sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Poema "No limite do Natal"

No limite do Natal

Cada vez mais perto do limite
e mais longe do centro,
Do centro da via
e do cerne da vida.

Voltados para nós
e para o nosso centro.
Entrincheirados
no olho do ciclone,
arrebatados no sono
enquanto os princípios voam.

Pura ilusão de autodestruição,
servida em normas
com rosto e efeito,
carcomidas no interior
pelo próprio defeito.

Natal…
não tem visão cingida.
Natal…
é o renascer puro prá Vida!

José António de Carvalho, 20-dezembro-2019
Foto do Presépio de Marco Penna (it) - Construido com massas alimentares.


quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Poema "Natal de luz"

Natal de luz

Se o meu caminhar for iluminado pela divina estrela
Pela sua luz viva e esplendorosa
Será a caminhada mais bela.

Venha eu do oriente
De oeste, este, sul ou norte,
Importa que confie nela
E sentir-me-ei mais forte.

Mãos de luz
Pés de luz
Olhar de luz
Abraçar de luz…
Coração de Jesus.

José António de Carvalho, 19-dezembro-2019
Foto do Presépio de Marco Penna (it) - Construido com massas alimentares.



Poema "O Natal das massas"

O Natal das massas

Se tanto o escrevem os poetas
Mesmo sendo pra dizer mal
Que se multipliquem alertas
Pra fazermos melhor Natal.

Minha pequenez não me impele
A dizer palavras mais belas
Peço apenas que se interpele
E olhar pra dentro das janelas.

Vejo a pobreza com angústia
Seja ela de que tipo for
É preciso ver com minúcia
Para a ver num olhar de dor.

Mas o Natal é muito belo
Até esse, o “comercial”
A razão maior é vivê-lo
Será ainda... Melhor Natal!!!

José António de Carvalho, 19-dezembro-2019
Foto do Presépio de Marco Penna (it) - Construido com massas alimentares.


segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Poema "Parabéns minha Mãe"

Parabéns minha Mãe

“PARABÉNS A VOCÊ”
Pelas oitenta e oito primaveras
Todas iguais e diferentes.
Primaveras de sol e de chuva
De amor e de desalento
Primaveras de vida, vivida
Doada, amada, desprendida…

“NESTA DATA QUERIDA”
E nós… filhos e netos
Afins e bisnetos,
Apenas queremos agradecer,
Porque a vida que temos
É a ti que a devemos.

“MUITAS FELICIDADES”
Por todos partilhadas
Neste e em todos os dias
Recetáculos de alegrias,
E que assim continue
Pelo tempo fora amada.

“MUITOS ANOS DE VIDA”
Não queremos muito,
Apenas a cada dia,
Pedir outro e depois outro
Com saúde e alegria!…

Um beijinho e um abraço de: filhos, netos, bisnetos e todos os afins.



sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Poema "Ternura da constipação"

Ternura da constipação

Olho o cair da noite pela janela.

Lá vem a cortina negra com as estrelas penduradas
e também aquele barco
que navega sempre para estes lados,
se o céu não se irritar como faz a minha vida,
em que as nuvens tudo envolvem
e eu fico invisível, e ninguém me vê.

Sabem, ninguém dá por mim…
Eu apenas escuto. Escuto tudo.

E nesta escuridão triste,
às vezes, apetece-me gritar.
Mas hoje não.
Apenas quero sonhar.
E a constipação?
Essa vai passar!…

José António de Carvalho, 06-dezembro-2019
Foto de hoje, tirada por mim.




sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Poema "TEMPOS"

TEMPOS

Há um tempo no coração que urge.
Mas não é o mesmo tempo do corpo.

O tempo do corpo é de chuva que aborrece.
O do coração é o tempo do raiar da aurora,
de enlevar o rosto na bruma fresca do mar.

O tempo do corpo é o do fado cansado.
O do coração é vibrante como as cordas do violino,
como o chilrear das aves na alegria da primavera.

O tempo do corpo é o tempo agasalhado do frio.
O do coração é um tempo de um longo estio,
mais veloz que o cair das águas na cascata dum rio.

O tempo do corpo. Oh!... Esse tempo do corpo!
Lográssemos nós podermos adiá-lo
e em tempo de coração transformá-lo.

José António de Carvalho, 29-novembro-2019
Foto de Maria José Bernardo



segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Poema "Os fracos"

Os fracos

Os fracos são aqueles
em que o amor não lhes entra
nem preenche o âmago.

Aqueles em que as suas árvores
não despontam primaveras.

