sábado, 17 de agosto de 2019

Poema "Festa na minha terra"


Poema lido, no dia 15-agosto-2020 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica. 


Festa na minha terra

Acordas estonteantemente bela
até receias não estares bem acordada
se tens dia no dia, e dia na própria madrugada.

As luzes são milhentas e a flores ornamentada
assim te apresentas, prá grande gala preparada…
Ó minha terra, tens tudo sem quereres nada!

E quem lembra os anos em que não há festa
nem te vestes de princesa, nem é dia na madrugada
nem agosto é agosto… e toda a gente protesta.

E com os filhos da terra e os que de fora vêm
a emoldurarem as ruas na passagem da procissão
e são famílias inteiras, uns crentes e outros não.

E nesta multiplicidade de sentires e de paixões
Lá se vai o agosto e as férias, mas ficam as orações
nas gentes desta terra, e um orgulho nos corações.

José António de Carvalho, 17- agosto-2019
Foto de Rosário Pinho




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quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Poema "Os dedos"


Os dedos

São setas desferidas ao sol
Pétalas furtadas às violetas
Em finas agulhas desassombradas
Hirtas e firmes põem um fim às tretas.

Centopeias nas teclas do piano
Notas soltas que saltitam pelo ar
Ao desenhar os dias do ano
Nas contas de “tirar” e somar.

São linhas finas de fortes desejos
Estendidas pela aridez da pele
E lábios desabados aos beijos
Astrolábios sábios em mar de mel.

Os dedos tocam notas musicais
O canto da natureza e do mar
O assobiar do vento e dos pardais
Ordenam belas canções de embalar.

Os dedos são verdadeiros, leais
E cúmplices uns e outros entre si
Pequenos, grandes, são fundamentais
Pra escrever um poema para ti.

José António de Carvalho, 15-agosto-2019

Foto de Conceição Silva



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terça-feira, 13 de agosto de 2019

Poema "METADES DO TODO"


METADES DO TODO


Lá se veste de poeta
figurão meio idiota
a olhar para parte incerta
e ar obtuso. Não se importa.

O seu ver enviesado
um quinhão da sua herança
à dor não fora poupado
nem mesmo quando criança.

De idiota é metade
a outra tem maior vigor
é mordaz e tem saudade
tem energia, tem cor.

Tem um querer controverso
tem pétalas, tem magia
palavras nuas e o verso
do que viveu nesse dia.

José António de Carvalho, 13-agosto-2019
Foto de Conceição Silva







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sábado, 10 de agosto de 2019

Poema "MÊS DE AGOSTO NA DEVESA" (acróstico)

Poema lido, no dia 15-agosto-2020 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica. 


MÊS DE AGOSTO NA DEVESA – Acróstico

Lembras-te do agosto em que corrias
Indo pelo Parque da Devesa fora
Nunca paravas e sorrias
Davas vida à natureza que lá mora
O que ainda fazes todos os dias.

Mas algum tempo já passou
Êxito teu quando me confundias
Se os caminhos que fazes agora

Duma forma bem apurada
Entras pela natureza apaixonada.

Aguarda por mim bela e sorridente
Gosto de te ver correr e sorrir
Ou que alguém te cumprimente
Saldas as contas num instante.
Todos os dias vais ao parque
O que te dá “corpo são em sã mente”!!!

José António de Carvalho, 10-agosto-2019
Foto da Página FB "Parque da Devesa"



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terça-feira, 6 de agosto de 2019

Poema: "O Caminho do soneto ao contrário" (soneto)


Poema lido no programa "As Nossas Raízes", de hoje, de 01-agosto-2020, da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.

Nota: Ouso um pouco da vida neste soneto ao contrário.


O CAMINHO DO SONETO AO CONTRÁRIO 

Resumo no terceto este fadário
Do soneto, tão grande o desafio
Partir do fim, poema ao contrário.

É como ver as coisas invertidas
É caminhar na vida e ficar novo
Assim elas são muito mais sentidas…

Subir da foz do rio pra nascente
D' águas misturadas pra pureza
Realizando um sonho incoerente
Contrário à lei da natureza.

Em surpresa, no lume da chegada
Quando sobes a praia de repente
Ó deusa que me marcas com pegada…
Vem devagar, vem calma e docemente!

José António de Carvalho, 06-agosto-2019
Foto de Conceição Silva








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quinta-feira, 1 de agosto de 2019

Poema "São flores"


São flores

Aceita as flores atadas com palavras
colhidas dos jardins cultivados em mim

Trata-as bem. Dá-lhes todo o alimento
Também as palavras são sustento

São tulipas e rosas e cravos vermelhos
entre elas espreitam amores-perfeitos

Contempla-as e rouba-lhes o perfume
que te inebria e em ti deflagra o lume

Põe o vestido azul-céu em seda fina
Que sempre usas se te vestes de menina

E dança com as flores no braçado
nas cores e perfumes e músicas
e sensações que temos sonhado

Neste poema que ao ouvido te segredo…

José António de Carvalho, 01-agosto-2019
Foto de Conceição Silva


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sábado, 27 de julho de 2019

Poema "SÓ MAIS UM DIA"


SÓ MAIS UM DIA

O sol parece que andou
como a ave quando esvoaça
mas se ninguém reparou
é só o dia que passa.

