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quinta-feira, 3 de setembro de 2020
2º Sorteio do livro "Sente, Logo Vives e Sonhas" - 30.000 visualizações do blogue
terça-feira, 1 de setembro de 2020
Poema "MURO"
MURO
Vejo a vida uma passagem estreita.
E receio o que há do lado de lá.
Será outra vida também desfeita?
Outro sonho, desse sonho que não há?
Do outro lado será sempre o futuro.
Sempre a mesma dúvida, se ela existe…
Uma vida até a esse enorme muro,
esse muro, teimoso, que resiste.
Fiquemos por cá na lamentação,
lambendo as feridas do coração.
José António de Carvalho, 01-setembro-2020
Foto: depositphotos
quinta-feira, 27 de agosto de 2020
Poema "FRIO DE VERÃO"
Poema agraciado com Diploma de Participação na - ACCADEMIA POETICA MONDIALE "ERATO" PORTOGALLO - Representada pela amiga das letras Rosa Céu.
FRIO DE VERÃO
Há um frio velado em cada canto da casa,
nos olhos nublados pelo tempo e pela glória.
Um frio cortante nas gavetas da memória,
vencedor traiçoeiro no mais duro golpe de asa.
Um frio dilacerante nas águas do rio,
alojado no coração num caudal disforme.
Um frio que se apossa do corpo e que o extravasa,
matando o sentido da vida segura em fio.
Um fio de voz no frio da tarde sem brio
e nos tropeções das palavras mudas da casa.
José António de Carvalho, 27-agosto-2020
Quadro de Maria Brito
FRIO DE VERÃO
Há um frio velado em cada canto da casa,
nos olhos nublados pelo tempo e pela glória.
Um frio cortante nas gavetas da memória,
vencedor traiçoeiro no mais duro golpe de asa.
Um frio dilacerante nas águas do rio,
alojado no coração num caudal disforme.
Um frio nos olhos que tudo gasta e consome,
planícies, montes... e a magia da sua história.
Um frio que se apossa do corpo e que o extravasa,
matando o sentido da vida segura em fio.
Um fio de voz no frio da tarde sem brio
e nos tropeções das palavras mudas da casa.
José António de Carvalho, 27-agosto-2020
Quadro de Maria Brito
segunda-feira, 24 de agosto de 2020
Poema "JARDIM DE ROSAS "
Este poema foi lido, no dia 29-agosto-2020 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.
JARDIM DE ROSAS
Tinha um jardim cheio de rosas.
Tantas rosas de várias cores,
também vermelhas, tão sedosas...
Mas que doce mel, essas flores.
As pétalas eram veludo,
suaves ós dedos, a tudo…
Mas deixaste de assim as veres,
o encanto das mil e uma cores,
não só dessas da cor do amor,
mas também de outra qualquer flor
que lá se tivesse criado.
Que solo desafortunado!...
Olhas-lhe no tronco e não a flor,
tão pouco queres ver a cor.
Só pedúnculos espetados
num chão que te parece morto.
Só hastes e tantos espinhos
Em troncos tristes… e sozinhos.
José António de Carvalho, 24-agosto-2020
Foto da internet
Tinha um jardim cheio de rosas.
Tantas rosas de várias cores,
também vermelhas, tão sedosas...
Mas que doce mel, essas flores.
As pétalas eram veludo,
suaves ós dedos, a tudo…
Mas deixaste de assim as veres,
o encanto das mil e uma cores,
não só dessas da cor do amor,
mas também de outra qualquer flor
que lá se tivesse criado.
Que solo desafortunado!...
Olhas-lhe no tronco e não a flor,
tão pouco queres ver a cor.
Só pedúnculos espetados
num chão que te parece morto.
Só hastes e tantos espinhos
Em troncos tristes… e sozinhos.
José António de Carvalho, 24-agosto-2020
Foto da internet
domingo, 23 de agosto de 2020
Poema "SE NADA RESTA"
SE NADA RESTA
Estando nós no meio dela,
duma manhosa tempestade,
asfixiando-se os soluços
pela sangria dos recursos
no parapeito da janela.
