domingo, 28 de fevereiro de 2021

Poema "DEIXA-ME FALAR"

A minha participação no programa "Livro Aberto" da Rádio Voz de Alenquer, emissão de sexta-feira, 26-fevereiro-2021, da autoria da amiga Ana Coelho, rubrica "Criatividade Sem Limites".


DEIXA-ME FALAR


Deixa-me tocar-te por dentro
no espaço que as aves entram
nos seres que assim acordam
de tempestades violentas.

Deixa a água ir até ti
aveludar-te em doce clima,
romances que nunca vivi
entrados ouvidos acima.

Deixa que a melodia vá
nas ondas, se ninguém as vê,
notícias do universo dá
do amor que tanta gente crê.

Deixa espalhar por esse mundo,
ao sabor de um simples verso,
animando a cada segundo
a vida, com o seu regresso.

José António de Carvalho, 18-fevereiro-2021
Certificado da Rádio Voz de Alenquer (Programa de Ana Coelho) 



quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Poema "ALIANÇA"


ALIANÇA

Não guardes as joias que trazes
Que o dia é uma criança,
Espera-te a noite prá dança
Da vida, nos versos que fazes.

Põe os brilhantes no dedo fino
Nesses sonhos de diamante
Vestidos em traje d’amante
Nas noites claras do destino.

E fica tudo em posse crua
Ofuscada pela aliança
Que nunca verá a esperança
Em que se ergue a paixão da lua.

Assim, no entardecer da vida
Despontam mistérios claros,
Que são a cada dia mais raros,
No rosto da manhã nascida.

José António de Carvalho, 24-fevereiro-2021
Foto de autor desconhecido






quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Poema "TUDO NUM DIA, UM DIA DE TUDO…" (Carnaval 2021)


TUDO NUM DIA, UM DIA DE TUDO…


Há em cada disfarce do rosto,
das mãos tapadas e buliçosas,
uma perturbada liberdade
que desce pelas horas ciosas
parindo uma nova identidade.

Há na roupagem extravagante
que nos tapa este cinzento inverno,
um tempo mistério tão sofrido
neste mundo que atravessa o inferno
pela mão de um segredo escondido.

Há rainhas, reis, plebe e até estrelas,
transposições pró registo oposto,
homens e mulheres a seu gosto
vivem no seu contrário, eles e elas,
mais nus do que no rigor de agosto.

Há um novo ser que se descobre,
no dia em que o mundo se reveste
da euforia que a tristeza encobre...
sem que alguém deva levar a mal,
porque, afinal… é só carnaval.

José António de Carvalho, 09-fevereiro-2021
Foto: "Pinturasdoauwe.com.br" 


domingo, 14 de fevereiro de 2021

Poema "TALVEZ(ES)"

Este poema foi lido, ontem, 20-fevereiro-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


TALVEZ(ES)


Talvez um dia te diga
o que o meu ser cala,
cala para te falar tudo,
tudo que nunca te direi.

Talvez chame o sol
e as estrelas
para me ouvirem falar
da certeza desta dúvida
que carrego quando falo.

E, sem nada dizer
tudo digo aos pássaros.

E mais lhes digo,
digo-lhes que a primavera vem,
e que não vem só para eles
e para as plantas e outros animais,

ela chega e põe
a sua mão leve sobre o meu peito,
e sente…
e como sente,
sempre o meu coração.

Até que um dia,
nesse dia,
ele lhe dirá
Adeus…

José António de Carvalho, 14-fevereiro-2021
Foto de Conceição Silva




sábado, 13 de fevereiro de 2021

Poema "INDIFERENTE" (Dia dos namorados 2021)

Este poema foi lido, no dia 13-fevereiro-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes" dedicado ao Dia dos Namorados, da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.

INDIFERENTE

Se te quero hoje?
Sei que sempre te quis.
Se quererei amanhã,
a razão não mo diz…

Lembras-te da nossa praia,
da espuma em flor-de-sal,
e dos sons dos sonhos buscados
nos búzios encontrados?

E das noites mais claras,
tão claras como o dia,
se quando me procuravas
eu sempre te respondia?