História que alguém narrou
de gente que muito abraça
se o sol parece que andou
mais outro dia que passa.

E se mais alguém pensou
que o caminho não é de ida
é alguém que se enganou
nas contas que fez à vida.

E se quem tanto hesitou
se o tempo é ameaça
é porque jamais amou
em cada dia que passa.

José António de Carvalho, 28-07-2019
Foto de Conceição Silva



quinta-feira, 25 de julho de 2019

Poema "LIVRO DE POESIA"



LIVRO DE POESIA


Se tu fores o meu livro,
sejas o meu livro aberto
de capa misteriosa
e com mãos cheias de afeto.

Um livro de poesia
com fotos de rosmaninho
vestido com luz do dia
na chegada de mansinho.

Os teus olhos são as páginas
que folheio uma a uma,
e sorvo palavras leves
na frescura da bruma.

Teus lábios encarnados,
são versos arrancados
ainda mais embaraçados
pelos beijos desejados
e que nunca são dados.

E os fios dos teus cabelos,
misteriosos novelos,
gemem a desenrolarem,
ondas nuas a quebrarem
de emaranhados tão belos.

Eu só fingia que dormia 
enquanto o teu livro lia…

José António de Carvalho, 25-julho-2019 (alterado em  22-julho-2020)
Foto de Conceição Silva



terça-feira, 23 de julho de 2019

Poema "OS SONHOS TAMBÉM ACORDAM"


OS SONHOS TAMBÉM ACORDAM


Chama por mim bem cedo
Para acordar dos braços da madrugada
Ainda sem o sol ter nascido
E se vejam as estrelas a brilhar…

Como será bom este acordar!

Chama por mim em voz forte
Depois de me teres levado na tua noite
Por um rio de águas transparentes
Que seduz as estrelas reluzentes
Pra amenizar os corpos quentes…

Como será delicioso este acordar!

Chama por mim ao ouvido
Pra não assustares os meus sentidos
Que ainda repousam docemente
Sobre a ternura do teu corpo quente
Que toda a noite se matou a remar
Contra a maior fúria deste mar…

Como será nascer neste acordar!...

José António de Carvalho, 23-julho-2019
Foto de Conceição Silva



domingo, 21 de julho de 2019

Poema "VERMOIM, MINHA TERRA" (soneto)

Este poema foi premiado com o primeiro lugar no concurso de poesia do Grupo Poético "Templo da Palavra", resultado divulgado a 20 de abril de 2020.

Integrou a Coletânea de Poesia "Horizontes da Poesia XII", e foi colocado um exemplar na Junta de Freguesia de Vermoim.

Também foi lido no programa "As Nossas Raízes", de 01-agosto-2020, da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.

Poema lido hoje, dia 26-junho-2022, pelo ator Sérgio Ferreira, nas comemorações do dia da freguesia de Vermoim  - a minha terra.




VERMOIM, MINHA TERRA


Se vejo os teus mil cantos, minha terra
Se em cada canto os teus encantos mil
Mais encantos ainda este olhar descerra
Por causa deste olhar cego e febril.

Quando o sol lança os raios sobre ti
Todo o esplendor te salta do rosto
Nos olhos tens um verde que sorri
Em fortes tons de quente e doce agosto. 

Vestes roupa de nova primavera
Do tempo pendurado na memória
Onde o povo levanta a tua história.

Inspiras o poeta na quimera
De escrever a beleza que não altera
O rumo do seu sonho: A tua glória!

José António de Carvalho, 21-julho-2019








sábado, 20 de julho de 2019

Poema "ABRAÇO-TE" (Versão 2)


ABRAÇO-TE

Hoje sinto-me muito vago
Parado bem lá no alto mar
Pois saudades comigo trago
De mais uma vez abraçar.

Um abraço nascido da alma
Preso em laço imaterial
Que transborde paz para o mundo
Expugnando-o de algum mal.

Não vejo além daquele monte
Mas trago a vontade comigo
De rasgar este meu horizonte
P'ra te dar um abraço: AMIGO.

José António de Carvalho, in “Sente, Logo Vives e Sonhas” (Versão: 20-Julho-2019)






terça-feira, 16 de julho de 2019

Poema "Vais p’a galo"


Vais p’a galo

Canta, grita ó majestoso
Empoleirado na janela
Meio tonto, mas generoso
Até pareces tagarela.

Tens-te por um grande galã
Abres a asa e bates o pé
Mas se surge uma anfitriã
Perdes luta pró garnizé.