Como sempre gosto de vê-la
com seus ares de Cinderela.
Mas cortou a corda ó Romeu,
que caiu como ovo no chão,
e num surdo suspiro em vão
lá fechou os olhos e morreu.
“Cai o Carmo e a Trindade”,
e tudo o resto é saudade…
José António de Carvalho, 23-agosto-2020
Quadro do Museu Arqueológico de Lisboa
quinta-feira, 20 de agosto de 2020
Poema "NUMA MARQUESA"
Poema de participação no programa "Livro Aberto" da Rádio Voz de Alenquer, emissão de sexta-feira, 21-agosto-2020, da autoria da amiga Ana Coelho, rubrica "Criatividade Sem Limites", e com dez palavras retiradas de um poema da Marquesa de Alorna (amor, crime, atração, pecado, agitado, unem, afinidade, converter, razão, defender).
Também foi lido, no dia 29-agosto-2020 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.
NUMA MARQUESA
Soubesse eu defini-lo em branca cor…
Amor - Gerado na raiz da paixão,
Crescido como pecado em calor
De lava incandescente de vulcão.
É crime senti-lo brotar do peito?
Se a atração é mais forte que a da Terra,
Em polos harmonizados num leito
Agitado como as armas na guerra.
Defender a linha do sentimento,
Dar razão à ordem do coração,
É converter em sorriso o lamento,
Que unem os seres em pura dação.
E quando perco esse rasto do raio,
A afinidade do céu com o sol,
Dispo-me de mim, e nunca mais saio,
E tranco as portas como um caracol.
José António de Carvalho, 19-agosto-2020
Foto de Conceição Silva
domingo, 16 de agosto de 2020
Poema "HÁ DIAS PRA SEMPRE"
Poema lido, no dia 22-agosto-2020 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.
HÁ DIAS PRA SEMPRE
Há dias em que tudo chove
Tal é a tristeza que sinto,
Em que a esperança que me move
Perde-se nesse labirinto.
Outros dias há, cai um orvalho
Que é leve como o algodão,
Penso-te a ires para o trabalho
E só vais no meu coração.
Uma partida que, sei lá,
Por muito que me perguntem,
Digo-lhes que razões não as há,
Se só há razões que nos juntem.
José António de Carvalho, 16-agosto-2020
Pintura de Belmiro Mendes da Costa
Tal é a tristeza que sinto,
Em que a esperança que me move
Perde-se nesse labirinto.
Outros dias há, cai um orvalho
Que é leve como o algodão,
Penso-te a ires para o trabalho
E só vais no meu coração.
Uma partida que, sei lá,
Por muito que me perguntem,
Digo-lhes que razões não as há,
Se só há razões que nos juntem.
José António de Carvalho, 16-agosto-2020
Pintura de Belmiro Mendes da Costa
sexta-feira, 14 de agosto de 2020
Poema "HINO DO POVO"
Poema de participação no programa "Livro Aberto" da Rádio Voz de Alenquer, emissão de sexta-feira, 14-agosto-2020, da autoria da amiga Ana Coelho, rubrica "Criatividade Sem Limites"
HINO DO POVO
Canta, canta porque é novo
Este cantar verde e florido,
Porque é hino deste povo
Cuja esp’rança tem esquecido.
Cantar a esperança florida
Na força de tanto trabalho
É andar com a pátria erguida
Tão alto como se eleva o malho.
Bem do alto todos nos malham
Os "barrigudos" do país,
E o suor dos que trabalham
É um jato de chafariz.
Mas quem canta seu mal espanta,
Dores frias que na vida sente,
Esses nós cegos na garganta
São voz muda de tanta gente.
José António de Carvalho, 14-agosto-2020
Quadro de Monteiro da Silva
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Poema "VERSOS MAL COSTURADOS" (Horizontes da Poesia - Desafio nº 85 - 2020)
VERSOS MAL COSTURADOS
Não tenho palavras, tão pouco imagens,
apenas as tuas mãos e os teus dedos,
que nas costuras são apenas passagens,
onde rendo e me rendo nos meus medos.
