terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Poema "Às Vezes, e São Tantas as Vezes" (soneto)


Às Vezes, e São Tantas as Vezes

Às vezes vejo tudo tão etéreo,
Tão belo, ordenado e perfeito,
Que nem sei se isso é defeito,
Ou efeito de demagogia a sério.

Às vezes pergunto-me a idade,
Eu próprio devo-a ter esquecido,
Não porque ande por aí perdido,
Mas porque não vejo a verdade.

Às vezes, e são tantas as vezes,
Vejo o mundo à deriva, dividido,
No extremo de vaguear subvertido,

Cego, de olhares e visões vieses.
Resta que trabalhes, lutes e rezes,
Cais cansado, mas nunca vencido.

JA18C





domingo, 9 de dezembro de 2018

Poema "Coração é Vermoim e Famalicão" (soneto)


Coração é Vermoim e Famalicão  

Neste meu mundo bem pequeno
Cabe um outro de maior dimensão,
Pra mim oiro: Vermoim e Famalicão,
Se o vejo tão frágil, dócil e ameno.

Campos de milho verde pendoado
Tão verde quanto as castas do vinho,
Tinto e branco, já foram centeio e linho
Tecido e saber a quem o tenha herdado.

Letras cantadas por este simples povo,
O romance aprendeu e por gosto aplica
Matéria-prima com que cria mundo novo.

Rios que passam deixando a saudade
Das águas cristalinas, visão hoje idílica,
Do sonho se tornarão em mera realidade.

JA18C



quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Poema "MÃE! ESQUEÇO-ME DE MIM…" (soneto)

Participei com este poema ao Evento on-line dedicado ao Dia da Mãe, em 09-maio-2019, do Grupo Mel Poesias.

MÃE!
ESQUEÇO-ME DE MIM…


Quais sinais que preciso de te dar
Para te dizer, sempre, que estou aqui,
E quantas dores tive que esqueci
Do cansaço de tanto te esperar.

Como doem as pernas e meus braços
A boca pelo riso nunca abrir.
Meus olhos não te veem a florir,
Inda assim resisto aos meus cansaços.

Ando eu de coração mole e dorido
O aspeto duro e triste, quando o faço,
É em choro que apago este meu traço

Varro as folhas do amor no chão caídas,
Da árvore foram-se desprendendo...
Estás triste Mãe? Como me arrependo!

José António de Carvalho, 2018 (reformulado a 30-abril-2021)




domingo, 2 de dezembro de 2018

Poema " Sento-me, Sinto-me e Escrevo" (soneto)



Sento-me, Sinto-me e Escrevo

Sinto-me calmo, estranhamente calmo,
Como pronúncio de tempestade no mar,
E as nuvens num cinza branco a pairar
Na confiança do vigésimo terceiro salmo.

Esta tranquilidade é o espetro do óbvio,
E do total ignorar da vida que me rodeia.
Aqui fechado, onde o coração incendeia,
Alienado do mundo carregado de ódio.

Não me importa nada que subam o pódio,
Porque o meu caminho é duro e sinuoso,
Não ambiciono ascensão a mundo luxuoso.

Prefiro a serenidade deste poema na mão,
E o crepitar dos sentimentos no coração,
Em contraponto ao do homem pomposo.

JA18C




quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Poema "No Natal" (soneto)


No Natal

Choro o não ter e que antes tinha,
Sorrio ter agora o que nunca tive,
Alegro-me da fé que sempre vive,
Apesar de pequena, não definha.

Viajantes da vida desinteressados
Há-os por todos os lados. Até aqui
E além… Outros a quem a vida sorri,
E que têm abraços e sonhos alados

Que rápido se tornam fardos pesados.
E é neste revolver das águas do mar
Que agitam e remexem o nosso pensar,

De sentimentos natalícios só refrescados,
No ano esquecidos e agora lembrados,
E duvido que o Menino não o queira mudar.

JA18C



quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Poema "Doce Natal" (soneto)


Poema feito para coletânea em ebook de poemas e postais de Natal.

Doce Natal

Hum, canela que te cheiro,
O dezembro põe-me assim,
No Natal quero um pudim
Que adoce o ano inteiro.

Já enfeitei o meu pinheirinho
Com muitas luzes e estrelas,
Aguardo as mensagens belas
Para por no berço do menino.

Gravemos em poema de Natal
O que de melhor há em nós,
E no Natal não ficaremos sós.

Mas este mundo vai tão mal
Vivendo subjugado ao material
Já me contento ao bolo de arroz.

JA18C










sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Poema "Não Te Esqueço" (soneto)

Não Te Esqueço
Não me peças para te negar
Porque não o consigo fazer,
Sou-te grato e devo-o dizer, 
Não discorro razão pró ignorar...

