sábado, 19 de fevereiro de 2022

Poema "SEGREDOS DO MAR"


SEGREDOS DO MAR

 

Sei lá por que razão

me perco nesse enrolar,

nas águas buliçosas,

rudes e estonteantes do mar.

 

Incólume de culpa

do arrepio salgado,

brejeiro e arrogante

de sentimento inflamado.

 

Quadro deslumbrante

que o Sol adormece,  

devasso da noite

que a Lua enlouquece;

e à sua fúria

o mundo estremece.

 

José António de Carvalho, 19-fevereiro-2022

Foto da minha autoria






quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

Poema " SE OS OLHOS FALASSEM"

Poema a concurso no GRUPO "ARTE & LITERATURA RECANTO DA POESIA",
a Convite de Rosaly Fleury, no 71° Encontro Pôr do Sol, em 02-02-2022, sob o tema: "Meus Olhos Falam de Desejo".



SE OS OLHOS FALASSEM


O que teriam para dizer?

Os sonhos de outrora,
Os que tenho agora,
Tudo o que virá p’rá frente?
Os sonhos de sempre…

A nuvem que vai,
O vento que vem,
O calor que da terra sai,
O sentir de alguém,
A música que se faz,
O mar que embrulha
A vida que se desfaz,
A vida que borbulha.

Um galgar de marés
A subir o rio deitado,
E ficar nesse convés
Contigo ao meu lado,
Arriscar-te nos olhos
Num abraço apertado,

Dizer-te a cantar,
Com os olhos a queimar,
A poesia é o nosso fado.

José António de Carvalho, 02-fevereiro-2022
Foto de "Cantos e Encantos de Portugal / O Mar dos meus Olhos"



sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Poema "POEMA DA VIDA"

Certificado atribuído pela ALIPE - Rádio MUM - Brasil, pela passagem do poema "POEMA DA VIDA" no Programa "Vamos que Vamos" apresentado, hoje, 27-janeiro-2022, por Merlin Magiko.
Obrigado também à Maria Isabel Rodrigues e Sandra Susana.


POEMA DA VIDA

Há um desejo no teu rosto
de florescer em primaveras,
com dias largos em sol-posto
entremeados de quimeras.

Há um astro que vejo a nu,
se é o queria ter visto,
a força que tenho és tu
a puxar-me quando desisto.

É assim que mantenho o rumo
de subida a tão alta montanha,
p'ra trás fica como resumo:
A Vida é de quem a ganha…

José António de Carvalho, 20-janeiro-2022
Foto Google










terça-feira, 4 de janeiro de 2022

Poema "SEM PALAVRAS"


SEM PALAVRAS

Parcas e brancas,
De ondas e floreados,
Nem sempre francas,
E conteúdos rebuscados.

A palavra é a acácia
A florir no inverno,
E se não tem audácia
Ou se perde a prudência,
É um cair no inferno
Do mundo da falácia
Sem qualquer inocência.

A palavra é rosa branca
Que feliz, de si, sorri,
Como o sangue se estanca
Em corpo morto de si,
E com desejo de voar
Para um outro lugar.

José António de Carvalho, 04-janeiro-2022
Foto: "Mundo Educação - UOL"



https://youtu.be/7YP537Jux08

quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

Poema "HOJE TAMBÉM É NATAL"


Poema da minha participação na Coletânea "Juntos Somos Natal 2021", do LIVRO ABERTO, programa de Ana Coelho na Rádio Voz de Alenquer. 



HOJE TAMBÉM É NATAL


Já não sinto que as palavras produzam festas
Que possam remendar o tempo que passou
E que deixou um rasto de penumbra no céu.
Tudo fica mais escuro se abro a minha janela.

Por isso deixem-me ficar aqui
A lutar com as montanhas que criei,
Porque sei que por detrás de cada montanha
Há sempre uma pequena estrela que cintila,
E que mesmo tão distante me orienta.

