar mais leve e o peito mais fértil.
Que a robustez líquida do sentir angarie fiéis
para que possamos gritar pela verdade do amor.
Grito no cimo deste monte de saudade...
José António de Carvalho, 01-novembro-2023
terça-feira, 31 de outubro de 2023
Poema "PÁGINAS DE NOVEMBRO"
PÁGINAS DE NOVEMBRO
Chega o novembro cinzento
no seu profundo lamento
sem pena e cor de esperança
de ver fim a tanta guerra
que explode na fria terra,
malvado hino à ganância.
Pego nas folhas que caem,
são lágrimas da paisagem
do despir da natureza
que de si já tanto sofre,
sangue das veias da estrofe
onde mergulho a tristeza.
José António de Carvalho, 31-outubro-2023
domingo, 22 de outubro de 2023
Poema "POESIA DA VIDA"
Ah… esta minha terra e este mar,
que me trazem recordações
de quando acordo p'ra viver;
o hoje e o amanhã que mais quero
calando o ego - quero e posso
para ser o que posso ser.
Esta ideia, esta alma de povo,
abrigam-me de sobressaltos,
ter em cada dia tudo novo
sendo igual sem se repetir
em mais um dia para subir
a alcançar pensamentos altos.
Tendo isto, tenho quase tudo,
com os versos em liberdade
e a vida descomprometida,
a morte viverá escondida,
e a poesia não será miragem
estampada em bela paisagem
dentro da minha própria vida.
José António de Carvalho, 12-outubro-2023
sexta-feira, 20 de outubro de 2023
Feliz Dia do POETA!
Feliz Dia do POETA!
Hoje percebo um pouco melhor os
poetas.
Não é poeta quem quer ser poeta,
mas aquele que se liberta da matéria
e se deixa voar em emoções.
Daí que o poeta só o consiga ser
em pequenos espaços da sua
existência,
designados por momentos de
inspiração.
E se a vida é como uma flor,
direi que, é como uma roseira,
que desabrocha do botão,
a mais apaixonante das pares,
e, pouco tempo depois
começa a desprender-se das pétalas,
deixando: umas, voarem para o chão;
outras, ficando presas nos espinhos
de outras roseiras; outras ainda,
prendendo-se nos próprios espinhos,
ficando aí até terrivelmente secarem,
ou esperando que venha uma leve brisa
que as lance no chão para serem nada.
Ficam apenas memórias...
Memórias em quem pode e quer ter memória.
Ou, então, ficam as memórias gravadas
na arte de quem sabe fazer arte.
Boas inspirações!
Feliz dia do Poeta!
José António de Carvalho, 20-outubro-2023
Foto do site: www.calendarr.com/brasil/dia-do-poeta/
quinta-feira, 19 de outubro de 2023
Poema "PALAVRAS"
PALAVRAS
Fico-me pelas palavras simples
e despidas de aura divina,
despidas das joias cintilantes
e acolchoados das vestimentas reais.
Palavras… sem papos inchados,
coloridas plumagens de faisões
e conteúdos e intenções nebulosas.
Fico-me apenas pela palavra,
de simples palavras de serem cantadas.
Palavras de significados líquidos,
palavras vento,
palavras sol;
palavras cintilantes,
palavras verdes,
palavras água
e alimento,
palavras justiça,
palavras rio,
palavras planície
e montanha,
palavras fogo,
palavras… sentimento novo.
Palavras de grito
pela natureza que morre,
palavras de Homem
que mata a fome,
palavras da paz
que não se faz,
palavras de justiça
a quem a desperdiça,
palavras da ternura
que segure a mão,
palavras balbuciadas
ao ouvido, que digam:
“acredita, respeita,
abraça, sonha,
ama, e… voa”.
Só assim as palavras
deslumbram!
José António de Carvalho, 06-outubro-2023
quarta-feira, 18 de outubro de 2023
PENSAMENTO
Receio que nunca mais possamos olhar calmamente o céu e nele
contarmos estrelas, deixarmo-nos beijar pelo sol ou de sentirmos a chuva humedecer-nos
o rosto, de enfrentarmos o vento a sacudir-nos a roupa batendo-a na nossa pele,
porque temos de andar atentos ao que se passa no chão e à nossa volta, esquecendo
que grandes perigos também nos podem chegar pelo ar, independentemente da altitude e
latitude.
quarta-feira, 27 de setembro de 2023
Poema "NA PROCURA DO POEMA"
Querendo aparentar o que não é essência.
E, dia-a-dia, sofremos na ambivalência
de ser o que não somos em consciência."
Talvez não sejas música,
talvez não sejas água;
talvez… nem sejas alimento.
Ou talvez sejas a luz
a acordar o esquecimento.
Talvez sejas mais que ilusão
de um cálice de paixão.
Mas és sístole do coração
a levar alimento onde
o poema se esconde
numa pétala de flor,
a florescer no esplendor
do mais singelo no amor.
José António de Carvalho, 27-setembro-2023