TÃO SÓ, MÃOS…
Tanta graça grassa das tuas mãos,
que bordam estrelas nos seus altares
e penteiam o vento com os dedos….
As mãos escusas que ensombram os mares,
que arrepiam a lâmina mais fina
e cortam sonhos só com os olhares,
assustam todo o ouro que sai da mina.
Mãos seguras são como trave mestra,
sábio livro na vida da criança,
a fórmula exata que assim atesta
o caminho da luz, e da esperança.
Só quero as tuas mãos leves e afáveis,
Que calcem, assim, as luvas do tempo,
E no tempo de dores inegáveis,
Que tuas mãos me calem o lamento.
José António de Carvalho, 09-fevereiro-2021
Quadro de Maria Brito (Arte Celano – Grupo de Artistas)