REVELO-ME ATRAVÉS DE SIMPLES VERSOS (Reservados os direitos de autor)
terça-feira, 29 de setembro de 2020
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segunda-feira, 28 de setembro de 2020
Poema "QUANDO ELA SE DESPE"
QUANDO ELA SE DESPE
Estática como uma sentinela,
Deixa-se despir vagarosamente
Enquanto sopra o vento levemente
Levando as roupas para longe dela.
E vai ficando cada vez mais frágil,
Naquele ar triste e com suores frios.
Escorrem-lhe as lágrimas como rios
Das gotas de orvalho em deslizar ágil.
E neste sonho enreda-se no sono,
Adormece calma. Aviva-se o lume.
Cortadas as castanhas e o queixume,
Sinto o cheiro a magusto. É Outono!...
José António de Carvalho, 28-setembro-2020
Pintura de Maurizio Rega
quinta-feira, 24 de setembro de 2020
Poema - "PÁTRIA MINHA" - Declamado por mim (Vídeo)
terça-feira, 22 de setembro de 2020
Poema "SE OUTRO FOSSE, NÃO SERIA…"
SE OUTRO FOSSE, NÃO SERIA…
Para que outro qualquer pudesse eu ser
Como é que eu podia ser quem sou?
Se mesmo assim tudo passa a correr
No caminho feito, e neste que vou.
E se percorro por tantos caminhos
D’onde vou bebendo e roubando imagens
Alguns com pedras pesadas e espinhos,
Outros envoltos de belas paisagens.
Não posso ser outro. Não sou Pessoa…
Não caibo noutras personalidades,
E quando o raio desse alarme soa
Logo caio em grandes dificuldades.
Não quero ser quem eu mesmo não sou.
Nem ser rico, nem fidalgo, nem pobre,
Ou o letrado que nunca se lembrou
Que o que no peito nasce é mais nobre.
José António de Carvalho, 22-setembro-2020
Quadro de Monteiro da Silva
segunda-feira, 21 de setembro de 2020
Poema - "OUTONO" - Declamado por Abraão Marinho (Br)
Muito obrigado, amigo das letras Abraão Marinho! O poema ficou fantástico! Vou partilhar com todos publicamente nas minhas páginas e nos grupos onde o possa fazer. Continuação de excelentes trabalhos! Um abraço.
Poema "NA FALTA DE PALAVRAS"
Procuro sempre palavras certas
Que voem serenas no vento
Como tule leve. E concretas,
Para extrair delas ouro e alento.
Se por mero erro as deixo cair
Na lama e areias movediças,
Perco o meu sentido de prumo
e no desacerto me arrumo.
E procuro as palavras certas
Para não serem como setas
Apontadas ó centro do alvo,
Onde se morre sem diálogo,
Sem proferir quaisquer palavras,
E assim elas são só escravas,
E tão escravas neste monólogo.
José António de Carvalho, 21-setembro-2020
Quadro de Pierre-Michel De Keyn
domingo, 13 de setembro de 2020
Poema "QUANTAS VEZES"
vamos falar de nós.
Como se desconhecêssemos
porque é que a terra
tem de ser lavrada,
porque é que a rede do pescador
tem de ser remendada,
e as pontas dos fios
que se partem no tear
têm de ser unidas e atadas.
E nós sabemos que as casas
que se fragilizam no tempo
são reféns de nova visão
e de mãos sábias e recuperadoras.
E nós sabemos do desespero
de uma planta no seco verão,
é como se tivesse ferida aberta
a esvair-se de sangue
no seu depauperado coração.
Pintura de Mendes da Costa Belmiro
sábado, 12 de setembro de 2020
Poema "COISAS DOS ASTROS E DO MAR"
COISAS DOS ASTROS E DO MAR
Hoje estou tranquilamente só.
Tão só que olhei o espelho e nada vi espelhado,
Terá passado um cometa e levado o reflexo na cauda,
Arrastando consigo todas estrelas das memórias?
E que é que eu tenho a ver com cometas e estrelas?
Se não fujo nem cintilo em céu algum?
Mas a minha tranquilidade é perturbadora
Como a calmaria em alto-mar que antecede a tempestade.
Em abono disso, diga-se:
Pode ser que não haja tempestade
E fiquemos só pela tranquilidade da calmaria.
Amanhã é um novo dia!
José António de Carvalho, 12-setembro-2020
Quadro de Monteiro da Silva – Pintura a óleo
sexta-feira, 11 de setembro de 2020
Poema "A RUA DO DIA"
A RUA DO DIA
Começa cedo, no raiar da aurora.
