domingo, 10 de maio de 2020

Poema "SILÊNCIO DE MAIO"

Este poema foi dito por Manuel Sanches na Rádio Cidade Hoje, no programa "As nossas raízes" do dia 09-05-2020, relativo ao 13 de Maio.


Ouça este poema pela voz da amiga e poetisa Cida Vasconcellos (Brasil), que teve a gentileza de me fazer esta agradabilíssima surpresa.

Clique no link.



SILÊNCIO DE MAIO

Este silêncio vai isolando a vida
E tudo se fecha em escura caixa,
E quanta amargura que ela nos deixa
P’ra outra jornada, também sofrida.
Passou a ser uma vida sem refrão,
E sem refrão nem parece canção.

Mas há forças que vão muito além
Das que o Homem em si consegue gerar,
E são elas que o permitem avançar.
Parecem as forças vindas de alguém,
Que nos puxam pela vida pra frente
E às quais, há quem seja indiferente.

Às vezes, não queremos nem saber,
Porque nos é mais fácil ignorar,
Que a força Divina pode ajudar.
E quando nos chega o entardecer,
Antes que este horror nos leve,
A Fátima pedimos… que nos Salve.

 José António de Carvalho, 08-maio-2020
Foto da minha autoria


Ouça este poema dito pela voz da amiga e poetisa Cida Vasconcellos (Brasil)
Clique no link.





sábado, 9 de maio de 2020

Texto poético "NÚMEROS EM POESIA "

5º Aniversário do Programa Livro Aberto 

NÚMEROS EM POESIA 

Acordei cedo para sonhar.
Na verdade, acordar para sonhar pode não fazer muito sentido.
Mas é a verdade!...
E são verdades contáveis. Tal e qual, números.
Esse número… que envolve centenas de unidades, e dezenas de dezenas.
E puxa-se pelo véu e desfolham-se cinco longas e brilhantes estrelas.

Uma por cada ano. Uma volta ao mundo, passo a passo. 

Neste tempo passado…
Quantos livros foram abertos e retirados ao pó das memórias?
Quantos poemas foram ditos pelas cordas estimuladas à sua dormência?
Quantos poemas escritos foram recuperados dos confins do âmago de cada Ser?
Quantos versos foram rasgados e lançados aos ventos do desânimo?
E outros que foram sonhados e idealizados do casamento perfeito das aves?
Quantas sensações foram geradas em cada vulcão sentimental adormecido?
Quantas emoções foram vertidas em palavras nas águas límpidas duma cascata? 

E mais ainda…
Quantas pessoas cruzaram os seus caminhos em vez de os fazerem sozinhos?
E quantas amizades nasceram e floriram e frutificaram em poesia? 

Também…
Quantas solidões nas noites das sextas-feiras pereceram ao frio?
E os sorrisos que se abriram como flores de primavera?
Quantas esperanças renasceram das cinzas e voaram oceanos?
Quanta liberdade se avolumou em poesia e foi ainda mais poesia? 

Quantas… quantas… 
Quantas vezes vou ter de vos agradecer: Ana Coelho, Livro Aberto, Rádio Voz de Alenquer? 

Uma só vez! 

DUZENTOS E VINTE E QUATRO. OBRIGADO!

José António de Carvalho, 07-maio-2020
Certificado atribuído pela Rádio Voz Alenquer, Programa Livro Aberto, de Ana Coelho



sexta-feira, 8 de maio de 2020

DEZOITO QUADRAS



 DEZOITO QUADRAS


***

Eu vi uma mulher tão triste
Porque não faz o que quer
Pensa que este mundo existe
Para agradar à mulher.