Se só te dou versos singelos,
É porque os mais desejados,
Que são tão bem elaborados,
A meus olhos são menos belos.
E no oceano da poesia
Dás-me luz, vida e alegria,
Que nestas linhas são novelos,
Desenrolados em desvelos
Como o são as farpas da vida,
Que do coração fazem guarida.
JA18C
Foto: Zé-Tó Carvalho -2018




sexta-feira, 16 de novembro de 2018

Poema "Sonho Com Nada" (soneto)


Respondendo a um desafio lançado pela amiga Manuela Ramos.



Sonho Com Nada 

Hoje tive um daqueles sonhos
Tão mágico quanto de estranho,
Não desses que estais pensando,
Porque desses me envergonho.

Sonhei com um pequeno menino
Que sonhava pra alimentar a vida,
Da fartura se abstém e lhe é devida
Num filme na sola do seu vil destino.

E o menino tão feliz no pouco ter,
Partilhou com outro pequeno amigo,
Numa foto que o mundo vai correr,

Sem que se acabe com este antigo
Flagelo da humanidade: Sem comer,
Sem instrução, sem roupa, sem abrigo.

JA18C




segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Soneto "Sol de Outono" (soneto)


Sol de Outono

Quero que este belo dia de outono
No inverno frio e escuro prevaleça,
E que teu amor por mim permaneça
No despontar das flores do seu sono.

Quero espraiar este meu sonho em ti,
Num olhar do sol longínquo e quente,
Que o mar reflete num sentir ardente,
Da flor que plantei e o seu perfume sorvi.

E no final do dia que a calma me envolva
E a água límpida num reflexo te devolva,
Num rio de sentimentos como nunca senti.

E que teus olhos vejam o que apenas eu vi,
Que a razão e o alimento para a nossa vida
Seja semente germinada e esperança florida.

JA18C


Foto: JA18C (Árvore em pleno outono 2018 - Parque da Devesa)






sábado, 10 de novembro de 2018

Poema "Se Soubesses" (soneto)

Se Soubesses

Ai se soubesses de onde venho
E o sentimento que trago em mim,
É como o mundo a chegar ao fim
Pela falta do sorriso que não tenho.

Ai se me dissesses pra ir contigo
Andar de mão dada à beira do rio,
Esse desejo acabaria com este frio
Nos puros beijos dados ao postigo.

Ai se me quisesses assim como sou
E baixinho mo dissesses ao ouvido
As palavras vestiriam novo sentido.

Porque pelo caminho por onde vou,
Cerejeiras majestosas já florescem
Julgando que os amores esquecem.

JA18C



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segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Poema "Intermitências da Dor" (soneto)


Intermitências da Dor

Como é bom ter-te em mim,
Que me afagas todas as mágoas
E me levas nas tuas doces águas
Calmas e silenciosas, rio sem fim.

Não me posso perder em cuidados,
Porque à pressa tenho que escrever.
Da vida tenho sempre o que dizer,
Porque vivemos sempre abraçados.

Sol ardente que nos espreita temerato,
Serves-me o amor em dourado prato
Que liberta a dor em gritos abafados.

E na súplica dos teus meigos brados
Deixo o coração seguir o meu olfato
No néctar do teu corpo deste retrato.

JA18C



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Poema "Ladrilhos" (soneto)


Ladrilhos

Bendita és em mim e para mim,
Que me avolumaste em boa hora,
Não sei o que seria, não fosse assim,
Se cá estaria ou se teria ido embora.

Para onde iria não faço a pálida ideia,
Amargo sabor a fel deixou este travo,
Nem a esquisita palavra onomatopeia
Traduz esse roncar do feroz leopardo.

Nem dor d’alma rasgada pelas garras
Do animal mais bruto que jamais vi,
Que se pavoneia altivo e sem amarras

Em luxuosos e opacos palcos do poder
E marés cheias de intrigas e vaidades,
Onde as pessoas não podem querer.

JA18C



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domingo, 4 de novembro de 2018

Poema "Palavra"


MENÇÃO HONROSA – Tema: "Palavra"



PALAVRA

Não tenho palavra!
Voltei atrás nela, torneei-a, rodopiei-a, castrei-a, calei-a, matei-a…
Olhei, pensei e verifiquei que não posso viver sem ela.
Palavra que não!…
Mas não tenho palavras para lhe dizer. Não tenho nada.
Escuto-as, ouço-as, digiro-as, e, nada… Fico com fome.
Cortem-me a palavra e deem-lhe a palavra a ela.
Imploro que me deixem falar para me calar.
Só escrever não chega. Preciso fazer-me ouvir.
Vou enviar e-mail, telefonar, gravar, escrever, fazer um avião de papel.
Mas não quero dizer nada.
Faltam-me as palavras.
Palavra de honra, Poesia!