Minha vida é a rua do dia
Neste andar mais penoso do que outrora
Se bem lá para trás ficou a alegria.
Os passos cada vez mais arrastados,
A rua a cada dia sobe mais.
Meus perónios cada vez mais cansados,
Já foram como as asas dos pardais.
Vejo as casas airosas e caiadas
No seu aspeto angélico mas obscuro,
Com as portas e janelas fechadas
fica o dia envolto num ar impuro.
Na subida surgem nuvens escuras.
Na rua vou a pouco mais de metade,
E como será bem lá nas alturas
Quando a eterna fadiga nos invade?!…
José António de Carvalho, 11-setembro-2020
Foto de Conceição Silva
domingo, 6 de setembro de 2020
Poema "ESCURIDÃO"
ESCURIDÃO
Enquanto esta minha pele envelhece
neste radiante sol de setembro,
a minha amargura num rolo cresce
neste agastado caminho, e fenece
nos flashes absurdos qu’ ainda relembro.
E são dois. Que reversos escondidos
por entre nuvens pintadas de negro.
Se fossem pelo menos versos lidos,
com a boa intenção de os ver mantidos
como quem guarda tesouro em segredo.
José António de Carvalho, 06-setembro-2020
sexta-feira, 4 de setembro de 2020
Poema "SE É SETEMBRO"
É como um vão de saudade
Da primavera escondida,
Dum verão sem medida.
Um vírus que é realidade.
É um abrir de livros fechados
De sonhos sonhados e encantos,
De ventos a arrastar prantos,
Olhares despertos e amargurados.
Nos cestos carrega-se a fome
Das chuvas e das orvalhadas,
No frio vestem-se as madrugadas
Em luares escusos sem nome.
Se é setembro…
Lembra a chuva, o frio, o vento.
É um “puxa-braço” do Inverno.
Mas um setembro morno
Carrega delícias pró Outono.
José António de Carvalho, 04-setembro-2020
quinta-feira, 3 de setembro de 2020
2º Sorteio do livro "Sente, Logo Vives e Sonhas" - 30.000 visualizações do blogue
2º Sorteio do livro "Sente, Logo Vives e Sonhas" - 30.000 visualizações do blogue |
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Seguidores do blogue - Participantes no sorteio |
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1 |
Rosaly Ly Aly Fleury |
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2 |
Rosário Freitas |
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3 |
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4 |
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12 |
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13 |
Francisco de Assis Silva |
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14 |
Efigênia Coutinho Mallemont |
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15 |
Mais Que Sonhar |
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16 |
Talentos da Periferia de S. Paulo - SP |
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17 |
Adelaide Maria Simões Rosa |
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18 |
Manuel S. Fernandes |
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19 |
Maristela Farias |
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20 |
Pedro Magalhães Canha |
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21 |
Person XXI |
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22 |
Margarida Baptista - (Premiada - sorteio 04-09-2020) |
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23 |
Anabela Carvalho |
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24 |
Ana Silva |
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25 |
Susana Pinheiro |
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26 |
Juliana Nunes |
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27 |
Alcina Carvalho |
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28 |
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terça-feira, 1 de setembro de 2020
Poema "MURO"
MURO
Vejo a vida uma passagem estreita.
E receio o que há do lado de lá.
Será outra vida também desfeita?
Outro sonho, desse sonho que não há?
Do outro lado será sempre o futuro.
Sempre a mesma dúvida, se ela existe…
Uma vida até a esse enorme muro,
esse muro, teimoso, que resiste.
Fiquemos por cá na lamentação,
lambendo as feridas do coração.
José António de Carvalho, 01-setembro-2020
Foto: depositphotos
quinta-feira, 27 de agosto de 2020
Poema "FRIO DE VERÃO"
FRIO DE VERÃO
Há um frio velado em cada canto da casa,
nos olhos nublados pelo tempo e pela glória.
Um frio cortante nas gavetas da memória,
vencedor traiçoeiro no mais duro golpe de asa.
Um frio dilacerante nas águas do rio,
alojado no coração num caudal disforme.
Um frio que se apossa do corpo e que o extravasa,
matando o sentido da vida segura em fio.
Um fio de voz no frio da tarde sem brio
e nos tropeções das palavras mudas da casa.
