Interrogo o vento p'la direção,
A chuva incessante que faz a cheia,
O frio que leva os dedos da mão.
Interrogo por que as secas esmirram
Esse silêncio nas bocas cerradas
E lágrimas que nos olhos espirram.
Interrogo toda a mente egoísta
P'lo materialismo exacerbado
No tenebroso culto do "eu" endeusado.
Interrogo da beleza da flor
Qual a razão p'ra haver gente sem pão
Ou qualquer Natal sem ninhos de amor…
José António de Carvalho, 21-novembro-2020