És o herói da tua capoeira
Pões nas lutas maior afinco
Até teres a derradeira
Com a lâmina pelo brinco.

Assim se apaga grande herói
Naquele braseiro que fazem
E só de pensar também dói
Quando assado se satisfazem.

José António de Carvalho, 15-julho-2019
Foto do Site Horizontes da Poesia


quarta-feira, 10 de julho de 2019

Poema " Livre de voar"

Livre de voar

Encostada à parede no meio do nada
asas salgadas de desejo de madrugada

Pele de seda fina de matéria sublimada
arrepiada nos sentidos pela mão tremulada

Que desliza em fio de água pura
na derme queimada ardente de ternura

Como lírio doirado aberto a olhar o sol
vulto de afeto abafado pelo lençol

O teu corpo quente evapora beleza
pra angústia de Vénus e sua fraqueza

Nas contas da vida somas a tua idade
da menina que vestes em total liberdade.

José António de Carvalho, 10-julho-2019
Foto de Conceição Silva




terça-feira, 9 de julho de 2019

Poema "A revolta da aceitação"

A revolta da aceitação

Não há jogo do elástico
nem o rodar do pião,

Há o desenrolar do tempo
da sua corda do fantástico.

Não há vidas perfeitas
nem dias deslumbrantes,

Há manhãs, tardes e noites
incrivelmente diferentes se tu as enfeitas.

Não há sonhos em vão
nem flores que sejam horríveis,

Há paixões ardentes no coração
e momentos irrepetíveis.

Não há dor que não passe
nem vida que não tenha fim,

Mas há poesia que a abrace
porque a vida é mesmo assim.

José António de Carvalho, 09-julho-2019
Foto de Conceição Silva




Certificado de participação na Coletânea Livro Aberto 2020, Rádio Voz de Alenquer, organizada pela amiga Ana Coelho.
 

Declamação do poema





sábado, 6 de julho de 2019

Poema "ABRE-ME E LÊ-ME"


ABRE-ME E LÊ-ME


Cabem todas as letras em mim
Todas as palavras e parágrafos
Ideias fenomenais, descobertas espantosas
As guerras e os silêncios mais brutais.

Cabe em mim ainda outro mundo
O céu e as estrelas, todas as constelações
O cheiro da terra lavrada e da manhã orvalhada
A cabra ordenhada no frio de qualquer madrugada.

Cabe em mim a ostentação e a hipocrisia
A tristeza e a pobreza
A persistência da minhoca
Quando perfura a terra dura.

Cabe em mim a dor de barriga, o filho abandonado
e lançado no contentor do tempo
O desespero, a loucura, a dor, a pobreza.

Cabe em mim a maior história de amor
A maior traição, o verso bem rimado
O poema ritmado, o texto ainda inacabado.

Cabe a minha história sem história
A do Homem e a sua memória
Mesmo não tendo glória
Tem a que a memória não perdeu.

Cabe o teu ou outro qualquer amor
O teu e o nosso pedaço de céu
Um amor assim, que resiste
O romance que insiste
Um amor que sofre e persiste
Mas que não morreu…

José António de Carvalho, 06-julho-2019
Foto: Concurso de poesia "Horizontes da Poesia"






segunda-feira, 1 de julho de 2019

Poema "Sonhos da vida"


Sonhos da vida

Invento-te nas manhãs claras
com mantos de luz e neblina
Os teus olhos são pedras raras
que o meu coração desatina.

Sonho o teu corpo de menina
e o teu sorriso de criança
Tomo a tua cintura fina
com dedos duros como lança.

Resgato os cabelos compridos
à violência destes ventos
Os teus seios são elmos erguidos
por beijos quentes e sedentos.

Ergo-te torre de marfim
com os braços de quem é forte
Laço que te traz até mim
sonho da vida até à morte…

José António de Carvalho, 01-julho-2019
Foto "Arte no Parque, Devesa-2019"





Poema "A olhar o parque"


Poema lido sábado, dia 10-julho-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria e apresentação de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


(No dia das Artes no parque da Devesa, Vila Nova de Famalicão)


A olhar o parque


Não olho apenas por olhar
Olho-te tão só nos olhos
Absorvo-te todo o teu ar
das árvores e seus folhos.

Pés na frescura do chão
e os coelhos a saltarem
na chegada do Verão
com artes a cintilarem.

Tantas plantas a florirem
pessoas a caminharem
aos pares a sorrirem
aves a nidificarem.

No teu seio o rio e ribeiro
também aquele carvalho
mais além tens um sobreiro
alegre, na horta, o espantalho.

Os teus sonhos na lagoa
voam nos patos selvagens
afastando o que magoa
ao nadarem prás margens.

É nesta diversidade
de natureza e razão
falo à humanidade:
Devesa, Famalicão!!!

José António de Carvalho, 30-06-2018
Fotos, minhas e página FB "Parque da Devesa"