Era a resposta do amor
nesse sol do meio-dia,
mais alto que o pináculo da catedral
onde os sinos lá soaram
com baladas de alegria
selando um amor, afinal,
também ele mortal.

Eis-nos para aqui empurrados
e na rua da vida chegados
a um dia só de recordações…
Com a maior das lamentações
de passar o dia dos namorados
sob o espelho de retas opções
no meio de ventos aos repelões
a aplaudirem futuros hipotecados.

Assim não há mais que desejos
feitos de sonhos penhorados
de flores, prendas e beijos,
num dos dias mais propalados.

E, a nova era começa assim
com a morte do dia dos namorados
no próprio dia de São Valentim.

José António de Carvalho, 11-fevereiro-2021
Foto blog cicloceap.br

terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Poema "TÃO SÓ, MÃOS…"



TÃO SÓ, MÃOS…


Tanta graça grassa das tuas mãos,
que bordam estrelas nos seus altares
e penteiam o vento com os dedos….
pele de anjo com sede de segredos.

As mãos escusas que ensombram os mares,
que arrepiam a lâmina mais fina
e cortam sonhos só com os olhares,
assustam todo o ouro que sai da mina.

Mãos seguras são como trave mestra,
sábio livro na vida da criança,
a fórmula exata que assim atesta
o caminho da luz, e da esperança.

Só quero as tuas mãos leves e afáveis,
Que calcem, assim, as luvas do tempo,
E no tempo de dores inegáveis,
Que tuas mãos me calem o lamento.

José António de Carvalho, 09-fevereiro-2021
Quadro de Maria Brito (Arte Celano – Grupo de Artistas)




terça-feira, 2 de fevereiro de 2021

Poema "CHUVA"


CHUVA

A tarde parte. É o fim do dia.
Tantas nuvens, e esta chuva incessante.
Ah… se ela fosse a chuva da alegria...
Em vez de chuva obstinada e inconstante,

E abrir-se-iam sorrisos no semblante
De qualquer pessoa, que assim diria:
Ah... foi um dos dias mais maravilhosos.

Assim, caia a noite devagarinho,
Que nela desçam sonhos venturosos
Abundantes de conforto quentinho,

Quero acordar com dias mais ditosos.

José António de Carvalho, 02-fevereiro-2021
Foto de Conceição de Silva



sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Poema "À ESPERA DO POEMA"

Participei com este poema no "XXVIII Encontro pôr do sol" do Grupo Arte & Literatura Recanto da Poesia, com o tema: " Esperança do Amanhã “, a convite da amiga das letras Nilma Soares, em 27/01/2021.

Participei com este poema no programa "Livro Aberto" da Rádio Voz de Alenquer, emissão de sexta-feira, 29-janeiro-2021, da autoria da amiga Ana Coelho, rubrica "Criatividade Sem Limites", dedicado à poesia da poeta Luísa Neto Jorge, e inclui 8 palavras do seu poema "ESPERANÇA".

Este poema foi lido, no dia 30-janeiro-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


À ESPERA DO POEMA

Quem me ensina o canto do vento
E faz cair a chuva nas pétalas do tempo,
E leva-me a perder de vista o Sol
Nesse encontro celestial com o mar?

É o teu rosto na minha ausência sentida…
A queda no meu abismo mais profundo.

É nessa primavera que se desenha a curva
De um amor que foi sempre tão especial,
Que me ensina o inaudível canto do vento
Em que escrevo os meus versos no tempo.

José António de Carvalho, 27-janeiro-2021
Foto de Conceição Silva






terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Poema "DIA DE TUDO OU NADA"

Este poema foi lido, no dia 30-janeiro-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


DIA DE TUDO OU NADA



Quando penso que é dia de uma coisa,
Depois vejo que afinal era dia de outra coisa.


Hoje é dia de tudo.
Mas é também dia de nada.
E se todos os nadas alcançam o tudo,
E o tudo esvai-se por entre dedos
Não restando mesmo nada.


Tudo e nada
Parecem a mesma coisa.


É assim que nunca me iludo:
Nunca fui nada.
Nunca tenho nada.
Nunca quero nada.