E coses os meus versos no viés
por baixo da fina bainha da blusa.
E os sonhos da revolta das marés
beijam, agridem e matam, quem a usa.
Não tenho como medir as palavras,
se o sentimento é ainda mais branco,
as sílabas mal contadas são escravas
às mãos dum cobarde fecho no flanco.
Se estes versos morrerem na costura
por terem sido mal alinhavados,
são versos hirtos e com armadura
em outros mares jamais navegados.
José António de Carvalho, 06-agosto-2020
Imagem – Horizontes da Poesia - nº 85, Desafio de 2 a 8-08-2020
quarta-feira, 5 de agosto de 2020
Poema "É TÃO POUCO"
É TÃO POUCO
Deixa-me estar assim deitado
neste sono meio cansado,
com o meu pensamento estreito
pela dor que trago no peito.
Deixa-me olhar para as gaivotas,
parecem perdidas nas rotas,
e no seu voar tão pausado
mostram-nos um mundo cansado.
Deixa ver as ondas do mar,
onde sempre me perco a olhar,
e no meu mundo pequenino
baloiçam crenças de menino.
Deixa-me ver o que não vi,
se algo no mundo ainda sorri.
Da minha pequena janela,
ainda se espreita vida bela.
José António de Carvalho, 05-agosto-2020
Foto da minha autoria
Foto da minha autoria
terça-feira, 4 de agosto de 2020
sexta-feira, 31 de julho de 2020
Poema "AMOR SEM NEXO, ESCRITA SEM SEXO"
AMOR SEM NEXO, ESCRITA SEM SEXO
Talvez um dia... te diga
Talvez um dia... te diga o quanto
Talvez um dia... te diga o quanto te amo
Talvez um dia... te diga o quanto te amo e te quero
Talvez um dia... te diga o quanto te amo e te quero ao pé de mim
Talvez um dia... te diga o quanto te amo e te quero ao pé de mim ou até em mim
Talvez um dia... te diga o quanto te amo e te quero ao pé de mim, ou até em mim, por fora e por dentro.
Talvez um dia... te diga o quanto te amo e te quero ao pé de mim, ou até em mim. Talvez um dia...
Talvez um dia... te diga o quanto te amo e te quero ao pé de mim. Talvez um dia...
Talvez um dia... te diga o quanto te amo e te quero. Talvez um dia...
Talvez um dia... te diga o quanto te amo. Talvez um dia...
Talvez um dia... te diga. Talvez um dia...
Talvez um dia...Talvez um dia...
Talvez...
José António de Carvalho, 31-julho-2020
Pintura de Hermínia veríssimo
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Poema "É MAIS AGOSTO"
Deixa que o sol te beije, que está a chegar o mês de agosto.
E é tão triste nunca ter beijado agosto em qualquer altura.
Deixa que a vida se faça pela própria vontade da vida,
e não precipites as águas alvoroçadas a descerem a serra.
Não forces a árvore a dar-te a sombra quando a queres,
deixa que a Terra se desloque no seu jeito e a coloque
na posição certa para fruíres da melhor sombra da árvore.
Constrói os teus sonhos sobre os meus,
como as árvores que crescem sobre as altas montanhas.
E como vivem felizes a tocarem os céus.
José António de Carvalho, 20-julho-2020
Foto de Conceição Silva
domingo, 26 de julho de 2020
Poema "OS AVÓS"
Poema feito para o Dia Mundial dos Avós, 26-julho-2020
OS AVÓS
São esses seres carinhosos, risonhos,
De cabelos de neve, até sem eles,
E colo fofo, a contarem os sonhos...
As lindas histórias que eram as deles.
Não tive! Não conheci os meus avós!
Lá partiram sem saberem de mim.
Raio de nó que trazemos em nós,
Mas sem lamento. A vida é assim…
Se não conheci os avós carinhosos,
E não fluo no rio de ter netos,
E os filhos, a quem somos dadivosos,
Só eles restam pra colher afetos.
