Poema lido por Ana Coelho na Rádio Voz de Alenquer, no programa de hoje 29-05-2020, no programa Livro Aberto.
O MERCADORIAS DA MEIA-NOITE
Faltavam cinco pra meia-noite, ainda,
Partia o touro de ferro da Trofa,
Vinha a galope estridente na linha,
E não trazia gente na galhofa.
Num correr metálico e pachorrento,
Ferro a esmagar ferro, ensurdecedor.
Na linha a mulher de pé tanto tempo
Esperava por vagões e trator…
Ilusões levantam-se à passagem.
Assobiava no meio do escuro,
Deixava p’ra trás o Ave, e na outra margem
Pessoas sonhavam melhor futuro.
Falta lucidez, mas lá discerni
Mil sacos amarrados num vagão
Com a esperança que nunca perdi
De ir no comboio pra Famalicão.
Entendimento só do coração,
Realidades que a mente deflagra
Hoje é sol, mas já foi escuridão
“O mercadorias” ao ir p’ra Braga.
As voltas que esta vida sempre dá
E que nos faz relembrar o passado,
Desse tempo de amor que vivi lá,
E do comboio a passar em Lousado.
José António
de Carvalho, 14-maio-2020
Foto: Museu Ferroviário de Lousado
A vida é cheia de partidas e de chegadas!Desses momentos ficam memórias, algumas bem saudosas.
ResponderEliminarGostei muito do poema, e do sentimento que ele transmite.Escrito com o coração. PARABÉNS José António.
Muito obrigado pela leitura e comentário, amiga Anabela Carvalho!
EliminarMagnifico Poema que nos transporta nessa viagem de outrora. Bem haja.
ResponderEliminarMuito obrigado pela leitura e comentário ao poema, amiga Ana Costa Silva!
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