Voei descendo lentamente
entre segredos dos deuses
num céu que tão docemente
se vestiu de asas lilases.
Bela flor que lá brotou
ao meio, bem no cimo
da nascente que ficou
adocicar o destino.
José António de Carvalho, 25-setembro-2022
REVELO-ME ATRAVÉS DE SIMPLES VERSOS (Reservados os direitos de autor)
Poema da minha participação no 5º desafio 2022_ Criatividade sem Limites do Livro Aberto, subordinado ao tema: "Na Curva do Poema". Este desafio foi lançado aos autores, pela Ana Coelho, para as sessões do "Livro Aberto" de 11 e 18 de março-2022, edição nº 5 de 2022, na Rádio Voz de Alenquer.
NA CURVA DO POEMA
TU, MULHER…
És margem direita,
rio e foz,
estuário com voz,
corrente afoita.
És delírio e proeza,
corpo cinzelado
p’los dedos moldado,
princípio da natureza.
És fogo e estio,
balada inocente,
Sol brando poente,
vela de navio.
És noite e dia,
também, sol nascente,
ângulo de diamante
a refletir alegria.
Parabéns!…
Hoje também é teu dia!!!!
José António de Carvalho, 08-março-2022
Pintura “Pinterest”
A ALDEIA E O FUTURO
A subtração da vida nas ALDEIAS
acelera o fim a cada dia que passa.
As MANHÃS BRANCAS, agora, só nos
cânticos das pessoas quando acordam aos poucos, os poucos moradores da aldeia, com
os sons SIBILANTES da VIDA PASTORIL na sua subida aos montes. Já não se
distingue o tom do CÂNTICO AMOROSO do odioso. Tudo isso é imprevisível, nublado,
até MISTERIOSO.
Há MURMÚRIOS e lamentos por
todos os lados, pela idade da pessoa mais jovem do lugar, que conta já 64 anos.
E é ele quem se encarrega de bem cedo levar os rebanhos para as pastagens.
Sobe aos montes o quase
reformado, e ficam na aldeia os reformados. E todos, os cinco moradores, estão-se
nas TINTAS para o terem filhos: -não querem mais filhos-. Importa agora os
filhos das ovelhas e das cabras que lhes vão garantindo a vida. Todavia,
pensando melhor, quem precisa de uma reforma é a “aldeia” do país.
José António de Carvalho,
03-março-2022
O PEITO
É onde cai a
formosura
das pétalas das
flores
que subtilmente
vão descendo
das árvores.
É onde sossega o sussurro
e cala o
soluço
por entre o
calor do afago
dum paraíso campestre
que adormece os deuses.
É onde se faz
voar o sonho
que alimenta todo
o corpo
para crescerem asas de outro voo.
É onde repousa
o decote
na dormência da
alma,
e se ancora o
espírito
na impetuosidade
dos lábios
de subirem os
degraus
para uma outra
dimensão:
É a morada do coração!...
José António de Carvalho, 28-fevereiro-2022
Pintura de Monteiro da Silva - ARTE CELANO - Grupo de Artistas
Poema lido hoje, sábado, 26-fevereiro-2022, na Rádio Cidade Hoje, no programa "As Nossas Raízes" de Manuel Sanches e Suzy Mónica.
SERÁ PRIMAVERA?
Como pode haver Primavera
com os dias a acordarem na morte,
a caírem no refúgio das lágrimas,
a deslizarem na neve sem sorte…
Será uma Primavera doente,
no crescer das árvores oportunistas
imersa numa vaidade indecente
sedenta de horrendas conquistas
que mata o brilho do sol nascente.
José António de Carvalho, 25-fevereiro-2022
Foto "Hypeness"
SEGREDOS DO MAR
Sei lá por que
razão
me perco nesse
enrolar,
nas águas buliçosas,
rudes e estonteantes
do mar.
Incólume de
culpa
do arrepio
salgado,
brejeiro e arrogante
de sentimento
inflamado.
Quadro deslumbrante
que o Sol adormece,
devasso da noite
que a Lua enlouquece;
e à sua fúria
o mundo
estremece.
José António de Carvalho, 19-fevereiro-2022
Foto da minha autoria