***
Os ventos levam as folhas
Os namorados as filhas,
Já não se fazem escolhas,
Ficam problemas às pilhas.

***
Com a chegada do Outono 
Transbordo em nostalgia, 
O que me enche de sono 
Pra não ver o que me arrelia.

***
Tanta gente anda perdida 
Aí pelo mundo fora, 
À procura de uma vida 
Para quem nele não mora. 

***
Gente de grande sucesso 
Com um grande ego e poder, 
Quantas vezes eu lhes meço 
Como é que pode ser?!... 

***
Não bate a letra e o refrão. 
O refrão, que é a vida.
Querem mais do que lhes dão 
E acham que é merecida. 

***
E quando se lhes pede algo 
Acham que o mundo desaba, 
Dar, não é para fidalgo, 
Se der, o fidalgo acaba. 

***
Por aqui vou-me calando. 
Mudez não é dizer pouco, 
Se é neste mundo que ando, 
Mesmo sendo um mundo louco.

***
Neste pico de calor 
que nos chega no Verão,
convém ter algum rigor, 
algum amor à nação. 

***
Os fogos são mais que infernos 
que por cá temos na Terra, 
vivamos onde vivermos 
vamos declarar-lhes guerra. 

***
Este calor tudo mata 
Ao contrário do do amor, 
Que na temperatura alta 
mais bem nos traz o calor.

***
Se no teu colo adormeço,
Que conforto que ele tem.
Nunca pensei se o mereço,
Mas sei que me sabe bem.

***
Busco o que nunca procuro
Por preguiça e meu cansaço.
Bom futuro não me auguro
E dos sonhos me desfaço.

***
Convém sermos recatados
Se falamos a respeito…
São espinhos espetados
Faltas que trago no peito.

***
São como imagens gravadas
Na tua alma apaixonada
Teu paraíso e teus nadas
De carícias tão ansiadas.

***
Do teu voo irregular,
Tuas asas remendadas
Ainda se podem quebrar
Nas ilusões mascaradas.

***
O que fazem acham lindo,
São crianças a brincar,
Mas a vida vai fugindo
Sem caminho pra voltar.

***
É assim que sempre aprendo
Pouco a pouco, vamos indo,
P'lo caminho vão dizendo...
Só os escuto dormindo.

José António de Carvalho, 08-maio-2020


Quadras de António Aleixo
na Voz do saudoso ator Mário Viegas (Clique no link, vídeo)

https://www.youtube.com/watch?v=ilWmtAUQ_Es


(Estátua do poeta popular em Loulé)

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Poema "LÍNGUA-MÃE" (soneto)


LÍNGUA-MÃE
(1º DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA)

Quantas bocas sorriem de alegria,
Quantos sorrisos fazem tua graça,
Tanta beleza nunca se amordaça
Nos milhões que te falam neste dia.

Irmãos que a história, bem longa, ligou,
Voa por todo o mundo, esta ave alada.
Uma comunidade renovada,
Pátria-língua, o maior bem se adotou.

E se nela se faz entendimentos
Ou se lavra a melhor literatura
E puxam p'los melhores argumentos.

O meu linguajar sem a formosura
Dos vultos que lhe dão grandes momentos,
Dádiva graciosa e alma futura.

José António de Carvalho, 05-maio-2020
Foto "Bonecos Urbanos" de Sandra Escudeiro






segunda-feira, 4 de maio de 2020

Pequeno texto "COM DIA MARCADO"


COM DIA MARCADO

Parece que os dias se esgotam por entre os dedos, e os luares não são tão luminosos quanto deveriam ser.

A magia dos dias surge envolta em penumbras e nuvens.

Nada é água pura, nada é nítido, nada é líquido.

Há lutas entre as forças e fraquezas de cada ser, guerras de cortar à faca os cabelos
e de arrancar a pele com as unhas.

Saiba que a partir de amanhã se retomará alguma da normalidade dentro da maior anormalidade que se nos poderá afigurar normal.

José António de Carvalho, 03-maio-2020


sexta-feira, 1 de maio de 2020

Poema "FECHA-SE A PORTA, ABRE-SE A JANELA"



FECHA-SE A PORTA, ABRE-SE A JANELA

Abandonados aos nadas da vida
A cumprir esta dura quarentena,
Dura forma de vida, enegrecida,
Que desfaz todo e qualquer preconceito.
E pensar se assim é que vale a pena
Ou se antes é que era bom, com efeito.

O caminho até aqui bem nos mostra
Que o Homem é como um outro ser qualquer…
E se for para viver como uma ostra
Ou pra andar aqui a dormir como um gato,
Qualquer dia desatino de facto,
Ou ainda terei alguém que mo vai dizer.

Mesmo estando nesta guerra escondidos,
Mas que o inimigo nos vê por inteiro,
Segue os nossos passos desprotegidos…
Oh minh’ alma exausta, exposta ó desgaste,
Nem calculas o susto que pregaste
P’la falta da luz do teu candeeiro.

Ainda assim vejo p'la minha janela
Que o sol, o mar e os campos estão aí,
Que sorriem como outrora. Mas ela,
Confinada, oh... que vida torturada!
Triste como leoa acorrentada,
Numa ténue esperança ainda sorri!

José António de Carvalho, 27-abril-2020
Foto da capa da Antologia



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quinta-feira, 30 de abril de 2020

Poema "TRAIÇÕES DO TEMPO"

Poema dito por Ana Coelho na Rádio Voz de Alenquer, no dia 01-maio-2020, no programa "Livro Aberto".



TRAIÇÕES DO TEMPO

Sonhos que o tempo levou,
Sonhos que no tempo vão.
Mas o tempo também tem contratempos…
Perguntam vocês: Qual a razão?