José António de Carvalho, 22-julho-2020
Pintura de Madalena Macedo
quinta-feira, 23 de julho de 2020
Poema "O LIVRO DO TEMPO"
Poema de participação no programa "Livro Aberto" da Rádio Voz de Alenquer, emissão de sexta-feira, 07-agosto-2020, da autoria da amiga Ana Coelho, rubrica "Criatividade Sem Limites"
Poema lido hoje, sábado, dia 17-julho-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes" da Cidade Hoje Rádio, da autoria e apresentação de Manuel Sanches e Suzy Mónica.
Participei com este poema no Evento Literário Semanal da LUPA - Academia Contemporânea de Letras - ACL, no 79º Evento semanal de poesia, subordinado ao tema "IDEIA E LEITURA", a convite de Vania Clares.
Foge-me no saber de quem é sábio,
Perdida a herança de quem é menino,
Ou num mágico livro, um alfarrábio,
Onde se engana o ler que é destino.
Corro os dias a meditar as águas,
Que são vida a galgar por entre pedras,
Quantas gerações afogaram mágoas
Nas imagens do tempo das minervas.
Nem tudo que nele está é o certo,
Mas o livro… é sempre Livro Aberto.
José António de Carvalho, 23-julho-2020
Foto do livro "Sente, Logo Vives e Sonhas"
quinta-feira, 16 de julho de 2020
Poema "ORGULHOSO DE PRECONCEITO"
Poema de participação no programa "Livro Aberto" da Rádio Voz de Alenquer, emissão de sexta-feira, 17-julho-2020, da autoria da amiga Ana Coelho, rubrica "Criatividade Sem Limites".
Também foi lido, no dia 18-julho-2020 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.
ORGULHOSO DE PRECONCEITO
Quem tanto se valoriza a si próprio,
Padece de gravíssimo defeito,
Se no orgulho se mergulha no ópio,
Estimado, é forte preconceito.
Se se é transparente como água,
Pode ser pior, mostrar-se ruim,
E trazer-nos tanta, mas tanta mágoa,
Que não se poderá viver assim.
Mas se temos sempre várias escolhas,
Há de lá caber mais outro lugar,
Como a árvore, que tem tantas folhas,
Sem elas, também poderá ficar.
Isto para lhes dizer muito bem:
- O orgulho deve ter medida certa;
- E o preconceito, para quem o tem,
Lanço-lhe um sinal vermelho de alerta:
Olhe que isso não faz bem a ninguém!
José António de Carvalho, 16-julho-2020
Foto de Conceição Silva
quinta-feira, 9 de julho de 2020
Poema "FALAR DE AMOR"
Poema lido no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.
FALAR DE AMOR
Quando te falo de amor,
Nos meus lábios sabes ler,
Nos olhos ver o fulgor
Desta vida a entardecer.
Quando nos sobem as almas
É como se ali estivessem
Nestas minhas próprias palmas
Duas rosas que florescem.
Dizes que não é amor
Quando afogamos num beijo
Um inflamado desejo...
Se a montanha é menor
que tudo em nosso redor...
Se os dedos tocam o mar!…
José António de Carvalho, 09-julho-2020
Quadro de Hermínia Veríssimo – Óleo sobre tela
Nos meus lábios sabes ler,
Nos olhos ver o fulgor
Desta vida a entardecer.
Quando nos sobem as almas
É como se ali estivessem
Nestas minhas próprias palmas
Duas rosas que florescem.
Dizes que não é amor
Quando afogamos num beijo
Um inflamado desejo...
Se a montanha é menor
que tudo em nosso redor...
Se os dedos tocam o mar!…
José António de Carvalho, 09-julho-2020
Quadro de Hermínia Veríssimo – Óleo sobre tela
Poema "ALIENADOS "
Poema lido no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.
ALIENADOS
No teu corpo descoberto de outono
Vagueia esse mar de sal e de sono
Com feroz tranquilidade traiçoeira,
Cinges olhares de morte e cegueira.
As lajes do chão sentiram o cheiro,
E dum despudor de olhar sobranceiro
Com que abres e divides o troféu,
Num querer ambíguo que nem é teu.