E eu, que tão mal a vejo, esforço-me…
Esforço-me para fazer a minha aproximação
Em todos os dias, em todos os momentos,
Para ficar com um pouquinho da sua luz,
E tento, assim, sentir algum calor de Natal…

José António de Carvalho, 11-outubro-2021



domingo, 12 de dezembro de 2021

Poema "AMOR À POESIA"


AMOR À POESIA


O silêncio da canção que me embala
É forte, mas mesmo assim me adormece.
E se a noite cai, bom seria amá-la
Como se ama a cor da flor que floresce.

Amar assim, amar perdidamente,
Como quem ama de alma e corpo em mim...
E amar em pensamento é somente
Mais do que amar, amar até ao fim.

Que sabemos nós das razões do amor?
Se os que o tiveram não o descreveram.
E quantas vezes sorrimos à dor?
Se outros tantos nela pereceram.

Amar é muito mais do que sentir,
É vestir-se duma vontade tal,
Que o que mais queremos e está p’ra vir
Já nos aconteceu em sonho real.

José António de Carvalho, 13-dezembro-2021
Foto de Florbela Espanca, retirada do google

Este poema tem como fonte de inspiração, e, também, algumas palavras do soneto  “AMAR”, poema de Florbela Espanca.





terça-feira, 30 de novembro de 2021

Poema " PARA TI"

Poema da minha participação na XIII Antologia Poética "Entre o Sono e o Sonho" da Chiado Editora, do Grupo Atlântico.


PARA TI


Deixa-me ficar sentado
Nas tuas pálpebras nuas,
Poder ler-te os pensamentos,
Memórias e esquecimentos,
Que trazes em ti guardados
E nos versos insinuas.

Ver no brilho dos teus olhos
As mais belas melodias
Cantadas p’lo coração,
Quentes horas de paixão
Perdidas entre os escolhos
Que resistiram ós dias.

Deixa-me ficar sentado
Nas tuas pálpebras nuas,
Dizer-te que assim me atrevo
Cantar o quanto te devo,
Que tanto tenho sonhado
Ficar nas páginas tuas.

José António de Carvalho, 24-novembro-2021
Foto da net.






quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Poema "FIM E PRINCÍPIO"


FIM E PRINCÍPIO

 

Para além da noite, desta ou de outra qualquer noite, sento-me sempre no beiral da mesma noite, como se fosse a margem do rio onde a vida passa.

Todas as noites são diferentes, mas tão iguais no epicentro do seu misticismo e da sua magia.   

Todas são tremeluzentes e felinas, torridamente gélidas e soturnas. Elas revolvem a arca dos sonhos e do fascínio, para consolo de algumas inquietações e erupções noturnas. São vulcões de lava incandescente a deslisar vagarosamente sem que se lhes possa fugir, deixando um rasto de pedra negra a fumegar dor por onde passam.

As noites lembram-me os tempos de criança, e como tinha medo da noite. Tinha medo dos meus medos e dos medos que outros me criaram. Coisas que não se fazem nem aos anjinhos.

Hoje, dia e noite, sou uma caixa de ressonância dessas noites. E, na verdade, à noite, apenas quero percorrer os dedos ao longo dos fios brancos da almofada de algodão que ainda cheira a lavanda, para logo a seguir penetrarem timidamente pela janela da vida, raios de luz dourada a anunciarem um dia novo.


José António de Carvalho, 21-outubro-2021
Foto da minha autoria





quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Poema "NÃO RESISTI…"

NÃO RESISTI…

Escrevo nas páginas tardias do caderno da vida que, agora mesmo, abri; e cujas páginas cheiram a manhã cantada pelas sombras que esvoaçam entre as copas dos eucaliptos.

Quem é aquele que nos ilude com o amor?

Se fosse o Criador eu não seria escravo nem vítima do engano e do desengano do pensamento que eu próprio levantei.

Para o afortunado, aquele que foi despertando do ventre das gerações, a vida é o princípio de um começo sem fim. E esses etiquetamo-los de crentes.

Nós… nós vamos pelo lado mais fácil, rastejando, tantas vezes, entre o pesadelo da vida e a alucinação que nos vai sublimando pelo cerne.


José António de Carvalho, 14-outubro-2021
Foto da minha autoria





quinta-feira, 7 de outubro de 2021

Poema "NÃO MORRI"


NÃO MORRI

Tinhas uma espada afiada
direta ao meu coração,
a tua intenção foi gorada
p'la amiga Terra em rotação.