Aqueles em que as flores
não desabrocham, nem frutificam docemente.

Fracos, são os que se abstêm de ver
de sentirem o Sol entrar-lhes bem dentro
até furar os confins da sua alma
iluminando-os e fecundando-os.

Fracos, são os que se estendem
nas águas do rio e adormecem profundamente
deixando-se levar pela corrente,

E que não olham para os mistérios da vida
que acontecem nas suas margens
onde crescem belas flores e árvores frondosas,

Os que não são capazes de lutar contra a sua corrente frouxa
e de apreciarem a beleza do que acontece no seu leito
onde a vida crepita, define e cresce pujante.

José António de Carvalho, 25-novembro-2019
Pintura de Madalena Macedo


https://youtu.be/TWPybPV9HaI




sábado, 23 de novembro de 2019

Poema "O NATAL QUE VEM PARA FICAR"

Este poema foi lido, no dia 19-dezembro-2020 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.

O NATAL QUE VEM PARA FICAR


Quem ousa dizer que o Natal na minha terra não é o mais bonito?
Ou que o Natal no meu país não é o mais fraterno?

Quem ousa dizer que o meu país não é um país de Cristo?
Que deixem de se ousar a tais coisas, porque não desisto.

Então não é Natal, ver casas iluminadas monte acima?
Parecendo estrelas no céu, no frio da noite e no breu?

Não é Natal abrirem-se todas as portas fechadas durante o ano?
Abrirem-se os sorrisos e os interiores, de cada casa que há em nós?

Ah!… E quando neva… Que na minha terra quase nunca neva…
É como se o Natal chegasse nesse dia, em qualquer dia ou noite fria.

O Natal na minha terra, na terra de Portugal, é feriado mundial.
E é do mundo, porque Cristo nasceu e renasce a cada segundo.

Não tenho dúvidas deste Natal que a alma encerra,
Em que os Homens, as Crianças e os Anjos O aclamam em toda Terra,

Mesmo convencidos que nunca fomos vencidos
Pela estrela que nos guiou e pela mensagem que ficou,
Ainda que a dúvida possa insistir continuar,

Todos queremos, Um Natal que venha para ficar!

José António de Carvalho, 23-novembro-2019
Foto JAC (Igreja de Vermoim com iluminação de Natal)

* Este poema integra o e-book de Natal -2019, do Solar de Poetas: "Eu vi uma Estrela" 




segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Poema "FACES DA POESIA"

Este poema foi lido, no dia 14-outubro-2020 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica, e voltou a ser lido em 12-dezembro-2020.

FACES DA POESIA

Leva, leva, este domingo cinzento.
Leva lá aquelas pesadas nuvens
que tanto carregam o firmamento.

Traz-me cores de margaridas jovens
de pétalas brancas e sorridentes
nesses dias mágicos quando vens.

Leva, leva, palavras que consentes
e que erguem altos muros e barreiras
que matam sorrisos, suas sementes.

Traz no olhar lindas flores de amendoeiras
alegres com a luz de mais um dia
ávidas no florir, pois são as primeiras.

Leva, leva, aquela dor que arrelia
gerada na angústia, e em soez surdina
vai comendo os sorrisos dia a dia.

Traz, traz-me as tuas tardes de menina
Que a tua doçura aconchega o peito
essa perfeita imagem feminina
de poesia a germinar no leito.

José António de Carvalho, 11-novembro-2019
Foto de Conceição Silva


segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Poema "A RAZÃO DO CORAÇÃO"


A RAZÃO DO CORAÇÃO

O meu coração embala
com o chilreio das aves,

Com o estalar das folhas
que se desprendem das árvores,


Ou com esta música
que me arrepia a pele
e me adormece o espírito
levando-me num sonho leve.

O meu coração tem a força dum tufão
a voracidade do momento
a fragilidade e a cor das verbenas.

E nele encontro a razão,
E não lhe sei dizer que não…

Eu sou todo que dele resulta!

José António de Carvalho, 04-novembro-2019
Foto “https://www.google.pt/.plantasonya.com




domingo, 3 de novembro de 2019

Poema "É novembro"

É novembro

Chove como já não me lembro.
Vem chuva de todos os lados...
O vento muda a direção
que esta chuva sempre me acerta.
Seta de grande precisão.

Digo que sempre que assim chove
minha melancolia aumenta
retraio tudo que há em mim
que nem sei bem a minha idade.
São menos de noventa e nove.

Mas isto é grande maldade!
Se os construo à minha volta
estes altos e grandes muros...
quero sonhar e não consigo
fico só por tristes murmúrios,

Tão longe dessa primavera,
que mesmo que seja severa...
A única que me alimenta
e me livra desta tormenta!