José António de Carvalho, 27-agosto-2020
Quadro de Maria Brito
segunda-feira, 24 de agosto de 2020
Poema "JARDIM DE ROSAS "
Tinha um jardim cheio de rosas.
Tantas rosas de várias cores,
também vermelhas, tão sedosas...
Mas que doce mel, essas flores.
As pétalas eram veludo,
suaves ós dedos, a tudo…
Mas deixaste de assim as veres,
o encanto das mil e uma cores,
não só dessas da cor do amor,
mas também de outra qualquer flor
que lá se tivesse criado.
Que solo desafortunado!...
Olhas-lhe no tronco e não a flor,
tão pouco queres ver a cor.
Só pedúnculos espetados
num chão que te parece morto.
Só hastes e tantos espinhos
Em troncos tristes… e sozinhos.
José António de Carvalho, 24-agosto-2020
Foto da internet
domingo, 23 de agosto de 2020
Poema "SE NADA RESTA"
SE NADA RESTA
Estando nós no meio dela,
duma manhosa tempestade,
asfixiando-se os soluços
pela sangria dos recursos
no parapeito da janela.
Como sempre gosto de vê-la
com seus ares de Cinderela.
Mas cortou a corda ó Romeu,
que caiu como ovo no chão,
e num surdo suspiro em vão
lá fechou os olhos e morreu.
“Cai o Carmo e a Trindade”,
e tudo o resto é saudade…
José António de Carvalho, 23-agosto-2020
Quadro do Museu Arqueológico de Lisboa
quinta-feira, 20 de agosto de 2020
Poema "NUMA MARQUESA"
NUMA MARQUESA
Soubesse eu defini-lo em branca cor…
Amor - Gerado na raiz da paixão,
Crescido como pecado em calor
De lava incandescente de vulcão.
É crime senti-lo brotar do peito?
Se a atração é mais forte que a da Terra,
Em polos harmonizados num leito
Agitado como as armas na guerra.
Defender a linha do sentimento,
Dar razão à ordem do coração,
É converter em sorriso o lamento,
Que unem os seres em pura dação.
E quando perco esse rasto do raio,
A afinidade do céu com o sol,
Dispo-me de mim, e nunca mais saio,
E tranco as portas como um caracol.
José António de Carvalho, 19-agosto-2020
Foto de Conceição Silva
domingo, 16 de agosto de 2020
Poema "HÁ DIAS PRA SEMPRE"
HÁ DIAS PRA SEMPRE
Tal é a tristeza que sinto,
Em que a esperança que me move
Perde-se nesse labirinto.
Outros dias há, cai um orvalho
Que é leve como o algodão,
Penso-te a ires para o trabalho
E só vais no meu coração.
Uma partida que, sei lá,
Por muito que me perguntem,
Digo-lhes que razões não as há,
Se só há razões que nos juntem.
José António de Carvalho, 16-agosto-2020
Pintura de Belmiro Mendes da Costa
sexta-feira, 14 de agosto de 2020
Poema "HINO DO POVO"
HINO DO POVO
Canta, canta porque é novo
Este cantar verde e florido,
Porque é hino deste povo
Cuja esp’rança tem esquecido.
Cantar a esperança florida
Na força de tanto trabalho
É andar com a pátria erguida
Tão alto como se eleva o malho.
Bem do alto todos nos malham
Os "barrigudos" do país,
E o suor dos que trabalham
É um jato de chafariz.
Mas quem canta seu mal espanta,
Dores frias que na vida sente,
Esses nós cegos na garganta
São voz muda de tanta gente.
José António de Carvalho, 14-agosto-2020
quinta-feira, 6 de agosto de 2020
Poema "VERSOS MAL COSTURADOS" (Horizontes da Poesia - Desafio nº 85 - 2020)
VERSOS MAL COSTURADOS
Não tenho palavras, tão pouco imagens,
apenas as tuas mãos e os teus dedos,
que nas costuras são apenas passagens,
onde rendo e me rendo nos meus medos.
E coses os meus versos no viés
por baixo da fina bainha da blusa.
E os sonhos da revolta das marés
beijam, agridem e matam, quem a usa.
Não tenho como medir as palavras,
se o sentimento é ainda mais branco,
as sílabas mal contadas são escravas
às mãos dum cobarde fecho no flanco.
Se estes versos morrerem na costura
por terem sido mal alinhavados,
são versos hirtos e com armadura
em outros mares jamais navegados.
José António de Carvalho, 06-agosto-2020
Imagem – Horizontes da Poesia - nº 85, Desafio de 2 a 8-08-2020