Tinhas revólver apontado
Pronto p'ra me atingir no peito,
Mas com a força de um tornado
Desviei-me do tiro perfeito.

Tinhas na mão o cutelo erguido
Que o meu pescoço cortaria
Não fora o meu rosto sofrido
Onde o sorriso subsistia.

José António de Carvalho, 07-outubro-2021
Pintura de Monteiro da Silva - ARTE CELANO, Grupo de Artistas




sexta-feira, 17 de setembro de 2021

Poema "É OUTONO"

Este poema foi lido ontem (19-setembro-2021) pela Maria Isabel Rodrigues, no seu programa de poesia da rádio Popular FM. 


É OUTONO

Tens olhos de desalento
E força de mar em fúria.
Deixas o hálito no vento,
O desconcerto do certo
Que vem sempre com o tempo.

Tens a revolta no rosto,
A ardileza da noite escura,
Vaidade negra soturna,
Como defeito sem cura
Onde a tristeza procura.

Quando em ti tudo se encerra
Para esconder a quimera
De uma doce primavera.
Vê bem como já estou
Se o verão ainda não acabou.

José António de Carvalho, 17-setembro-2021
Foto da minha autoria (Feita no Nix - Bar da Praia)



quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Poema " DOMINGO"

Este poema foi lido, no dia 11-setembro-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica,

20 anos depois dos atentados às torres de Manhattan - Nova York.



DOMINGO


Pego no resto deste domingo modesto
E coloco-o sentado num pequeno sonho
Em que penso e suponho, que deste lado
É tudo medonho; e no outro, tudo parado.

Não me resta mais do que a modéstia
Que é um jeito de morte com esperança
E de esperança tem somente uma réstia
Que não é mais do que simples lembrança.

E lembro sempre o que não me esquece
A desventura dorida ou um arrepio;
E sempre que escrevo sonho e me apetece
Mergulhar no vendaval de um calafrio.

José António de Carvalho, 08-setembro-2021
Foto da minha autoria



quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Poema "NÃO AVARIES O SOL"

Escrevi este poema enquanto aguardava ser atendido "via telefone", através do número 16209 da MEO, para participar um corte no serviço de televisão que dura desde o dia 31-08-2021, e mantém-se à data desta publicação.
Apenas disponho de internet e telefone.

Recordo que a MEO é uma marca de um serviço da Altice.

Hoje, dia 02-09-2021, de manhã cedo liguei novamente o 16209, para reportar a falta do serviço MEO. Depois de 50 minutos de espera para ser atendido pelo telefone (e tanta gente sem ganhar a vida), no final de se testar novamente os equipamentos, a operadora, através da sua funcionária do atendimento por telefone, decidiu que o router estaria avariado pela trovoada ocorrida 2 dias antes, e solicitou novo router, e disse-me que o deveria procurar na loja do Aüchan Famalicão (a 8 km da minha casa).

Hora e meia depois estava na loja referida que me foi indicada, mais um largo tempo de espera. A menina que me atendeu confirmou todos os dados, e disse-me "que havia uma avaria provocada pela trovoada, e que já não havia router para entrega". Como é óbvio, fiquei muito aborrecido com a situação. Expus todas as minhas razões mas sem sucesso. Acabei por regressar com o mesmo router.

Chegado a casa, fiz todas as ligações do router, liguei a TV, e o meu grande espanto, ao fim de 10, 15 minutos de espera, a TV começou a funcionar. Claro está que fiquei aliviado por ter novamente o serviço, e triste por outro lado, porque não deve ter sido coincidência. O router novo não me foi entregue porque sabiam que não era esse o problema, e que estavam quase a decorrer 48 horas sem o serviço (tempo em que começa a ser descontado a falta do serviço na fatura mensal).

Tudo isto não terá sido coincidência. O serviço voltou, mas até há meia-noite já falhou mais uma série de vezes.
Isto é que é um ótimo serviço. E, depois diz-se: "O cliente tem sempre razão". E eu digo: "O cliente é ludibriado e enganado" para lhe ser "extorquido" o dinheiro.