Além disso, o tudo eu sinto,
Porque tenho tudo e nada.
Se lhes disser que é só o nada,
Também lhes minto…


José António de Carvalho, 26-janeiro-2021
Pintura de Monteiro da Silva – ARTE CELANO GRUPO DE ARTISTAS





sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

Poema "TRÍADE DE ILUSÕES"

Este poema foi lido, no dia 23-janeiro-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


TRÍADE DE ILUSÕES


Não sei bem o que vejo,
Não sei bem o que sinto,
Nem sequer tenho o ensejo
De despertar de um beijo
Com um bravio instinto
De um animal faminto.

Disse-me o coração
Que vida tão ilusória,
Tem a fina função
De iludir a razão
Na placa giratória
Onde se faz a história.

Provei, assim, esta regra,
Ensaiá-la não quis, 
Foi uma besta negra
Que diz que nunca verga.
Ora morta p'la raiz...
Só me faz infeliz. 

José António de Carvalho, 22-janeiro-2020
Foto de Conceição Silva





sábado, 16 de janeiro de 2021

Poema "O SONHO DA ESPERANÇA"

Participei com este poema no primeiro programa de 2021, do "Livro Aberto" da Rádio Voz de Alenquer, emissão de sexta-feira, 15-janeiro-2021, da autoria da amiga Ana Coelho, rubrica "Criatividade Sem Limites", dedicado ao grande poeta Mário de Sá Carneiro, e inclui 8 palavras do seu poema "ESPERANÇA".


O SONHO DA ESPERANÇA


A Esperança vive isolada
No meio de tudo e de nada.

Um dia. Sim. Um dia certo.
Porque desse dia em diante
Confrontou-se a si mesma,
Num confronto de verdade,
Se tivera um mero sonho
Ou se era tão pura realidade.

Mas a verdade, eu a reponho, 
Tratara-se apenas de um sonho…

Mas a Esperança não desiste
Desse Sonho que a engana,
E por isso mesmo insiste…

O Sonho promete prá semana,
Que virá ao início da noite,
Numa noite de sexta-feira
Que virá sozinho, e a correr
Prós braços da sua amada.

Chegado à noite de sexta-feira
O sonho tanto cambaleava,
De sóbrio não tinha nada,
Andando de beira em beira…

Assim, não pôde vir a correr,
Tão pouco chegou a tempo
De ver a Esperança morrer….


José António de Carvalho, 12-janeiro-2021
Foto da minha autoria.





quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Poema "É AMOR"

Este poema foi lido, ontem, 22-janeiro-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


É AMOR

Quando passávamos pelas ruas
Por onde deixámos de passar, 
Víamos flores sorrirem nas varandas 
Vestidas de sonhos nus de impossíveis
Dum caminho que não teria fim.

Agora, enfim, interrogo as flores por mim…

Quando caminhávamos junto ao mar
Os peixes espreguiçavam-se da desova,
Era tão forte o teu perfume a maresia
Que o meu corpo vestia a areia nova
Seduzido pela espuma da onda que ia.

Agora, aqui, interrogo o mar por ti…

Nesta dimensão do regresso a casa 
A sonhar sonhos que cheiram a vão,
E assim eles vão de asa em asa,
Enquanto pego na chave mestra
Para trancar as portas do coração.

Agora, a sós, interrogo a casa por nós…

José António de Carvalho, 13-janeiro-2021
Foto de Conceição Silva - Oceanário (Lisboa)




segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

Poema "PESADELO 19 a 21"

Este poema foi lido, no dia 15-janeiro-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.

PESADELO 19 a 21

 

O mundo está tão doente

Mal se segura de pé

Por dores que já não sente,

Vem na rota do sofrer

Pelo vento e p'la maré.

 

E tudo passa a correr

Levando tudo à frente

Até os sonhos de um ser,

Não restando alternativa

a deixar a dor doer.

 

A esperança do conviva

É aglomerar mais gente,

Mas na pior perspetiva

O melhor é ser prudente

E prosseguir a viver…

 

José António de Carvalho, 11-janeiro-2021

Foto de DGS



sábado, 9 de janeiro de 2021

Poema "SONHO E TU NÃO"

Participação no XXVI Evento de Poesia "Encontro Pôr do Sol" do Grupo Arte & Literatura Recanto da Poesia, a convite da amiga das letras Nilma Soares.

