O SONHO E A REALIDADE
Cintilam os rostos com alegria
Estendendo os seus véus pelas searas,
No borbulhar das águas das nascentes.
Mas a vida inóspita contraria
Sonhos e futuros resplandecentes.
Movem-se os extraordinários montes
Que deliram com o sol a nascer,
Sobejam os fios de luz nas fontes
Sempre que há vida para florescer.
Perde-se nas velas dos sentimentos
Essa delícia do fruto maduro
Nos cúmulos e auges desses momentos.
E é singela a esp'rança no futuro…
É a mãe tão feliz que se seduz
No âmago da sua terra fértil,
Numa flor trazida com tanta luz
E para a vida com futuro débil…
E não há nada, e nem há justiça alguma
Se quando mais uma criança chora
implorando o alimento que se esfuma
Ou pelo amor que também se vai embora.
Como não há, e nunca haverá justiça
Quando uma criança indefesa berra
P’lo abandono em laivos de preguiça,
Pelas explosões de ódio e da guerra.
Justiça… jamais poderá haver
Se a criança apenas quiser crescer
De costas voltadas pró vendaval...
E amar, brincar, sorrir, e ser feliz
No jardim de um mundo pseudonormal.
Toda a gente o sabe e também o diz,
Mas são poucos os que o tornam igual…
Gritemos p'los direitos da petiz
Em dia da Criança Mundial!
José António de Carvalho, 28-maio-2020
Quadro de Rosário Pedro / Arte Celano Grupo de Artistas (óleo s/Tela – “INÊS”)
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