E o tempo, que se antecipa ao tempo, começa a dizer:

- Neste caminho que faço,
deixo que as pessoas vivam no sonho,
para que, logo a seguir, me farte de rir
quando todos, todos os sonhos desfaço!

Oh! que tempo este tão tempestuoso,
Que os sonhos gosta de destruir.
Mesmo que vá por caminho virtuoso,
Tudo faz para que dele tenha de sair!

Não é que o tempo matreiro
Me disse para em casa me meter...
E que ainda me daria dinheiro
Para nada ter que fazer?!

E acrescentou:
- Toma dinheiro e põe-no a render!

E, assim, pus-me a escrever.
Prosa e verso, era indiferente.
O Importante é escrever o que se sente…
Dar asas ao voo do pensamento
E voz ao mais profundo sentimento,
Até ficar nu de tanto empobrecer.

José António de Carvalho, 29-abril-2020
Foto de Conceição Silva





terça-feira, 28 de abril de 2020

Poema "POEMA À MÃE – NO SEU DIA"

Poema dito por Manuel Sanches na Rádio Cidade Hoje, no programa "As nossas raízes" , do dia 02-maio-2020.


POEMA À MÃE, NO SEU DIA

(03-05-2020)

Enquanto a vida nos mantiver juntos
Com longínquo horizonte por destino
Falaremos de todos os assuntos…
Sorrirei, porque ainda sou o teu menino.

Falaremos do nosso crescimento
E das vicissitudes desta vida,
Do tempo: da chuva, sol e do vento.
Oh mãe!... És sempre a nossa tão querida!

Meus olhos, sempre que olho para ti,
Felizes de não verem a tua idade,
Só veem o teu rosto se sorri,
Na procura da tua claridade.

Dizes-me que te custa, que não podes.
E eu penso que estás apenas cansada
Por tanto trabalhares, e não deves.
Oh mãe! Não me digas… Não digas nada!

Fiquemos no silêncio e na alegria
De viver este amor de mãe e de filho,
E quando, Mãe… quando é o teu Dia,
Nasce nos meus olhos um novo brilho…

Mais um dia… e a vida a fugir, lá vai...
Ainda te dedico mais esta quadra,
Se és Mãe, agora, és também o Pai,
Que, de onde está, nos vigia, ama e guarda.

José António de Carvalho, 28-abril-2020
Foto: Apresentação do meu livro no Auditório do Centro de Estudos Camilianos em Seide S. Miguel










segunda-feira, 27 de abril de 2020

Poema "HERÓIS QUE VENCEM O TEMPO"



HERÓIS QUE VENCEM O TEMPO

Os heróis dos meus tempos dos sonhos,
Os heróis dos meus tempos de menino,
Ainda são os meus heróis de hoje.

Ainda são justos,
Desapegados,
Valentes com os fortes
E frágeis com os frágeis.

Ainda são confiáveis,
Vencem as adversidades
Com a razão,
A traição
Com o perdão.

Os heróis do meu tempo
Pouco sorriam,
Porque quem o mundo sente
Não sorri facilmente.

Os heróis do meu tempo,
Os heróis da minha imaginação
Ficaram para sempre
Com lugar no meu coração.

José António de Carvalho, 25-abril-2020
Foto do Certificado atribuído pelo "Grupo Ecoar Poético"



sexta-feira, 24 de abril de 2020

Poema "AQUI NESTE CANTO"


AQUI NESTE CANTO

Há voos livres das aves estampados no longínquo céu azul.
Há ideais inflamados pelo fogo do querer.
Há borboletas a serpentear o ar no seu voo irregular.
Há as cores vivas que os teus olhos querem ver
E campos abertos comprometidos com o mar.  

Há sol, e depois chuva… e novamente o sol a abrir-se,
Árvores vestidas de folhas tenras de um verde intenso.
Há azevéns e trevos que se falam em surdina,
Estevas e papoilas que não querem despedir-se.
Esperanças que fervilham no peito num sentir imenso.

Há sorrisos mortos em cada rosto denso.
Há listas de nomes de gente gravados a fogo,
Há todas as alegorias nas lágrimas de um povo,
Um mundo de gente que não resiste a este jogo
E que vai sobrevivendo a aprender a nascer de novo.

Sou livre de sentir e pensar,
Embora nem sempre o consiga devido às tempestades:
“Em abril, águas mil.”
A sabedoria popular diz todas as verdades…

José António de Carvalho, 24-abril-2020
Foto da "internet"



sábado, 18 de abril de 2020

Poema "AINDA A LUA NÃO SE FOI"


AINDA A LUA NÃO SE FOI


Que anseio é este o meu?