Dia 03-setembro-2021, continua a saga dos cortes no serviço de TV.

Será que isto termina assim? Sinceramente, acho que não!


NÃO AVARIES O SOL



Disposto que hoje estava
para amar intensamente,
parece que tudo foge da mão.
A tecnologia tudo contrariou,
sem qualquer sinal de televisão
e o telefone também falhou…

Restou a internet apenas
para poder ler uns poemas;
mas a rapidez cá se impõe
não vá a internet tecê-las,
ou pior, e ficar à luz das velas,
se a eletricidade se indispõe.

Já ligo há uma hora prás avarias,
que com as suas birras e manias,
bem me deixam os nervos em fole,
mas viverei das minhas alegrias
no encanto de outro Pôr do Sol.

José António de Carvalho, 01-setembro-2021
Fotografia da minha autoria








sexta-feira, 27 de agosto de 2021

Poema "A NOSSA ACRÓPOLE"

Poema da minha participação na Coletânea “Évora Poesia – Coletânea” - Agosto/2021

A NOSSA ACRÓPOLE


Sonho-te em bravos verões
Com aura celestial
Abrindo em par os portões.
Dos sinos dos carrilhões
Soam hinos a Portugal.

Património mundial,
História por ter nascido
Bem antes de Portugal,
E de forma bem plural
Nele tanto ter crescido.

Tão grande é a nobreza,
Um vulto da nossa história,
Tal é a sua riqueza
Onde passou a realeza,
E nós cantámo-la em glória.

José António de Carvalho


Entre no e-book aqui:



segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Poema "TEMPO EM PALAVRAS"


TEMPO EM PALAVRAS


Encosta o crepúsculo do dia
onde nascem as tempestades
que caem sedosas da lua doirada,
e segura o vento com os teus dedos.
Fere os astros com a alegria da chuva
por deteres a cassiopeia nas tuas mãos.

Os flocos de neve derretem-se nas águas
que escorrem pelos corpos orvalhados,
e imaginam infindáveis destinos na atmosfera
onde as nuvens brancas correm pelo chão
na imobilidade veloz dos corpos abraçados
prestes a esvaírem-se de chuvas quentes.

José António de Carvalho, 22-agosto-2021
Foto de Conceição Silva




quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Poema "FELICIDADE"

LUPA - Academia Contemporânea de Letras - ACL
75º Evento Literário Virtual
A convite de Vania Clares
Tema: Felicidade e Destino



FELICIDADE


Veste-te de brava roseira,
De andorinha leve e franzina,
De espiga colhida e ceifeira,
E de seara pequenina.

Vestes a noite com o dia,
O dourado do sol que vai…
Roubas aos astros a harmonia,
O brilho que da estrela sai.

Irrompes do rio e do mar,
Do lugar mais exuberante,
Como quem vem a velejar
Na pele duma onda gigante.

Que encanto para a minha vida
Que se levanta dos escombros,
E entre a folhagem esquecida
Repousa leve nos meus ombros.

José António de Carvalho, 18-agosto-2021
Pintura de António Miranda - Grupo de Artistas Arte Celano





sábado, 14 de agosto de 2021

Poema "DIAS QUE NÃO VOLTAM"


Participei com este poema no programa Livro Aberto da RVA, de Ana Coelho, emissões de 13-agosto-2021.

Poema lido hoje, sábado, dia 14-agosto-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria e apresentação de Manuel Sanches e Suzy Mónica.

Este poema incorpora 15 palavras de um poema de Pedro Tamen, e é dedicado às festas da Nossa Senhora do Rosário, Vermoim, que nestas duas últimas edições cumpriram com as restrições devido à pandemia Covid-19.


DIAS QUE NÃO VOLTAM

Os sons vinham de todas as partes.
A andorinha desenhava círculos no céu,
E parecia que o mundo cantava…

As crianças não mediam gargalhadas,
Enquanto os velhos riam das próprias sombras,
A alegria pulava no rosto destas gentes,
Crescia a razão para que a vida é feita…
Era o único dia de vida perfeita,
Era o dia da festa da nossa terra.