Este poema foi lido, no dia 09-janeiro-2021 (sábado), no programa "As Nossas Raízes", da Cidade Hoje Rádio, da autoria de Manuel Sanches e Suzy Mónica.


SONHO E TU NÃO


Se esses teus passos, no final de tarde,
Pesam mais pelas belas flores que trazes,
Se as colhes todo o dia, em alegria...
São pra mim, como fogo que tanto arde.

Depois, quando o sol desce sobre o mar,
Louco, corro na tua direção…
Um fogo que tanto quero apagar
Pelo amor que me queima o coração.

Sentado nas escadas, eu me ponho,
Abrir o sentir à inspiração,
Num sonho, mais do que um único sonho:
- Sonho contigo. E tu comigo… não!

José António de Carvalho, 06-janeiro-2021



segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

Poema "MINHA MODESTA CASA" (Soneto)


MINHA MODESTA CASA


Vestida cor da cal, verão a verão.
Nua dia e noite, ao sol e vento,
À Chuva e calor… como um coração.
Nela meus doces sonhos alimento.

O verde faz-lhe vénias. E as mil cores
Dão-me a calma. Assim fujo desse inferno
De mundo. E quando falo com as flores
Mato as dores geradas pelo inverno.

E nasço em manhãs puras d'alegria
Em que desato nós ós sentimentos
Para os deixar voar em poesia.

Olho o monte, e tão perto me delicio
No jardim do palácio, verde e fresco…
Amo o milho a sorrir ó casario.

José António de Carvalho, 04-janeiro-2021 (Versão II, Poema revisto)
Pintura de Maria Brito - ARTE CELANO GRUPO DE ARTISTAS






terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Poema "VELHO OU NOVO"


VELHO OU NOVO

Venceu-me tão completamente 
Um ar negro de letargia,
Por mais um ano que se finda
E p'lo que no ano se passou…
Pergunto: Quantos viverei ainda?...

Só sou quem eu sou, mal ou bem,
Perdi dos olhos a alegria
Vejam bem como é que estou,
Rindo da esp'rança que não vem
No caminho por onde vou.

Peço assim no particular
Pra todos em geral, também,
Que seja um ano especial
Com saúde, um bem singular…
E não falte o amor a ninguém!!!

José António de Carvalho, 28 de dezembro-2020
Foto de Conceição Silva



segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Poema "MAIS UM ANO" (Acróstico)



MAIS UM ANO



Foi-se sem mais voltar,

Impensável no jeito,

Miserável para amar.



Desligou-se do peito

Enlaçado na maior dor,



Aninhou-se na alma

No meio deste deserto.

Outro ano chegará… é certo!

 

José António de Carvalho, 28-dezembro-2020

Pintura de Mendes da Costa Belmiro (Arte Celano Grupo de Artistas)




sábado, 26 de dezembro de 2020

Poema "NESTE NATAL"


NESTE NATAL

Os sinos soaram baixinho
Tementes do frio da noite,
As melodias ouviram-se mal
Pelos cortes nas lembranças
Do mágico toque do sininho.

As prendas caíram em açoite
Como se fosse um vendaval,
Assustaram tanto as crianças
Que choraram muito baixinho
Como se não houvera Natal.

José António de Carvalho, 26-dezembro-2020
Pintura de Nick Ghafari (in Arte Celano Grupo de Artistas)



domingo, 20 de dezembro de 2020

Declamação do poema "CANÇÃO FORA DE TOM"


CANÇÃO FORA DE TOM 

Não tenho letras para a letra, 
Nem a varinha de condão 
Para descobrir o teu beta 
E cantar contigo a canção. 

Pergunto ao vento que sopra 
O refrão da nossa canção. 

O som sai no tom mais confuso 
Quando vibram as cordas lassas 
Como roca tonta e sem fuso 
Quando quero ver-te e não passas. 

Pergunto ao vento que sopra 
O refrão da nossa canção. 

Carrego o dedo nesta nota, 
alto tom para a ocasião, 
Nesta batalha não há derrota 
Mais cruel para o coração. 

Pergunto ao vento que sopra 
O refrão da nossa canção. 

José António de Carvalho, 02-dezembro-2020