E nem sequer te levantas do vento
Nem da tristeza do rir no lamento,
Nem da frieza que no corpo trazes
E da pérfida figura que fazes!
José António de Carvalho, 09-julho-2020
Pintura de David Lopes (Grupo Arte Celano)
terça-feira, 7 de julho de 2020
Poema "MÃOS CANSADAS"
Poema lido no programa de sábado, 17-julho-2020, "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.
MÃOS CANSADAS
E estas minhas mãos que eram fortes…
Tão fortes, que se perdiam em ti
Em longos momentos de descoberta,
Tinham garras de fera e leveza de pena,
E quando se perdiam tudo encontravam.
Hoje são mãos dizimadas pelo tempo,
Gastas pelo calor da fricção das atitudes.
São mãos que já não pintam futuros,
Parecem dois cometas a arder ao vento
Em voos mortos pela aridez das latitudes.
E tê-las assim, é como não as ter.
E quem não as tem, não tem nada...
Despede-se inerte o brilho do olhar
Como quem foge à doçura das palavras,
Dilui-se a beleza das paisagens,
Seca o ribeiro, o rio e depois o mar.
A escuridão avança sobre a terra
Cobrindo-a de ódios e de guerra,
Matando todos os sonhos de amor.
Estas mãos… estas mãos esquecidas,
Esqueceram-se do que é segurar.
José António de Carvalho, 07-julho-2020
Quadro de Madalena Macedo
Foto de Jorge Ferreira
quinta-feira, 2 de julho de 2020
Poema "O MAR DAS LÁGRIMAS"
Poema de participação no programa "Livro Aberto" da Rádio Voz de Alenquer, emissão de sexta-feira, 03-julho-2020, da autoria da amiga Ana Coelho, rubrica "Criatividade Sem Limites"
Participei com este poema na Coletânea "ALMA DE MAR" da Chiado Editora, agosto-2021.
O MAR DAS LÁGRIMAS
Duas lágrimas caem dos olhos, uma e depois outra.
Assim… breves no espaço, mas com resistência de rocha intemporal,
Com um mar de distância na sua génese,
E apesar de tão longínquas lá se uniram pela lembrança…
São como imagens de rios e rios, a juntarem-se
Numa transgressão permanente de regras das linhas e dos leitos.
Corpos empertigados, de poros fechados e mãos cerradas aos afetos
Descem pelas correntes desesperadas de céus sem futuro.
Pedras e mais pedras arrastadas brutalmente pelas águas,
Caindo na lama da alma, uma a uma, pedra sobre pedra,
Rebentando todas as linhas, todos os laços,
Matando risos, comendo esperanças, mutilando sonhos.
Uma descomunal guerrilha suicida de vã conquista.
O sangue derramado mancha as águas de todos os mares,
Tornando-as quase impenetráveis à frágil luz da razão,
Desenhando corpos lapidados e amarrados sem qualquer horizonte.
José António de Carvalho, 02-julho-2020
Relógio com pintura de António Miranda
O MAR DAS LÁGRIMAS
Duas lágrimas caem dos olhos, uma e depois outra.
Assim… breves no espaço, mas com resistência de rocha intemporal,
Com um mar de distância na sua génese,
E apesar de tão longínquas lá se uniram pela lembrança…
São como imagens de rios e rios, a juntarem-se
Numa transgressão permanente de regras das linhas e dos leitos.
Corpos empertigados, de poros fechados e mãos cerradas aos afetos
Descem pelas correntes desesperadas de céus sem futuro.
Pedras e mais pedras arrastadas brutalmente pelas águas,
Caindo na lama da alma, uma a uma, pedra sobre pedra,
Rebentando todas as linhas, todos os laços,
Matando risos, comendo esperanças, mutilando sonhos.
Uma descomunal guerrilha suicida de vã conquista.
O sangue derramado mancha as águas de todos os mares,
Tornando-as quase impenetráveis à frágil luz da razão,
Desenhando corpos lapidados e amarrados sem qualquer horizonte.
José António de Carvalho, 02-julho-2020
Relógio com pintura de António Miranda
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