Hoje, mais conscientes, mesmo assim,
Somos os algozes de nós mesmos…
A vida e o planeta definham aos dias
Definindo-nos cada vez mais reduzidos.

O estudante de teologia carrega o missal;
Os homens seguem na frente do pálio,
E consigo, lá vão arrastando o tempo…
Na procissão do tempo que nunca se repete,
Em que desatam, um a um, os nós de vida lassa
Levando o pó do fermento que descompromete
Aquele tempo que anda e sempre passa.

José António de Carvalho, 09-agosto-2021
Foto do Andor da N.ª Senhora do Rosário, Igreja Paroquial de Vermoim, VNF






segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Poema " NINHO DE AFETOS"

Participei com este poema no programa Livro Aberto da RVA, de Ana Coelho, emissões de 30-julho e 06-agosto-2021.

Poema lido hoje, sábado, dia 07-agosto-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria e apresentação de Manuel Sanches e Suzy Mónica.

Participei com este poema no 74º Evento semanal cultural da Academia Contemporânea de Letras - LUPA, que decorreu de 09 a 14 de agosto 2021.


NINHO DE AFETOS

Como desejo ver o sol entre a folhagem,
Rasgar o rio na foz p’rá outra margem,
Encantar o pardal que canta no jardim,
Sentir o teu peito no meu, abraçar assim…

Ter um amigo, um irmão, é uma açucena
A acenar à vida um amor p'rá vida eterna.

Quero o amor, a amizade, sempre de mãos dadas:
Nas casas, nos campos, nas ruas, nas estradas;
A cantar na praia desse mar que há em mim
Razão da vida p’ra ter-te até ao fim.

José António de Carvalho, 02-agosto-2021





quinta-feira, 5 de agosto de 2021

Poema "ANTES DE MIM"

Poema lido hoje, sábado, dia 07-agosto-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria e apresentação de Manuel Sanches e Suzy Mónica.



ANTES DE MIM


Olho a bússola de frente,
Peço-lhe que me oriente
Neste plano inclinado,

Que me diga onde beber
Onde nasce a minha fonte,

Para que possa crescer
Onde crescem as asas
P’ra voar no horizonte.

Assim voo e cresço
Ando de estrela em estrela
E no sossego permaneço.

José António de Carvalho, 04-agosto-2021
Pintura de Ícaro - Wikimedia


(...)
Após a morte do Minotauro, Dédalo ficou preso, juntamente a seu filho, no labirinto. Então construíram asas artificiais a partir da cera do mel de abelhas e penas de pássaros de diversos tamanhos, moldando-as com as mãos para ficarem como asas de verdade. Dessa forma, conseguiram fugir do labirinto. Antes, porém, alertou ao filho que não voasse muito perto do Sol, para que não se lhe derretesse a cera das asas, e nem muito perto do mar, pois este poderia deixá-las mais pesadas. No entanto, Ícaro não ouviu os conselhos do pai e, tomado pelo desejo de voar próximo ao Sol, acabou por se "despenhar", caindo no mar Egeu. Afogou-se, por fim, na área que hoje leva o seu nome, o Mar Icariano perto de Icária, uma ilha a sudoeste de Samos. (...) (Fonte: Wikipedia)








domingo, 1 de agosto de 2021

Poema "ASAS"

Participei com este poema no programa Livro Aberto da RVA, de Ana Coelho, emissões de 16-junho e  e 23-julho-2021.

Poema lido hoje, sábado, dia 31-julho-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria e apresentação de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


ASAS


Desse teu gesto de querubim
Despontaram sombras de sorriso,
E que ainda hoje me recordo assim
O que antes parecia impreciso.

E quando as bocas emudeceram
Os breves momentos que calámos
Na doçura de um beijo nasceram
Coloridas asas que sonhámos…

Brotaram chicotes no momento,
Apogeu do instante em que morremos
P'ra subir da terra com alento,

Num pregão surdo a romper o vento,
Com todo o amor nos oferecemos
No que de mais intenso vivemos
Desse voo de outrora, só nosso…

José António de Carvalho, 15-julho-2021