JA18C


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quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Poema "Recortes da Vida"


Recortes da Vida

Pequenos pedaços desenham traços
Na linha do horizonte aqui tão perto,
A verdade é diversa e o futuro incerto,
Os vãos da vida fazem-nos escassos.

Sorrisos que se abrem em espaço aberto
Ligados a fina linha atada em nós lassos,
Mísera linha, representa todos os passos
Que damos na caminhada neste deserto.

Como gostaria d’oferecer sonhos, é certo,
Em caixas de veludo coloridas e com laços,
Que me trazem a memória dos compassos

De músicas que dançamos em desacerto
No andamento, mas de coração desperto…
E lá nos embrenhamos no calor dos abraços.

JA18C





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segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Poema "Ventos Gélidos" (soneto)


Ventos Gélidos

Sopram ventos frios que regelam os ossos,
Paralisam ideias e os corpos ficam inertes,
D’onde virão estes fétidos ventos e pestes
Que sufocam, arrasam e abatem os nossos.

Amigo… por que razão se perdeu a tua razão?
Mas alguma razão haveria e ninguém a via?
Só mentes abomináveis e perversas as teria,
Tal frieza a da máquina sem lugar a um coração.

E agora os teus rebentos de árvore frondosa?
O que os fez merecerem tão dramático tormento?
Cuja marca ficará para lá da marca do tempo,

Mergulhada em ácido que corroeu a vida ditosa,
Ao ser humano para quem virou monstruosa
Em ferida aberta e sangrenta pelo desalento.

JA18C



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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Poema "Assim Te Sonho" (soneto)


Assim Te Sonho

Apetece-me escrever, apetece-me sonhar,
Sonhar com quê? Pode ser com a praia.
E andar na areia sem parar, até que caia,
Pegar nas fraquezas, dar-lhe asas e voar.

Isso é que é sonhar. É não conseguir andar
E mergulhar. Abraçar o mar, sorver maresia,
Transformar a agruras da vida em alegria,
Entrar numa onda, nela ir… e Novo voltar.

Voltar em mim, como se chegasse do fim
Para um novo caminho fazer, para trilhar...
Num andar retilíneo em direção a ti, Amar...

Amar sem cor, sem cheiro, amar-te em mim,
Tão intenso e selvagem como a flor do alecrim.
É esta beleza da flor que em poesia te quero dar!

JA18C



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quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Poema "O Sol do Outono" (soneto)


O Sol do Outono

O sol revela-se meio envergonhado
Não tarda que uma cortina tape o céu,
A angústia de já sentir o frio e o breu
De noites mais frias do que no passado.

Má roda da vida que nos deixa ao léu
Ridículas vaidades a que nos prestamos,
Não indo além do fútil e meros enganos
Cometidos e outros encobertos pelo véu.

Ensina-nos, mostra-nos os bons caminhos.
Outono, o sempre repetido após o verão
Num olhar perdido que enche o coração.

Regressa sonho e devolve-nos a ilusão,
De que somos eternamente os meninos
Seduzidos por leves folhas secas e mimos.

JA18C

Foto: Google "carvalhos do Gerês"







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segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Apresentação da X Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea "Entre o Sono e o Sonho"

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A minha participação na X Antologia de Poesia Portuguesa Contemporânea
"Entre o Sono e o Sonho"

Da Chiado Editora
Coimbra, 21 de outubro de 2018
Com o Antólogo Dr. Gonçalo Martins, Presidente da Chiado Grupo Editorial 










sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Poema "Bom Dia Poeta!" (soneto)

Poema que participará no concurso de poesia do Grupo AVL 


Bom Dia Poeta!

A minha esperança cresce na ladeira
E desliza nas águas do ribeiro puro,
Em versos e cânticos, num murmuro
Surdo, de métrica torpe e sorrateira.

Penetra no rio e mescla-se nas águas
Distintas, mais ricas, mas menos puras.
Não te submetas a tamanhas agruras.
Salva-te! Despe-te das exíguas mágoas

E volta para o teu lugar no vulgar ribeiro,
Em liberdade mata a sede ao salgueiro
E a toda a vegetação que aí cresce feliz.

E esta é a esperança do poeta que diz:
Não sejas mais poeta e menos Homem!
Vive feliz… porque as tristezas consomem!

JA18C

Foto: Lançamento do livro de poesia "Sente, Logo Vives e Sonhas"





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