A lua ainda ali a vaguear
com a sua cara de enfado,
e o sol, seu amigo,
lança ainda os primeiros raios
da cor do trigo,
pra matar aquele cinzento luar.

Nasce em mim uma vontade
de me arrancar num safanão,
como quem acorda na maldade
de sacudir mansas batidas do coração.

E tão rápido estoura uma revolução…
O moinho tortura e esmaga o grão,
a água abandona a sua estática condição.

E desce vagarosamente, bem fininho,
tão cremoso, pé ante pé,
libertando intenso aroma,
que cheirinho!…

Ah!… Aí está o meu café!

Que à mente tanto bem me traz
e o dia flui na minha PAZ!… 


José António de Carvalho, 08-abril-2020
Foto JA20C




quinta-feira, 16 de abril de 2020

Poema "A DOR DOS DIAS"

A DOR DOS DIAS

E anda toda esta gente assim tolhida,
Com o coração a sangrar de farpado,
São farpas espetadas pela vida
Que corre como um rio, amargurada.
Pessoas que já sabem rir do nada,
Porque se habituaram a este fado.


Andam a vida inteira a pagar dívidas,
As dívidas que nunca contraíram.
E são estas almas sinceras e lívidas,
Cujos sonhos cedo eram destruídos
Alimentados em seios caídos
De futuros que antes de ser, ruíram.


Não levantados de dores antigas
E novas dores têm de suportar,
São agora várias dores inimigas…
A recente, o Sepúlveda levou,
Gente mais nova e mais velha matou,
E a lista fará caminho a aumentar…


José António de Carvalho, 16-abril-2020
Fotos “internet” e Conceição Silva


 
                                 

quinta-feira, 9 de abril de 2020

Poema "PÁSCOA, AMOR SEM LIMITE"

Este poema foi lido no sábado, dia 03-abril-2021 (sábado de Páscoa) no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


PÁSCOA, AMOR SEM LIMITE

Não foi um amar por amar,
Sequer um amar com fim,
Foi amar para perdurar…
Um e outro, a todos, e a mim.

E sofreu por todos nós,
Lágrimas, suor de sangue,
Mas nunca ficamos sós,
O Amor de Cristo é grande…

Grande no seu coração
E enorme no nosso tempo.
Dá-nos a maior razão
Para crescermos por dentro.

E por nós deu a sua vida,
Pra nos mostrar o caminho,
No calvário a cruz erguida
Espera o Corpo Divino…

O Corpo da redenção
Dum Espírito Sagrado,
Para a nossa salvação
Em Cristo ressuscitado.

José António de Carvalho, 09-abril-2020


sexta-feira, 3 de abril de 2020

Poema "A MINHA NUVEM NO CÉU"

Poema dito por Ana Coelho na Rádio Voz Alenquer, no dia 03-04-2020, no programa "Livro Aberto"


A MINHA NUVEM NO CÉU

Fiz uma viagem nas asas dos meus olhos,
porque, agora, viajar, só assim…
É tão somente fazer nascer imagens em mim que quero partilhar.
É descer ribeiros frescos debaixo do sol ameno deste abril que se abre.
É puxar pelas linhas dos desenhos das folhas tenras das árvores
e visitar o mundo alegre e colorido das flores e os rituais da passarada.
É sentir os minutos com mais segundos do que antes,
em que os dias se despedem em longas sinfonias de cerimónias nupciais.
É olhar as abelhas irrequietas e sequiosas a dançarem uma valsa estonteante em torno das flores brancas das cerejeiras, no desejo de lhes roubar o néctar. 
É sorver o suave e ameno perfume da primavera em brisas de pólen que timidamente vou inalando e agasalhando em mim.
É consentir-me abraçar uma nuvem no céu para a deter nos meus braços no próximo verão, fazendo-me sonhar sempre a primavera.
Ai quem me dera travar esta nuvem que me foge!…

José António de Carvalho, 29-março-2020
Foto de Conceição Silva




quinta-feira, 2 de abril de 2020

Poema "INQUIETUDE"



INQUIETUDE

Custa-me a perceber o porquê de o fazermos...
Àqueles a quem o melhor de nós devemos dar,
damos sempre os dois lados que temos.
Se um dos lados não é nada bom de se mostrar,
é esse o lado em que mais nos demoramos.
Mas é também mais do que altura para mudarmos,
tempo de concedermos mais tempo ao nosso lado melhor, 
e, a nossa vida, e o mundo, sorrirá tanto com mais amor.

José António de Carvalho, 02-abril-2020
Foto da minha autoria