José António de Carvalho, 03-novembro-2019
Foto de Conceição Silva



quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Poema "As recusas"

As recusas

Abomino palavras opacas
de rosto tapado, que enganam
agridem e devastam.

Abomino palavras sujas
de pele encrostada e enquistada
repletas de lodo e sujidade.

Enojam-me as palavras vãs
que abrem os risos insípidos
das caixas de saneamento,

E as que saem pelo nariz
Incolores e impercetíveis
pelo seu requintado disfarce.

Ainda as palavras doentes
enfermas de lepra e vícios
das quais a carne se desprende.

Valem-me os raios brilhantes
e a frescura das tuas
palavras simples
sinceras
calorosas
e que me atam!…

José António de Carvalho, 31-outubro-2019
Foto de Conceição Silva


terça-feira, 22 de outubro de 2019

Poema "Bom dia!!!"

Bom dia!!!

Quando pintas o teu céu
com essa cor mimosa,
Ainda ficas mais formosa
nesse sorriso de alegria.
Mas se ele fosse meu,
Pintaríamos os nossos dias
com beijos e fantasias,
Que seria como viver no céu.

José António de Carvalho, 21-outubro-2019
Foto de Conceição Silva



domingo, 20 de outubro de 2019

Poema "A FRIA MAGIA DO OUTONO"

A FRIA MAGIA DO OUTONO

Verga-se o sol aos ponteiros do relógio
que se atrasam na maior melancolia.
Sentem-se os passos largos da noite,
arrefece o ânimo, encolhe-se o dia...

As árvores choram os frutos colhidos,
despedem-se, ora, de folhas e de sonhos
de noites quentes e sonos mal dormidos.
Bebo o sol das manhãs em dias encolhidos.

Espalha-se uma tristeza sombria no céu.
É outono... o vento zune, chega o frio.
A lareira move-se, agiganta-se ante o breu.
O vento lança odores a castanhas e água-pé.

A fé mantém-nos na esperança do dezembro,
dias revoltados, a quererem novamente crescer,
saltar o "Natal em passinho de pardal", e fervendo
com a festa da chegada do março para florescer.

José António de Carvalho, 20 de outubro-2019
Pintura de Monteiro da Silva - Grupo Arte Celano




terça-feira, 15 de outubro de 2019

Poema "ESCUTA O CORAÇÃO"


ESCUTA O CORAÇÃO


Que seja músculo forte e almofada.

Que seja pele e poro
caminho e destino
vale e pico do monte.

Seja ribeiro calmo e fresco
folhagem verde e buliçosa
flor desabrochada, luzidia
estrela cintilante e teimosa.

Seja barco, leme e rumo.

Seja vela içada
e que seja prumo.

Como ele nos guia
ao que os olhos não veem…
e que brandamente se resiste.

E depois desiste
e... assim se entrega.

José António de Carvalho, 15-outubro-2019
Foto de Conceição Silva



sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Poema "REDEFINIÇÕES"


REDEFINIÇÕES
  
Deixa que o vento coloque as folhas no lugar certo
onde farão a almofada macia que te acalme o sono.

Deixa que o sol te entre pela janela todas manhãs
e te beije o rosto em carícias de primaveras.

E voltarás a ser água fresca para a minha sede
e mar calmo para o turbilhão da minha paixão.

E rende-te ao perfume das flores que se abrem
em todas as manhãs para te doarem sorrisos.

E redesenha os pontos cardeais de onde sol nos vê
e de tão deslumbrado nasça em qualquer ocaso
matando todas as marcas da rosa dos ventos.

Que os olhos brilhem os reflexos da cor do céu
e vejam as nuvens passarem suavemente,
sobrepondo-se uma e outra, e outra, e outra…
em movimentos leves de beleza e de êxtase.

José António de Carvalho, 11-outubro-2019
Foto de Conceição Silva



quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Poema "POR FAVOR"

Poema lido no sábado, dia 25-maio-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


POR FAVOR


Ouve-me neste momento
que me sinto perdido
entre as brechas da vida
e um luar entristecido
no frio do esquecimento.

Deita-te na margem do rio
a ver o céu azul de seda
em ti debruçado a beijar-te
doce e imensa vereda
que nunca sente o frio.

Oh, como quero abraçar-te
para me tirar deste sono
e ser novamente estio
matando este outono
que me impede de sonhar-te.

José António de Carvalho, 09-outubro-2019
Foto de Conceição Silva